Pesticida usado na agricultura e no controle da dengue é fator de risco para diabetes gestacional

Malathion é um dos inseticidas usados nos “fumacês”, as pulverizações para controle do mosquito da dengue. Foto: Lúcio Bernardo Jr/Agência Brasília/CC BY 2.0
Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) revelou que um dos agrotóxicos mais utilizados no país, o Malathion, pode ser fator de risco para o desenvolvimento de diabetes gestacional. Experimentos com animais indicaram que isso ocorre ainda que a gravidez aconteça somente após a interrupção do contato com o inseticida e mesmo nas doses consideradas seguras pelos órgãos reguladores. Além disso, a propensão ao desenvolvimento de diabetes pode ser transmitida aos filhos das mulheres expostas ao produto. Os resultados foram publicados na revista internacional Environmental Pollution.
O Malathion é um inseticida muito usado na agricultura, na jardinagem e nas pulverizações para erradicar mosquitos, como o Aedes aegypti, transmissor da dengue e de outras doenças. Apesar de ser considerado como provavelmente cancerígeno pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc, na sigla em inglês), ele foi o sétimo pesticida mais comercializado no Brasil em 2020 – foram 15,7 mil toneladas, de acordo com dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Com uma rápida busca no Google, aliás, qualquer pessoa consegue comprar um frasco do produto por menos de dez reais.
Foram justamente o alto índice de utilização do Malathion e o fato de a região Sul do país ser reconhecida pelas extensas áreas agrícolas que motivaram os pesquisadores do Laboratório de Investigação de Doenças Crônicas (Lidoc). “A ideia de começar esse estudo veio por volta de 2014. Eu tentei iniciar uma mudança no formato dos trabalhos aqui do meu grupo, para tentar fazer algum tipo de apelo mais regional, e que conseguisse fazer uma conversa entre pré-clínica, que são estudos com animais, e demandas da saúde pública”, afirma Alex Rafacho, professor do Departamento de Ciências Fisiológicas, coordenador do Lidoc e autor responsável pelo estudo.
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