Tainha de laboratório: UFSC é pioneira na reprodução de espécie em cativeiro

24/05/2022 10:20

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Coleta de sêmen para fecundação em cativeiro. Crédito: Acervo Lapmar

Quando o mês de maio chega e o frio se intensifica, uma visitante assídua aparece nas águas do litoral catarinense: a tainha. Com a pesca artesanal, o peixe se mantém símbolo da tradição, mas ainda é subexplorado comercialmente. Pesquisas desenvolvidas na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no entanto, podem contribuir para o nascimento de alternativas economicamente viáveis, capazes de garantir a oferta da tainha durante o ano inteiro e agregar valor à sua produção.

O Laboratório de Piscicultura Marinha (Lapmar) foi o primeiro do mundo a conseguir reproduzir todo o ciclo de vida da espécie Mugil liza em cativeiro. O projeto teve início em 2014, quando 14 exemplares adultos selvagens (quatro fêmeas e dez machos) foram capturados em Laguna, no Sul do estado, e transportados para a unidade de pesquisa da UFSC, instalada em Florianópolis.

Esse primeiro lote de reprodutores foi mantido em um tanque de 12 m3, onde as fêmeas receberam indução hormonal para liberação dos ovos; enquanto os machos liberaram sêmen quando submetidos a massagens abdominais. A fecundação dessa espécie ocorre na água e, no estudo pioneiro, a eclosão das primeiras larvas foi registrada 48 horas após a desova. Por cinco anos, todas as desovas realizadas no Lapmar utilizaram os exemplares selvagens. Somente no fim de 2019, alguns meses antes da pandemia, a experiência foi consumada com exemplares da primeira geração nascida em cativeiro, chamada F1.

A principal contribuição do trabalho concebido na UFSC foi o domínio do ciclo de vida da espécie. Com o desenvolvimento integral dessa geração no laboratório, os pesquisadores conseguiram acompanhar o processo de maturação sexual e constataram que os machos apresentavam espermatozoides viáveis por volta dos 11 meses de idade, quando atingiam em torno de 24 a 25 cm de comprimento. As fêmeas, por sua vez, estavam aptas à reprodução somente aos três anos, com cerca de 40 cm.

A pesquisa demonstrou regularidade nos índices de desova e na qualidade dos ovos, permitindo um grande avanço no controle da reprodução da tainha fora do seu habitat natural. O domínio desta técnica torna possível produzir o peixe todos os meses do ano e escalonar sua produção. Neste mês de maio, a equipe do Lapmar iniciou o trabalho de preparação para a desova da segunda geração (F2).

Larva 7 dias após a eclosão do ovo. Crédito: Acervo Lapmar

O engenheiro de aquicultura Caio França Magnotti, supervisor do Laboratório de Piscicultura Marinha, começou a trabalhar na UFSC em 2013 e acompanhou todas as pesquisas desenvolvidas na instituição sobre a espécie desde então. Para ele, ainda que seja complexo garantir que os peixes fiquem aptos à desova no ambiente do laboratório, a parte mais crítica do processo são os primeiros 15 dias após a eclosão do ovo. “É uma fase praticamente microscópica. Você quase não vê a larva. Você não pode encostar nela, que ela morre. Então, qualquer deslize, uma temperatura diferente, um choque mecânico ou um choque de luz, como acender e apagar a luz, pode causar a morte. É muito delicado”, pondera.

A origem do laboratório

O Lapmar foi criado em setembro de 1990 para atender uma demanda de produção de tecnologias e de difusão de conhecimentos sobre peixes marinhos em cativeiro, especialmente de espécies presentes no litoral catarinense. É hoje o mais antigo laboratório do gênero no país dedicado à pesquisa, ao ensino e à extensão. Instalado na Barra da Lagoa, leste da Ilha de Santa Catarina, ele faz parte da Estação de Maricultura Professor Elpídio Beltrame (EMEB) – unidade externa do Departamento de Aquicultura do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da UFSC.

Professor Vinícius foi por mais de três décadas supervisor do Lapmar. Crédito: Acervo pessoal

O surgimento e a história do laboratório estão intimamente ligados à trajetória de um profissional: o professor Vinícius Ronzani Cerqueira. O docente se aposentou no último mês de abril, após dedicar mais de três décadas à UFSC e à supervisão do Lapmar. Ao cursar o doutorado na França, terra natal de seu ídolo, o oceanógrafo Jacques Cousteau, Vinícius já planejava que, quando retornasse ao Brasil, abriria uma linha de pesquisa nova, para estudar nossos peixes. O foco desde o princípio foi desbravar a piscicultura marinha brasileira.

“Quando a gente começou não havia nenhum grupo de pesquisa com esse objetivo: estudar as espécies marinhas nativas. Foi difícil começar algo inovador. Já havia publicações sobre peixes marinhos, mas eram poucas. Por isso, insisti nessa área e peguei essa oportunidade para trabalhar”, revela o professor. No início o serviço foi árduo e era executado por Vinícius com a colaboração do seu primeiro orientando, o estudante Aliro Bórquez Ramirez, engenheiro formado no Chile e hoje reitor da Universidad Católica de Temuco, cuja dissertação foi a primeira defendida no curso de Aquicultura da UFSC, em 1991.

Ao longo da carreira, o professor Vinícius se dividia entre as atividades no Lapmar e os compromissos como docente no CCA, onde chegou a ocupar as funções de chefe de Departamento e coordenador da graduação e pós-graduação. Em muitas oportunidades, levou a família ao local de trabalho nos fins de semana. “Era um trabalho que não podia parar. Além do meu ofício como professor de segunda a sexta-feira, aos sábados e domingos muitas vezes precisava visitar o laboratório. Dependendo da fase de desenvolvimento em que os peixes estavam, ficar dois dias sem ninguém verificá-los era muito arriscado”, recorda.

O projeto começou com o estudo da reprodução do robalo-peva (Centropomus parallelus), por meio da investigação acerca da criação de larvas e juvenis – esta última é uma fase da vida do peixe que se inicia a partir de 30 a 40 dias depois do nascimento, quando possui entre 2 e 3 cm, e termina com a maturação sexual). A experiência serviu de base para o trabalho com o robalo-flecha (Centropomus undecimalis) pouco tempo depois.
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UFSC participa de evento internacional sobre aquicultura marinha

14/05/2021 16:28

A Universidade Federal de Santa Catarina terá palestrantes no I Workshop Internacional Ordenamento da Aquicultura Marinha – Peixes, Macroalgas  e Moluscos Bivalves. O evento, totalmente online e gratuito, ocorre entre os dias 18 e 19 de maio, com transmissão ao vivo no canal do Sebrae Nacional no Youtube. A ação ocorre em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), e conta com apoio institucional do Programa Florianópolis Cidade Criativa UNESCO da Gastronomia.

O objetivo é levantar subsídios com atores da cadeia produtiva da aquicultura marinha – piscicultura, produção de algas e malacocultura -, para a realização de planejamento do ordenamento da atividade aquícola no Brasil. Trata-se de uma ação destinada às universidades, estudantes, professores, produtores e aquicultores de todo o Brasil.

A palestra Pesquisa Científica e Experimentos com produção comercial de Peixes Marinhos será ministrada pelo professor Vinicius Ronzani Cerqueira, do Laboratório de Piscicultura Marinha (LAPMAR), das 10h20 às 10h40, no dia 18. Já no dia 19, o tema Os desafios do Projeto Kappaphycus em Santa Catarina: da fase experimental até a liberação da licença comercial será abordado pela professora Leila Hayashi, das 8h30 às 8h50. A programação prevê ainda um chat aberto para uma rodada de perguntas e respostas durante a realização do evento. A interação será feita por servidores do MAPA, que selecionarão as perguntas.

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Laboratório de Piscicultura Marinha amplia produtividade de sardinhas em cativeiro

18/12/2017 08:00

O Laboratório de Piscicultura Marinha (Lapmar) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) desenvolveu melhorias na produção de sardinhas (Sardinella brasiliensis) em cativeiro, no projeto Isca-Viva, lançado em 2009. Entre os objetivos do projeto está a contribuição para o processo de gestão pesqueira, com técnicas de produção e manejo de isca-viva para a pesca de atum.

Uma das principais evoluções  é a reprodução por desova espontânea de sardinhas produzidas em cativeiro. Antes, os pesquisadores somente conseguiam realizar isto com indução de hormônios e reprodutores selvagens. A velocidade da produção de larvas também aumentou: hoje elas são “desmamadas” de 20 a 30 dias após sua eclosão, já podendo ser comercializadas como iscas-vivas na metade do tempo anterior (40-60 dias). A alimentação e exigência nutricional da espécie em cativeiro também foram determinadas, otimizando a produção com baixo custo.
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Laboratório de Piscicultura Marinha da UFSC produz sardinhas em cativeiro

15/08/2013 17:16

Projeto é realizado em parceria entre a UFSC e a Universidade do Vale do Itajaí (Univali). Foto: Jeferson Dick/Lapmar/UFSC

O Laboratório de Piscicultura Marinha (Lapmar) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) fez no início do mês de agosto o transporte de aproximadamente oito mil sardinhas criadas em cativeiro para os tanques redes alocados na Armação do Itapocoroy, Penha (SC). Pioneiro nesta área, o projeto é realizado em parceria com a Universidade do Vale do Itajaí (Univali), o Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros do Litoral Sudeste e Sul (CEPSUL), entre outras instituições, e com recursos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC). Os peixes, da espécie sardinhas-verdadeiras (Sardinella brasiliensis), foram levados para barcos atuneiros, onde servirão como iscas-vivas para a pesca de atuns.

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