O professor Daniel Martineschen e a doutoranda Monique Malcher de Carvalho sagraram-se vencedores na 63ª edição do Prêmio Jabuti, que condecora as melhores obras literárias do país. O resultado foi anunciado em uma cerimônia transmitida na noite da última quinta-feira, 25 de novembro, pelo canal da Câmara Brasileira do Livro (CBL) no YouTube (acesse aqui o vídeo completo). A premiação divide-se em quatro eixos principais: literatura, não ficção, produção editorial e inovação, que comportam vinte categorias.
O livro Divã ocidento-oriental (editora Estação Liberdade, 460 p.), de Johann Wolfgang Goethe, traduzido por Daniel Martineschen, foi vencedor no Eixo: Produção Editorial, categoria Tradução. A obra foi publicada em março de 2020 como resultado do doutorado do professor da área de alemão do Curso de Letras e Literaturas Estrangeiras da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A tese, intitulada O lugar da tradução no West-östlicher Divan de Goethe, foi defendida em 2016 no Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGLetras) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e trata de questões de tradução na poetologia do Divã.
“O Divã ocidento-oriental é o resultado do movimento de Goethe em direção ao Oriente, ‘de onde há milênios têm chegado a nós tantas coisas grandiosas, boas e belas’. Este desejo teve sua gênese no encontro do poeta alemão com o Diwan — palavra persa para ‘coletânea’ ou ‘ciclo de poemas’ — do poeta persa Hafez. Reunindo mais de 500 gazéis (poemas curtos e líricos, de temática mística ou amorosa), o Diwan de Hafez circulava pelo Oriente desde o século XIV”, traz a apresentação do trabalho.
Daniel Martineschen atuou durante anos como tradutor técnico e juramentado para o idioma alemão no estado do Paraná. Atualmente é professor do curso de Letras Alemão da UFSC e é coordenador da área de alemão. Sua pesquisa na Universidade gira em torno da área da prática de tradução, com um projeto de investigação das possibilidades da tradução em dupla.
Vencedora na categoria Conto
Outra representante da UFSC a ser premiada na noite foi a doutoranda Monique Malcher de Carvalho, do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas (PPGICH). A obra Flor de Gume (editora Jandaíra, 112 p.), livro de estreia da autora paraense, foi a grande vencedora no Eixo: Literatura, categoria Conto. O livro é composto por 37 contos que abordam a vida de mulheres de diferentes gerações, tendo como cenário paisagens de Santarém – cidade natal da autora.
“Flor de Gume é um livro escrito para peles cortadas. Literatura como mergulhar as pernas nos rios do Pará e ouvir palavras que contam meninas presas em infâncias machucadas, mães e mulheres que crescem como plantas de verde profundo, apesar da realidade de violência, e avós que nutrem raízes, que aplicam ervas restauradoras no corpo ferido. Uma obra mística, que chama entidades e ancestralidades. Contos desenhados em cartas de taró, estética literária que roda junto com as saias. Uma riqueza de referências”, descreve Jarid Arraes, escritora e editora de Flor de Gume pelo selo Ferina, na apresentação da obra.
Além de escritora, Monique é colagista, artista visual e pesquisadora do Núcleo de Antropologia Audiovisual e Estudos da Imagem (NAVI) da UFSC. Sua tese no PPGICH, intitulada Subversão nos quadrinhos: Os tentáculos da cidade de São Paulo e as mulheres na década de 20 nas páginas de Sem Dó, foi orientada por Carmen Rial e Caroline Almeida.
João Luiz Guimarães e Nelson Cruz foram os ganhadores do Livro do Ano no Prêmio Jabuti, com a obra Sagatrissuinorana, que conta a fábula dos Três Porquinhos, tendo como pano de fundo o rompimento das barragens de Mariana e Brumadinho. Eles foram agraciados com o prêmio de R$ 100 mil. Os vencedores das 20 categorias levaram a estatueta e o prêmio de R$ 5 mil cada.
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