UFSC oferece curso de extensão em Gestão de Acervos Museológicos

22/03/2011 17:01

Foto: Thaine Machado

Pessoas que moram no raio de três quilômetros dos museus nas cidades brasileiras são as que menos visitam o seu acervo. Essa pesquisa recente do Observatório Nacional de Estudos de Público, vinculado ao Instituto Brasileiro de Museus, mostra o quanto os acervos de memória estão desvinculados das comunidades que representam. Quanto mais próximo o cidadão mora de uma instituição museológica menos se dispõe a conhecê-la, aponta o estudo de 2009. Capacitar pessoas que atuam no setor para que os museus deixem de ser arquivos mortos da história e da cultura de uma cidade, integrando-os ao público é o objetivo do Curso de Extensão Gestão de Acervos Museológicos, que o Núcleo de Estudos Museológicos da Secretaria de Cultura e Arte da Universidade Federal de Santa Catarina oferece de 7 de abril a 16 de junho.

Com aulas sempre às quintas-feiras, das 9 às 12 horas, na sala 606A, do Centro de Ciências da Educação e carga horária de 30 horas/aula, o curso é gratuito, aberto ao público em geral, mas se direciona a alunos dos cursos de biblioteconomia, arquivologia, museologia, professores, pesquisadores e profissionais da área de museologia que querem melhorar a integração com o público. “É preciso empreender todo um esforço de gestão para atrair a comunidade e torná-lo uma instituição viva, afinal, é a referência de sua história e de sua identidade que ele representa”, explica Francisco do Vale Pereira, historiador e coordenador do Nemu.

Oferecendo 30 vagas, o curso quer fortalecer a ação educativa dos museus, aperfeiçoando as formas de interação com os diferentes públicos visitantes e ensinando não só a quantificá-los, mas principalmente a qualificá-los. “A gestão de um museu precisa considerar as diferentes linguagens de cada público, seja ele crianças de uma escola, portadores de necessidades especiais, turistas, estrangeiros, indígenas ou pesquisadores”. Será ministrado pela museóloga Rosana Andrade Dias do Nascimento, doutora em História pela UFBA; professora de História da Arte no Curso de Design da UFSC e professora convidada do curso de Mestrado em Museologia da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias de Lisboa, com reconhecida atuação nacional e internacional na área de Documentação Museológica, Teoria Museológica.

Em Santa Catarina são aproximadamente 200 museus no Estado que têm como principal desafio melhorar a qualidade técnica dos acervos e mostrar sua importância à população. “O melhor caminho para cumprir esse desafio é prepará-los para preservar e difundir melhor os museus, de modo que estejam mais presentes na vida das cidades”, aponta Pereira. O curso capacita os gestores a realizarem o inventário do seu acervo, a cuidarem da sua reserva técnica, restauração e conservação em laboratórios e finalmente foca na exposição ao público, mostrando as diferentes dinâmicas de apresentação do acervo. “Quanto mais um gestor conhece e administra o seu acervo, mais tem condições de transformá-lo em uma ponte de ligação e diálogo com a sociedade em torno”.

Interessados devem enviar seu nome completo e CPF para o e-mail fpereira@cfh.ufsc.br, ou entrar em contato pelo telefone: 3721 6318 / 9114 4477.

Programa:

  1. Conceito de Documento
  1. Documentação
    1. Definição básica;
    2. Documentação: na Museologia, na Biblioteconomia e na Arquivologia;
    3. A interdisciplinaridade e a documentação museológica.
  1. A Documentação Museológica: procedimentos de aquisição
    1. Ética de Aquisição;
    2. Políticas de Aquisição;
    3. Tipos de Aquisição;
    4. Documentação provisória para aquisição.
  1. Documentação Técnica Museológica
    1. Sistema de numeração;
    2. Procedimentos de marcação;
    3. Inventário;
    4. Sistema de Fichas: de Identificação, de Localização com Planta baixa, de Conservação;
  1. Diagnóstico de acervo.
  1. Banco de dados para acervos de museus.

Contatos: (48) 99110524 – 37219459

raquelwandelli@gmail.com

raquelwandelli@reitoria.ufsc.br

assessora de Comunicação da SeCArte/UFSC

Tags: curso extensãomuseu

Exposição ´Ser Pataxó: educação e identidade cultural`

22/03/2011 16:48

O Núcleo de Antropologia Visual e Estudos da Imagem (Navi) e o Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFSC convidam para a exposição “Ser Pataxó: educação e identidade cultural”, de Augusto Oliveira e Sonny Thoresen. A mostra está aberta à visitação até 22 de abril, na Galeria da Ponte, no Centro de Filosofia e Ciências Humanas.

A exposição é resultado da dissertação de mestrado de Augusto Oliveira. As fotos, feitas pelo fotógrafo sueco Sonny Thoresen, estão vinculadas ao projeto de pesquisa Índios no Sul da Bahia, coordenado por Augusto. A Aldeia Indígena Nova Vida-Fazenda Bahiana, localizada a cerca de 18 km da sede do município de Camamu, é fruto de uma dissidência, ou cissiparidade, ocorrida na Reserva Caramuru-Paraguaçu
para sair da violência a que estavam submetidos os indígenas na região dos municípios baianos de Itaju do Colônia, Pau Brasil e Camacã.

A Galeria da Ponte, localizada no segundo andar do prédio do CFH, é um espaço destinado a exposições fotográficas provenientes do trabalho de campo de pesquisadores.

Serviço:
Exposição fotográfica Ser pataxó: educação e identidade cultural
Local: Galeria da Ponte – CFH/UFSC
Visitação: de 21 de março a 22 de abril

Mais informações: Augusto Oliveira, e-mail: augustofagundeso@yahoo.com.br

Tags: exposição fotográfica

A condição do homem moderno na obra de Hannah Arendt

22/03/2011 11:48

Palestra com o professor Adriano Correia, do Departamento de Filosofia da Universidade de Universidade Federal de Goiás (UFGO). Tema: A condição do homem moderno na obra de Hannah Arendt. No dia 29 de março, às 19h, no auditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH). Promoção do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas e Pós-Graduação em Filosofia. Informações: dich@cfh.ufsc.br

Abertas inscrições para Pré-Vestibular da UFSC

22/03/2011 11:47

Iniciam nesta terça-feira, 22 de março, as inscrições para o curso pré-vestibular gratuito oferecido pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). As aulas serão realizadas em 28 cidades catarinenses, incluindo Joinville e Jaraguá do Sul, beneficiando cerca de 5 mil alunos. A inscrição deve ser feita até 18h do dia 27 de abril, no site www.prevestibular.ufsc.br. O edital e demais documentos para inscrição serão disponibilizados no site até o final da tarde.

Podem se inscrever alunos que tenham concluído ou que estejam cursando o terceiro ano do ensino médio em escola pública. O candidato não pode estar cursando ou ter se formado em curso superior e deve ter disponibilidade para frequentar as aulas de segunda a sexta-feira, no horário de aula da unidade escolhida.

Os critérios de seleção são o histórico escolar do ensino médio e a renda familiar. Os dados são avaliados e quem tem as melhores notas e comprovadamente menor condição de pagar um curso particular tem preferência para a vaga. A seleção não prevê prova.

Os interessados devem acessar o site www.prevestibular.ufsc.br, ler atentamente o edital, preencher o formulário de inscrição, imprimir e assinar o documento. Também devem enviar o comprovante do requerimento de inscrição e as fotocópias dos documentos exigidos via correio para a secretaria do Pré-Vestibular da UFSC, ou entregá-los pessoalmente na unidade escolhida para frequentar o curso.

O coordenador e idealizador do projeto, professor Otavio Auler, tem  grandes expectativas com relação às novas unidades e destaca que o curso é público, gratuito e de qualidade. As novas unidades ficam localizadas nas cidades de Caçador, São Miguel do Oeste, Laguna, Navegantes, Imbituba e Concórdia.

Oferecido pela UFSC há sete anos o pré-vestibular vem colecionando histórias de conquista e superação. Em 2008, com a parceria do governo, por meio da Secretaria de Estado da Educação, implantou o projeto em 12 cidades. No ano seguinte foram 19 núcleos.

Municípios em que o Pré-Vestibular da UFSC estará presente em 2011:

Araranguá, Balneário Camboriú, Biguaçu, Blumenau, Brusque, Canoinhas, Caçador, Chapecó, Concórdia, Criciúma, Curitibanos, Florianópolis (UFSC e Instituto Estadual de Educação), Imbituba, Itajaí, Jaraguá do Sul, Joaçaba, Joinville, Lages, Laguna, Mafra, Navegantes, Palhoça, Rio do Sul, Santo Amaro da Imperatriz, São Bento do Sul, São José, São Miguel do Oeste e Tubarão.

Mais informações no site www.prevestibular.ufsc.br / (48) 3721-8319

Tags: Pré-Vestibular

Editora da UFSC lança Ecos no Porão

22/03/2011 09:59

Fotos: Paulo Noronha / Agecom

Florianópolis é o cenário para uma legião de homenzinhos fazendo cooper com calções esdrúxulos, tristes velhos pederastas, velhinhos trovadores, desempregados, avozinhas, solteironas, aposentados, enfim, habitantes da vizinhança da Ilha onde pulsa um coração decrépito, murchando para a vida, que pode ser acordado de súbito por um pequeno incidente, a fuga de um canário ou uma rajada de vento.

Mas Florianópolis não é mero pretexto para o quase octogenário escritor Silveira de Souza descrever o local onde nasceu e viveu. Mais do que isso, a Ilha é o “mundinho” onde se constituem essas “figurinhas ridículas” e apaixonantes do grotesco que vão ganhar dramaticidade e lirismo em Ecos no Porão, o segundo volume da antologia de contos de Silveira, que a Secretaria de Cultura e Arte e a Editora da Universidade Federal de Santa Catarina lançam nesta terça-feira, dia 22 de março, às 10 horas, com a presença do autor, durante a Feira de Livros da UFSC e Liga das Editoras Universitárias, na Praça da Cidadania.

Esses habitantes ao mesmo tempo ordinários e excêntricos dos porões da ficção de Silveira, que podem estar no café, na Beira-Mar, na Praça XV, no Calçadão ou em quarto de hotel, carregam um traço em comum: todos experimentam o vazio da existência. Mas ao longo das 137 páginas são surpreendidos no automatismo banal do seu dia a dia urbano por sutis acontecimentos que anunciam possibilidades de passarem do mundinho para o “mundão” e conhecerem uma dimensão mais sublime da vida. E o que produz o acesso ao mundão? Uma sinfonia de Bethoven, um sonho ou um pesadelo, uma emoção inesperada, uma cena da memória, um abalroamento de carro, enfim, interferências mais ou menos perceptíveis que alteram o estado de coisas e, como em um poema hai kai, sugerem uma revelação.

Nem sempre os seres da Ilha percebem essas epifanias cujo deslinde o autor deixa a cargo da perspicácia e prazer do leitor, como anota bem o editor da obra, Sérgio Medeiros Vieira. “Em geral essas mudanças provocam os personagens momentaneamente, levando-os para a absoluta estranheza, mas não chegam a arrancá-los em definitivo do seu mundinho”, diz o diretor da Editora, que chama atenção para a delicadeza e a sofisticação da obra. É como se as possibilidades de sair do vazio estivessem por toda parte, mas os habitantes não se dispusessem a enxergá-las.

A exemplo do primeiro volume, Ecos no Porão II traz na capa a ilustração de um grande artista plástico catarinense, neste caso uma instalação de Fernando Lindote. Em papel pólen, a obra reúne três seleções do próprio autor dos livros Canário de assobio (1985), Relatos escolhidos (1988), Contas de vidro (2002) e ainda cinco contos inéditos, entre eles a narrativa metalinguística “Ecos no porão”, que dá nome à obra e traduz uma metáfora de Silveira para as deformações estilísticas da leitura dos escritores clássicos que inundam seu imaginário desde os dez anos de idade. Vendidas com desconto de 50% durante a Feira EdUFSC/LEU (R$ 15,00), que se estende até o dia 8 de abril, na Praça da Cidadania, os dois volumes apresentam-se, assim, no crivo do escritor e do editor, como o melhor da safra de Silveira.

Os personagens velhos passeiam por grande parte dos contos, mas assumem uma expressividade absoluta em “Vidraças partidas”, onde a decrepitude ganha um lirismo refinado na tentativa de sublimar o vazio através do amor sexual por um jovem. Todavia, em “O olho de Deus”, uma carta assinada aos efebos por mais um velho – funcionário público – aturdido pelo vazio, Silveira alcança um domínio da linguagem que fica à altura da ironia de Franz Kafka no conto “Convenção à Academia”.

Volta e meia Paulo, uma espécie de superego do autor passeia pelas narrativas. Ele mesmo um senhor de baixa estatura e calvo, e conversa franca e elevada, como o homenzinho de “olhinhos afiados” e “face rechonchuda” do conto “He, He, He, He!”, da coletânea Contas de vidro. Como se acometido de uma inspiração sublime, o baixote interrompe a reunião de engravatados executivos encafifados com o planejamento publicitário da empresa para contar um episódio bizarrísimo envolvendo os índios e índias tupinambás e Jean de Léry, missionário francês que narrou sua visita ao país por volta de 1557 na obra Le voyage au Brésil. Em seu relato aparentemente nonsense, o homenzinho exalta “um canto sublime, de extraordinária beleza”, que se produz inicialmente de um murmurante “he, he, he” entre os varões da tribo e contagia o coro das mulheres até assumir a proporção de um canto catártico. O personagem é calado pela perplexidade desdenhosa dos executivos, que retomam sua reunião sem se dar conta do caráter revelador da intempestiva história.

E assim, com sua habilidade inigualável com a língua, uma boa dose de humor e ironia e um olhar lírico para o grotesco, Silveira parece rir-se baixinho ao final de cada história onde reside uma possibilidade de revelação que nunca se entrega sem esforço do leitor… E é como se ouvíssimos os ecos longínquos do seu “he, he, he…” por trás de cada um dos 28 contos.

ENTREVISTA

A Ilha e seus habitantes na ficção de Silveira de Souza

Considerado pelo escritor Salim Miguel um dos maiores contistas brasileiros da atualidade, Silveira publicou O cavalo em chamas (Ática 1981) e Janela de varrer (Bernúncia, 2006). Como contista e tradutor de autores universais, participou ativamente do Grupo Sul, movimento que trouxe o Modernismo para Santa Catarina nos anos 40 e 50.  Aposentado do serviço público, desenvolveu sua carreira literária em meio à rotina de diversas funções, de professor de matemática do Instituto Estadual de Educação e da Escola Técnica Federal de Santa Catarina, a diretor da Divisão de Informação e Divulgação do Departamento de Extensão Cultural da UFSC. Também atuou no setor de editoração da Fundação Catarinense de Cultura como coordenador das Edições FCC. De mãos ágeis e tão falantes quanto seus contos, mais falantes do que ele próprio, Silveira, concedeu esta entrevista:

O que norteou esta seleção de contos do segundo volume de  Ecos no Porão e o que a diferencia do anterior?

— O plano geral que norteou a preparação de Ecos no Porão, volumes I e II, foi proporcionar uma seleção dos que considero meus melhores textos publicados em livros, desde 1960 até o presente. A única pequena diferença que existe no segundo volume, em relação ao primeiro, é que ele contém alguns relatos inéditos e outros que fizeram parte de coletâneas com outros autores.

Percebe-se em todos os contos uma consciente localização do cenário de Florianópolis que vai muito além do mero retrato ou panorama da cidade pelo escritor. Em que tipo de intenção estética se inscreve essa presença geográfica de Florianópolis na sua ficção?

— De fato, Florianópolis é o cenário de todos os relatos. Por não se tratar de um guia turístico, mas de um livro de ficção literária, o leitor não vai encontrar descrições pormenorizadas ou exaltações entusiásticas a respeito de suas paisagens e recantos pitorescos. O que existe são apenas brevíssimas indicações dessa geografia, integradas à ação e à mente dos personagens. Foi minha intenção que esses personagens se comportassem como habitantes de uma ilha, que a ilha fosse, indireta ou inconscientemente, um componente importante de sua psicologia. Creio que isso diferencia um tanto os meus relatos dos relatos de autores de outros estados.

Alguns elementos naturais marcantes de Florianópolis também são recorrentes na narrativa, como o vento, o mar, as aves. Parece que você dá aos elementos inumanos uma vida e uma participação muito mais específica e marcante do que a de mero cenário para expressão do universo humano…

— Pode ser algo ilusório, mas sempre achei que as ilhas, e em especial a nossa Ilha de SC, propiciam uma aproximação maior do universo humano com outros universos, como o universo de seres inumanos (o mar, os ventos) e o universo de outros viventes, como os peixes, as aves, os insetos, os pássaros, as árvores e os bosques.

Apesar da aparente banalidade de suas vidas, os personagens sempre ganham a possibilidade de uma anunciação ou de uma revelação. Nem sempre se dão conta dessas possibilidades e nem sempre elas têm a força de arrancá-los do seu mundinho… O que você diz sobre isso?

— Na verdade não sei se a minha vida é banal, ou se o mundo de minha literatura é banal. Faz algum tempo que deixei de qualificar as coisas. Quando às vezes tento fazer uma retrospectiva da minha vida até o momento, me dou conta que ela foi pontilhada de fases diversas e até mesmo contraditórias; uma, extremamente tumultuada, com muita bebida, fumaça, cortinas vermelhas e anarquias boêmias; outra (como na infância) cheia de descobertas maravilhosas; outra, tediosa e presa às obrigações sem muito sentido, que eu precisei encarar para poder comprar, como disse certa vez Tom Jobim, “o uisquinho das crianças”; e ainda outra (como presentemente), tranquila e voltada para o estudo e a meditação. Mas, banal ou não, houve algo em todas essas fases que me salvou de um mergulho na mediocridade absoluta: um interesse pela criação literária, que me acompanha desde a infância. Quanto a meus relatos literários os personagens em geral vivem nesse mundinho, sem heroísmos, sendo muitas vezes surpreendidos por (para eles) estranhas ocorrências que podem despertá-los para uma dimensão de suas vidas antes desconhecida.

Ainda que voltado para as delicadezas da existência e da alma, os contos sempre iniciam com cenas concretas, personagens que têm vida corpórea própria, para que depois se deem as abstrações e possibilidades de reflexões filosóficas. Está aí uma escolha estética consciente?

No meu caso, não houve escolha. O modo como escrevo os meus relatos foi nascendo naturalmente, seja como resultado de constante exercício, seja como uma visão muito pessoal do mundo (e da criação literária ou da criação de modo geral), que foi nascendo com a vivência e com as impressões causadas no contato com obras de grandes ficcionistas, com pinturas, músicas, revistas diversas, cinema, paisagens, pessoas, bichos, mil coisas.

E qual o lugar da velhice nos seus contos. Pode comentar que traço há em comum nesses personagens aparentemente reféns da solidão e da decrepitude?

O velho do conto Vidraças partidas (que considero o meu  conto melhor realizado) é um caso especial. Ele existiu, costumava passear pela Felipe Schmidt, de terno e gravata, nos anos 1960, usando um chapéu de feltro. Pensei nele, na sua figura, quando pintou o tema do relato, uma experiência de extrair algo lírico de um comportamento que normalmente se julga degradante.

Você  faz uma literatura ao mesmo tempo densa e econômica, como poucos contistas. Como chegou a essa síntese e que autores o influenciaram nessa escolha estética?

— Harold Bloom escreveu que toda a escritura é uma espécie de releitura. Se ele estiver certo, devo dizer que leio desde os dez anos de idade (estou hoje beirando os 78). Em todo esse tempo, passei por períodos de leitura em que determinado autor, às vezes determinados autores, monopolizavam a minha preferência. Posso citar alguns deles: Monteiro Lobato e Hans Christian Andersen, lá entre os dez e 12 anos. Depois, com o tempo, foram surgindo: Machado de Assis, Anton Checov, Dostoievski, Clarice Lispector, Kafka, Dyonélio Machado, Joseph Conrad, James Joyce, Thomas Mann, William Faulkner, Guimarães Rosa, Cortazar, Jorge Luis Borges, H.P. Lovecraft e mais alguns outros. Nem vamos falar de poetas, de compositores, de alguns desenhistas e pintores, e de alguns diretores de cinema. É provável que todos eles, de algum modo, tenham deixado alguma marca, numa frase, na estruturação de uma determinada estória, na caracterização de um dado personagem. Mas essa é uma praia para os críticos literários.

Alguns escritores, como Salim Miguel, o consideram o maior escritor catarinense da atualidade e um dos melhores contistas do Brasil. O que pensa disso?

— Não tenho como responder a isso. Mas devo dizer que, desde 1960, quando publiquei O Vigia e a Cidade, até agora, o propósito real ao escrever os meus relatos foi conseguir realizar algo que me satisfizesse interiormente, do ponto de vista de uma criação estético-literária. Nunca me interessou ser, como autor, maior ou menor, principalmente num momento em que Santa Catarina tem, residindo aqui e fora daqui, um conjunto de poetas e escritores de primeira linha, como o próprio Salim.

Texto e entrevista: Raquel Wandelli – Assessora de comunicação da SeCArte/UFSC

raquelwandelli@yahoo.com.br e raquelwandelli@reitoria.ufsc.br

Fones: 37219459 e 99110524

www.secarte.ufsc.br e www.ufsc.br

Tags: Ecos no PorãoEdUFSC

Seminário gratuito reúne especialistas para debater energia limpa

22/03/2011 09:45

Fontes alternativas na matriz energética da América Latina; novos desafios com a Política Nacional de Resíduos Sólidos e as possibilidades de uso da energia solar na Copa de 2014 estão entre os assuntos que serão debatidos durante o Seminário Energia Limpa: Conhecimento, Sustentabilidade e Integração – Idéias energéticas e ambientais para o futuro da América Latina. O encontro será realizado nos dias 4 e 5 de abril, no Centro de Cultura e Eventos da UFSC. As inscrições são gratuitas.

Além de mesas-redondas, palestras e debates, está previsto o lançamento da terceira edição do concurso de monografias sobre Energias Renováveis e Eficiência Energética – Eco_Lógicas. O evento é aberto ao público e as inscrições poderão ser feitas nos dias do seminário, no próprio Centro de Cultura e Eventos, a partir das 17h.

A promoção é do Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas na América Latina (Instituto Ideal), entidade com sede em Florianópolis e que tem como objetivo fomentar as energias renováveis junto ao poder público, meio acadêmico e empresarial. A direção técnica é da UFSC.

Mais informações: 3234-1757 ou info@institutoideal.org

Confira a programação preliminar:

Dia 4 de abril  – Abertura (19h)

– Mesa-redonda “Fontes alternativas na matriz energética da América Latina: já estamos preparados?”

Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de energia do Greenpeace Brasil;
Cícero Blay, superintendente de Energias Renováveis da Itaipu;
Regina Migliori, consultora em Cultura de Paz da Unesco e coordenadora do Núcleo de pesquisas do Cérebro e da Consciência vinculado ao Instituto Migliori;
Curt Trennepohl, presidente do Ibama

– Palestra com a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira (20h30)

Dia 5 de abril – Manhã (9h)

– Debate sobre Conhecimento, Sustentabilidade e Integração na América Latina

– “Conhecimento gerando inovação” – Coordenador do Grupo Montevidéo de Universidades Públicas

-“Sustentabilidade além do discurso” – Representante do Escritório Regional de Ciência da UNESCO para América Latina e Caribe

-“Os desafios da Integração” – Representante do Parlamento do Mercosul

– Representante do Centro de Formação para Integração Regional (CEFIR) do Uruguai

– Representante do Consórcio de Universidades Européias e Latino-Americanas em Energias Renováveis (JELARE)

Perguntas

11h 45 – Lançamento do Concurso ECO_lógicas

Almoço – 12h-14hs

Tarde – I Parte (14h)

Palestra “Lixo: novos desafios com a Política Nacional de Resíduos Sólidos” – consultor em desenvolvimento sustentável, Walfrido de Assunção Ataíde

Palestra “A experiência de Maldonado na geração de biogás em aterro sanitário”, engenheiro da prefeitura municipal de Maldonado (Uruguai), Sebastián Bajsa

Perguntas

Intervalo

II Parte – 16h

Palestra “Sol: vamos fazer uma Copa Brilhante?” – Professor do LabSolar/UFSC, Ricardo Rüther

Palestra “Eletricidade solar aqui e agora – Projeto Megawatt Solar” – Engenheiro da Eletrobras Eletrosul , Rafael Takasaki

Perguntas

Noite – 19h

“Ventos: panorama e perspectivas para a geração eólica no país” – Lauro Fiuza, vice-presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica)

Tags: energia solarenergias alternativasInstituto Ideal

Abertas inscrições para disciplinas de apoio pedagógico

22/03/2011 09:12

A supervisora dos Programas de Inclusão da UFSC, Corina Martins Espíndola, informa que estão abertas as inscrições para as disciplinas do Apoio Pedagógico da UFSC.

As inscrições devem ser feitas até o dia 31 de março, no site www.apoiopedagogico.ufsc.br. Podem se inscrever estudantes de primeira a quinta fase dos cursos de graduação da UFSC. No caso de disponibilidade de vagas, estudantes de fases mais avançadas também poderão ser selecionados.

O estudante deve estar regularmente matriculado e cursando o primeiro semestre de 2011.Será concedido certificado de participação aos estudantes que apresentarem 75% de freqüência na disciplina na qual estiver inscrito.

Segundo Corina, as aulas permitem que os estudantes possam resgatar conteúdos e superar dificuldades de aprendizagem do ensino médio em diversas disciplinas que são determinantes para a sua vida acadêmica.  Para os acadêmicos do campus de Florianópolis as aulas iniciaram nesta segunda-feira, 21 de março.

Disciplinas oferecidas:
– Biologia (ênfase em bioquímica e biologia celular)
– Física
– Inglês
– Matemática
– Produção Textual
– Química

Mais informações:  3721-8248

Tags: apoio pedagógico

Diretor do Núcleo de Estudos Açorianos recebe medalha Francisco Dias Velho

22/03/2011 08:07

O trabalho de quase 30 anos do historiador e fotógrafo Joi Cletison Alves à frente de órgãos da Universidade Federal de Santa Catarina que promovem valorização da cultura local será reconhecido pela Câmara Municipal de Florianópolis. Na sessão solene em comemoração aos 285 anos da cidade, Joi receberá da Câmara a medalha de Mérito Francisco Dias Velho. A distinção será concedida a um total de 14 cidadãos florianopolitanos que “mais notável contribuição deram à comunidade, ao estado e ao País, nas artes, letras e ciências”. Coordenador do Núcleo de Estudos Açorianos da Secretaria de Cultura e Arte da UFSC, Joi lembra que a distinção fortalece o investimento da universidade para que a cultura açoriana continue viva entre a gente catarinense.

A solenidade será realizada nesta quarta-feira, 23 de março, às 20 horas, no Auditório do Pleno, no Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Joi receberá a Medalha Francisco Dias Velho ao lado do ex-reitor da UFSC Antônio Diomário Queiroz e outras personalidades, como Jorge Mussi, Péricles Prade, Andrino Oliveira e Renato Turnês. Especialista em história de Santa Catarina, Joi participou da criação e implantação do Departamento Artístico Cultural da UFSC, em 1984, e hoje, além do NEA, coordena os projetos Fortalezas da Ilha de Santa Catarina, que atua na preservação do patrimônio arquitetônico e paisagístico das fortificações, e o Saber Fazer, que promove a capacitação de pessoas que vivem do artesanato de base açoriana, todos projetos integrantes da Secretaria de Cultura e Arte da universidade.

Como coordenador do NEA, o historiador idealizou e ajudou a consolidar a Festa da Cultura Açoriana de Santa Catarina, realizada desde 1997, e o Troféu Açorianidade. Publicou ainda o Mapeamento da Cultura de Base Açoriana no Estado de Santa Catarina, criando um importante Sistema de dados sobre a distribuição desses focos de imigração, em 2004. Assumiu também uma atuação decisiva na aproximação cultural e histórica entre Santa Catarina e Açores, coordenando o Intercâmbio Cultural Folclórico Açores/Brasil 1999 e 2010 e o 6º Seminário de Cidades Fortificadas Brasil, Portugal e Argentina, em 2010.

Na mesma cerimônia, outros 12 cidadãos receberão Medalha de Mérito Municipal, concedida aqueles que, por serviços relevantes, tiveram concorrido de qualquer forma para o engrandecimento do Município e mais oito serão agraciados com o título de Cidadão Honorário, concedido às pessoas ou entidades não florianopolitas que reconhecidamente tenham prestado serviços relevantes ao Município, Estado, União e humanidade.

Por Raquel Wandelli / Assessora de comunicação da SeCArte/UFSC
raquelwandelli@yahoo.com.br
e raquelwandelli@reitoria.ufsc.br
Fones: (48) 37219459 e 99110524
www.secarte.ufsc.br
e www.ufsc.br

Tags: Câmara Municipal de FlorianópolisJoi Cletison Alvesmedalha de méritoNEA

Professor analisa pontos polêmicos do novo Código de Processo Civil

22/03/2011 08:04

A TV Justiça exibe neste domingo (27/3), a partir das 15h30min, uma entrevista com o jurista e professor da UFSC Eduardo de Avelar Lamy, do Departamento de Direito, sobre os pontos polêmicos do projeto do novo Código de Processo Civil (CPC). A conversa foi gravada para o programa Justiça do Trabalho na TV, produzido pelo Tribunal Regional de Santa Catarina, e também será apresentada em 11 emissoras regionais.

Aprovada no Senado, a nova versão do CPC está em tramitação na Câmara dos Deputados e promete continuar esquentando os debates sobre como tornar os processos judiciais mais simples e rápidos. Embora defenda mudanças, Lamy avalia que, dentro de cinco anos, o Código precisará de uma nova reforma. O motivo do pessimismo é que diversas normas do projeto, segundo ele,  foram idealizadas com base no processo físico, ignorando o avanço do processo eletrônico pelas comarcas e varas Brasil afora.

Lamy é doutor e mestre pela PUC de São Paulo e professor de Direito Processual Civil da UFSC. Também participou da comissão formada pelo  Instituto Brasileiro de Direito Processual (IBDP) que elaborou  propostas para a reforma do CPC.

Confira a chamada em vídeo do programa.

Fonte: Clayton Wosgrau/  TRT – SC / (48) 9974-0508

Tags: CPCEduardo de Avelar LamyTV Justiça

UFSC celebra o Dia Mundial da Água

21/03/2011 18:08

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), através do Grupo Transdisciplinar de Pesquisas em Governança da Água e do Território (GThidro), da Empresa Júnior de Engenharia Sanitária e Ambiental (EJESAM) e do Núcleo de Educação Ambiental do Centro Tecnológico (NEAmb), realizará nesta terça-feira, dia 22 de março, às 10h, no auditório Luiz Antunes Teixeira -Teixeirão, um evento para celebrar o Dia Mundial da Água, com o tema “A água é de todos… todos pela água”.

A Organização das Nações Unidas (ONU) realizará no mesmo dia o evento oficial na cidade de Cape Town, na África do Sul, com o tema “Água para as Cidades – Respondendo aos Desafios Urbanos” (http://www.unwater.org/worldwaterday/events).

De acordo com a ONU, esta é a primeira vez na história da humanidade que a maioria de população mundial vive nas cidades: 3,3 bilhões de pessoas e a paisagem urbana continua crescendo. As populações das cidades estão aumentando mais rápido do que a infraestrutura, e 38% do crescimento é representado pela expansão de favelas.

O objetivo do Dia Mundial da Água 2011 é concentrar a atenção internacional sobre o impacto da rápida industrialização, o crescimento urbano da população e as incertezas provocadas pelas mudanças climáticas, os conflitos e as catástrofes naturais em sistemas urbanos de água.

Este ano pretende-se incentivar os governos, organizações, comunidades e indivíduos a participarem ativamente na resposta aos desafios da gestão das águas urbanas.

Durante o evento serão tratados assuntos pertinentes à vida, um panorama da água na cidade de Florianópolis, e na UFSC, além de discutir as iniciativas dentro da UFSC.

Outras informações pelos endereços www.gthidro.ufsc.br, www.ejesam.ufsc.br e www.neamb.ufsc.br ou telefone (48) 3721-7736.

Tags: Dia Mundial da Água

Desinfecção de contaminantes em moluscos é tema de curso

21/03/2011 17:24

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) sedia o curso de curta duração “Estudo da desinfecção de contaminantes virais em moluscos bivalves e água do mar em depuradora de moluscos acoplada com radiação ultravioleta”, promovido pelo Centro Brasileiro-Argentino de Biotecnologia (CBAB). As inscrições já estão abertas e podem ser feitas até o dia 5 de julho através do e-mail cbarardi@ccb.ufsc.br, da professora Célia Barardi.

O curso será ministrado no Laboratório de Virologia Aplicada do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia, no Centro de Ciências Biológicas (CCB) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no período de 8 a 19 de agosto.

São 15 vagas para estudantes que serão distribuídas da seguinte maneira: oito para brasileiros, cinco para argentinos e duas para uruguaios, colombianos ou paraguaios. Caso as vagas para estrangeiros não sejam preenchidas poderão ser apoiados mais estudantes brasileiros. Quanto ao subsídio, os brasileiros não-residentes em Florianópolis serão apoiados pelo CNPq/MCT através de pagamento de passagens aéreas e diárias (tabela CNPq) pelo tempo de duração do curso; estudantes estrangeiros terão passagens pagas pelo Governo Argentino e diárias pagas pelo CNPq (tabela CNPq).

Ministrantes:

– Profª Veronica Rajal – pesquisadora e docente do Instituto de Investigaciones para la Industria Quimica-INIQUI – Universidade Nacional de Salta – Argentina.

– Profª Célia Regina Monte Barardi – professora Associada 3 do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia, CCB – UFSC.

Patrocínio:

Ministério da Ciência e Tecnologia e CNPq

Apoio:

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia e Biociências – CCB – UFSC.

Telefone: (48) 3721-9049 – FAX: (48) 3721-9258

Programa resumido:

Aulas teóricas:

– Principais vírus contaminantes do meio ambiente aquático;

– Principais técnicas utilizadas na desinfecção (depuração) de moluscos bivalves e de águas de cultivo;

– Técnicas de extração de ácidos nucléicos de tecidos de moluscos e de água do mar;

– Técnicas de PCR em tempo real para quantificação de vírus no ambiente aquático; preparo de Standards para PCR quantitativo pela técnica do Taqman e tratamento enzimático (DNAse/RNAse) para verificar viabilidade de vírus em amostras ambientais por métodos exclusivamente moleculares.

Aulas práticas:

Visita técnica a uma fazenda de cultivo de ostras e mexilhões, onde serão coletados os animais;

– Contaminação artificial dos moluscos bivalves que serão utilizados com os adenovírus humano sorotipo 2 (HAdV-2) como modelo de vírus de genoma DNA e com norovírus murino (MNV) como modelo de vírus de genoma RNA;

– Alocação dos moluscos bivalves em tanques de depuração acoplados com luz ultravioleta;

– Análise da água da depuradora e dos moluscos em tempos zero, 48h, 72h, e 144h pós-depuração: aprendizado prático de técnicas de processamento de moluscos, concentração de água do mar e extração de ácidos nucléicos para ensaios de QPCR; uso de tratamento enzimático para acessar viabilidade de vírus por técnicas de QPCR.

Outras informações: Célia R. M. Barardi: cbarardi@ccb.ufsc.br

Tags: CBABCNPq/MCTcontaminantes viraiscursocurta duraçãodesinfecçãomoluscos bivalves

Site Cotidiano volta a ser atualizado

21/03/2011 16:43

O site de jornalismo www.cotidiano.ufsc.br volta a ser atualizado a partir desta segunda-feira, dia 21. O site, uma iniciativa do Núcleo de Televisão Digital Interativa da UFSC e vinculado ao Departamento de Jornalismo, é um projeto de extensão para a experimentação de novos formatos em jornalismo online. A proposta é utilizar os recursos da hipermídia, reunindo texto, áudio e vídeos para veiculação de informações ligadas à UFSC e de interesse da comunidade universitária.

Na nova fase, o Cotidiano vai privilegiar a produção de hipermídias especiais, bem como estender a cobertura fotográfica de fatos e notícias. O projeto é coordenado pelos professores Maria José Baldessar e Samuel Pantoja Lima, com a participação de seis estagiários do Curso de Jornalismo.

Outras informações pelo e-mail sitecotidiano@gmail.com ou pelo telefone (48) 3721-9529.

Acompanhe no Twitter: @cotidianoufsc

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UFSC conquista nova estrutura para pesquisa com gás natural

21/03/2011 15:28

Fotos: Paulo Noronha / Agecom

A pesquisa com gás natural é foco de um conjunto de laboratórios recém-inaugurado na UFSC. Construído com apoio financeiro de R$ 1,5 milhão da Petrobras, o complexo localizado no campus da Trindade integra os esforços da Rede Temática de Gás Natural. Faz também parte das iniciativas de eficiência energética do Programa Tecnológico para Mitigação de Mudanças Climáticas (Proclima), coordenado pelo Centro de Pesquisas & Desenvolvimento da Petrobras (Cenpes).

A estrutura de 800 metros quadrados nasceu preparada para ampliações e já abriga uma série de experimentos.  “Estamos terminando de instalar uma bancada de testes de trocadores de calor que é adequada para desenvolvimento da tecnologia de tubos de calor e é uma das quatro únicas em universidades no mundo”, comemorou na inauguração realizada na última sexta-feira, 18 de março, a professora do Departamento de Engenharia Mecânica da UFSC e coordenadora do espaço, Márcia Barbosa Henriques Mantelli.

Segundo ela, com apoio financeiro da Petrobras, a UFSC tem produzido tecnologia pioneira no Brasil no campo de tubos de calor. Essa tecnologia permite o desenvolvimento de trocadores de calor compactos, de fácil manutenção, sem partes rotativas e sem a necessidade de energia elétrica para seu funcionamento. Os trabalhos desenvolvidos na Universidades estão, ressaltou, no mesmo nível daqueles desenvolvidos em países como China e Austrália, recentemente Estados Unidos e nações da Europa.

As atividades de pesquisa  em tubos de calor e termossifões iniciaram na UFSC na década de 1990, a partir da necessidade da Agência Espacial Brasileira (AEB) e da indústria espacial nacional para o desenvolvimento de sistemas de controle térmico dos satélites brasileiros. A partir da infraestrutura laboratorial adquirida ao longo dos anos, a pesquisa se voltou para aplicações de tubos de calor e termossifões para as indústrias. Diversos convênios e contratos foram firmados. Os esforços são refletidos nas parcerias nacionais e no reconhecimento internacional da equipe formada por professores, pós-graduandos e estudantes de graduação em Engenharia Mecânica.

A pesquisa nesse campo resultou em quatro prêmios recebidos pelo grupo nos últimos seis anos. O avanço pode também ser exemplificado com representações da UFSC nas principais sociedades internacionais de pesquisa voltadas à área de tubos de calor e nas equipes editoriais das mais conceituadas revistas internacionais. Em 2007, com apoio da Petrobras, o grupo organizou, em Florianópolis, a 13ª Conferência Internacional em Tubos de Calor.

A preocupação com as aplicações também tem vários exemplos. A partir de pesquisas básicas em novas tecnologias de termossifões foi projetado um trocador de calor construído pela indústria nacional e instalado na Unidade de Negócio da Industrialização do Xisto (SIX), da Petrobras, em São Mateus do Sul, no estado do Paraná. A unidade está em operação há cerca de quatro anos ininterruptos.

Com o Departamento de Engenharia Química, a equipe trabalha em destiladores compactos e eficientes, que usam tubos de calor e atenderão plataformas de petróleo. Outras frentes de investigação atuais são os projetos voltados à produção de equipamentos térmicos flexíveis, para operar com mais de um combustível, e os estudos voltados à recuperação de vapor em torres de resfriamento. Em sua fala durante a inauguração, a professora Márcia Mantelli lembrou que no caso da Refinaria de Paulínia, pertencente à Petrobras e localizada em Paulínia, São Paulo, uma quantidade de água suficiente para atender uma cidade de 250 mil habitantes é retirada de rios, para reabastecer os processos industriais. Grande parte dessa água é perdida na forma de vapor para o ambiente em torres de resfriamento.

O avanço do conhecimento sobre tubos de calor também auxilia padarias a produzir pães com qualidade e economia de combustível. Graças ao trabalho em parceria com a UFSC, a Petrobras detém a patente de fornos de cocção de pães para uso de gás natural. Na universidade diferentes modelos são projetados e testados e no mercado já são comercializados equipamentos que podem representar economia de mais de 50% de energia, quando comparados com fornos a gás tradicionais.

“Esperamos que a Petrobras continue investindo e apoiando as atividades de pesquisa e desenvolvimento em nossa universidade, mantendo as nossas equipes coesas, para que possamos utilizar de forma produtiva o espaço construído e continuar a desenvolver tecnologias de interesse da empresa e da nação”, compartilhou com a plateia Márcia Mantelli. E antes de convidar para o ato de descerramento da placa de inauguração o reitor, professor Alvaro Prata, o gerente geral de Pesquisa & Desenvolvimento de Gás, Energia e Desenvolvimento Sustentável do Cenpes, Luis Fernando Mendonça, o gerente geral de Tecnologia para Processos de Gás e Energia da Petrobras, Mozart Schmitt de Queiroz, o diretor do Centro Tecnológico da UFSC, Edison da Rosa, e o pioneiro das pesquisas em Engenharia Térmica na UFSC, Sérgio Colle, ressaltou que o investimento nas universidades brasileiras só tem sentido se resultar na formação de pessoas – objetivo primeiro e maior de uma institutição de ensino superior.

“Esperamos que novas empresas na área de tecnologia de gás natural, gerenciadas por nossos jovens e competentes engenheiros resultem dessa empreitada, possibilitando à Petrobras usufruir dos resultados de seus investimentos, assim como permitindo o desenvolvimento, a autonomia e a independência tecnológica de nossa nação. Assim estaremos contribuindo para um futuro promissor para o nosso país, que certamente necessita de tecnologias de uso do gás natural, um combustível limpo, ecológico, que pode cooperar com o esforço de preservar a natureza”, complementou.

Mais informações na UFSC:  Profª. Márcia Barbosa Henriques Mantelli / marcia@emc.ufsc.br / (48) 3721-9937, ramal  214.

Por Arley Reis / Jornalista na Agecom

Tags: gás naturalLabtucalPetrobrastubos de calor

Documentário ‘Identidade Jovem’ no Teatro Álvaro de Carvalho

21/03/2011 15:00

Será lançado no dia 24 de março, quinta-feira, às 19h30min, no Teatro Álvaro de Carvalho, o filme documentário “Identidade Jovem: A Formação Humanista dos Jovens como Garantia de Sustentabilidade, Identidade e Protagonismo Civil”. O projeto prevê lançamentos e exibições em diversas cidades brasileiras. A entrada é gratuita.

O projeto foi realizado com o apoio da Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura. O documentário é uma provocação sobre a importância da função dos líderes, educadores e genitores na formação do jovem e uma proposta de formação humanista que possa dar resposta ao jovem que busca encontrar e atuar a sua identidade. Apresenta entrevistas com importantes nomes do cenário da educação, como o senador Cristovam Buarque, o representante da UNESCO no Brasil Vincent Defourny e o diretor-geral adjunto da UNESCO para educação, além de jovens, pais e educadores do Brasil e do mundo.

Outras informações pelo endereço www.tac.sc.gov.br/ ou pelo e-mail adriane@ccb.ufsc.br.

Tags: documentárioidentidade jovemTAC

Pós em Nutrição abre inscrições para mestrado

21/03/2011 10:46

A Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Nutrição da UFSC abriu nesta segunda-feira, dia 21, as inscrições para o processo de seleção de candidatos às vagas de mestrado com início em agosto de 2011. Podem se inscrever profissionais com graduação universitária, bacharelado ou licenciatura plena, de acordo com os critérios estabelecidos pelo Programa. O edital está disponível em http://ppgn.ufsc.br/inscricao-e-selecao/.

As inscrições devem ser feitas até 20 de abril, na secretaria do Programa de Pós-Graduação em Nutrição, Centro de Ciências da Saúde (CCS), no andar térreo, das 8h30min às 11h30min e das 14h às 16h30min, ou via entrega postal rápida (Sedex ou similar) endreçado à Coordenadoria do Programa de Pós-Graduação em Nutrição – CCS – Universidade Federal de Santa Catarina. Campus Universitário, Trindade, Florianópolis-SC, CEP 88040-970.

Informações: http://www.ppgn.ufsc.br, posnutricao@ccs.ufsc.br ou (48) 3721-5138.

Tags: inscriçõesmestradonutrição

Pós em Literatura promove aula inaugural com o português Hélder Macedo

21/03/2011 10:19

O Programa de Pós-Graduação em Literatura da UFSC promove na próxima segunda-feira, dia 28, às 14h, no auditório Henrique Fontes, CCE/B, aula inaugural com Hélder Macedo, poeta, romancista, ensaísta, crítico e investigador literário, sobre o tema “Leituras de Cesário Verde e Fernando Pessoa”. Na terça, dia 29, às 16h, no auditório Aroeira, Centro de Eventos da UFSC, será realizado o Colóquio “Helder Macedo e as Viagens do Olhar” com os professores Jane Tutikian (URGS), Laura Padilha (UFF), Maria Lúcia Dall Farra (UFS), Stélio Furlan (UFSC) e Teresa Cristina Cerdeira (UFRJ). Às 17h,  serão lançadas as revistas Travessia e Outra Travessia; e às 17h30, o romance Natália,  na Livraria Livros e Livros, no Centro de Cultura e Eventos.
(mais…)

Tags: aula inauguralHelder Macedo

Representação de servidores técnico-administrativos no Conselho Universitário

18/03/2011 19:25

A Pró-Reitoria de Desenvolvimento Humano e Social (PRDHS) divulgou o Edital nº 001/PRDHS/2011 que convoca e abre inscrições para eleição dos representantes dos servidores técnico-administrativos em Educação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) no Conselho Universitário.

As inscrições dos candidatos devem ser feitas na Secretaria Geral dos Órgãos Deliberativos Centrais, no térreo da Reitoria, até 29 de março, das 8h às 12h e das 14h às 18h, sendo no dia 29/3 até às 17 horas. A eleição ocorre no dia 5 de abril.

Mais informações: (48) 3721-9030 ou  secretariaprdhs@notes.ufsc.br.

Chega às bancas Ecos no Porão, obra maior de Silveira de Souza

18/03/2011 19:03
Florianópolis é o cenário para uma legião de homenzinhos fazendo cooper com calções esdrúxulos, tristes velhos pederastas, velhinhos trovadores, desempregados, avozinhas, solteironas, aposentados, enfim, habitantes da vizinhança da Ilha onde pulsa um coração decrépito, murchando para a vida, que pode ser acordado de súbito por um pequeno incidente, a fuga de um canário ou uma rajada de vento. Mas Florianópolis não é mero pretexto para o quase octogenário escritor Silveira de Souza descrever o local onde nasceu e viveu. Mais do que isso, a Ilha é o “mundinho” onde se constituem essas “figurinhas ridículas” e apaixonantes do grotesco que vão ganhar dramaticidade e lirismo em Ecos no Porão, o segundo volume da antologia de contos de Silveira, que a Secretaria de Cultura e Arte e a Editora da Universidade Federal de Santa Catarina lançam na próxima terça-feira, dia 22 de março, às 10 horas, com a presença do autor, durante a Feira de Livros da UFSC e Liga das Editoras Universitárias, na Praça da Cidadania.

Esses habitantes ao mesmo tempo ordinários e excêntricos dos porões da ficção de Silveira, que podem estar no café, na Beira-Mar, na Praça XV, no Calçadão ou em quarto de hotel, carregam um traço em comum: todos experimentam o vazio da existência. Mas ao longo das 137 páginas são surpreendidos no automatismo banal do seu dia a dia urbano por sutis acontecimentos que anunciam possibilidades de passarem do mundinho para o “mundão” e conhecerem uma dimensão mais sublime da vida. E o que produz o acesso ao mundão? Uma sinfonia de Bethoven, um sonho ou um pesadelo, uma emoção inesperada, uma cena da memória, um abalroamento de carro, enfim, interferências mais ou menos perceptíveis que alteram o estado de coisas e, como em um poema hai kai, sugerem uma revelação.

Nem sempre os seres da Ilha percebem essas epifanias cujo deslinde o autor deixa a cargo da perspicácia e prazer do leitor, como anota bem o editor da obra, Sérgio Medeiros Vieira. “Em geral essas mudanças provocam os personagens momentaneamente, levando-os para a absoluta estranheza, mas não chegam a arrancá-los em definitivo do seu mundinho”, diz o diretor da Editora, que chama atenção para a delicadeza e a sofisticação da obra. É como se as possibilidades de sair do vazio estivessem por toda parte, mas os habitantes não se dispusessem a enxergá-las.

A exemplo do primeiro volume, Ecos no Porão II traz na capa a ilustração de um grande artista plástico catarinense, neste caso uma instalação de Fernando Lindote. Em papel pólen, a obra reúne três seleções do próprio autor dos livros Canário de assobio (1985), Relatos escolhidos (1988), Contas de vidro (2002) e ainda cinco contos inéditos, entre eles a narrativa metalinguística “Ecos no porão”, que dá nome à obra e traduz uma metáfora de Silveira para as deformações estilísticas da leitura dos escritores clássicos que inundam seu imaginário desde os dez anos de idade. Vendidas com desconto de 50% durante a Feira EdUFSC/LEU (R$ 15,00), que se estende até o dia 8 de abril, na Praça da Cidadania, os dois volumes apresentam-se, assim, no crivo do escritor e do editor, como o melhor da safra de Silveira.

Os personagens velhos passeiam por grande parte dos contos, mas assumem uma expressividade absoluta em “Vidraças partidas”, onde a decrepitude ganha um lirismo refinado na tentativa de sublimar o vazio através do amor sexual por um jovem. Todavia, em “O olho de Deus”, uma carta assinada aos efebos por mais um velho – funcionário público – aturdido pelo vazio, Silveira alcança um domínio da linguagem que fica à altura da ironia de Franz Kafka no conto “Convenção à Academia”.

Volta e meia Paulo, uma espécie de superego do autor passeia pelas narrativas. Ele mesmo um senhor de baixa estatura e calvo, e conversa franca e elevada, como o homenzinho de “olhinhos afiados” e “face rechonchuda” do conto “He, He, He, He!”, da coletânea Contas de vidro. Como se acometido de uma inspiração sublime, o baixote interrompe a reunião de engravatados executivos encafifados com o planejamento publicitário da empresa para contar um episódio bizarrísimo envolvendo os índios e índias tupinambás e Jean de Léry, missionário francês que narrou sua visita ao país por volta de 1557 na obra Le voyage au Brésil. Em seu relato aparentemente nonsense, o homenzinho exalta “um canto sublime, de extraordinária beleza”, que se produz inicialmente de um murmurante “he, he, he” entre os varões da tribo e contagia o coro das mulheres até assumir a proporção de um canto catártico. O personagem é calado pela perplexidade desdenhosa dos executivos, que retomam sua reunião sem se dar conta do caráter revelador da intempestiva história.

E assim, com sua habilidade inigualável com a língua, uma boa dose de humor e ironia e um olhar lírico para o grotesco, Silveira parece rir-se baixinho ao final de cada história onde reside uma possibilidade de revelação que nunca se entrega sem esforço do leitor… E é como se ouvíssimos os ecos longínquos do seu “he, he, he…” por trás de cada um dos 28 contos.

ENTREVISTA

A Ilha e seus habitantes na ficção de Silveira de Souza

Considerado pelo escritor Salim Miguel um dos maiores contistas brasileiros da atualidade, Silveira publicou O cavalo em chamas (Ática 1981) e Janela de varrer (Bernúncia, 2006). Como contista e tradutor de autores universais, participou ativamente do Grupo Sul, movimento que trouxe o Modernismo para Santa Catarina nos anos 40 e 50.  Aposentado do serviço público, desenvolveu sua carreira literária em meio à rotina de diversas funções, de professor de matemática do Instituto Estadual de Educação e da Escola Técnica Federal de Santa Catarina, a diretor da Divisão de Informação e Divulgação do Departamento de Extensão Cultural da UFSC. Também atuou no setor de editoração da Fundação Catarinense de Cultura como coordenador das Edições FCC. De mãos ágeis e tão falantes quanto seus contos, mais falantes do que ele próprio, Silveira, concedeu esta entrevista:

O que norteou esta seleção de contos do segundo volume de  Ecos no Porão e o que a diferencia do anterior?

— O plano geral que norteou a preparação de Ecos no Porão, volumes I e II, foi proporcionar uma seleção dos que considero meus melhores textos publicados em livros, desde 1960 até o presente. A única pequena diferença que existe no segundo volume, em relação ao primeiro, é que ele contém alguns relatos inéditos e outros que fizeram parte de coletâneas com outros autores.

Percebe-se em todos os contos uma consciente localização do cenário de Florianópolis que vai muito além do mero retrato ou panorama da cidade pelo escritor. Em que tipo de intenção estética se inscreve essa presença geográfica de Florianópolis na sua ficção?

— De fato, Florianópolis é o cenário de todos os relatos. Por não se tratar de um guia turístico, mas de um livro de ficção literária, o leitor não vai encontrar descrições pormenorizadas ou exaltações entusiásticas a respeito de suas paisagens e recantos pitorescos. O que existe são apenas brevíssimas indicações dessa geografia, integradas à ação e à mente dos personagens. Foi minha intenção que esses personagens se comportassem como habitantes de uma ilha, que a ilha fosse, indireta ou inconscientemente, um componente importante de sua psicologia. Creio que isso diferencia um tanto os meus relatos dos relatos de autores de outros estados.

Alguns elementos naturais marcantes de Florianópolis também são recorrentes na narrativa, como o vento, o mar, as aves. Parece que você dá aos elementos inumanos uma vida e uma participação muito mais específica e marcante do que a de mero cenário para expressão do universo humano…

— Pode ser algo ilusório, mas sempre achei que as ilhas, e em especial a nossa Ilha de SC, propiciam uma aproximação maior do universo humano com outros universos, como o universo de seres inumanos (o mar, os ventos) e o universo de outros viventes, como os peixes, as aves, os insetos, os pássaros, as árvores e os bosques.

Apesar da aparente banalidade de suas vidas, os personagens sempre ganham a possibilidade de uma anunciação ou de uma revelação. Nem sempre se dão conta dessas possibilidades e nem sempre elas têm a força de arrancá-los do seu mundinho… O que você diz sobre isso?

— Na verdade não sei se a minha vida é banal, ou se o mundo de minha literatura é banal. Faz algum tempo que deixei de qualificar as coisas. Quando às vezes tento fazer uma retrospectiva da minha vida até o momento, me dou conta que ela foi pontilhada de fases diversas e até mesmo contraditórias; uma, extremamente tumultuada, com muita bebida, fumaça, cortinas vermelhas e anarquias boêmias; outra (como na infância) cheia de descobertas maravilhosas; outra, tediosa e presa às obrigações sem muito sentido, que eu precisei encarar para poder comprar, como disse certa vez Tom Jobim, “o uisquinho das crianças”; e ainda outra (como presentemente), tranquila e voltada para o estudo e a meditação. Mas, banal ou não, houve algo em todas essas fases que me salvou de um mergulho na mediocridade absoluta: um interesse pela criação literária, que me acompanha desde a infância. Quanto a meus relatos literários os personagens em geral vivem nesse mundinho, sem heroísmos, sendo muitas vezes surpreendidos por (para eles) estranhas ocorrências que podem despertá-los para uma dimensão de suas vidas antes desconhecida.

Ainda que voltado para as delicadezas da existência e da alma, os contos sempre iniciam com cenas concretas, personagens que têm vida corpórea própria, para que depois se deem as abstrações e possibilidades de reflexões filosóficas. Está aí uma escolha estética consciente?

No meu caso, não houve escolha. O modo como escrevo os meus relatos foi nascendo naturalmente, seja como resultado de constante exercício, seja como uma visão muito pessoal do mundo (e da criação literária ou da criação de modo geral), que foi nascendo com a vivência e com as impressões causadas no contato com obras de grandes ficcionistas, com pinturas, músicas, revistas diversas, cinema, paisagens, pessoas, bichos, mil coisas.

E qual o lugar da velhice nos seus contos. Pode comentar que traço há em comum nesses personagens aparentemente reféns da solidão e da decrepitude?

O velho do conto Vidraças partidas (que considero o meu  conto melhor realizado) é um caso especial. Ele existiu, costumava passear pela Felipe Schmidt, de terno e gravata, nos anos 1960, usando um chapéu de feltro. Pensei nele, na sua figura, quando pintou o tema do relato, uma experiência de extrair algo lírico de um comportamento que normalmente se julga degradante.

Você  faz uma literatura ao mesmo tempo densa e econômica, como poucos contistas. Como chegou a essa síntese e que autores o influenciaram nessa escolha estética?

— Harold Bloom escreveu que toda a escritura é uma espécie de releitura. Se ele estiver certo, devo dizer que leio desde os dez anos de idade (estou hoje beirando os 78). Em todo esse tempo, passei por períodos de leitura em que determinado autor, às vezes determinados autores, monopolizavam a minha preferência. Posso citar alguns deles: Monteiro Lobato e Hans Christian Andersen, lá entre os dez e 12 anos. Depois, com o tempo, foram surgindo: Machado de Assis, Anton Checov, Dostoievski, Clarice Lispector, Kafka, Dyonélio Machado, Joseph Conrad, James Joyce, Thomas Mann, William Faulkner, Guimarães Rosa, Cortazar, Jorge Luis Borges, H.P. Lovecraft e mais alguns outros. Nem vamos falar de poetas, de compositores, de alguns desenhistas e pintores, e de alguns diretores de cinema. É provável que todos eles, de algum modo, tenham deixado alguma marca, numa frase, na estruturação de uma determinada estória, na caracterização de um dado personagem. Mas essa é uma praia para os críticos literários.

Alguns escritores, como Salim Miguel, o consideram o maior escritor catarinense da atualidade e um dos melhores contistas do Brasil. O que pensa disso?

— Não tenho como responder a isso. Mas devo dizer que, desde 1960, quando publiquei O Vigia e a Cidade, até agora, o propósito real ao escrever os meus relatos foi conseguir realizar algo que me satisfizesse interiormente, do ponto de vista de uma criação estético-literária. Nunca me interessou ser, como autor, maior ou menor, principalmente num momento em que Santa Catarina tem, residindo aqui e fora daqui, um conjunto de poetas e escritores de primeira linha, como o próprio Salim.

Texto e entrevista: Raquel Wandelli – assessora de comunicação da SeCArte/UFSC

raquelwandelli@yahoo.com.br e raquelwandelli@reitoria.ufsc.br

Fones: 37219459 e 99110524

www.secarte.ufsc.br e www.ufsc.br

Tags: EdUFSCliteratura catarinense

Conselho Universitário tem sessão extraordinária na terça

18/03/2011 18:40

O Conselho Universitário realizará sessão extraordinária na próxima terça, 22/03, às 8h30, com as seguintes pautas:

– Apreciação e aprovação das atas das sessões extraordinária e especial realizadas em 1º de março de 2011;

– Apreciação e aprovação da Prestação de Contas da Universidade, referente à 2010;

– Informes gerais.

A sessão acontece na sala professor Ayrton Roberto de Oliveira, no prédio da Reitoria, e poderá ser acompanhada ao vivo pela internet: http://150.162.3.12/conselho

Informações: www.conselhos.ufsc.br, ou (48) 3721-9522/ 3721-4916 ou 3721-9661.

II Simpósio Catarinense de Neurociências

18/03/2011 18:30

De 31/03 a 02/04, no Auditório da Reitoria. O evento tem o objetivo de reunir especialistas nacionais e estrangeiros para debater temas relacionados à Pós-graduação e Educação em Ciências, Neurodegeneração, Transtornos Neuropsiquiátricos, Neurobiologia da Dor e Inflamação, e Sinalização Celular e Neurotoxicidade.

Informações e inscrições: www.simposioneurociencias.ccb.ufsc.br

Tags: neurobiologianeurotoxicidade

Mostra de Documentários In (ter) disciplinados

18/03/2011 17:49

Primeira sessão exibirá o filme Jogo de Cena, de Eduardo Coutinho. Quinta, 24/03, às 18h30, no Auditório do CFH, com entrada franca. A Mostra é realizada pelo Núcleo de Antropologia Visual e Estudos da Imagem (Navi) e pelo Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas (PPGICH) da UFSC.

Informações: 3721-9890.

Revista Guia do Formando começa a circular na UFSC

18/03/2011 17:34

Capa da Revista dos Formandos

Os formandos e demais universitários da UFSC e de outras instituições de Ensino Superior da Grande Florianópolis já podem contar com uma nova publicação. A revista Guia do Formando é feita para auxiliar os alunos que estão em final de curso e se preparam para organizar sua formatura. A distribuição no campus da Universidade Federal iniciou essa semana e está sendo bem aceita pelos estudantes. A primeira edição da revista traz uma mensagem do reitor da UFSC, Alvaro Toubes Prata, aos formandos de 2011/1 e uma cobertura fotográfica das colações de grau que aconteceram no verão.

No Guia do Formando, os futuros profissionais vão encontrar tudo o que precisam para sua formatura e também informações sobre temas que são rotina na vida do formando. Nessa edição, a equipe de reportagem da revista preparou uma matéria especial sobre concursos públicos, revelando a promissora carreira e o novo perfil do servidor público. O importante trabalho realizado pelos alunos que compõem a Comissão de Formatura também foi tema de reportagem, assim como os cuidados que se deve ter para realizar
uma recepção de formatura inesquecível aos amigos e familiares.

A revista Guia do Formando tem distribuição gratuita e pode ser solicitada pelo e-mail  contato@guiadoformandosc.com.br ou pelo portal www.guiadoformandosc.com.br, que será lançado na segunda, 21/03.

Fonte: Paula Almentes / (48) 4104.0093 ou (48) 9941.3113.

Simpósio reúne pesquisadores da Região Sul para discutir Jornalismo

18/03/2011 11:46

O Programa de Pós-Graduação em Jornalismo (POSJOR) da UFSC e a Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina (FAPESC) realizam nos dias 24 e 25 de março, no auditório Henrique Fontes, Bloco A, Centro de Comunicação e Expressão (CCE), o 2º Simpósio de Pesquisa Avançada em Jornalismo da Região Sul. A programação inclui palestras que vão discutir temas relacionados aos desafios institucionais e técnico-metodológicos da pesquisa e ensino no campo jornalístico.

Destinado a professores, mestrandos e doutorandos, o evento é aberto a todos os interessados na temática. As inscrições são gratuitas e os certificados serão entregues no próprio local, no dia do evento.

O simpósio contará com a participação de pesquisadores em Jornalismo dos oito cursos de pós-graduação em Comunicação dos três estados do sul do país (UFRGS, PUC-RS, UFSM, Unisinos, UEL, UFPR, UTP e UFSC) e também com representantes da Associação Latino-Americana de Investigadores em Comunicação (ALAIC), da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (INTERCOM), da Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor) e da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (COMPÓS).

A conferência de abertura terá como tema “Inovação e renovação: chaves para a aprendizagem do jornalismo no século XXI” e será feita pelo jornalista e pesquisador colombo-americano Carlos Eduardo Cortés, gerente do Rádio Nederland Training Centre (RNTC)/América Latina (www.rntc.nl) e um dos coordenadores do projeto de fortalecimento organizacional da Fundación Nuevo Periodismo Iberoamericano.

A programação e outras informações estão no site www.posjor.ufsc.br.

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