UFSC participa de missão no México com foco na desigualdade racial e de gênero

13/12/2024 09:24

Estudantes da UFSC e professores da UNAM que os receberam para estágio sanduíche. Fotos: divulgação

Entre os dias 26 de novembro e 6 de dezembro deste ano, a professora e vice-reitora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Joana Célia dos Passos, embarcou em uma missão de trabalho na Cidade do México. A iniciativa, vinculada ao Projeto Cátedra Antonieta de Barros: Educação para a Igualdade Racial e o Combate ao Racismo, recebeu recursos do Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias Nascimento, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O objetivo central, relata Joana, é “fortalecer e internacionalizar os programas de pesquisa e de pós-graduação, por meio da mobilidade de docentes e discentes, promovendo um intercâmbio acadêmico que visa à construção de um conhecimento mais inclusivo e diversificado”.

O referido Programa, conforme Edital nº 16 da Capes, “destina-se à formação e capacitação de estudantes autodeclarados pretos, pardos, indígenas e estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades, com elevada qualificação em universidades, instituições de educação profissional e tecnológica e centros de pesquisa no Brasil e no exterior, de excelência.”

Durante a missão, Joana Célia se dedicou a realizar atividades acadêmicas focadas nas desigualdades raciais e de gênero na América Latina. A intenção era não apenas estreitar as relações interinstitucionais entre a UFSC e a Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), mas, sobretudo, contribuir para a produção e ampliação de conhecimentos nas áreas de interesse do projeto. Dentre as interações, a professora também participou de reuniões com as equipes diretoras do Centro de Humanidades da UNAM e do Programa Universitário de Estudos da Diversidade Cultural e da Interculturalidade (PUIC).

Entre os destaques da agenda, Joana participou do XVI Colóquio Internacional Afroindoamérica 2024, que ocorreu na Universidade Autônoma Metropolitana (UAM), onde apresentou a conferência de abertura sobre Cultura Acadêmica, Racismo e Diversidade. Durante a cerimônia, ela foi homenageada pela Red Global Antirracista e recebeu um certificado que reconhece sua incansável dedicação a comunidades afrodescendentes. Este reconhecimento é um indicativo do impacto positivo que seu trabalho tem gerado em prol da igualdade racial.

Interações políticas e acadêmicas

A viagem da vice-reitora foi marcada por uma série de atividades institucionais que incluíram a participação em conferências internacionais e reuniões com figuras políticas mexicanas. No dia 29 de novembro, Joana Célia foi convidada a participar da Conferência Internacional sobre a Plataforma Conceitual para a Transformação Global, realizada no Senado da República do México. Esta conferência se alinha diretamente ao seu projeto de pesquisa sobre Participação Política e Enfrentamento às Violências de Gênero e Raça na América Latina e Caribe. O aprofundamento das discussões sobre políticas de gênero e raça é crucial para o fortalecimento da presença feminina, negra, indígena e LGBTQIA+ nos espaços políticos latinos.

Ainda durante a missão, Joana conduziu entrevistas com senadoras de diferentes estados do México, discutindo ações afirmativas voltadas para a comunidade LGBTTIQA+ e a população afromexicana. As interações com as senadoras Beatriz Mójica Morga e Edith López Hernández, com pesquisadores(as) e ativistas antirracistas, foram fundamentais para articular agendas comuns de combate ao racismo e a desigualdade de gênero.

A missão da vice-reitora também incluiu a apresentação de estudos comparativos entre Brasil e México, realizados por estudantes da UFSC em estágio sanduíche na UNAM. No dia 2 de dezembro, em reunião no auditório Arturo Warman do PUIC/UNAM, os bolsistas compartilharam suas experiências e avanços na pesquisa. A troca de conhecimentos entre os estudantes fortaleceu não apenas suas respectivas formações acadêmicas, mas também estabeleceu uma rede de colaboração entre as instituições de ensino.

A culminância da missão se deu em atividades que visaram a criação de parcerias estratégicas com a Coordenação de Humanidades da UNAM e a UAM. A professora Joana se reuniu com autoridades acadêmicas para discutir convênios que poderiam integrar mais instituições brasileiras ao projeto, promovendo um intercâmbio acadêmico ainda mais robusto.

A presença da professora da UFSC no México não foi apenas uma oportunidade de fortalecer laços institucionais, mas também um passo significativo na luta pela igualdade racial e de gênero. A UNAM, reconhecida como uma das universidades mais antiga e importante da América Latina, alinha-se aos ideais de inclusão e diversidade, reafirmando seu compromisso em promover um espaço acadêmico que dialogue com as diversas culturas e etnias que compõem a região.

Com mais de 300 mil estudantes ingressantes por ano, a UNAM tem a responsabilidade de enfrentar os desafios contemporâneos, buscando soluções para as desigualdades sociais que permeiam a sociedade. A colaboração entre a UFSC e a UNAM exemplifica como o intercâmbio acadêmico pode contribuir para a construção de um mundo mais justo e solidário. A missão em questão situa-se como uma contribuição valiosa para um futuro em que a diversidade é celebrada e as vozes marginalizadas são ouvidas e respeitadas.

Rosiani Bion de Almeida | imprensa.gr@contato.ufsc.br
Coordenadoria de Imprensa do GR | UFSC

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Projeto CineBuñuel exibe o filme ‘Noche de Fuego’ nesta sexta-feira

16/11/2023 09:05

Nesta sexta-feira, 17 de novembro, o projeto de extensão CineBuñuel, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) exibe o longa-metragem “Noche de Fuego” (2021). A sessão será às 19h, na sala de projeção do Laboratório de Estudos de Cinema (LEC), no 1º andar do Bloco D do Centro de Comunicação e Expressão (CCE). Com áudio original em espanhol e legendas em português, a exibição é aberta ao público.

“Noche de Fuego” é o primeiro longa-metragem de ficção da diretora salvadoreña radicada no México, Tatiana Huezo, que já dirigiu três longas documentais. O filme foi exibido em festivais importantes como “San Sebastián” e na mostra “Um Certo Olhar”, de Cannes.

A projeção integra o Ciclo Entre Nós, realizado pelo cineclube ao longo do 2º semestre de 2023, com filmes que abordam relações familiares e seus conflitos. O CineBuñuel tem por objetivo difundir o cinema latino-americano e espanhol, abrindo espaço para debates relacionados com a língua, a cultura e a história.

Sinopse

O filme é uma adaptação do romance “Reze pelas Mulheres Roubadas”, de Jennifer Clement, e se passa no interior do México. Territórios em disputa são um ambiente perigoso para se viver e a violência penetra todas as esferas do cotidiano, transformando a maneira como as pessoas se relacionam. A passagem da infância para a adolescência expõe as meninas ao risco constante de sequestro e suas mães tentam de tudo para protegê-las. Muitas famílias vão embora de suas terras, e as que decidem ficar precisam desenvolver estratégias de sobrevivência.

Mais informações pelo e-mail projetocinebunuel@gmail.com

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CFH recebe o 6º Encontro Mexicano-Brasileiro de Antropologia 

24/08/2022 14:40

Com a temática Antropologias México-Brasil: compromisso político e epistemológico na descolonização do conhecimento, o VI Encontro Mexicano-Brasileiro de Antropologia (Embra) promove um fórum de discussão sobre os principais dilemas que atualmente afetam de modo dramático os coletivos sociais dos dois países. O evento ocorre 5 a 8 de setembro no auditório do Bloco E-Anexo do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com transmissão ao vivo pelo canal do Núcleo de Antropologia Audiovisual e Estudos da Imagem (Navi/UFSC) no Youtube.

A sexta edição do Embra dá continuidade aos encontros bianuais entre antropólogos do Brasil e do México que vêm sendo realizados desde 2011. O objetivo é promover a atualização e a ampliação da aliança de trabalho no campo do conhecimento antropológico entre os dois países, que compartilham o mesmo compromisso social com o destino dos grupos estudados e com a produção de epistemologias mais adequadas às suas realidades e modos de vida. Serão debatidos temas como: povos tradicionais e sua mobilização pelos territórios e pelo bem viver; racismo, violência e lutas pela igualdade de raça e gênero; mobilidade e travessias de fronteira; impactos ambientais e sociais decorrentes de megaprojetos de extração mineral; e pandemias e suas relações nos contextos do negacionismo científico. 

As questões serão abordadas transversalmente por meio de duas conferências master, de abertura e encerramento, dois painéis temáticos, seis mesas-redondas; e oito grupos de trabalho. Ouvintes que precisem de certificados devem realizar a inscrição pelo sistema da UFSC.

A programação completa e demais informações sobre o evento estão disponíveis no site viembra2022ufsc.paginas.ufsc.br.

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Desaparecimento de estudantes é tema de livro lançado por ex-aluna da UFSC

13/09/2018 11:04

O livro Sepultura de palavras para os desaparecidos, da jornalista Luara Wandelli Loth, será lançado oficialmente no dia 27 de setembro, a partir das 19 horas, na Fundação Cultural Badesc, em Florianópolis. A data marca os quatro anos do sequestro e desaparecimento de 43 estudantes da Escola Normal Raúl Isidro Burgos, em Ayotzinapa, no estado mexicano de Guerrero. Publicado pela Editora Insular, conta as histórias dos buscadores do México, e narra o drama cotidiano das famílias dos desaparecidos na procura de fossas clandestinas. Durante o lançamento também será exposta e oferecida uma reportagem fotográfica sobre o tema. 

Os corpos ou restos mortais dos 43 jamais foram encontrados. A tragédia, que continua mobilizando famílias, e movimentos sociais, provocou o surgimento de grupos de buscadores de valas e fossas clandestinas por todo o país. A divulgação, na opinião da autora, pode ser considerada uma “arma contra a banalização dos desaparecimentos, já que a violência manteve curva crescente, mesmo após o escândalo de Ayotzinapa”.
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Tags: Ayotzinapadesaparecidoslivro-reportagemLuara LothMéxicoUFSCUniversidade Federal de Santa Catarina

Sinter divulga edital de programa de intercâmbio com instituições mexicanas

27/04/2017 14:03

A Secretaria de Relações Internacionais (Sinter) informa que estão abertas, até 7 de maio, as inscrições para o Programa de Intercâmbio de Estudantes Brasil – México. A finalidade é a promoção do intercâmbio de estudantes de nível superior entre as instituições membros do Grupo Coimbra de Universidades Brasileiras (GCUB) e Instituciones de Educación Superior de la República Mexicana (ANUIES).

As inscrições devem ser realizadas até 7 de maio de 2017.

Conheça todas as normas, benefícios e requisitos para candidatura do Programa no Edital 06/2017/SINTER.

EVENTO PRAZO
Divulgação do Edital dia 17 de abril de 2017
Inscrição dos candidatos de 17 de abril a 7 de maio de 2017
Divulgação do resultado da primeira fase dia 8 de maio de 2017
Prazo para recurso dia 9  de maio de 2017
Entrevista dos candidatos selecionados dias 11 e 12 de maio de 2017
Divulgação do resultado final dia 15 de maio de 2017

Mais informações pelo e-mail  programas.sinter@contato.ufsc.br

 

 

 

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Abertas inscrições para Programa de Intercâmbio de Estudantes Brasil–México

13/10/2016 15:01

A Secretaria de Relações Internacionais (Sinter) da UFSC informa que estão abertas as inscrições para o Programa de Intercâmbio de Estudantes Brasil – México, cuja finalidade é a promoção do intercâmbio de estudantes de nível superior entre as instituições membros do Grupo Coimbra de Universidades Brasileiras (GCUB) e Instituciones de Educación Superior de la República Mexicana (Anuies). As inscrições deverão ser realizadas até 16 de outubro de 2016.

Confira as normas, benefícios e requisitos para candidatura do Programa no Edital nº 13.
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Reitora e pró-reitor de Pesquisa estão no México para inauguração de laboratório na UANL

16/08/2013 12:21

A reitora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Roselane Neckel, e o pró-reitor de Pesquisa, Jamil Assurey, estão na Universidad Autónoma de Nuevo León (UANL), México, para a inauguração, nesta sexta-feira, 16 de agosto, do Laboratory for Research and Innovation in Energy Technology (LIITE). Como explica o reitor Jesús Ancer Rodríguez, o novo laboratório visa estreitar ainda mais os laços e as atividades desenvolvidas na parceria entre o Laboratório de Pesquisa em Refrigeração e Termofísica (POLO), da UFSC, e o Research Group for Thermal Renewable Energies Laboratory, da UANL.

A reitora vai proferir conferência sobre a internacionalização da UFSC e assinar um termo de cooperação com a UANL, cujo objetivo é o desenvolvimento de atividades colaborativas, expandindo as relações acadêmicas e estimulando a troca de conhecimento entre as instituições.
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Códices é uma das estrelas da Bienal Internacional do livro

15/08/2012 16:50
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O desafio dos pesquisadores é desvendar o conteúdo dos códices, missão que, como nunca antes, mobiliza seletos pesquisadores de várias partes do mundo

Livro da EdUFSC resgata escrita e memória dos ameríndios

Uma obra essencial para a cultura e resgate da história e da memória dos povos indígenas da Mesomérica. Assim pode ser definido o clássico Códices – os antigos livros do Novo Mundo, do historiador mexicano Miguel León-Portilla, publicado pela Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC), com tradução de Carla Carbone,  da USP, e revisão técnica do pesquisador Eduardo Natalino dos Santos, que ressalta, na apresentação, a importância  do estudo dos livros e manuscritos pictóglifos em tempos pré-hispânico e coloniais, com destaque para os famosos códices maia, mixtecos e astecas. O lançamento da EdUFSC é uma das estrelas da 22ª Bienal Internacional do Livro, que acontece até o dia 19 deste mês no Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo.

Miguel León-Portilla explica que os livros de pinturas e manuscritos mais antigos do Novo Mundo passaram a ser designados de códices. Códice, porém, do vocábulo codex, cujo significado é tronco, do qual esclarece o autor,  surgiu outra acepção: tábuas onde se escreve. Logo, segundo esclarece León-Portilla, “aplicar o vocábulo codex e códice aos livros manuscritos guarda estreita relação com o conceito original de tábua onde se escreve.

Esse conceito vulgarizou-se a partir do século XIX, principalmente após a  publicação,  no  México e na  Europa, de cuidadosas reproduções desses manuscritos, que passaram a ser conhecidos como “códices do México antigo”. Esses manuscritos datam do período clássico mesoamericano (“entre os séculos III e VIIII d.C”). A utilização dos códices prosseguiu após a Conquista do México. Muitos outros continuaram a ser produzidos no período colonial, dos quais mais de 500 permaneceram conservados.

O desafio dos pesquisadores é desvendar o conteúdo dos códices, missão que, como nunca antes, mobiliza seletos pesquisadores de várias partes do mundo. Miguel León-Portilla, através do livro e das suas pesquisas, dá uma singela contribuição à comunidade acadêmica, além de popularizar uma arte de expressão e comunicação que prestou  um  inestimável serviço à civilização. Ele dá conta do recado em cinco capítulos.

Começa apontando o valor do livro no tempo, na escola, no governo, na administração pública e na vida da “gente do povo”. Lembra que “houve quem destruiu os manuscritos nativos porque os consideravam inspirados pelo demônio”. O fato é que sábios nativos sobreviventes continuaram elaborando novos manuscritos. Também, acrescenta León-Portilla, “frades, portadores de humanismo renascentista adquirido  nas universidades,  não só lamentaram as perdas como também quiseram compensá-las, resgatando o que puderam do antigo legado  indígena.  Na sequência, enfatiza a relevância da relação existente entre a oralidade, isto é, a tradição comunicada de viva  voz, e o conteúdo dos códices. “Isso foi  fator-chave nas novas leituras de códices quando se quis transcrever o significado de suas pinturas e signos  gráficos a textos indígenas redigidos  com escritura alfabética”. No antepenúltimo capítulo, o intelectual  descreve e analisa, à exaustão, os grandes momentos que marcaram as pesquisas dos códices, que,  em  muito, ajudaram a decifrá-los, tornando públicos os  seus mistérios,mitos e segredos. No capítulo derradeiro, León-Portilla faz uma devassa dos  livros, tanto os pré-hispânicos como os escritos no  período colonial, oferecendo aos leitores uma  “leitura de algumas páginas de grande interesse em vários códices do altiplano central, do âmbito maia e de oaxaca”.

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O povo tinha conhecimento, por diversas formas, de que aquilo que estava nos livros influenciava na própria existência

Apresentando uma abordagem plural e abrindo espaço para divulgação dos pontos de vista de uma variada gama de pesquisadores e instituições, o autor inclui ainda um apêndice que contempla os catálogos de códices mais representativos publicados até a atualidade. León-Portilla, ao produzir o clássico, confessa um desejo: “que os leitores valorizem também a  riqueza desses códices e cheguem a se sentir atraídos pelo que devemos qualificar de autêntico tesouro”.

Afinal, como escreve, são “milhares de inscrições em monumentos de pedra, em objetos da cerâmica, metal ou osso “que dão testemunho das várias formas de escrita que se desenvolveram na região. “Testemunhos que também vemos nos livros, hoje chamados de códices, que são portadores de imagens policromáticas e signos hieroglíficos, que falam de acontecimentos divinos e humanos”. E, ainda que seja difícil aproximar-se de um códice original e, menos  ainda,  tê-los  nas mãos e ir virando  suas páginas, sobra aos leitores a compensação de encontrá-los em modernas edições, algumas delas,  segundo atesta León-Portilla, “tão fiéis que quase parecem  falsificações”.

Os livros maias, salienta o autor, incluem textos hieroglíficos situados ao lado de diversas imagens, cujos significados são esclarecidos uma vez que “ as imagens são portadoras,  por  si mesmas, de  uma gama de significantes que abarcam uma linguagem iconográfica complexa, que inclui o simbolismo de suas cores”.

Os signos glíficos, afirma o autor, estão formados por imagens. “Em alguns casos, são rostos humanos ou distintos traços somáticos de seres divinos, humanos ou animais, flores e múltiplos objetos estilizados, além de elementos de desenhos geométricos muito variados”.

As figuras pintadas no livro forneciam as imagens. As relações e significações dessas imagens esclarecem o significado dos caracteres glíficos. A palavra de quem o instruía com os livros ampliava, de muitas maneiras, com sua linguagem rica em metáforas, o que se propunha transmitir.

Hoje não existem mais os sábios para decifrar as imagens coloridas acompanhadas por textos glíficos. A tarefa ficou para os estudiosos, as universidades, os museus e as editoras empenhadas e preocupadas com a leitura do mundo.

Miguel León-Portilla, que referencia na obra também suas próprias pesquisas, parafraseando o filósofo Heráclito (“ninguém pode se banhar duas vezes no mesmo rio”), conclui que não é possível tampouco ler duas vezes o mesmo  livro”.

O povo tinha conhecimento, por diversas formas, de que aquilo que estava nos livros influenciava na própria existência. A percepção era de que “o que se encerrava nos livros era tão precioso como as flores e os cantos”. Certamente, por isso, dedicaram a própria vida para salvar parte do tesouro das fogueiras promovidas pelos colonizadores.

Para o diretor executivo da EdUFSC, Sérgio Medeiros, Códices – os antigos livros do Novo Mundo, se não o principal, é “um dos textos fundamentais sobre as escritas ameríndias”. Cabe ao leitor conferir.

 

Moacir Loth /Jornalista da Agecom/UFSC
lothmoa@gmail.com

 

Códices – os antigos livros do Novo Mundo
Miguel León-Portilla
Tradução: Carla Cabone
Revisão técnica: Eduardo Natalino dos Santos
EdUFSC – 320 p. R$ 69,00
Informações: fone (48) 3721-9408; 3721-9605; 3721- 9686
Fax: (48) 3721-9680
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