Como as fake news ganham tanta atenção? Professor da UFSC explica

16/10/2023 19:53

Preconceito interfere sobre quem é visto como bom informante; minorias sociais sofrem “injustiças epistêmicas”

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Distinguir notícias verdadeiras de falsas é uma tarefa quase “sherlockiana”, afirma Alexandre Meyer Luz. Ilustração: Rafaela Souza.

“Não dá para ser Sherlock Holmes o tempo inteiro”. O famoso personagem da literatura britânica é uma metáfora utilizada por Alexandre Meyer Luz, professor de Filosofia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), para se referir ao ser humano ideal: aquele que sabe avaliar a qualidade de uma informação.

Diferenciar fake news de notícias verdadeiras tornou-se uma competência quase “sherlockiana”. Mas o cidadão comum não tem o mesmo tempo de um detetive para investigar a origem de todas as histórias que recebe diariamente por aplicativos de mensagem. Segundo Meyer, outro tipo de ingrediente explica por que concedemos mais ou menos crédito a alguns informantes. São os pressupostos de confiança, o que inclui desde as relações com parentes próximos (pais, por exemplo) até mecanismos sociais (como os preconceitos de racismo, machismo e LGBTfobia).

Meyer é professor na área de Epistemologia, ramo da Filosofia dedicado aos estudos sobre a produção do conhecimento. Sua pesquisa adiciona complexidade aos modelos epistêmicos reduzidos à figura do indivíduo racional e que não é atravessado por emoções. “Na Filosofia, sempre fazemos algum grau de abstração”, afirma. “Mas quando queremos pensar sobre assuntos muitos ‘encarnados’, como fake news e educação, a abstração não pode criar modelos que não respeitam como as pessoas de fato pensam”. 
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Professoras da UFSC comentam falhas de metodologia e sexismo de artigo publicado em revista científica

04/12/2020 11:32

Há pouco mais de duas semanas, um estudo publicado na revista científica Nature Communications, uma das mais conceituadas do mundo, gerou indignação na comunidade científica e uma onda de protestos, notas de repúdio e abaixo-assinados exigindo a retratação do periódico e a retirada do artigo. O trabalho em questão foi conduzido por três pesquisadores do campus de Abu Dhabi da Universidade de Nova York e se propõe a analisar a influência das relações de orientação sobre o desempenho acadêmico de jovens cientistas. O estudo apresenta uma série de falhas metodológicas, mas o principal objeto das críticas foram suas conclusões machistas, que reforçam estereótipos e a perpetuação de desigualdades de gênero na ciência.

O trio utilizou dados de mais de 200 milhões de artigos científicos publicados em um período de mais de 100 anos para identificar relações entre orientadores e orientandos. Em seguida, acompanhou o “sucesso profissional” dos últimos, baseado no número de citações de seus artigos ao longo do tempo. Os resultados indicaram que a orientação por cientistas renomados (conceito também definido com base no número de citações) faz com que os pesquisadores iniciantes tenham maior chance de êxito na carreira. O mesmo não acontece, segundo os responsáveis pela pesquisa, quando a orientação é feita por uma mulher: ter mais mentoras estaria associado a um pior desempenho posterior, e o índice se agrava quando a pessoa orientada é outra mulher. O artigo afirma ainda que, ao orientar mulheres em vez de homens, as supervisoras também sairiam perdendo, com uma redução de 18% em suas citações. Os autores, por fim, sugerem que mulheres devem procurar a orientação de homens e declaram que políticas de promoção da diversidade, “por mais bem-intencionadas que sejam, podem prejudicar a carreira de mulheres que permanecem na academia de maneiras inesperadas”.
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Coletivo Mulheres na Engenharia promove palestra sobre feminismo nesta terça-feira

20/10/2017 16:30
O coletivo Mulheres na Engenharia promove uma palestra com o objetivo de explicar o movimento. A palestra ocorrerá no dia 24 de outubro, às 18h30, no Auditório da Mecânica, e será ministrada pela mestra em História Cultural pela UFSC, que contribui com trabalhos do Instituto de Estudos de Gênero (IEG) da UFSC, Soraia Carolina de Mello, e pela doutoranda em Ciências Humanas na UFSC e integrante do Laboratório de Estudos de Gênero e História, Morgani Guzzo.
Sobre o coletivo
Devido ao baixo índice de mulheres nos cursos de engenharia, graduandas e pós-graduandas das engenharias da Universidade Federal de Santa Catarina formaram um coletivo com o intuito de empoderar, reunir, e incentivar as acadêmicas de engenharia da UFS, para intensificar a valorização das engenheiras no meio acadêmico e profissional, através da criação de um ambiente em que possam trabalhar sem limitações e preconceitos impostos pelo machismo.
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Programa ‘Jornalismo em Debate’ aborda cultura do estupro e representação da mulher na mídia

28/06/2016 08:51

A última edição deste semestre do programa Jornalismo em Debate, da Rádio Ponto UFSC, discute como a grande mídia cobriu os casos de estupro coletivo no Rio de Janeiro e no Piauí, observando também a repercussão do assédio do cantor MC Biel a uma jornalista do IG. Participam convidadas envolvidas na produção de um jornalismo feminista. O programa também traz reportagens especiais, incluindo entrevistas e análises de vários especialistas sobre o comportamento da mídia.

Intitulada Cultura do Estupro e Representação da Mulher na Mídia, esta edição já está disponível no MixCloud, assim como as anteriores que abordaram a cobertura midiática da crise política no país.

O Jornalismo em Debate contou com participação das debatedoras Cristina Scheibe Wolff, coordenadora do Laboratório de Estudos de Gênero e História, da Revista Estudos Feministas e organizadora do Fazendo Gênero; Gabriela Duarte, formada em Jornalismo pela UFSC e repórter de Comportamento da editoria de Estilo de Vida do Diário Catarinense; Paula Guimarães, formada em Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo pela Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), integrante da Frente Nacional pela Legalização do Aborto e idealizadora do Catarinas; Leila Haddad, graduanda no curso de Jornalismo da UFSC e integrante do Coletivo Jornalismo sem Machismo desde sua criação, em 2014.

O Jornalismo em Debate é um programa criado em 2011 pela Cátedra FENAJ/UFSC de Jornalismo para a Cidadania, uma parceria entre o Curso de Jornalismo da UFSC e a FENAJ. Sua proposta é discutir a atuação e cobertura da mídia e sua influência sobre acontecimentos de relevância nacional e internacional. Até 2013, fez parte da grade normal da Rádio Ponto, a webestação laboratório do Jornalismo da UFSC. Em 2016, voltou ao ar em edições especiais. É produzido pelos estudantes do Curso de graduação, em equipes formadas pelos bolsistas e voluntários da emissora.

Mais informações pelos telefones (48) 3721-9986/9898

 

 

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