Auxílio Emergencial ajudou a frear a pandemia, aponta estudo de professor da UFSC

20/01/2022 11:39

Um programa de renda pode ter ajudado a frear a escalada de casos de COVID-19 durante os primeiros meses da pandemia no Brasil, ainda em 2020. Em contrapartida, a redução do benefício – denominado de Auxílio Emergencial – pode ter contribuído para a redução dos índices de isolamento social no início de 2021, na chamada segunda onda da doença. Os números que relacionam esses e outros dados públicos foram destrinchados no estudo em pré-print On the Role of Financial Support Programs in Mitigating the Sars-CoV-2 Spread in Brazil, assinado por um grupo de pesquisadores, entre eles o professor Vinicius Albani, do Departamento de Matemática da UFSC.

Esta é a quarta publicação do pesquisador que se atém a questões que unem o conhecimento da Matemática a um olhar para o cenário da pandemia no Brasil e no mundo. A terceira originou uma ferramenta matemática que ajuda a investigar a subnotificação de casos de infecção. Os trabalhos lidam com modelagem epidemiológica, mas também são interdisciplinares, exigindo que se lance um olhar para aspectos geográficos e socioeconômicos, por exemplo. “A ideia é oferecer um conjunto de pesquisas que tenha uma utilidade pública, que tragam um aprendizado da pandemia e que ajudem a melhorar os modelos para gerar previsões mais precisas”, indica.

Benefício foi pago até novembro de 2021 (Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil)

Todo o trabalho foi realizado com base em dados públicos anexados ao artigo. Além da análise de dados, a equipe também utilizou um modelo epidemiológico para estimar o índice de reprodutibilidade da doença. Os números foram correlacionados com índices de desemprego, renda média da população, índices de isolamento social e com a média móvel de casos, traçando um cenário que assegura a importância de programas socioeconômicos para garantir suporte financeiro à população.

A correlação dos dados epidemiológicos com os dados socioeconômicos foi feita em conjunto com os pesquisadores Roseane Albani, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Nara Bobko, da Federal Tecnológica do Paraná, Eduardo Massad, da Fundação Getúlio Vargas e Jorge P. Zubelli‖, da Khalifa University. “A ideia foi estimar o impacto do auxílio emergencial em reduzir o número de casos de COVID-19, pensando em como ele impactou os índices de isolamento social”, contextualiza Albani.

Logo no início do texto, os pesquisadores contextualizam a origem do programa social, que consistiu no pagamento de um valor mensal para os cidadãos que tivessem o cadastro aprovado e que sentiam os efeitos econômicos do isolamento social e da pandemia. “O valor mensal dependia de uma série de fatores, como o número de membros da família e o período do ano”, registram, no estudo. Essa flutuação dos valores pagos pode ser sentida quando os cientistas investigaram cada região do Brasil.

De acordo com o professor, o Amapá, por exemplo, na região Norte, chegou a ter, em média, quase 30% da população beneficiada pelo auxílio emergencial em 2020, o que pode ter contribuído com um índice de isolamento superior a 41%, um dos maiores dentre os estados brasileiros ao longo daquele ano. “Cruzando os indicadores, percebemos que esse estado teve uma grande onda no início da pandemia e depois não teve mais. Em 2021, entre março e abril, houve um pequeno aumento de casos, mas também controlado”, nota. Para ele, isso reforça a premissa de que a população com renda tem mais facilidade de manter o isolamento.

Onda mais letal teve menos cidadãos beneficiados pelo auxílio

O auxílio emergencial começou a ser pago em abril de 2020 para profissionais autônomos que se enquadrassem em um determinado perfil de renda e de situação socioeconômica. Até dois benefícios podiam ser pagos por família. O benefício foi suspenso em novembro de 2021, com a pandemia ainda registrando mortes e notificando milhares de casos diários.

Mapas ilustram índices de isolamento social em 2020 (esquerda) e 2021 (direita). Cores mais fortes indicam maior isolamento

Os pesquisadores observavam que os valores do benefício já eram menores do que os registrados em 2020, quando o país viveu uma segunda onda da pandemia, no início de 2021, que atingiu em cheio estados como o Amazonas. Na época, uma onda muito maior e mais letal justificaria a expansão do programa de renda, o que não ocorreu na prática. “O que ocorreu é que havia um índice de isolamento muito menor, apesar de a onda ser muito maior do que a de 2020”.

O estudo também indica que estados que receberam um volume maior de recursos do programa de renda mantiveram o índice de isolamento estável. Em contrapartida, na região Sul, por exemplo, estados como Santa Catarina, em que pouco mais de 16% da população recebia o auxílio, o índice de isolamento ficou em 38,1%, um dos menores dentre todas as unidades da federação. Para o professor, os números indicam que o controle da pandemia demanda políticas sociais como parte das estratégias de saúde pública.

Os pesquisadores também trabalharam com uma investigação baseada no passado e estudaram o que poderia ter acontecido se o isolamento, no início da pandemia, tivesse sido menor do que aquele que se concretizou na realidade. Os dados confirmaram a hipótese de que, num cenário alternativo de baixo isolamento, os números seriam ainda mais trágicos – o que reforçou a ideia de que o auxílio emergencial foi significativo para o controle da doença.

Mesmo levando em conta que as variações na taxa de isolamento social e de transmissibilidade da doença não são diretamente proporcionais – já que nem sempre a redução da mobilidade elimina os contatos entre familiares e amigos -, o professor reconhece a importância de um programa social robusto para frear o contágio. “Podemos dizer, com base no que verificamos, que o auxílio emergencial teve um papel importante como coadjuvante na contenção dos casos na primeira onda, em 2020”, conclui.

Amanda Miranda/Jornalista da Agecom/UFSC

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Projeto ‘Tirinhas temáticas’ traz recomendações para homens com antecedentes de violência contra mulheres durante isolamento

20/08/2021 12:19

Em virtude dos 15 anos de Lei Maria da Penha, o projeto Tirinhas temáticas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) produziu um material educativo sobre recomendações para homens com antecedentes de violência contra mulheres durante o isolamento. A iniciativa surgiu da tradução realizada pelo professor Adriano Beiras, do Núcleo Margens do Departamento de Psicologia, e pela professora Luciana Zucco, do Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Saúde, Sexualidades e Relações de Gênero (Nusserge) do Departamento de Serviço Social.

> Confira a publicação

As tirinhas foram criadas a partir das recomendações que foram traduzidas e adaptadas do documento elaborado pela Associação Conexus – Atenção, Formação e Investigação Psicossociais e Generalitat Catalunya (Barcelona, Espanha), que por sua vez tomou por base os seguintes documentos: Crisis Corona: Kit de supervivencia para hombres bajo presión, de maenner.ch, Take a timeout!, de Respect Phoneline, e Covid-19 and violence against women: What the health sector/system can do, da Organização Mundial da Saúde (OMS).

A adaptação e tradução foi realizada em parceria com o Instituto Noos-SP (www.noos.org.br). A publicação também integra o projeto de extensão universitária Ágora: Grupo Reflexivo para Atendimento de Homens Autores de Violência contra a Mulher, referente a convênio entre o Departamento de Psicologia da UFSC e o Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC).

Mais informações na página do Nusserge.

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E-book sobre desafios da família em tempos de pandemia ganha edição em inglês

15/01/2021 09:44

O e-book gratuito “Desafios da família em tempos de distanciamento social“, lançado em meados de setembro por pesquisadores do Laboratório de Psicologia da Saúde, Família e Comunidade (Labsfac) e do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Desenvolvimento Infantil (Nepedi) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), ganhou uma versão em inglês: “Family challenges in time of Covid-19 outbreak”. O objetivo da nova edição é ampliar o alcance da obra e torná-la mais acessível.

O distanciamento provocado pela pandemia de Covid-19 alterou a rotina de diversos lares e famílias, trazendo para dentro de casa atividades outrora externas, como trabalho, estudos e lazer. Assim, no cenário da pandemia, famílias se depararam com novos desafios para exercer a parentalidade e ao mesmo tempo também manter o equilíbrio emocional.
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Projeto NEUROTalks promove live sobre desafios do isolamento social

28/10/2020 14:52

O projeto NEUROTalks recebe, nesta quinta-feira, 29 de outubro, às 18h, o pesquisador Tiago Bortolini, do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino, para conversar sobre as dificuldades de viver em isolamento social. 

O projeto tem como objetivo oferecer à comunidade conteúdos sobre neurociências em linguagem acessível. As transmissões ocorrem pelo canal do Youtube “A culpa é do cérebro”, gerenciado pelo professor Andrei Mayer, do Departamento de Ciências Fisiológicas.

Tiago é mestre em Psicobiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), doutor em Ciências Morfológicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pós-doutor pelo Instituto D’Or de Pesquisa em Ensino. É membro do grupo de Neurociência Cognitiva e Comportamental do Instituto D’Or e desenvolve pesquisas na área de Neurociência Social. 

Os interessados que participarem da transmissão ao vivo receberão certificado. Para isso, a orientação é que façam um print (foto) da tela no início (até 18h15) e no final da transmissão (após 19h). Durante a live, serão repassadas orientações sobre o envio dos prints.

Serviço:

NEUROTalks  – “Por que não aguentamos mais o isolamento social?”

Data: 29 de outubro

Horário: às 18h

Link: https://www.youtube.com/watch?v=1ov966kAoK4&feature=youtu.be

Tags: cérebroisolamento socialliveNEUROTalks

Inscrições para o curso ‘Qualidades psicológicas positivas diante do isolamento e do distanciamento social’

24/09/2020 13:27

Estão abertas até o dia 4 de outubro as inscrições para o curso “Qualidades psicológicas positivas diante do isolamento e do distanciamento social”. O curso será realizado de 8 de outubro a 2 de dezembro e é destinado aos servidores docentes e técnico-administrativos em educação. Tem como objetivo apresentar aos participantes modos práticos de desenvolver qualidades psicológicas diante de situações críticas e de grande tensão.

Mais informações no portal da Capacitação.

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Professora do departamento de Medicina da UFSC explica como cuidar de doentes com Covid-19

24/04/2020 09:01

A professora do departamento de Medicina  da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Regina Valim, médica infectologista, orienta sobre as especificidades dos cuidados com as pessoas infectadas ou com suspeita de estarem contaminadas pelo novo Coronavírus. “A recomendação é que essas pessoas permaneçam, no domicílio, isoladas dos outros membros da família”, explicou Regina. “Todo seu lixo produzido necessita ser acondicionado de forma diferente e deve-se manter o ambiente em que a pessoa está higienizado de forma efetiva”, completou.

Foto: Nick Karvounis/Unsplash

Para a médica infectologista, todos os idosos (pessoas acima de 60 anos) e as pessoas que não exerçam serviço essencial e possam fazer home-office devem ficar preferencialmente em isolamento. Em alguns casos, o isolamento precisa ser ainda mais restritivo. Se o indivíduo constatar algum sintoma respiratório, febre, dor de cabeça, tosse, espirro ou coriza, deve ficar em isolado dentro da residência. “A pessoa que está sintomática tem que ficar restrita no seu quarto tendo acesso a um banheiro privativo. Não pode ficar circulando pela casa, pois irá colocar os outros membros da família em risco”, orientou.

Regina Valim esclarece que caso o doente não seja apto a cuidar de si mesmo, quem cuidar dessa pessoa deve se paramentar, ou seja, usar máscara, luva, uma roupa que funcione como um avental, como uma barreira, que depois ela tire e coloque pra lavar (veja as orientações da Organização Mundial de Saúde no quadro abaixo).
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