UFSC identifica 35 contaminantes emergentes na Lagoa da Conceição, inclusive cocaína

13/02/2025 08:50

Pesquisa teve colaboração do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) . Na imagem, Alice Cristina da Silva, uma das pesquisadoras do projeto. Foto: Divulgação/UFSC

Uma pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) identificou 35 contaminantes emergentes em amostras coletadas na Lagoa da Conceição, em Florianópolis, com concentrações particularmente elevadas na área próxima à estação de tratamento da Lagoa de Evapo Infiltração (LEI) da companhia de saneamento. Cafeína, diferentes tipos de medicamentos antibióticos, analgésicos e cocaína estão entre os elementos identificados pela equipe, que teve colaboração do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e foi financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa, Tecnologia e Inovação de Santa Catarina (Fapesc). Os dados estão publicados na revista Science of the Total Environment.

O artigo menciona a detecção de metabólitos de drogas ilícitas, como a benzoilecgonina, o principal metabólito da cocaína, e a própria cocaína em amostras de água, sedimentos e biota na Lagoa da Conceição. A equipe trabalha em novos estudos a partir desses resultados, que foram confirmados por outros testes.

Essas substâncias da cocaína foram observadas em 63% das amostras analisadas, sugerindo uma presença significativa e consistente no ambiente. A detecção da benzoilecgonina foi particularmente relevante, uma vez que é considerada um marcador para o uso e descarte de cocaína. Estudos anteriores realizados pelos autores também relataram a presença desses compostos em águas costeiras do Brasil, incluindo em tubarões na costa brasileira, indicando a contaminação em diversos níveis do ecossistema.
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UFSC na mídia: estudo encontra resquício de cocaína em espécie de tubarão da costa brasileira

23/07/2024 18:04

O tubarão mede em média 52 centímetros de comprimento e pesa menos que o equivalente a um litro de leite. Foto: Getty Images

Um estudo realizado por uma parceria de pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com a Universidade Federal do Rio de Janeiro, a Fundação Oswaldo Cruz e a seção Seção Laboratorial Avançada (SLAV/SC) do Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA-RS) encontrou resquício de cocaína e benzoilecgonina em 13 tubarões-bico-fino (Rhizoprionodon lalandii), no litoral do Rio de Janeiro.

O caso foi publicado neste mês no periódico Science of the Total Environment e recentemente ganhou destaque na imprensa nacional e internacional. A professora Silvani Verruck e o estudante de pós-graduação Luan Valdemiro Alves de Oliveira, pesquisadores do Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos da UFSC, fizeram parte do estudo. O professor externo da Pós-Graduação da UFSC Rodrigo Barcellos Hoff, também participou pela SLAV/SC.

Como divulgado pelo O Globo, a equipe do estudo comprou 13 tubarões de embarcações de pesca. Após dissecar os animais, foram realizados testes no tecido de músculo e do fígado utilizando o método cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas. Todas as amostras testaram positivo para cocaína e apresentaram uma concentração 100 vezes maior do que em outros animais aquáticos. De acordo com o estudo, 92% das amostras também acusou benzoilecgonina, um metabólito da cocaína ou do chá de coca. 

De acordo com a revista Science, os pesquisadores estavam curiosos com a possibilidade de os tubarões estarem expostos à droga.  A espécie foi escolhida e capturada no Rio de Janeiro, pela proximidade de zonas costeiras. O tubarão tem mais chance de absorver a droga, seja pela água, seja pelos peixes que come. 
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Pesquisa estuda dano à saúde por contato com cédulas monetárias com presença de cocaína

19/06/2015 16:26

Na primeira semana de maio de 2015, circularam, por dia no país, cerca de 540 milhões de notas de dois reais, segundo o Banco Central do Brasil. Essas cédulas podem conter micro-organismos e substâncias como a cocaína e a cafeína. Foi pensando nisso que a pesquisadora Melina Heller, do Programa de Pós-Graduação em Química da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), desenvolveu um estudo, que deu origem a sua tese, com orientação do professor do Departamento de Química, Gustavo Micke, para descobrir se o contato dessas drogas com o corpo humano causa algum dano à saúde.

© Pipo Quint / Agecom / UFSC

As notas de dois reais foram escolhidas para o estudo por serem de grande circulação. Foto: Jair Quint/Agecom/DGC/UFSC

As notas com esse valor foram escolhidas por serem de alta circulação. A quantidade de cocaína encontrada nas cédulas analisadas foi pequena, variando de 6,47 a 2.761,9 microgramas (µg) – um fio de cabelo pesa, em média, 3 µg –, e não ofereceu riscos às pessoas que tiveram contato com as notas. Melina Heller também buscou identificar a presença das substâncias na urina, para descobrir se um exame antidoping de alguém que manuseou as notas poderia atestar positivo. Porém não foram apontados índices significativos.

Participaram da pesquisa 49 pessoas. Destas, quatro eram bancárias, e as demais, estudantes e professores da UFSC. Em 27 das 98 mãos analisadas foi encontrada cocaína acima do limite de detecção de 0,5 µg; 21 análises mostraram resultado abaixo dessa quantidade, e, nas outras 50, o resultado foi negativo para a droga.

O estudo foi realizado em 2014, em duas etapas: a primeira com 46 cédulas recolhidas em Florianópolis – 30 vieram da circulação geral; 16, de caixas eletrônicos. No primeiro grupo, 93% das amostras continham cocaína em quantidades que variaram de 11,5 a 2.761,9 µg. Nas notas dos caixas eletrônicos as quantidades encontradas foram baixas– duas atestaram negativo, duas apresentaram apenas vestígios (abaixo do limite de detecção), e as demais variaram de 9,1 a 264,8 µg – uma vez que são, em geral, cédulas novas, sem muito manuseio.

A segunda fase da pesquisa analisou 55 notas de dois reais que circulavam no Brasil, das quais 15 em Florianópolis, além de cinco notas de um dólar americano, vindas de Baltimore, no estado de Maryland, EUA. A cocaína e a cafeína foram identificadas em 98,3% das 60 cédulas, e a lidocaína (que pode ser adicionada à cocaína) em 70%. A quantidade de cocaína encontrada nas amostras da capital catarinense variou de 6,47 a 1.238,37 µg por nota.

A pesquisadora separou cocaína, cafeína e lidocaína das notas – as duas últimas geralmente são utilizadas para diluir a primeira, visando aumentar o lucro dos traficantes. Para isolar as três substâncias, Melina utilizou métodos diferentes em cada etapa: na primeira, foi usada a Eletroforese Capilar, e, na segunda, a técnica de LC-MS/MS. Em ambas foram utilizados solventes como a água e o metanol, para extrair as substâncias sem danificar nenhuma cédula (confira o processo completo no vídeo abaixo).

No Brasil, segundo o Levantamento Nacional de Álcool e Drogas de 2012 (Lenad), quase seis milhões de pessoas (4% da população adulta) já experimentaram cocaína ou alguma variação dela, como o oxi e o crack. A região Sul é a menor em proporção de números absolutos de usuários (7%), enquanto a região Sudeste é a maior (46%).

Ana Carolina Prieto e Tamy Dassoler/Estagiárias de Jornalismo/Propesq/DGC/UFSC
a.carolinaprieto@gmail.com/tamydassoler@gmail.com

Vídeo produzido por Luan Martendal e Ana Carolina Prieto/Estagiários de Jornalismo/Propesq/DGC/UFSC
luanmartendal@gmail.com/a.carolinaprieto@gmail.com

Claudio Borrelli/Revisor de Textos da Agecom/DGC/UFSC

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