UFSC lidera pesquisa nacional pioneira sobre saúde bucal da população trans

03/10/2025 10:00

Equipe da pesquisa Transbucal Brasil em Manaus (AM): coleta de dados visa identificar condições de saúde bucal das pessoas trans e subsidiar políticas públicas. Foto: Divulgação/Transbucal Brasil/UFSC

Um estudo pioneiro conduzido pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) revelou um panorama preocupante sobre a saúde bucal da população transgênero atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Florianópolis. A discriminação aparece como uma das principais barreiras: entre os participantes da pesquisa, 70% disseram já terem sido alvo de preconceito ao buscar atendimento odontológico, com 54% abandonando o tratamento em função dessa dificuldade. Altos índices de cáries não tratadas, perda dentária e problemas periodontais também foram observados no levantamento, evidenciando que a falta de políticas públicas específicas impacta diretamente na qualidade de vida desse público.

A inexistência de dados populacionais sobre as pessoas trans, a invisibilidade dos problemas de saúde bucal dessa população e a urgência na definição de serviços específicos de saúde que contemplem essa problemática impulsionaram uma iniciativa de ampliação da pesquisa feita em Florianópolis. A pesquisa Transbucal Brasil, de abrangência nacional, é liderada pelos pesquisadores da UFSC em parceria com outras universidades, movimentos sociais e comunidade trans nas cinco regiões brasileiras.

De acordo com a professora Andreia Morales Cascaes, do Departamento de Saúde Pública da UFSC, há poucos estudos que tratem da saúde bucal das pessoas transgênero e que considerem as especificidades desse público. “Não temos dados oficiais em pesquisas como o Censo, ou em pesquisas nacionais que revelem dados epidemiológicos. Estimamos, por exemplo, que a população trans no Brasil seja composta por 2% de toda a população brasileira, o que dá aproximadamente 4 milhões de pessoas. Mas esta é uma estimativa baseada em estudos mundiais, pois não há dados oficiais no país”, ressalta ela, que coordenou a pesquisa Transbucal em Florianópolis e é líder da pesquisa nacional.

Nessa perspectiva, a população trans enfrenta uma situação de invisibilidade tanto no que diz respeito à saúde geral quanto à saúde bucal. “As pessoas trans enfrentam uma série de barreiras para acessar serviços de saúde de modo geral, e a situação é mais dramática do ponto de vista da saúde bucal”, constata a professora. Nem mesmo a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais contempla a saúde bucal desse grupo. Andreia ressalta que os serviços de saúde transespecíficos do SUS, como o Ambulatório Trans de Florianópolis, não preveem a inclusão de equipes de saúde bucal. “Eu costumo dizer que, para as políticas públicas, a população trans não tem boca”, ironiza. “Nós advogamos por esse princípio de inclusão social, da saúde bucal como um direito social. Para chegar nisso, é preciso ter dados que nos permitam entender, de forma precisa, a necessidade de olhar para a saúde bucal desse público específico”, diz a professora Andreia.

Etapa local: Transbucal Floripa
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No Dia Nacional da Visibilidade Trans, UFSC lança campanha contra a transfobia

29/01/2024 11:24

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) lança nesta segunda-feira, 29 de janeiro, Dia Nacional da Visibilidade Trans, a campanha UFSC contra a Transfobia. A Coordenadoria de Design e Programação Visual da Agência de Comunicação (CDPV/Agecom), em conjunto com a Coordenadoria de Diversidade Sexual e Enfrentamento de Violência de Gênero (CDGEN), da Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Equidade (Proafe), produziu materiais gráficos, tanto para internet quanto impressos, com o objetivo de divulgar os canais institucionais para denúncias e dar visibilidade ao fluxo após o registro.

Assim, a campanha UFSC contra a Transfobia começa pelas redes sociais e sites da Universidade, mas deve ganhar força a partir de março, pois o dia 31 desse mês marca o Dia Internacional da Visibilidade Transgênero. Nessa data, há previsão do lançamento de um manual anti transfobia, que está sendo produzido pela Agência de Comunicação (Agecom) em parceria com a Proafe. O Instagram da CDGEN já vem fazendo postagens a respeito há alguns dias. 

O dia 29 de janeiro é uma data que marca a luta por direitos das pessoas travestis, transexuais e transgêneros, que enfrentam desafios persistentes, como a violência e discriminação. O Brasil é o país que mais mata pessoas trans, de acordo com dados do Transgender Europe (TGEU) atualizados em 2023 e obtidos pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA).

“A campanha é fundamental para conscientizar e informar as pessoas na comunidade Universitária e na comunidade do entorno. A informação traz o conhecimento e também ajuda no combate ao preconceito e às violências”, explica Leslie Sedrez Chaves, pró-reitora de Ações Afirmativas e Equidade da UFSC. “A expectativa é que a gente construa um ambiente mais acolhedor e seguro para todas as pessoas e que promova uma sociedade mais equânime, mais diversa,  e que garanta o respeito aos direitos de todes, todas e todos”, conclui.

Resolução reserva vagas para trans

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UFSC na Mídia: podcast ‘Histórias Plurais’ aborda Política de Ações Afirmativas para pessoas trans na UFSC

10/10/2023 09:59

O podcast Histórias Plurais veiculou, em 20 de setembro, o episódio “Trans UFSC“, em que aborda a construção da política de ações afirmativas para pessoas trans na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O episódio narra “como a universidade federal de um dos estados mais conservadores do Brasil aprovou a política de ações afirmativas para pessoas trans mais abrangente do país”, conforme descreve a jornalista Stefani Ceolla, que lançou o Histórias Plurais com a jornalista Carol Passos em setembro. As duas são estudantes da UFSC.
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Professora da UFSC integra Grupo de Trabalho para aprimorar políticas de acesso à saúde de pessoas trans

03/08/2023 10:46

Grupo de Trabalho teve primeira reunião nesta quinta-feira, 29 de junho. Foto: Divulgação)

A professora Helena Moraes Cortes, do Departamento de Enfermagem da UFSC, passou a integrar, em junho, um Grupo de Trabalho (GT) da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde (SAES/MS), especificamente para reelaborar a proposta de cuidado para pessoas trans no âmbito do SUS. 

O GT irá rever a Portaria do Processo Transexualizador, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). “É uma das portarias mais potentes do SUS, e que merece, de fato, uma revisão ampla, para evoluir e consolidar essa política de cuidados trans específicos”, explica Helena. A Portaria, criada em 2008, foi revisada em 2013, e agora passará por nova avaliação.

Além da revisão da Portaria, o GT deverá sugerir políticas para o aprimoramento dos fluxos assistenciais e melhorias do processo decisório, os quais embasarão as ações de aperfeiçoamento da Política de Saúde direcionadas à população trans por meio de uma linha de cuidado. A primeira reunião do GT foi em 29 de junho. O GT é formado por cerca de 30 pessoas, incluindo pesquisadores, trabalhadores da saúde, membros do movimento social. 
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