Estudantes indígenas da UFSC relatam participação na COP 30: “escolhemos não morrer mais e negociar com os colonizadores”
Estudantes indígenas da Universidade Federal de Santa Catarina que participaram da COP 30, a conferência do clima que ocorreu em Belém, em novembro, compartilharam relatos da experiência com a Coordenadoria de Relações Étnico-Raciais (COEMA). A Coema é um setor da Pró-reitoria de Ações Afirmativas e Equidade criada para ampliar as ações de enfrentamento ao racismo e construir políticas antirracistas para a promoção de direitos para as pessoas negras, indígenas e quilombolas da universidade.
O estudante do curso de Relações Internacionais da UFSC, Eliel Ukan Patté Camlem, do povo Xokleng, participou do programa inédito Kuntari Katu: Líderes Indígenas na Política Global, promovido pelo Ministério dos Povos Indígenas (MPI). O objetivo foi preparar jovens líderes indígenas no âmbito da diplomacia e ele foi um dos 30 jovens do Brasil selecionados para o programa.
A atividade envolveu capacitação sobre diplomacia, justiça climática, inglês, entre outros. Eliel avalia que a significativa presença de indígenas do Brasil e de outros países foi fundamental para ampliar a voz dos povos indígenas e das demandas dos territórios na COP 30. Ele ainda ressalta que a sua atuação na COP 30 não seria a mesma se ele não tivesse um “pé no chão” – histórico de aprendizado junto à maior formação da vida política: o movimento indígena.
“Quando estamos nesta escola do movimento indígena (como diz o Kretã), a gente entende porque é importante estarmos nestas áreas institucionais de forma conectada à base do movimento indígena. Percebi como a universidade está desconectada da sociedade. A gente estuda, e parece um ‘ambiente mágico’ de diplomacia. Quando estamos lá, vemos que nem tudo é tão diplomático assim, cada grupo está brigando por si mesmo. O movimento é nossa escola, ali aprendemos sobre nossos direitos e como lutar por eles. Os povos indígenas já faziam diplomacia, mesmo antes da colonização. A gente não falava a mesma língua e lutava por territórios, havia necessidade de negociação, acordos políticos entre nós. Sabemos que quem conta ‘a história’ são os ‘vencedores’, mas também sabemos que fomos nós que escolhemos não morrer mais e negociar com os colonizadores”, disse.
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