Café Philo discute Pierre Clastres e as sociedades sem estado

20/08/2012 18:52
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Pierre Clastres reinventou o selvagem como um sujeito que conseguiu livrar-se das artimanhas do poder estatal de que é feita a história das culturas ocidentais

Na conferência do dia 22 de agosto, antropólogo Oscar Calavia-Sáez conduz o debate sobre o pensador que colocou em xeque a organização política estatal das sociedades ditas civilizadas

 

Um antropólogo francês que causou impacto nos anos 70, conhecido por seu traço transgressor, é o foco do próximo encontro da série Café Philo do dia 22 de agosto. Para conduzir o debate de ideias, outro antropólogo, o professor da UFSC Oscar Calavia-Sáez, vai apresentar o pensamento de Pierre Clastres (Paris, 1934-1977). Pouco conhecido do grande público, o francês Pierre Clastres reinventou o selvagem, não mais como um ser que teria ficado congelado no início dos tempos, mas como um sujeito que conseguiu, século após século, livrar-se das artimanhas do poder estatal de que é feita a história das culturas ocidentais.

Sob o título “Pierre Clastres e a sociedade contra o estado”, a conferência começa às 19 horas, no auditório da Fundação Badesc, e termina às 21 horas, com um café oferecido pela Secretaria de Cultura da UFSC. Com sua obra breve, Pierre Clastres conseguiu um lugar definitivo no pensamento contemporâneo deixando um traço profundo no estudo das sociedades indígenas. Sem cair em um primitivismo absoluto, construiu uma antropologia política “desenvestida” do etnocentrismo evolucionista que caracteriza boa parte das teorias antropológicas do século XX, ao contrapor as “sociedades sem estado” ao modo de organização política repressor das sociedades brancas.

Uma única etnografia, A crônica dos índios Guayaqui (1972), e duas coletâneas de artigos, A sociedade contra o estado (1974) e Antropologia da violência, publicada após sua morte em acidente de trânsito, conseguiram alterar o paradigma da supremacia dos ditos povos civilizados e lançar o conceito de sociedade sem estado. “Por mais relevância que continue a ter entre os etnólogos especializados na América do Sul, essa obra é, sobretudo, um marco do pensamento político, ou do pensamento contra a política, entendida como um exercício de construção do Estado”, anota Calavia-Sáez.

O Café Philo é um projeto de extensão coordenado pelo professor de Literatura e Linguística Pedro de Souza, do Centro de Comunicação e Expressão da UFSC, em parceria com a Aliança Francesa e Secretaria de Cultura da UFSC. Buscando promover o diálogo com um público sem necessária vinculação com o meio acadêmico, o projeto prevê reuniões mensais, sempre as quartas-feiras. A idéia é permitir que os participantes se aproximem da filosofia e conheçam diferentes pensadores franceses clássicos ou contemporâneos sob o intermédio de um intelectual da atualidade. No próximo Café, do dia 19 de setembro, a professora de Literatura da UFSC, Eleonora Frenklel falará sobre “Maurice Blanchot e o silêncio da palavra”.

 

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O professor da UFSC Oscar Calavia-Sáez é quem irá apresentar o pensamento de Pierre Clastres no evento

Sobre o palestrante
Graduado em Geografia e História pela Universidad Complutense de Madrid (1986), Oscar Calavia-Saez fez mestrado em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas (1991), doutorado em Ciência Social (Antropologia Social) pela Universidade de São Paulo (1995) e pós-doutorado pelo Centre National de la Recherche Scientifique (2003). Atualmente é professor adjunto da Universidade Federal de Santa Catarina, da Universidad Complutense de Madrid e pesquisador associado do Centre National de la Recherche Scientifique e da Societé des Americanistes. Tem experiência na área de Antropologia, com ênfase em Etnologia Indígena, atuando principalmente nos seguintes temas: etno-história, com foco nas etnias Pano, Yaminawa e Amazonia-China. Este ano publicou Dos viajes de vuelta pela National Geographic, de Barcelona.

 

Serviço
Quando: 22 de agosto, das 19 horas às 21 horas
O quê: 45º Café Phillo “Pierre Clastres e a Sociedade contra o estado”
Quem: Professor Oscar Calavia-Sáez (Pós-Graduação em Antropologia)
Onde: Auditório da Fundação Badesc (2º andar).
Rua Visconde de Ouro Preto, 216 (Esquina com a rua Artista Bittencourt) – Centro, Florianópolis / SC
Quanto: Gratuito, aberto ao público.

 

Próximo Café Philo: “Maurice Blanchot e o silêncio da palavra”
Quando: 19 de setembro, das 19 horas às 21 horas
Quem: Professora Eleanora Frenkel
Onde: Auditório da Fundação Badesc

 

Raquel Wandelli / Jornalista da SeCult / UFSC
raquelwandelli@yahoo.com.br

Tags: antropologiaCafé PhiloUFSC

Vida do educador Vilson Steffen é tema de documentário

20/06/2012 08:12

Documentário reunirá 150 fotografias (tanto do professor quanto da Barra da Lagoa), pesquisas antropológicas e entrevistas

Quando chegou à Barra da Lagoa para dar aulas  na Escola Básica Municipal Acácio Garibaldi São Thiago, no final dos anos 70, Vilson Steffen, o Professor Neto, estranhou a ansiedade das crianças. Logo percebeu que a situação era causada por uma abordagem educacional distante da realidade dos estudantes. Então criou iniciativas que as envolvessem em projetos da escola, para resgatar a cultura local e aproximá-las da natureza. A partir dos resultados obtidos nestas experiências, Professor Neto passou a ser considerado uma figura marcante no cenário político e educacional de Florianópolis.

Sua trajetória na Barra da Lagoa será documentada por membros do Núcleo de Antropologia Audiovisual e Estudos da Imagem, ligado ao Departamento de Antropologia da UFSC. Alex Vailati e Matias Godio, pós-doutorandos do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFSC, desenvolvem o trabalho com ajuda do bolsista do curso de Ciências Sociais Yuri Neves. A ideia é traçar um paralelo entre a vida de Neto (falecido há dois anos) e as transformações urbanas e sociais no bairro. “Hoje é normal essa ideia da importância da natureza, mas naquela época ele apresentava um projeto pioneiro. Chegava até a dar aulas para crianças na praia”, conta Vailati.

Para o Professor Neto, o ensino não era apenas uma ferramenta técnica, mas um instrumento para libertar o pensamento. Entre suas iniciativas está a Associação de Pequenos Pescadores e Rendeiras da Lagoa da Barra, onde crianças de sete a 13 anos desenvolviam atividades como aulas de capoeira, coral, teatro de bonecas e artes plásticas. O projeto tinha o objetivo de introduzir o debate sobre história das raízes brasileira e as próprias raízes dos moradores.

Outra iniciativa do professor foi a criação do Coral de Idosos. Cantando e contando os seus “causos”, Neto acreditava que esta era uma boa maneira de unir diversas gerações em torno de um objetivo comum: a preservação da cultura e da natureza local. Nos últimos anos de vida, a nova realidade urbana, social e econômica do bairro fez com que Vilson Steffen visse os “ideais pelos quais trabalhava naufragarem”. Para Vailati, talvez uma das razões que levaram o professor a se desmotivar seja a transformação ocorrida na Barra, como a construção do canal, a ocupação urbana e o início do turismo como atividade principal da região, a partir dos anos 90. O professor passou a se excluir do convívio social e em outubro de 2010 faleceu em decorrência de um problema de coração. Ainda segundo Vailati, do ponto de vista institucional, grande parte de seu trabalho não prosseguiu, mas há muitas pessoas no bairro que lutam para manter seus projetos e ideais.

O documentário sobre a vida de Vilson Steffen vai reunir150 fotografias (tanto do professor quanto da Barra da Lagoa), pesquisas antropológicas e entrevistas com pessoas que o conheceram. O lançamento está previsto para o mês de dezembro. “A ideia do documentário é que exista um processo interativo, em que o trabalho dos pesquisadores seja compartilhado com a comunidade”, completa Vailati. Por isso, uma das expectativas do grupo é de que o trabalho tenha distribuição didática nas escolas de Florianópolis.

Mais informações: Alex Vailati/  alexvailati@gmail.com
Núcleo de Antropologia Audiovisual e Estudos da Imagem: (48) 3721-2241

Por Ana Luísa Funchal / Bolsista de Jornalismo na Agecom

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Tags: antropologiadocumentárioNaviUFSC

Na mídia: Floresta Digital é tema de mestrado da UFSC

19/06/2012 14:21

O programa de Inclusão do Governo do Estado do Acre, Floresta Digital, é tema da pesquisa de mestrado em Antropologia Social ) de Dalila Floriani Petry, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). No Acre desde o dia 30 de maio, junto ao companheiro que também é pesquisador da UFSC (doutorando em Literatura), Fernando Floriani Petry, a mestranda está realizando um trabalho de campo constituído por extensa pesquisa e entrevistas, envolvendo as três vias de atuação do programa: sinal de internet, telecentros e ensino a distância. O objetivo é analisar o processo de implantação e abrangência do programa, avaliando o impacto do Floresta Digital na vida dos usuários do programa.

A mestranda, que estuda cibercultura, é pesquisadora do GrupCiber (Grupo de Estudos em Antropologia do Ciberespaço). De acordo com ela, a escolha do programa como tema foi muito bem aceita no ambiente universitário de Santa Catarina. “Quando ouvi falar sobre o Floresta Digital considerei a proposta muito interessante, sobretudo por ser uma política pública que desenvolve a questão da inclusão digital em âmbito estadual”, aponta a estudiosa. Dalila explica que os debates acerca da inclusão digital e social podem ser enriquecidos a partir da ótica dos estudos de cibercultura. “Realizar esse estudo se apresentou como uma excelente oportunidade para conhecer a realidade desse programa e também fazer uma análise sobre essas noções que estão tão presentes em nossos cotidianos”, complementou a pesquisadora.

Para Fernando Floriani Petry, que se mostrou satisfeito por acompanhar a pesquisa, as impressões têm sido muito positivas. “O mais bacana desse projeto é o alcance do serviço para a população”, comentou o doutorando. Fernando relata um caso interessante que presenciou nesse período de entrevistas com os usuários. “Um momento marcante para mim, foi o relato de um usuário do Telecentro do Parque, que trabalhou um ano para comprar seu computador e mais quatro meses para comprar a antena do programa, isso mostra a importância social do serviço oferecido pelo Floresta”, acrescentou.

A Assistente Administrativa da DMA, Sarah Janne, teve a oportunidade de acompanhar os pesquisadores em uma entrevista de campo e ficou feliz com o interesse pelo Floresta Digital. “Nosso estado está sendo reconhecido em todo o mundo através deste trabalho de inclusão e esta pesquisa é uma prova disso”. Para a servidora, uma parte importante do programa são os telecentros. “Graças aos cursos e do acesso à internet através dos telecentros, o Floresta Digital está conseguindo transformar a vida de muitas pessoas”, diz.

Na segunda-feira, 18, os pesquisadores viajarão para o Vale do Juruá, onde irão verificar a realidade do projeto também nos municípios mais distantes, com uma realidade diferente da encontrada em Rio Branco. Um trabalho de campo necessário para a compreensão geral do programa, sua abrangência, impacto social e peculiaridades de cada município visitado.

Grupo de Estudos em Antropologia do Ciberespaço

Ativo desde 1996, mas criado oficialmente em 1997, o Grupo de Estudos em Antropologia do Ciberespaço – GrupCiber – integra a linha de pesquisa Cultura e Comunicação, doPrograma de Pós-graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Santa Catarina.

O grupo procura desenvolver pesquisas voltadas aos fenômenos sociais dentro do chamado “ciberespaço” a partir da expansão das tecnologias da informação e da comunicação e das modalidades de comunicação mediada por computador. Preocupado em compartilhar sua produção e contribuir na promoção da colaboração interdisciplinar e inter-institucional, o grupo criou um canal de comunicação permanente entre aqueles que têm investido neste campo de estudos relativamente novo e em expansão através de seu portal.

Quem desejar conhecer melhor o trabalho do grupo pode acessar:http://www.grupciber.net

Fonte: Agência Notícias do Acre

Tags: antropologiagrupcibermestradoUFSC

Mostra fotográfica sobre Iemanjá

11/06/2012 15:29

Mostra reúne 18 fotografias que retratam o culto à Mãe das Águas

Abre nesta quarta-feira, 13 de junho, na Galeria da Ponte, a exposição fotográfica “Dia de Iemanjá”, de Glaucia Pimentel. A exposição apresenta 18 fotografias que retratam o culto à Iemanja (também conhecida como Yemojá, Yemanjá, Yeyé, e outros tantos nomes). As fotografias de Gláucia foram feitas durante um ritual dedicado à Mãe das Águas, em 2 de fevereiro de 2012 (Dia de Iemanjá) na Praia do Pântano do Sul, em Florianópolis.

A Galeria da Ponte é um espaço cultural coordenado pelo Núcleo de Antropologia Visual e Estudos da Imagem (NAVI), localizado no primeiro andar do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFSC, destinado a exposições documentaristas e etnográficas. A exposição pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 8h às 22h, até o dia 15 de julho.

Glaucia Pimentel é socióloga, doutora em Literatura e pós-doutoranda pela Fundação de Pesquisa de São Paulo. Atualmente pesquisa o grafite na arte contemporânea.

Iemanjá é considerada uma entidade sagrada de grande poder na conservação e destruição, mas não vive pelo jogo de poder e dominação. Ela traz a seus fiéis seguidores o sentimento do poder da beleza como instrumento de oração.

“Seus filhos”, como são chamados aqueles que cultuam a deusa-orixá, também celebram seu dia no Reveillon ou mesmo em 10 de fevereiro, e em sua homenagem usam branco ou azul claro, e lhe trazem presentes. São espelhos, bijuterias, perfumes e comidas como a canjica, o manjar branco e a pipoca e outras oferendas brancas, azuis, transparentes e prateadas.

Para pedir proteção, seus seguidores pulam sete ondas, tomam banho de pipoca, comem peixes no dia a ela consagrado, vestem branco e enfeitam suas casas com rosas, como também jogam a ela no mar. Iemanjá é considerada deusa justa e severa, porém vaidosa, que gosta de se preparar para o reinado.

O culto à Iemanjá e aos demais Orixás foi trazido para as Américas pelos africanos escravizados, muitos dos quais eram sacerdotes nas nações do continente africano. Ao se defrontarem com a realidade das novas terras, para onde foram levados sem direito de escolha, sacerdotes e sacerdotisas tiveram que fazer adaptações aos costumes rituais para dar continuidade ao culto aos Orixás, dando origem ao sincretismo religioso no Brasil.

Iemanjá tem, portanto, identidade correspondente a outros santos, como na igreja católica é Nossa Senhora de Candeias, Nossa Senhora dos Navegantes, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora da Piedade e a Virgem Maria, mas segundo o Candomblé foi trazida pelo povo Egbá, da nação Iorubá.

Mais informações: Gláucia Pimentel / 9908-9097 / glauciaccp@hotmail.com

Tags: antropologiaIemanjáUFSC

Gênero e bilinguismo em povos indígenas

23/05/2012 11:47

Palestra-aula com a professora mexicana María Del Pilar Miguez, da Universidad Pedagogica  de Mexico. Nesta sexta-feira, 25 de maio, às 14h, sala 322 do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH).

Organização do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas (PPGICH), Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS), Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades (NIGS) e Núcleo de Estudos dos Povos Indígenas (NEPI).

Informações: barbara.arisi@gmail.com

Tags: antropologiapovos indígenasUFSC

Museu abre exposição inédita de objetos coletados por Sílvio Coelho na Amazônia

07/05/2012 11:08

Integram o conjunto de Sílvio Coelho máscaras, adornos pessoais e utensílios domésticos, entre diversas outras peças

“Sobre a viagem, posso registrar que está completa. Vivo cenas que sonhei quando garoto e que nunca imaginei viver”. (Diário de Campo de Sílvio Coelho dos Santos – Expedição Ticuna)

Quando em julho de 1962 o jovem historiador Sílvio Coelho dos Santos viajou para o território Ticuna em uma expedição arriscada pelo alto rio Solimões, tinha o desafio de agregar experiência prática à sua formação teórica como antropólogo. Ao chegar ao município de Benjamim Constant, ao lado da colega Cecília Maria Helm e do etnólogo Roberto Cardoso de Oliveira, que o orientava na pesquisa, encontrou um povo massacrado pelo avanço violento dos seringueiros e madeireiros sobre suas terras após o boom da exploração da borracha. Desfigurado pelo álcool e pela miséria, os Ticuna lutavam para perpetuar a prática de suas tradições.

Mas o pesquisador também encontrou um grupo de riqueza cultural fascinante, que organiza todos os seres vivos, inclusive os humanos, em duas grandes linhagens, a das aves e a das plantas, e cujas máscaras, desenhos e pinturas ganhariam, por sua força e originalidade, fama internacional. Muito além da prestação de contas de um trabalho acadêmico exploratório, a coleção de objetos etnográficos, diapositivos e diários de campo inéditos deixados pelo antropólogo representam a retribuição emocionada de um jovem de 24 anos ao povo pacífico, mas não passivo, que o acolheu por três meses e o fez selar o pacto de toda uma vida em defesa dos povos indígenas brasileiros.

Desde a vivência com os Ticuna (Túkuna, na grafia original) até o dia de sua morte, em outubro de 2008, de câncer, Sílvio Coelho dos Santos dedicaria sua inteligência e energia física à compreensão do modo de ser índio. Nesta quarta-feira, 9 de maio, às 19h, no campus da UFSC em Florianópolis, o Museu de Arqueologia e Etnologia Professor Oswaldo Rodrigues Cabral (MArquE) apresenta pela primeira vez ao público a coleção com 53 objetos recolhidos entre os Ticuna e os registros de campo, compostos por 135 diapositivos (slides) e dois diários produzidos pelo antropólogo catarinense no coração da selva amazônica.

Desde que retornou da expedição, no final dos anos 60, esse legado esteve depositado na Reserva Técnica da antiga sede do Museu Universitário, do qual ele foi um dos fundadores, aguardando as condições de climatização e conservação que um acervo dessa natureza e importância exige para ser exposto. Isso só foi possível com a inauguração do grande pavilhão que recebe seu nome, no dia 24 de abril, pela Secretaria de Cultura e Arte da UFSC.

Subindo de barco os igarapés e visitando comunidades, Sílvio Coelho recolheu objetos representativos dessa cultura com a preocupação de salvá-los da desaparição e esquecimento futuros, em uma mostra do vínculo afetivo e político que o ligou ao “povo pescado com vara”. A cosmogonia Ticuna acredita que essa gente foi pescada com vara por um herói mítico (Yo´i) nas águas vermelhas do igarapé Eware, segundo conta a chefe da Divisão de Museologia do MArquE Cristina Castellano, que coordena a exposição ao lado da museóloga Viviane Wermelinger e da restauradora  Vanilde Ghizoni.

Depois de nascer do rio, passou a habitar as cercanias da montanha Taiwegine, onde morava o herói, um local preservado até hoje como testemunho sagrado da gênese desses índios que enfeitiçaram o antropólogo catarinense pelo coração e pela mente.

A exposição “Ticuna em dois tempos” traz à tona essa história de amor ao conhecimento e homenagem a mais numerosa nação indígena da Amazônia brasileira e também do país. Cruza dois olhares de duas épocas distintas em duas coleções produzidas com critérios e objetivos diferentes sobre a mesma etnia. De um lado, o olhar do historiador e antropólogo catarinense representado no material coletado durante a sua participação no Curso de Especialização em Antropologia no Museu Nacional (da antiga Universidade do Brasil), no Rio de Janeiro, na década de 1960.

Integram o conjunto de Sílvio Coelho adornos pessoais, cerâmicas, cestos e utensílios domésticos, bonecas esculpidas em madeira, estatuetas em madeira de macaco prego, esculturas antropozoomorfas, mantas, remos, indumentárias completas, brinquedos infantis, um tambor e principalmente bastões cerimoniais, máscaras e outros objetos ritualísticos utilizados na Festa da Moça Nova, além de slides de figuras humanas e paisagens.

De outro lado, está o olhar estético do artista plástico Jair Jacmont, que formou sua coleção na década de 1970, adquirindo os objetos dos próprios índios, na cidade de Manaus. São mais 135 peças, entre esculturas antropomorfas e bastões de ritmo usados para danças e rituais, além de uma considerável quantidade de máscaras esculpidas em madeira. Sob a guarda do Museu Amazônico da Universidade Federal da Amazônia desde 1994, essa coleção veio para Florianópolis como parte de uma parceria com a Rede de Museus do Instituto Brasil Plural – IBP. Explica a diretora do MArquE Teresa Fossari que a exposição conjunta é um projeto alimentado há longa data pelas duas instituições de extremos opostos do Brasil, com o objetivo de promover o diálogo entre esses dois reveladores olhares para a mesma cultura.

Serviço:
Exposição “Ticuna em Dois Tempos”
Local: Museu de Arqueologia e Etnologia Professor Oswaldo Rodrigues Cabral / Universidade Federal de Santa Catarina / Campus Universitário Reitor João David Ferreira Lima / Trindade – Florianópolis – SC
Abertura: 9 de maio, às 19h
Período de exposição: 10 de maio a 25 de outubro de 2012
Horário: Segunda a sexta (fechado terças) – 10h às 17h

Leia também:

Diário de campo narra sonho e tragédia dos índios da Amazônia

Geralmente à noite, dentro do mosquiteiro, para escapar dos carapanãs, o antropólogo Sílvio Coelho dos Santos escrevia no seu diário de campo todos os detalhes da missão amazônica com uma seriedade científica que não encobria, contudo, o sentimento de idealismo e justiça social do estudante. Ao chegar ao posto Ticuna, no dia 5 de julho, antes de testemunhar as condições de privação e violência em que viviam esses índios, Sílvio revelou sua emoção e o temor de não ser capaz de realizar a missão que lhe fora delegada.

– Às 16,30 horas chegávamos a Mariuaçu, sede do Posto Tukúnas, onde fora recebido pelo encarregado, Sr. Bernardino. O prazer de ver os índios foi total e por um momento pensei ter realizado meus sonhos.

Assim o pesquisador começa a narrar a expedição ao lado da colega paranaense do curso de especialização Cecília Vieira Helm e do coordenador, Roberto Oliveira, que lhe encomendara a pesquisa (o renomado etnólogo faleceu em 2006, dois anos antes do orientando). Segue-se aí um envolvente e envolvido relato de um narrador empenhado em deixar um registro bastante completo sobre as práticas culturais e religiosas, mitologia, sonhos, doenças, tristezas, educação indígena pelos brancos, luta pela sobrevivência da nação Ticuna.

Com um total aproximado de 200 páginas escritas na grafia da época, o relatório apresenta-se na forma manuscrita e datilografada pelo próprio autor, e já é projeto de publicação da Editora da UFSC. Cópia do material só chegou à direção do museu há cerca de oito meses, pelas mãos da esposa do antropólogo, Alair Santos. Embora inédito, o diário foi objeto de análise da mestra em Ciências da Linguagem Cristina Castellano, que escreveu sua dissertação a respeito da coleção Ticuna sob a orientação do antropólogo Aldo Litaiff, aluno e parceiro de pesquisa de Sílvio no atual MArquE.

Ao final do segundo diário, o antropólogo transcreve entrevista com o major Pereira de Melo, que atuou no subcomando do grupo da fronteira de Manaus na expedição Javari de 1960. Sílvio Coelho interroga-o com o objetivo de esclarecer qual era a população metralhada pelo exército na operação que “limpou” a área dos “bandoleiros”, como o major chamava os “apátridas com base no Peru” que, segundo ele, estariam usando os índios em seus ataques às tropas e aos moradores. Uma observação corajosa do pesquisador na última página revela a saga dos índios amazônicos naqueles tempos de ditadura militar, extermínio dos povos nativos, extração desenfreada da madeira e política desenvolvimentista:

– Pelo modo de narrar os fatos, parece que nosso informante estava consciente que os residentes nesse acampamento e vítimas dos ataques do exército eram índios. Falou-nos de que só uma lata de conserva, usada como panela, e calções que alguns habitantes usavam denunciavam a presença de civilização. Todo o acampamento era de estilo típico indígena. Uma sepultura recente foi aberta e o morto estava nu, sobre uma rede indígena.

Coelho denunciava assim os problemas dos índios com as autoridades brancas, que procuravam sempre culpar as brigas entre “tribos” pelo seu extermínio. Ao mesmo tempo mostrava a complexidade e poética da sua cultura, enfatizando a forma de organização social e política desse povo de castas patrilineares, que só admite o casamento entre membros de linhagens diferentes (designadas por nomes de aves e de plantas). Todavia, só eles são capazes de interpretar os sinais que indicam o pertencimento a uma ou outra casta.

Ritual da adolescência
Como outros exploradores que o sucederam, Sílvio Coelho sofreu o magnetismo pela Festa da Moça Nova, o worecu, ritual de iniciação feminina que dura três dias.  Grande parte dos objetos coletados pertencem a essa tradição que envolve todos os parentes e amigos das aldeias próximas.

Inicia com música, bebida (pajarú) e comida preparada pela família na “casa de festa”, preparada pela família da moça que recebe a primeira menstruação. Quando os convidados chegam, os mascarados adentram a festa com uma impressionante coreografia. As máscaras são usadas para expulsar os espíritos malignos e reanimar os espíritos da puberdade, em um movimento que perpetua o ciclo natural de nascimento, crescimento, maturidade e morte.

Acalmados os espíritos, as moças iniciadas na adolescência, são libertas do retiro em que eram mantidas em “currais” ou “jiraus”. Com os cabelos cortados ou arrancados, surgem ricamente vestidas e adornadas para serem apresentadas a toda aldeia como uma nova pessoa, conforme relata o antropólogo João Pacheco Oliveira.

De aparência monumental e impressionante, as máscaras constituem uma das manifestações mais ricas da arte Ticuna. Confeccionadas com fibra de tururi (entrecasca de espécie de Ficus), exibem geralmente uma face humana ou zoomorfa esculpida em “pau de balsa” e cocar feito de cortiça de buriti, conforme explica Cristina. Ao fazer o registro do primeiro dia, o pesquisador anota no silêncio noturno do mosquiteiro:

– À tarde fomos assistir a um ritual de “Virada” do “Pajarú” – bebida feita de mandioca, para a festa da moça nova – e que se inicia, ao que parece, com um toque de tamborim.  Nessa oportunidade notamos uma índia que catava os piolhos de  uma índia velha e os comia.  Outro fato que despertou nossa atenção foi o fabrico, na mesma casa, de uma bebida feita de
banana madura.

A pesquisa está norteada pelo conceito de “fricção étnica”, então recém-proposto por Roberto Cardoso de Oliveira, em contraposição à noção de alienação cultural, que pressupõe submissão total da cultura oprimida à dominante. Em vez disso, Oliveira e Sílvio acreditavam que a relação entre o dominador e o dominante produzia resistência, luta, atrito, contágio e contaminação. Nas páginas amarelecidas pelo tempo, os registros da rotina na aldeia são avivados por narrativas mitológicas e depoimentos diretos dos índios contando situações de conflito que tornam o relato muito verdadeiro e precioso como material bruto de análise.

Utilizados mais além por Oliveira no livro O diário e suas margens: viagem aos territórios Terêna e Tukúna,  os originais manuscritos trazem ainda informações demográficas, desenhos e estudos genealógicos de famílias que o pesquisador adorava fazer na tentativa de compreender o estranho sistema de clãs do “povo pescado”.

Mais tarde, já reconhecido como um dos maiores antropólogos do Brasil, Sílvio se valeria dessa experiência para fazer um trabalho de campo semelhante com o povo Xocleng em Santa Catarina, que deu origem às obras Índios e brancos no sul do Brasil – a dramática experiência dos Xokleng e Os índios Xokleng; memória visual.

Como fruto de sua luta junto a outros antropólogos e indigenistas, finalmente nos anos 1990 os Ticuna lograram o reconhecimento oficial da maioria de suas terras. Hoje enfrentam o desafio de garantir sua sustentabilidade econômica e ambiental e manter vivas suas práticas culturais. A paz dos Ticuna, contudo, está longe de ser alcançada. Passa pela melhoraria de sua relação com a sociedade branca, historicamente marcada pela violência, como já mostram os
depoimentos de índios recolhidos pelo pesquisador em seu diário: “Nem todos os civilizados são bons, alguns brigam com os tukuna, às vezes discutem com o freguês e não deixam dever mais de um mês” ou “Omerino Mafra açoitou um tukuna e ele não deixa tukuna vender para quem quer”.

Como a primeira jornalista a ter acesso a essa escrita etnográfica, perguntei a mim mesma e a todos que entrevistei: por que Sílvio Coelho dos Santos, de quem fui aluna especial no Curso de Pós-graduação em Antropologia, no qual era coordenador e gozava de amplo prestígio, tendo ainda sido pró-reitor de Ensino de Graduação e também de Pesquisa, presidente da Associação Brasileira de Antropologia, secretário regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, pesquisador sênior do CNPq, nunca se interessou em publicá-lo?  E a resposta que ouço da esposa Alair confirma minha hipótese: “Foi o seu primeiro trabalho como antropólogo; imagino que ele não acreditava no valor que isso pudesse ter”. Mas é justamente no idealismo ingênuo e no entusiasmo do pesquisador ao encontrar o outro da
antropologia que reside o frescor e o encanto dessa etnografia.

“Ticuna em dois tempos” mostra que antes de se tornar um dos etnólogos mais importantes
do Brasil e um grande defensor da causa indigenista, Sílvio Coelho fez um “estágio de indigenidade” com esse povo ameaçado pelo que chamava de “interesses capitalistas”. Esse estágio impactou para sempre sua formação científica e humana. Além de antropólogo, ele foi, durante três meses, um jornalista, um fotógrafo, um habilidoso narrador, um Euclides da Cunha na Amazônia. Foi ave ou planta: Sílvio Coelho foi Ticuna!

Trechos do Diário de Sílvio Coelho:

“Sobre a viagem, posso registrar que está completa. Vivo cenas que sonhei quando garoto e que nunca imaginei viver”.

“Aqui o antropólogo tem que ser acima de tudo um equilibrista, pois ora são pontes de
um único toro de içara que deve ser atravessado, ora os balanceios e reviravoltas da embarcação na correnteza que deve ser mantida em equilíbrio”.

“Nada, narração alguma poderia dar ideia a alguém sobre o que é um igarapé, a bacia
amazônica. As prainhas formadas, as curvas, os furos, os pequenos igarapés afluentes, as árvores caídas formam um conjunto indescritível”.

Por Raquel Wandelli / Jornalista da UFSC na SeCArte / raquelwandelli@yahoo.com.br / 3721-9459 / 9911-0524

Tags: antropologiamuseuSílvio CoelhoUFSC

Seminário divulga pesquisa antropológica sobre atletas do futebol

03/05/2012 08:38

O futebol em diferentes olhares foi pauta de apresentações e discussões durante as atividades da tarde desta quarta-feira, dia 2 de maio, do II Simpósio de Futebol: Migrações, Mídias e Sociabilidades. Produções acadêmicas que analisam o futebol foram apresentadas na segunda sessão coordenada do encontro, intitulada “Formação de atletas: (re)invenções de carreiras”.

O Simpósio de Futebol é promovido pelo Núcleo de Antropologia Audiovisual e Estudos da Imagem (NAVI), os programas de pós-graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas e Antropologia Social da UFSC e o  Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina.

Futebol e profissionalização

Analisar a origem; perfil social e econômico; capital e consumo cultural dos jogadores brasileiros que atuam nas ligas principais de Portugal é o objetivo do projeto “Brasileiros e Portugueses: Futebol, Formação, Profissionalização”, apresentado por Alexandre Vaz, professor do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas. As pesquisas foram realizadas a partir de dados de jogadores que disputaram as ligas principais de Portugal na temporada 2007/2008. O contato formal com atletas e treinadores contou com o apoio de universidades portuguesas. Informalmente, os pesquisadores acompanharam a rotina do ex-jogador brasileiro Edson Pereira (Niquinha) e do treinador Sebastião Lazaroni.

Lei Pelé
Doutorando em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e especialista em direito esportivo, Jorge Miguel Acosta Soares abordou a relação jurídica e profissional do atleta, com base no trabalho “A Lei Pelé e a Inserção do Atleta no Mundo do Direito”. “O objetivo é descobrir porque a relação de trabalho do atleta é tão atrasada juridicamente”, disse Jorge Miguel ao encerrar sua apresentação.

Fora da fama
A mestranda do Programa de Pós Graduação em Ciencias do Movimento Humano da UFRGS, Aline Rodrigues Guimarães, parte da definição de Michel Foucault para “Infame” no seu trabalho sobre a trajetória dos jogadores da Várzea. A mestranda direciona seu estudo ao encerramento da carreira dos atletas, entrando na vida produtiva e cotidiana quando estão fora do mundo do futebol, a partir do relato de ex-jogadores, atuais infames (fora da fama) do time de veteranos do Esportivo de Bento Gonçalves. Entre os entrevistados do trabalho “Memórias do Campo: Trajetórias de Jogadores de Futebol Infames” está o pai da mestranda, Ademir Rodrigues (Lambari), ex-atleta profissional.

O II Simpósio de Futebol: Migrações, Mídias e Sociabilidades encerra nesta quita-feira, dia 3 de maio. Veja a programação.

Mais informações: navifutebol@gmail.com / 3721-9714

Por Mateus Bandeira Vargas / Bolsista de Jornalismo na Agecom

Tags: antropologiafutebolUFSC

Documentário: Aqui não há guerra

02/05/2012 16:50

Ici y’a pas la guerre (Aqui não há guerra), documentário de Jean Arlaud, será exibido nesta quinta-feira, dia 3 de maio, às 20h, na Casa das Máquinas, na Lagoa da Conceição.

A exibição faz parte da Mostra de Documentários realizada pelo Núcleo de Antropologia Visual e Estudos da Imagem da UFSC, em parceria com a Casa das Máquinas.

O documentário se dá nas celebrações do Ano Novo, em Paris, em La Goutte d?Or. Sob pretexto da celebração de caráter civil universal, Arlaud aborda a vida interior de um bairro de uma metrópole multiétnica.

O filme é resultado de envolvimento na vida diária de uma área socialmente sensível, onde o diretor viveu por sete anos.

Informações: marinamoros@gmail.com

 

Tags: antropologiaNaviUFSC

Abertas inscrições para IV Concurso de Cartazes sobre Homofobia, Lesbofobia e Transfobia

16/04/2012 10:45

Estão abertas até o dia 3 de maio as inscrições para o IV Concurso de Cartazes sobre Homofobia, Lesbofobia e Transfobia nas Escolas. O desafio é proposto para as turmas das escolas públicas de Santa Catarina pelo Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades (NIGS), ligado ao programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFSC.

O IV Concurso de Cartazes faz parte do projeto Papo Sério, principal ação de extensão do NIGS na área de gênero e sexualidades. Cada cartaz pode ser produzido por até quatro alunos, trabalho que deve ser coordenado por uma professora, professor ou outro membro do corpo técnico-pedagógico.

Os trabalhos deverão ser feitos em papel cartolina (tamanho 50 x 66cm) de qualquer cor e conter um título relacionado ao Dia Municipal de Combate à Homofobia, Lesbofobia e Transfobia, (Lei Municipal 7.476/07) com texto e imagens a critério dos participantes. No verso, devem ser escritas as seguintes informações: título e ano do concurso, nome da escola, nome completo dos alunos e alunas com ano e série cursada. Além do nome das professoras ou professores que coordenaram a atividade.

A ficha de inscrição deverá ser submetida de forma online (http://concursonigs.paginas.ufsc.br), ou impressa e anexada no cartaz. O cartaz deverá ser apresentado juntamente com a ficha de inscrição até o dia 3 de maio, de manhã ou à tarde, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), campus Trindade, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, bloco D, sala quatro, departamento de Antropologia, Laboratório de Antropologia Social, Núcleo de Identidade de Gênero e Subjetividades (NIGS).

Nesta quarta edição haverá prêmios nas categorias científica, popular e prêmio NIGS. Os trabalhos inscritos na categoria científica serão avaliados por uma comissão formada por profissionais que atuam nas áreas afins do concurso. O prêmio popular será atribuído por voto de visitantes da exposição no hall do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), de 14 a 18 de maio. E o prêmio NIGS será escolhido pelas pesquisadoras e pelos pesquisadores do núcleo. Serão levados em consideração: clareza e conformidade com o edital, comunicação do tema proposto no cartaz e estética e originalidade.

Os cartazes vencedores na categoria prêmio científico receberão um conjunto de livros sobre gênero e sexualidade para a biblioteca da escola e cada membro receberá um prêmio individual, além certificado de participação no concurso.

O IV Concurso de Cartazes sobre Homofobia, Lesbofobia e Transfobia nas Escolas é promovido pelo Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades (NIGS) do Laboratório de Antropologia Social da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com o apoio da Coordenadoria de Políticas Públicas para Mulheres (CPPM).

Mais informações: http://concursonigs.paginas.ufsc.br

Projeto Papo Sério: paposerionigsufsc@gmail.com / Fone: (48) 3721-4135

 

Tags: antropologiaconcurso cartazesUFSC

Teatro da UFSC recebe monólogo Inderna de Intão

11/04/2012 11:52

O ator Graça Veloso apresenta a peça Inderna de Intão nesta quarta-feira, 11/04, às 20h, no Teatro da UFSC. O espetáculo que é gratuito e aberto à comunidade faz parte da programação do II Colóquio Antropologias em Performance.

“Inderna de Intão” significa “desde quando”. O monólogo encenado pelo ator, diretor, dramaturgo e professor de teatro Graça Veloso conta a história de uma velha sertaneja, que segue os passos de uma Folia do Divino – festa religiosa que chega a durar 20 dias em algumas cidades de Goiás.

A velha, viúva, convive com os fantasmas de seu passado, contando as histórias de como seus animais morreram, como conhecidos desapareceram ou como ela perdeu uma ou outra coisa que amava. É um retrato da alma interiorana do estado de Goiás, com seus lados cômicos e também religiosos.

Este trabalho percorreu todas as cidades do Distrito Federal como espetáculo institucional da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), e faz parte do repertório de teatro de rua da Cia dos Homens.

O ator
Graça Veloso (Jorge das Graças Veloso) é ator, diretor teatral e dramaturgo. Doutor em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia (2005), é professor adjunto e coordenador da Licenciatura em Teatro do Programa Pró-Licenciatura na Universidade de Brasília. Tem pesquisa no campo das artes cênicas com enfoque na etnocenologia (diálogos com culturas tradicionais e ritos espetaculares). É autor de A Visita do Divino: voto folia festa espetáculo, Benedito: tradição e imaginário no interior de Goiás, Teatro Gestual da Cia dos Homens e Memória Recontada, em parceria com Jorge Veloso.

Colóquio
O Colóquio Antropologias em Performance é idealizado pelo Grupo de Estudos em Oralidade e Performance (Gesto), do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFSC, com o apoio do Instituto Brasil Plural/Cnpq e do CFH/UFSC. O evento será realizado nos dias 11, 12 e 13 de abril de 2012.

Entre os palestrantes convidados estão Gabriele Brandstetter (Institute for Theater Studies/Free University – Berlin), André Lepecki (Tisch School of the Arts/NYU) e Eleonora Fabião (performer; Escola de Comunicação/UFRJ).

Veja notícia com programação do colóquio em http://noticias.ufsc.br/2012/04/05/antropologias-em-performance/

Serviço:
O quê: Monólogo Inderna de Intão
Onde: Teatro da UFSC, ao lado da Igrejinha. Praça Santos Dumont, Trindade, Florianópolis-SC.
Quando: Dia 11 de abril de 2012, quarta-feira, às 20h
Quanto: Gratuito, aberto à comunidade.
Contato: (48) 3721-9714 (Pós-graduação em Antropologia Social) – head.sc@gmail.com

Visite www.dac.ufsc.br

 

Fonte: Kadu Reis – Acadêmico de Jornalismo, Assessoria de Imprensa do DAC. SeCArte.UFSC, com material do grupo.

Tags: antropologiaDACUFSC

2º Colóquio Antropologias em Performance reúne pesquisadores nacionais e internacionais

10/04/2012 14:30

O Grupo de Estudos em Oralidade e Performance (GESTO), ligado ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFSC, promove de 11 a 13 de abril a segunda edição do Colóquio Antropologias em Performance. A participação é gratuita.

Entre os palestrantes convidados estão Gabriele Brandstetter (Institute for Theater Studies/Free University – Berlin), André Lepecki (Tisch School of the Arts/NYU) e Eleonora Fabião (performer; Escola de Comunicação/UFRJ).

O evento será realizado no Auditório Professor João Ernesto Castro, no Centro Tecnológico da UFSC. “Este colóquio movimenta-se através das articulações entre antropologia e performance – que não se reduzem a uma ‘antropologia da performance’ e muito menos a uma ‘performance’ da antropologia”, destacam os organizadores.

Acompanhe a programação:

II Colóquio Antropologias em Performance
11, 12 e 13 de abril de 2012

Quarta, 11 de abril

18h / Abertura do Colóquio
– Palestra Interweaving Dance Cultures
Gabriele Brandstetter / Institute for Theatre Studies/Free University –Berlin

20h / Performance Inderna de Intão
Graça Veloso
Local:Teatro da UFSC

Quinta, dia 12 de abril
9h30-12h Inscrições Performáticas

– Perspectiva xamânica: relações entre rito, narrativa e arte gráfica
Esther Jean Langdon (UFSC)

– La eficácia ritual de las performances en y desde los cuerpos
Silvia Citro (Universidad de Buenos Aires)

– Transformance: o início da iniciação xamânica e outros gestos entre tradução e performance no Norte Amazônico
Evelyn Schuler Zea (UFSC)

– Performance em foco: contrapontos e contribuições de Ruth Finnegan e Paul Zumthor para a poesia oral
Frederico Fernandes (UEL)

14h-16h30min / Articulações em movimento

– Água e Pedra: texturas de um corpo social em mudança
Ida Mara Freire (UFSC)

– Falar-fazer antropologia: uma experimentação etnográfica do corpo na capoeira Angola
Heloisa Gravina (ULBRA)

– Girando entre gestos: interrupção como fonte fonte do fluir
Scott Head (UFSC) e Vânia Cardoso (UFSC)

17h-17h30min / Conversa com artista Diego de los Campos

17h30min-18h / Sessão de filme / O Dono do Carnaval

18h30min / Palestra Coreo-política e coreo-polícia: mobilização, performance e contestação nas fissuras do urbano

André Lepecki
Tisch School of the Arts/NYU

Sexta, 13 de abril

9h30min-12h / Articulações em risco
– Contando parece mentira, mas é verdade: elaborações performáticas de saberes tradicionais
Luciana Hartmann (UNB)

– Com o inimigo na corda bamba: conflitos e a performance do equilíbrio
Allan de Paula Oliveira (UNIOESTE)

– Risco, falha e maravilhamento: as alegorias em performances rituais
Maria Laura Viveiros de Castro Cavalcanti (UFRJ)

– Brincando de bonecos na Rua do Porto
John C. Dawsey (USP)

14h-16h30min / Articulações sonoras

– A aprendizagem no samba: Notas para o estudo de intensidades numa iniciação à etnomusicologia
Ana Lucia Marques Camargo Ferraz (UFF)

– Usos do Som e Instauração de Paisagens Sonoras nas Festas de Forró Eletrônico
Roberto Marques

– Irreverência e tradição entre os músicos do Prata
Maria Eugênia Dominguez (UFSC)

– Uma etno-foto-grafia do FESTRIBAL – Festival Folclórico de São Gabriel daCachoeira/AM
Deise Lucy Oliveira Montardo (UFAM) e Hans Denis Schneider (UFSC/Fotografologia)

17h Contar em Performance
– “Uma história em busca de quem a escute”, contada por Gilka Girardello

18h30min / Palestra Série Precários: performance, corpo, cidade
Eleonora Fabião
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Outras informações pelo e-mail lead.sc@gmail.com ou pelo telefone (48) 3721-9714 (Pós em Antropologia Social).

Tags: antropologiacolóquio antropologias em performanceUFSC

Professoras da UFSC lançam curta-metragem nesta quinta

04/04/2012 12:16
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(clique para ampliar)

O curta-metragem Djero encontra Iketut em Bali, dirigido pelas antropólogas e professoras da UFSC Carmen Rial e Miriam Grossi será lançado nesta quinta-feira, 05 de abril, às 20 horas, na Praça Bento Silvério, na Lagoa da Conceição. A exibição faz parte da programação da Mostra de Documentários do Núcleo de Antropologia Visual e Estudos da Imagem (Navi)  que acontece, quinzenalmente, na pracinha da Lagoa. A mostra tem parceria com a Casa das Máquinas. As projeções, sempre que o tempo permite, são realizadas na pracinha. Em caso de chuva, são transferidas para o interior da Casa das Máquinas.

Ainda serão exibidos, na quinta-feira, os filmes Os Seres da Mata e Trance and Dance in Bali.

 

Djero
O curta-metragem Djero encontra Iketut em Bali, estreante em Florianópolis, mostra o encontro de dois balineses: um jovem, Djero, motorista na Bali turística da costa, e um velho, Iketut, morador do vilarejo Desa Bayun Gede, local estudado pela antropóloga norte-americana Margaret Mead e seu marido, o antropólogo inglês Gregory Bateson, na década de trinta. A pesquisa marcou o inicio da antropologia visual contemporânea. Através do curta, Carmen Rial e Miriam Grossi revisitam as imagens feitas por Mead e Bateson, comparando-as com imagens atuais daquele vilarejo no alto de uma montanha.

 

Na mata
Já o documentário Os seres da Mata começa com as palavras do jovem cacique Vherá Poty: “Essa câmera vai funcionar como um olho e o ouvido de todos que estão atrás dessa câmera, ela vai ser uma criança que vai estar escutando a fala dos meus avós”. Ele apresenta as imagens dos “bichinhos” e as narrativas mito-poéticas dos velhos em torno dos modos de criar, fazer e viver a cultura guarani, expressos na confecção de colares, no trançado das cestarias e na produção de esculturas em madeira dos seres da mata: onças, pássaros e outros “parentes”.

O documentário, de Rafael Devos, tem duração de vinte e sete minutos e foi produzido no contexto do Projeto Documentário Cultura Material dos Coletivos Indígenas na Bacia Hidrográfica do Lago Guaíba/Porto Alegre. A iniciativa tem como objetivo valorizar e proteger as formas de expressão cultural, tradições, usos, costumes e religiosidade desses coletivos no município, oferecendo suporte aos trabalhos da rede municipal de ensino e aos agentes públicos que atuam junto aos povos indígenas.

Trata-se de um retrato dos modos de vida Kaingangue, permitindo que sejam conhecidas não só suas singularidades, mas também aquilo que compartilham com outros coletivos indígenas, como os Mbya, e o que as distingue da sociedade não-indígena.

 

Dança & transe
O terceiro filme da noite, Trance and Dance in Bali, dos antropólogos Margaret Mead e Gregory Bateson, é um documentário de 1930 que explora os temas da dança e do transe em rituais na aldeia Pagoetan, em Bali. O filme mostra dançarinos sofrendo convulsões violentas durante um transe, que só acaba no momento em que são trazidos novamente à consciência com incenso e água benta.

Narrado por Margaret Mead e com fundo musical baliniense, Trance and Dance in Bali foi considerado de grande importância cultural pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos e selecionado para preservação no National Film Registry.

A mostra de documentários tem o objetivo, além promover o debate acerca de culturas, discutir sobre os modos e políticas do “dar a” ver a partir dos aparatos e dispositivos audiovisuais além do campus universitário.

 

O Navi
O Núcleo de Antropologia Visual e Estudos da Imagem (Navi) foi criado em 1998 a partir de uma Oficina de Antropologia Visual que articulava pesquisas nessa área desde 1994, reunindo docentes, discentes e pesquisadores de vários cursos da UFSC. Desde então, o Navi constitui-se em um espaço de reflexão, corporificação e difusão de experiências, propostas e críticas nos estudos da antropologia audiovisual e da imagem e em antropologia das sociedades complexas moderno-contemporâneas, articulando as atividades de ensino, pesquisa e extensão nessas áreas.

O Núcleo mantém convênios com a rede de Núcleos de Antropologia Visual no Brasil e no exterior. Desde a sua criação, o Navi afirmou-se como um ponto singular, dentro da UFSC, de reflexão e disseminação de práticas culturais e artísticas ligadas ao campo do cinema, fotografia e demais formas audiovisuais. Com um trabalho contínuo de pesquisa, produção e divulgação dessas práticas, o Núcleo reúne pesquisadores de diferentes estágios – da graduação ao pós-doutorado – promovendo uma crescente permuta de saberes.

Mais informações: Rafael Devos: rafaeldevos@yahoo.com / Carmen Rial: carmenrial2@gmail.com.

Tags: antropologiaaudiovisualmostra de curtasNavi

Aula inaugural: Pós-Graduação em Antropologia

01/03/2012 08:26

“Patrimonialização e as políticas de publicação. A Coleção Narradores Indígenas do Rio Negro” será tema da aula inaugural 2012 do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFSC. O convidado é o professor Stephen Hugh-Jones, da Universidade de Cambridge, Inglaterra. O encontro acontece no dia 12 de março, a partir de 18h30min, no Auditório Henrique Fontes, Centro de Comunicação e Expressão da UFSC. Mais informações: antropos@cfh.ufsc.br

Tags: antropologiaaula inaugural

Antropologia visual em Paris

01/02/2012 14:56

Encontro “Em torno da antropologia visual de Jean Rouch e de Margaret Mead” traz projeção de filmes de Carmen Rial e Míriam Grossi, seguida de uma mesa-redonda com as diretoras na Universidade Paris Diderot, em Paris, França (105, Rue de Tolbiac, 1 er étage, salle 130), dia 6 de fevereiro, às 16 horas. Carmen e Míriam são pesquisadoras do grupo de estudos NAVI – Núcleo de Estudos de Antropologia Visual e de Estudos da Imagem da UFSC. O encontro é organizado pela Associação de Antropologia e Fotografia.

Tags: antropologiaFilmes

Mobilidades Contemporâneas: Gênero, Redes e Fluxos

02/12/2011 16:32

Será realizado no dia 9 de dezembro o Workshop Mobilidades Contemporâneas: Gênero, Redes e Fluxos. O encontro acontece a partir de 14h30min, na sala 111 do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFSC.

A convidada é a professora Gláucia de Oliveira Assis, do Centro de Ciências Humanas e da Educação (Faed/Udesc), Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) e Mestrado Profissional em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Socioambiental (MPPT). Serão abordadas as temáticas migrações e redes, migrações e gêneros e migrações internas e/ou internacionais.

Organização do Núcleo de Antropologia Visual e Estudos da Imagem (Navi), da UFSC e Udesc. O evento é uma atividade de projeto Migrações e Mobilidades Contemporâneas: Trajetórias, Profissões e Estilos de Vida, desenvolvido em uma parceria Navi/Udesc.

Informações e inscrições: nic.siqueira@gmail.com

Tags: antropologiamobilidade

Professores da UFSC são selecionados para a Mostra do Filme Etnográfico

21/11/2011 13:11

Os professores do Departamento de Antropologia da UFSC Carmen Rial, Miriam Grossi e Rafael Devos tiveram filmes selecionados para a 15ª Mostra Internacional do Filme Etnográfico. O encontro que será realizado no Rio de Janeiro é o principal festival de filmes etnográficos do país, reunindo cineastas brasileiros e estrangeiros.

Os seres da Mata, de Rafael Devos (27’ Mbyá-Guarani e Port/Leg Port) foi exibido no sábado, dia 19, e Djero encontra Iketut em Bali, de Carmen Rial e Miriam Grossi (11′ Ingles, Balines e Port/Leg Port), será exibido no dia 22, no cinema do Museu da República, às 16h.

Em Os seres da mata o jovem cacique Vherá Poty apresenta as imagens dos “bichinhos” e as narrativas mito-poéticas dos velhos em torno dos modos de criar, fazer e viver a cultura guarani, expressos na confecção, no trançado e na produção de esculturas em madeira dos seres da mata: onças, pássaros e outros “ parentes”. “Esta câmera vai funcionar como um olho e o ouvido de todos os que estão atrás dela. Vai ser uma criança que vai estar escutando a fala dos meus avós”.

Djero encontra Ikeut em Bali é uma história do encontro em Desa Bayung Gedé, nos passos da antropóloga norte-americana Margaret Mead, cujas pesquisas em Bali são um marco para a Antropologia Visual. O filme mostra dois balineses que habitam mundos muito diversos: Djero, um chauffeur em um hotel, acostumado com o intenso fluxo de turistas na Ilha, e Iketut, agora um senhor de mais de 70 anos, morador do pequeno vilarejo nas montanhas estudados por Mead e Bateson e que foi protagonista de um dos seus filmes. Um momento que foi um “lucky accident”, como diria Mead.

Carmen Rial e Rafael Devos, pesquisadores do Núcleo de Antropologia Audiovisual e Estudos da Imagem (NAVI), oferecem uma disciplina de Antropologia Visual no Programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFSC no próximo semestre.

Veja mais em http://www.mostraetnografica.com.br/http://issuu.com/diegomadias/docs/15a_mostra_-_cat_logo?mode=window&backgroundColor=%23222222.

Mais informações com rafaeldevos@yahoo.com, rial@cfh.ufsc.br e miriamgrossi@gmail.com

Tags: antropologiafilme etnográfico

Palestra reune preservação cultura e ação social

26/09/2011 15:27

A palestra com a antropóloga Anamaria Beck e a jornalista Rosina Duarte foi realizada na quarta-feira, 21/09, com o tema Mulheres, Memórias e Museus, que debateu o papel da renda de bilro na cultura tradicionalista do litoral catarinense, as atribuições da mulher na história da comunidade pesqueira e a denotação histórica da preservação da memória nos grupos sociais “invisíveis”. A conversa fez parte da 5ª Primavera dos Museus, evento organizado pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBAM) que tem programação nacional com palestras e exposições nos museus de todo o Brasil. A confêrencia ocorreu no Auditório do Museu Universitário Professor Oswaldo Rodrigues Cabral, no campus na UFSC.

A antropóloga Anamaria Beck defende que a renda de bilro é caracterizada como um marcador do gênero feminino nas comunidades pesqueiras do litoral catarinense. “Onde há rede, há renda”. Com essa afirmação, Anamaria faz a relação da construção familiar com os costumes característicos na comunidade açoriana entre a rede de pesca – associada aos homens – e a renda de bilro – associada às mulheres.

Segundo a antropóloga, a prática da renda é uma herança familiar de afirmação da cultura, é transmitida através das gerações, porém foi perdendo essa característica em função do conflito da ocupação dessas comunidades pelas frentes econômicas do turismo, que, de acordo com Anamaria, marginalizam a cultura tradicional para a periferia da cidade. A renda de bilro tem papel fundamental na atribuição e preservação da identidade das comunidades; é função da sociedade resguardar a memória desses costumes e afirmar a existência dessas comunidades na história da região.

“A memória nos preserva. É um direito sagrado”. A jornalista Rosina Duarte sustenta com essa frase a importância de registrar a história e a lembrança das populações “invisíveis” – como os moradores de rua, as prostitutas e os índios. A jornalista compara o museu antropológico e as características do jornalismo diário. Segundo ela, as empresas de comunicação não retratam o cotidiano das populações. “Os jornais relatam o contexto e a exceção.” Diferente dos relatos antropológicos que descrevem e preservam o comportamento e as peculiaridades do dia a dia das comunidades “esquecidas”.

Rosina também comentou sobre a ONG Alice (Agência Livre para Informação, Cidadania e Educação), na qual é coordenadora e desenvolve um trabalho de preservação do direito à comunicação das populações ditas invisíveis através da elaboração de um jornal trimestral produzido por moradores de rua de Porto Alegre (RS). O objetivo da ONG é desenvolver projetos de jornalismo social para discutir o comportamento, a ética, as tendências da grande imprensa, formar leitores críticos, contribuir para democratização e qualificação do acesso a informação no país.

De acordo com as palestrantes, debater a permanência da cultura no contexto histórico é manter a memória viva e presente. Desse modo, será possível criar um banco de dados de memórias para o acesso irrestrito da sociedade, resguardando-se assim, o valor cultural das rendas e o grito de atenção das populações, agora, visíveis.

Por Ricardo Pessetti/ Bolsista de Jornalismo na Agecom

Tags: açorianaantropologiajornalismoMuseu Universitário

Documentários sobre o samba em Florianópolis são exibidos na Igrejinha da UFSC

19/09/2011 09:22

O Projeto Música e Cultura, do Departamento de Antropologia da UFSC, exibe nesta quarta-feira, 21 de setembro, às 18h30, na Igrejinha da UFSC, dois filmes etnográficos, em DVD, sobre o samba na cidade de Florianópolis. Produzidos por alunos e professores do curso de História da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e pelo músico Marcelo 7 Cordas, os filmes Através do samba e O poder da criação: uma etnografia sobre a composição de sambas-enredo trazem como personagem principal o Samba, ritmo musical mais popular do país que tem espaço garantido na Capital catarinense.
(mais…)

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Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social comemora 25 anos

28/06/2011 07:55

As atividades do Programa de Pós Graduação em Antropologia Social iniciaram em 1986, quando o mestrado em Antropologia foi criado. Mas os estudos antropológicos no estado de Santa Catarina começaram anos antes, em 1955, com a fundação da Faculdade de Catarinense de Filosofia. Na época, os estudantes dos cursos de História e Geografia frequentavam as disciplinas Antropologia Cultural, Etnografia Geral e do Brasil, Antropologia Cultural e Física.

Com a criação da Universidade Federal de Santa Catarina, em 1960, a Faculdade Catarinense de Filosofia passou a fazer parte da UFSC. Nesta época a biblioteca da faculdade contava com cerca de 15 livros relacionados à Antropologia Social. Em uma das palestras realizadas em comemoração ao aniversário do programa, a professora da USP Lux Vidal, docente convidada no início de instalação da Antropologia, relembrou que o acervo da universidade era pequeno e que trazia de ônibus, de São Paulo, o xerox das obras. Hoje a universidade tem mais de três mil livros e 6.591 exemplares específicos na área.

Como os estudos antropológicos sempre foram marcantes no estado catarinense com os trabalhos de pesquisadores como Franklin Cascaes, Jules Henry e Francisco Schaden, foi inaugurado em 1967 o Instituto de Antropologia. Seu idealizador, fundador e primeiro diretor, Osvaldo Rodrigues Cabral, proferiu um discurso em que ressaltou a importância da nova instituição. Era estratégico para assegurar a preservação do patrimônio arqueológico, garantir da defesa dos povos indígenas, além de formar recursos humanos.

Reabertura da Associação Brasileira de Antropologia

Em 1974, uma reunião histórica aconteceu em Florianópolis por iniciativa de jovens antropólogos da universidade. Este encontro, que reuniu cerca de 200 pessoas, contribuiu para a reabertura da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), fechada pelos militares durante a ditadura.

“A antropologia, nesse momento, era um espaço mais que estratégico para pensar o Brasil e seus contrastes”, relata o segundo diretor do instituto, Sílvio Coelho dos Santos, no livro História da Antropologia no Sul do Brasil. “Naquele momento, em plena ditadura militar, Florianópolis não chamava tanta atenção como São Paulo e Rio de Janeiro”, lembra a professora do Departamento de Antropologia Miriam Pillar Grossi, presidente da ABA até 2006.

Início da Pós-Graduação em Antropologia

Também em 1974 tentou-se criar na UFSC um curso de especialização em antropologia. A iniciativa foi concretizada dois anos depois. O mestrado em Ciências Sociais foi implantado em 1978, com as opções Sociologia e Antropologia. No entanto, apenas em 1985 a Pós-Graduação em Antropologia se desvinculou da Sociologia, com processo de seleção específico para cada um dos cursos. Dez anos depois foi criado o Departamento de Antropologia e em 1989 implantado o doutorado. Desde 1978 foram formados 247 mestres e 54 doutores em Antropologia, que atuam em instituições de ensino e pesquisa em todas as regiões do Brasil e em países da América do Sul.

Pesquisas teóricas e aplicadas

O Departamento de Antropologia faz parte do Centro de Filosofia e Ciências Humanas, assim como o Laboratório de Antropologia, que desde 1993 congrega 11 núcleos de pesquisa da pós-graduação. “Este é o espaço onde as pesquisas se desenvolvem, onde acontece o fazer da antropologia. Enquanto na sala de aula o aprendizado é mais teórico, no laboratório a formação se completa”, considera a coordenadora do programa Antonella Tassinari.

Entre os núcleos estão o Laboratório de Estudos das Violências (LEVIS), o Núcleo de Antropologia Audiovisual e Estudos da Imagem (NAVI) e o Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades, que desenvolve pesquisas relacionadas aos estudos de gênero, a violência e a sexualidade.

Criado em 1996, o LEVIS atua em convênio com a Secretaria de Estado de Segurança Pública desde 2002. Desenvolveu também o projeto de criação do Instituto de Pesquisa e Estudos em Segurança Pública (IPESP), além de ser responsável pela produção de indicadores sociais na área e atuar ativamente no debate sobre Direitos Humanos em Santa Catarina. O NAVI representa um aprofundamento dos estudos “de” e “com” imagens. O núcleo foi criado em 1998, apesar de articular suas pesquisas na universidade desde 1994. Além de receber em 2002 o prêmio Verger da ABA de Contribuição à História da Antropologia e manter entre 2000 e 2008 o projeto Cinema BR em Movimento, que levou filmes e promoveu debates em comunidades carentes e universidades com o patrocínio da Petrobrás, o NAVI participa atualmente da Oficina de Imagem, no Morro da Serrinha.

“Todos os núcleos são importantes para o PPGAS e suas áreas de pesquisa geram impacto positivo na sociedade”, comemora a coordenadora da Pós-Graduação em Antropologia, programa membro da Associação Nacional de Pós Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS). Seus professores mantêm intercâmbio com universidades no Canadá, França, Angola, Argentina e Portugal. A Pós-Graduação da UFSC neste campo está entre as sete melhores do Brasil, com conceito 5 na Capes, e chegou a ser indicada ao conceito 6 até a penúltima fase de avaliação no triênio repassado.

Outra conquista do programa é a criação do Instituto Nacional de pesquisa Brasil Plural, estruturado a partir de uma rede de pesquisadores da UFSC e da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), com apoio do CNPq e Fapesc. Para a coordenadora do PPGAS, os avanços são resultado do trabalho conjunto. “Tanto o programa de pós-graduação quanto o Laboratório de Antropologia Social possuem o mesmo objetivo: colocar os nossos estudos a serviço da comunidade”.

Saiba Mais:

Núcleos de Pesquisa:

· A-funda- Núcleo de Pesquisa em Fundamentos da Antropologia
·  Grupo de Estudos em Oralidade e Performance (GESTO)
· Laboratório (Núcleo) de estudos das Violências (LEVIS)
· Núcleo de Arte, Cultura e Sociedade na América Latina e caribe (MUSA)
· Núcleo de Antropologia Audiovisual e Estudos da Imagem (NAUI)
·  Núcleo de Estudos de Populações Indígenas (NEPI)
· Núcleo de Estudos de Saberes e Saúde Indígena (NESSI)
·  Núcleo de Identidade de Gênero e Subjetividades (NIGS)
· Núcleo de Estudos sobre Identidade e Relações Interétnicas (NUER)
· Núcleo de Antropologia do Contemporâneo (TRANSES)

Mais informações: www.antropologia.ufsc.br/ppgas / (48) 3721- 9714

Por Ana Luísa Funchal / Bolsista de Jornalismo na Agecom

Tags: antropologiaPPGAS

Pós-Graduação em Antropologia Social comemora 25 anos

11/04/2011 15:31

Com convidados especiais, palestras, conferências e cursos, o Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFSC comemora, a partir desta segunda-feira, 11 de abril, seus 25 anos. Confira a programação:

Dia 11 de abril – segunda-feira

18h30 às 20h – Auditório do CFH

Conferência “Uma perspectiva sociológica sobre violência sexual”, com Michel Bozon (INED) – conferência em português

Dia 12 de abril – terça-feira

14h às 18h – Miniauditório do CFH

Aula 2 – Curso Michel Bozon – Sexualidade, gênero, gerações – O que os inquéritos sobre comportamentos sexuais na França dizem sobre o gênero: aproximações entre mulheres e homens o reformulação da assimetria? (curso em português)

Dia 13 de abril – quarta-feira

10h30 às 12h – Sala 310 CFH

Palestra “Gênero, Adoção e Pluriparentalidades contemporâneas”, com Agnès Fine (EHESS) – palestra em francês com tradução consecutiva feita por Miriam Grossi

Dia 14 de abril – quinta-feira

18h30 às 22h – Miniauditório do CFH

Aula 3 – Curso Michel Bozon – Sexualidade, gênero, gerações – Socialização em sexualidade e gerações: processos universais e particularidades latinoamericanas (curso em português)

Dia 15 de abril – sexta-feira

18h30 às 22h – Miniauditório do CFH

Aula 4 – Curso Michel Bozon – Sexualidade, gênero, gerações – Saúde, saúde sexual, sexualidade: uma abordagem sociológica (curso em português)

Dia 19 de abril – terça-feira

16h30 às 18h – Sala 10 da História – CFH

Palestra “Da família ao individuo, os usos da escrita ordinária nos livres de raison franceses (séculos XV-XIX), com Sylvie Mouysset (Université de Toulouse Le Mirail) – palestra em francês com tradução consecutiva feita por Joana Pedro

18h30 – Sala 111 – CFH

4º Depoimento – O papel do PPGAS/UFSC na formação acadêmica dos seus egressos: Antropologia no Rio Grande do Norte, com Elisete Schwade (UFRN)

Dia 20 de abril – quarta-feira

10h30 às 12h – Sala 310 – CFH

Palestra “A construção social da feminilidade na França: das sociedades rurais à sociedade contemporânea”, com Agnès Fine (EHESS) – palestra em francês com tradução consecutiva feita por Miriam Grossi

16h – Sala 111 – CFH

5º Depoimento – O papel do PPGAS/UFSC na formação acadêmica dos seus egressos: Antropologia no Oeste do Paraná, com Allan de Paula Oliveira (UNIOESTE)

Dia 26 de abril – terça-feira

16h30 às 18h – Miniauditório do CFH

Oficina 4 – “Ética e Pesquisa: a legislação e o Conselho de Ética da UFSC”, com Washington Portela de Souza (coordenador do Conselho de Ética em Pesquisa da UFSC e professor do Departamento de Ciências Fisiológicas – CCB)

Dia 27 de abril – quarta-feira

8h30 às 10h – Local: Sala 308 – CFH

Palestra “Dissimulado, vivido, cuidado: o corpo disciplinado das mulheres religiosas”, com Danielle Rives (França) – palestra em francês com tradução consecutiva feita por Miriam Grossi

10h30 às 12h30 – Sala 308 – CFH

Palestra “Sofrer, curar, amar. Escrita e consciência de si no feminino na Europa do século XV ao século XX”, com Sylvie Mouysset (Université de Toulouse Le Mirail -palestra em francês com tradução consecutiva feita por Joana Pedro

18h30 às 20h – Auditório do CFH

Conferência “Parentesco espiritual, apadrinhamento e relações familiares na França Contemporânea”, com de Agnès Fine – a tradução da conferência será feita por Carmen Rial, sendo disponibilizada por escrito e apresentada em PP durante a sua realização

Dia 28 de abril – quinta-feira

18h30 – Miniauditório do CFH

Palestra “Enobrecimento urbano: balanço e perspectivas”, com o professor Rogério Proença Leite (UFS/SE)

Informações: (48) 3721-9714, ramal 4 ou antropos@cfh.ufsc.br

Tags: antropologiaPPGAS

Antropólogo italiano propõe o estupor na relação entre as culturas

30/03/2011 10:43

Se fosse para sintetizar o pensamento de Massimo Cavenacci, o oposto do dito popular “quem gosta de velharia é museu” exprimiria bem o que prega o antropólogo italiano. Não há nada mais atual do que colecionar as relíquias do contemporâneo. Ao falar sobre Os desafios do museu no século XXI, o catedrático da Universitá di Roma La Sapienza e professor convidado do Departamento de Psicologia da UFSC defendeu a polifonia dos museus, a exposição de acervos museais em espaços dinâmicos da cidade e a apropriação das tecnologias digitais para a autorrepresentação das culturas e identidades.  Em suma, o museu contemporâneo deve se constituir na mobilidade da vida urbana, incorporar as novas tecnologias e estar atento à pluralidade das culturas. A conferência atraiu uma plateia de cerca de cem pessoas, entre alunos, professores e comunidade em geral para o pequeno auditório do Museu Universitário na tarde da terça (29), abrindo o primeiro evento do ciclo de debates O Pensamento do Século XXI e da série Museu em Curso deste ano.

Fotos: Paulo Noronha/Agecom

Lançador de instigantes neologismos conceituais como “multivíduo performático” e “desnativização” o autor de A cidade polifônica – Ensaios sobre a antropologia da comunicação urbana mostrou que as posturas e performances de corpo são objetos privilegiados das coleções museológicas do presente e propôs que o museólogo suspenda o conceito de nativo, à medida que traduz um olhar colonialista em relação ao outro. “O museu deve favorecer a multiplicação da subjetividade”, afirmou. Dentro desse contexto, é fundamental repensar sua função na sociedade. E para isso, Massimo defende que “a identidade da cultura não pode ser só das raízes”, lembrando a expressão “from roots to routes” (de raízes para rotas): “O museu contemporâneo precisa mudar, de raízes para itinerários. As raízes bloqueiam a cultura, enquanto que os itinerários favorecem as subjetividades”. A artista plástica brasileira Nele Azevedo, de acordo com o antropólogo, exemplifica essa ideia. Criadora de mil homenzinhos de gelo que foram colocados na escadaria da sala de concertos da Gendarmenmarkt, em Berlim, para uma campanha da WWF sobre o aquecimento global realizada em 2009, viu sua obra durar cerca de meia hora. “É interessante pensar na força de um tipo de arte que, descongelando, vira água. Acredito que uma parte do museu deve ser temporária, pois assim ele sempre se renova”.

A renovação dos espaços que abrigam a arte contribuiria para que os espectadores – ou os “performáticos”, que seriam os observadores que interagem mais ativamente com as obras – pudessem experimentar diante do outro, do estranho e do diferente o “estupor”, definido pelo dicionário português Priberam como “efeito, geralmente imobilizante, de grande espanto ou surpresa”. Massimo afirma que o som da palavra o agrada, preferindo relacioná-la ao espanto, mas acredita que essa significação ainda não seja a mais adequada. “A arte precisa modificar a identidade das pessoas. Não posso ser o mesmo depois de interagir com ela”. Mas para que essa transformação possa acontecer, é necessário que o performático se permita se entregar ao estupor. “É o posicionamento corporal em relação ao que é desconhecido e que desejo encontrar. É um momento antes da contemplação, e meu corpo precisa se abrir – boca, olhos, nariz, ouvidos – para absorver a obra de arte”.

A câmera dentro da câmera dentro da câmera

O professor mostrou fotos feitas dos chamados nativos, em que são retratados de maneira inferior aos colonizadores, podendo criar um tipo de deslocamento ou de invasão – “e se pensarmos na definição de ´nativo`, que ´provém de determinado lugar´, um índio seria nativo na Europa?” – defendendo seu direito à autorrepresentação e à desnativização. “Fui convidado pelos Bororos, no início dos anos 1990, a participar do ritual de furação de orelhas, que acontece a cada sete anos. Cheguei com câmeras, e me deparei com três deles gravando a atividade. Meu papel clássico, então, estava em crise; eles precisavam ser os sujeitos que davam sentido ao próprio ritual. Coloquei, nesse momento, minha câmera atrás das deles, enquadrando-as, para registrar o contexto”.

Além dessa multiplicidade cognitiva, que é potencializada também pela internet, Massimo já disse, em entrevista ao blog overmundo, que gosta de ”utilizar o artigo no singular, e o pronome no plural, isto é, o eus”. “O conceito de multivíduo, para mim”, continua, “é um conceito mais flexível, mais adequado à contemporaneidade. Por que significa que multivíduo é uma pessoa, um sujeito, que tem uma multidão de eus na própria subjetividade”. Esse eus também foi representado através de imagem que mostrava uma mulher se despindo da própria pele abrindo zíperes que tinha espalhados pelo corpo, revelando outras camadas epidérmicas. “Como o museu enfrenta o pós-humano, isto é, a arte digital? Que tipo de experiências podemos desenvolver? Quantas peles a gente tem? Há um número limitado? Quais as diferenças entre corpo e tecnologia?”, questiona.

Museu & cinema

Tahuany Coutinho, de 24 anos, é caloura de Museologia e assistiu à palestra. “Gosto da possibilidade de perceber o museu não simplesmente como um espaço onde as obras são expostas, mas sim como oportunidade de transformação através do contato com a arte”. A estudante conta que alguns professores do curso defendem o ponto de vista do antropólogo, e ressalta que o “museu não deve ser para alguém e sim com alguém”. Quase formada em Artes Cênicas, Tahuany veio de São Paulo com a intenção de se graduar em Cinema, mas acabou optando por Museologia por causa do viés antropológico do curso. No entanto, vê semelhanças entre os dois, quando pensa na importância do museu se valer de recursos, como os audiovisuais – como fazem os museus paulistas da Língua Portuguesa e do Futebol -, para envolver os performáticos.

Os projetos ´O Pensamento no Século XXI` e ´Museu em Curso` foram concentrados em torno dessa conferência para evidenciar os desafios das instituições museológicas hoje. Na continuidade do projeto Museu em Curso, a cada mês, será realizada uma palestra voltada para as diversas áreas da teoria e da prática museológica.

Mais informações: 48 3721-8604 ou 9325 ou ufsc.mu.museologia@gmail.com.

Por Cláudia Schaun Reis/Jornalista na Agecom e
Raquel Wandelli/Jornalista na SeCArte

Tags: antropologiacomunicaçãomuseologia

Massimo Canevacci abre série “Museu em Curso”

25/03/2011 15:32

O antropólogo italiano Massimo Canevacci abre, na terça-feira, 29, o primeiro evento do ciclo de debates  ´O Pensamento no Século XXI` e da série ´Museu em Curso` deste ano. A conferência “O Museu no Século XXI” ocorrerá das 16 às 18 horas, no auditório do Museu Universitário Professor Oswaldo Rodrigues Cabral, na UFSC, em parceria com a Secretaria de Cultura e Arte (SecArte), Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PRPG) e Associação dos Amigos do Museu. Professor da Facultade Scienze della Comunicazione “La Sapienza”, de Roma, e professor visitante da UFSC, Canevacci abordará as possibilidades de apropriação das tecnologias digitais na representação da cultura urbana e na arquitetura contemporânea.

Referência internacional na área de comunicação museal, Canevacci atua desde 1984 no Brasil como pesquisador convidado para desenvolver pesquisas, conferências e cursos em universidades. Sua pesquisa, orientação didática e publicações se desenvolvem em torno da comunicação visual, arte digital, etnografia urbana e indígena, culturas da juventude, antropologia teórica e trocas entre antropologia e outras áreas do conhecimento. Atualmente coordena o projeto Carpe-Code, sobre metrópole comunicacional, design expandido, etnografia ubíqua e realidade aumentada.

Autor de A cidade polifônica, da Studio Nobel (1993), considerada uma obra fundamental para compreender a antropologia urbana através da mídia e da arquitetura, Canevacci dirigiu até 2001 a revista Avatar de etnografia, comunicação e arte visuais. Também publicou Comunicação Visual, pela Brasiliense, Fetichismos Visuais, da Ed. Atelier; Sincretismos, uma exploração das hibridações culturais, da Studio Nobel e Culturas Extremas, da DpA. Em processo de tradução no Brasil pela editora Annablume, escreveu La linea di polvere, publicado em Roma pela Meltemi (2007), como fruto de pesquisa que realizou sobre a cultura dos índios Bororo.

Os projetos ´O Ciclo Pensamento no Século XXI` e ´Museu em Curso` foram concentrados em torno dessa conferência para evidenciar os desafios das instituições museológicas hoje. “Vivemos um tempo em que as mídias e as identidades se multiplicam e modificam o espaço urbano, de modo que os registros de memória e de cultura precisam levar em conta processos de identidade cada vez mais sazonais e fragmentados”, lembra a secretária de Cultura e Arte Maria de Lourdes Borges. Na continuidade do projeto Museu em Curso, a cada mês, será realizada uma palestra voltada para as diversas áreas da teoria e da prática museológica.

Serviço:

O quê: Museu em curso, palestra com Massimo Canevacci
Quando: 29 de março, das 16h às 18h
Onde: Auditório do Museu Universitário da UFSC
Quanto: Entrada franca
Informações: 48 3721-8604 ou 9325
e-mail: ufsc.mu.museologia@gmail.com
Serão fornecidos certificados

Divisão de Museologia
Museu Universitário Professor Oswaldo Rodrigues Cabral – UFSC
Campus Universitário Reitor João David Ferreira Lima – Trindade – CEP 88.040-900 – Florianópolis – Santa Catarina – Brasil
Telefones: 48 3721-8604 / 6473 / 9325

Por Raquel Wandelli/  Jornalista na SeCarte
(048) 37219459 e 99110524
raquelwandelli@yahoo.com.br
raquelwandelli@ufsc.br

Foto: Overmundo

Tags: antropologiacomunicação visualetnografia urbana e indígena

Educação e identidade cultural dos pataxós é tema de exposição

18/03/2011 17:18

As fotos, feitas por Sonny Thoresen, estão vinculadas ao projeto de pesquisa “Índios no Sul da Bahia”, coordenado por Augusto Oliveira, doutorando no PPGAS da UFSC

Abre nesta segunda-feira, 21 de março, na Galeria da Ponte do CFH, a exposição fotográfica Ser pataxó: educação e identidade cultural, de Sonny Thoresen e Augusto Oliveira, doutorando no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS) da UFSC. A exposição é resultado da dissertação de mestrado de Augusto Oliveira.

As fotos, feitas pelo fotógrafo sueco Sonny Thoresen, estão vinculadas  ao projeto de pesquisa “Índios no Sul da Bahia”, coordenado por Augusto. A Aldeia Indígena Nova Vida-Fazenda Bahiana,  localizada a cerca de 18 km da sede do município de Camamu, é fruto de uma dissidência, ou cissiparidade, ocorrida na Reserva Caramuru-Paraguaçu para sair da violência a que estavam submetidos os indígenas na região dos municípios baianos de Itaju do Colônia, Pau Brasil e Camacã.

O processo histórico vivenciado pelo povo Pataxó pós-criação da Reserva Caramuru-Paraguaçu efetivou-se com a fusão de diversas etnias (grupos Baenã, Borun, Kamakã-Mongoyó, Kiriri-Sapuyá, Pataxó e Tupinikim) e mesmo de miscigenação com elementos étnicos não-indígenas mesclados como um único povo. Sua trajetória histórica comum caracteriza-se por uma postura de resistência e de sobrevivência física e cultural, em face à sociedade dominante e ao extermínio imposto pelo conquistador através de processos genocidas e/ou da convivência forçada com instituições nacionais voltadas para promover a segurança do processo colonizador, e edificação da sociedade e do território brasileiros como um todo homogêneo ou, noutras palavras, voltados para a política da integração nacional.

A Reserva foi criada pelo Decreto número 4081 de 19 de setembro de 1925, e pela Lei número 1916 de 09 de agosto de 1926, que lhe assegurava 50 léguas quadradas para gozo dos índios, e que menciona como tendo direito às terras os Tupinambá e Pataxó ou outros ali habitantes, fossem  Macro-Jê ou Tupi, compreendendo  o primeiro as etnias Baenã, Borun, Kamakã-Mongoyó, Kiriri-Sapuyá e Pataxó, e o segundo, a etnia Tupinikim. Cabe salientar que acreditava-se na possibilidade de haver outros grupos indígenas arredios ainda não conhecidos.

A exposição Ser pataxó: educação e identidade cultural é promovida pelo Núcleo de Antropologia Visual e Estudos da Imagem (Navi) e pelo PPGAS.

A Galeria da Ponte, localizada no segundo andar do prédio do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), é um espaço destinado a exposições fotográficas provenientes do trabalho de campo de pesquisadores.

Serviço:
Exposição fotográfica Ser pataxó: educação e identidade cultural
Local: Galeria da Ponte – CFH/UFSC
Visitação: de 21 de março a 22 de abril
Mais informações: Augusto Oliveira: augustofagundeso@yahoo.com.br

Tags: antropologiaíndios
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