Estudo da UFSC aponta áreas de preservação ameaçadas por espécie invasora

23/05/2025 08:31

Pesquisadores fazendo o manejo do coral-sol na REBIO Arvoredo – Ilha do Arvoredo – Santa Catarina (Foto: Marcelo Crivellaro – Acervo PACS Arvoredo)

Um estudo inédito publicado na revista Marine Pollution Bulletin utiliza a modelagem para prever a potencial distribuição e avaliar o risco de invasão do coral-sol (Tubastraea spp.) em Áreas Marinhas Protegidas federais brasileiras.A pesquisa revela quais dessas áreas estão mais ameaçadas e aponta a indústria de petróleo e gás como um fator chave no alastramento da espécie invasora. O artigo é fruto do trabalho de conclusão de curso da acadêmica de Oceanografia da Universidade Federal de Santa Catarina, Millene Ohanna, e foi orientado pelo pesquisador Thiago Silveira no Laboratório de Ecologia de Ambientes Recifais, e coordenado pela professora Bárbara Segal, do departamento de Ecologia e Zoologia.

Os resultados destacam que a variável mais importante para a distribuição do coral-sol nos modelos foi a extração de petróleo e gás. As estruturas associadas a esta indústria servem como habitats favoráveis e vetores de dispersão. Ao avaliar o risco de invasão para as áreas federais, o estudo classificou as com maior vulnerabilidade, considerando a adequabilidade de habitat indicada pelo modelo e o nível de proteção. A Reserva Extrativista Arapiranga-Tromaí (MA), o Monumento Natural das Ilhas de Trindade e Martim Vaz (ES) e Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais (PE) foram identificadas como as mais ameaçadas pela invasão do coral-sol.

A pesquisa também aponta para o alto risco de invasão na região próxima à foz do Rio Amazonas, uma área de grande relevância biológica e que tem sido alvo de discussões sobre planos de exploração de petróleo. O modelo prevê que esta área possui habitat adequado e está sob risco devido à proximidade potencial com atividades da indústria de petróleo e gás.

O coral-sol (Tubastraea coccinea e Tubastraea tagusensis), espécie invasora na costa brasileira, pode alterar habitats e comunidades nativas. Sua introdução no Brasil ocorreu no final da década de 1980 na Bacia de Campos, Rio de Janeiro, principalmente por conta da bioincrustação em estruturas artificiais da indústria de petróleo e gás, como plataformas e navios de perfuração. Desde então, ele se espalhou por mais de 3000 quilômetros da costa brasileira, colonizando tanto estruturas artificiais quanto recifes naturais.

Reserva Extrativista Arapiranga-Tromaí (Foto: Instituto Chico Mendes)

Diferentemente do que ocorria até então, esta pesquisa incluiu variáveis ambientais – como temperatura, salinidade e batimetria – e antropogênicas, relacionadas a atividades humanas, como a proximidade a áreas de extração de petróleo e gás, portos e naufrágios. A inclusão de fatores humanos foi importante pois a introdução e dispersão do coral-sol estão frequentemente ligadas a essas atividades.

Controlar espécies invasoras é um dos maiores desafios para a conservação da biodiversidade. Os pesquisadores explicam que a modelagem de distribuição espacial, como a utilizada no estudo, é uma ferramenta decisiva para prever onde espécies invasoras podem se estabelecer.

A precisão da modelagem, particularmente com a inclusão de preditores antropogênicos, oferece uma base científica robusta para o Plano Nacional de Prevenção, Controle e Monitoramento do Coral-Sol. O estudo enfatiza que confiar apenas em preditores ambientais pode levar a uma alocação menos eficaz de recursos.
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Laboratórios da UFSC apresentam trabalhos sobre o combate ao Coral-Sol em congresso internacional

11/09/2024 13:21

Integrantes de laboratórios ligados à UFSC participaram do evento em Itajaí. Foto: arquivo pessoal

As pesquisas realizadas na UFSC que abordam o combate ao Coral-Sol (Tubastraea coccinea) na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (Rebio Arvoredo) e áreas de entorno foram apresentadas no Congresso Latino-Americano de Ciências do Mar (Colacmar 2024), que ocorreu em Itajaí (SC), no último mês.  Dentre as inovações tecnológicas levadas para o evento estão aquelas desenvolvidas pelo Laboratório de Tecnologia Subaquática (LaSub) bem como por estudos detalhados por parte do Laboratório de Ecologia em Ambientes Recifais (LabAR).

No congresso, a equipe do LaSub, que compõe o eixo de inovação do projeto, apresentou duas ferramentas inovadoras: o martelete pneumático e a escova elétrica, ambas desenvolvidas para a remoção eficiente do Coral-Sol, uma espécie invasora que ameaça a biodiversidade marinha. O martelete pneumático foi projetado para facilitar a remoção grosseira dos corais que se fixam de maneira firme nas superfícies rochosas. A escova elétrica, por outro lado, permite a limpeza fina das áreas afetadas.

Coleta do Coral-Sol (Tubastraea coccinea). Foto: arquivo pessoal

De acordo com o equipe do Laboratório, as ferramentas foram desenvolvidas visando o mínimo impacto no ambiente marinho. Essas tecnologias representam um avanço significativo nas estratégias de manejo do Coral-Sol, permitindo uma intervenção mais eficaz nos costões rochosos da REBIO Arvoredo. O trabalho é fruto de uma colaboração interdisciplinar dentro do Plano de Ação para Controle e Prevenção do Coral-Sol, envolvendo engenheiros, biólogos e técnicos especializados.

Além das inovações tecnológicas do LaSub, a equipe do Laboratório de Ecologia em Ambientes Recifais, que lidera os eixos de pesquisa e monitoramento no projeto, apresentou quatro produções no congresso: um estudo detalhado sobre a estrutura populacional das colônias manejadas do Coral-Sol na Rebio Arvoredo; um estudo que explorou o ciclo reprodutivo do coral com foco sobre a liberação de larvas pela espécie; outro estudo sobre a maneira como a geomorfologia dos costões rochosos influencia a distribuição desse coral invasor; e, por fim, um estudo sobre a variação sazonal da composição lipídica desses corais.

Saiba mais no site do congresso.

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UFSC na Mídia: pesquisa e ação de retirada de corais invasores é destaque na mídia nacional

02/01/2024 09:20

O combate ao coral sol, espécie invasora do animal marinho, e a parceria entre a UFSC e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICM-Bio) foi destaque na mídia nacional e local na última semana. A matéria foi ao ar no Jornal Hoje de 27 de dezembro, e no Bom Dia SC desta terça, 2 de janeiro.

Assista à reportagem completa.

A equipe de reportagem acompanhou o processo de retirada dos corais na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e também nos laboratórios da UFSC onde ele é estudado. A coordenadora do projeto, professora Bárbara Segal foi entrevistada, assim como o coordenador executivo Marcio Soldateli e o pesquisador Marcelo Crivellaro.

Nativo dos oceanos Índico e Pacífico, o coral sol é encontrado em áreas costeiras do Ceará a Santa Catarina e sua proliferação ameaça as espécies nativas de corais do nosso litoral. O trabalho de controle e pesquisa dessa espécie ocorre há 11 anos por meio da parceria UFSC e ICM-Bio.

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UFSC e ICMBio descobrem novo foco de espécies invasoras marinhas no litoral catarinense

28/06/2013 17:42

Bioinvasor marinho, coral-sol foi localizado na parte sul da Ilha do Arvoredo.
Foto: Bruna Gregoletto

Um ano após ter registrado pela primeira vez a presença da espécie invasora coral-sol (Tubastraea coccinea) na face oeste da Ilha do Arvoredo, pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Instituto Chico Mendes (ICMBio) encontraram um novo foco, desta vez na parte sul da mesma ilha. A descoberta foi feita pela pesquisadora do Laboratório de Biodiversidade Marinha da UFSC, Bruna Folchini Gregoletto, no dia 9 de abril de 2013.
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Espécie de coral invasor é encontrada novamente na Ilha do Arvoredo

22/10/2012 15:47

Coral-Sol – foto Bruna Gregoletto/ UFSC

Colônias da espécie invasora Tubastraea coccínea, conhecida como coral-sol, foram encontradas novamente há alguns dias na Ilha do Arvoredo, litoral de Santa Catarina. A descoberta foi feita pela pesquisadora Adriana Carvalhal Fonseca, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio – http://www.icmbio.gov.br/portal/), com o aluno de Biologia da UFSC Jonathan Lawley e a aluna de Oceanografia Bruna Gregoletto, que fazem parte do Projeto Biodiversidade Marinha UFSC/Fapesc. A espécie exótica já tinha sido detectada na Reserva Marinha Biológica do Arvoredo em janeiro deste ano pelos biólogos Edson Faria-Junior, Cecília Pascelli e Paulo Bertuol. Será necessário um monitoramento constante e a longo prazo, tanto na Ilha do Arvoredo, quanto em ilhas próximas, que também podem ser afetadas por esta bioinvasão.

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Coral invasor é localizado no entorno da Reserva Marinha Biológica do Arvoredo

17/02/2012 08:20

O coral-sol é uma espécie invasora, pois onde se fixa domina o ambiente. Foto de Otto Schubart Neto/ Divulgação Bertuol Escola de Mergulho

Uma equipe que inclui representantes da UFSC, UFRJ, UERJ e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)  vai a campo quinta e sexta-feira (16 e 17/02) para documentar a extensão e as características de colônias de coral-sol  em área próxima à Reserva Marinha Biológica do Arvoredo, litoral de Santa Catarina.

A espécie exótica e invasora foi encontrada no início de janeiro, durante uma operação organizada pela Bertuol Escola de Mergulho, localizada em Bombinhas. É a primeira vez que o coral-sol Tubastraea coccinea é observado em costão rochoso no Sul do Brasil. Em plataformas de petróleo já havia sido documentado.

“Foi durante uma operação de mergulho recreativo, na Ilha do Arvoredo, em uma profundidade de quatro metros”, conta a bióloga Cecília Pascelli, que se formou no Curso de Biologia da UFSC e agora faz seu mestrado na UFRJ, com estudos de campo na Reserva Marinha Biológica do Arvoredo.

Ainda que o foco de suas pesquisas agora sejam as esponjas marinhas, Cecília já conhecia a beleza e a ameaça do coral invasor, que chamou sua atenção. Em uma saída de campo seguinte uma amostra foi removida e a identificação confirmada na UFSC, pela equipe do projeto Biodiversidade Marinha de Santa Catarina.

O grupo fez contato com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e também com o Projeto Coral-Sol, criado em 2005 pela UERJ e pelo Instituto de Biodiversidade Marinha com a proposta de controlar o coral exótico invasor atuando em pesquisas, monitoramentos e remoção no litoral brasileiro.

A volta ao local de ocorrência em Santa Catarina esta semana tem como objetivo investigar a distribuição e as características das colônias, como estão instaladas, entre outras características. De acordo com o professor Alberto Lindner, do Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC, o mapeamento ajudará a equipe a definir que ação pode ser adotada com a espécie que já invadiu diversas áreas do litoral do Rio de Janeiro e São Paulo. “O tamanho da colônia que recebemos para identificação nos indica que ela tem mais de um ano, portanto sobrevive no litoral de Santa Catarina tanto no inverno como no verão”, explica Lindner.

A equipe vai também aproveitar a ocorrência para divulgar informações sobre o coral-sol no Estado, especialmente entre operadoras de mergulho, para que a possibilidade de avistar o invasor seja multiplicada. “O mergulho recreativo é uma atividade, em minha opinião, de baixo impacto, e que pode ajudar no monitoramento dos ambientes. A grande ressalva é que no caso de encontrar o coral, as pessoas não devem coletar, pois partes fragmentadas podem levar à reprodução em outros locais. As pessoas devem somente comunicar o Projeto Coral-Sol”, alerta Lindner.

“A expedição dessa semana vai nos mostrar se é viável fazer a remoção, pois há pesquisas que indicam situações em que a localização de uma espécie considerada exótica e invasora já não permite mais o seu controle, do ponto de vista de custo de remoção”, explica o professor que trabalha com a professora Bárbara Segal Ramos, também do Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC, para iniciar um projeto de monitoramento do coral-sol em Santa Catarina.

Originário da região do oceano Indo-Pacífico, o coral-sol foi observado na década de 1950 no Caribe. Em 1990 chegou a plataformas de petróleo na Bacia de Campos, na costa norte do Rio de Janeiro, e depois a costões rochosos do Rio. Atualmente cobre grandes extensões de costão na Ilha Grande (RJ) e da Ilhabela (SP).

A espécie é considerada exótica e invasora, pois onde se fixa domina o ambiente. Sua presença pode interferir na dinâmica do bentos, que incluem esponjas e algas, entre outros organismos que vivem no substrato marinho.  Em casos extremos pode também interferir na macrofauna e gerar impactos na cadeia alimentar de alguns peixes.

Mais informações:
Professor Alberto Lindner (alindner@ccb.ufsc.br  / Fone: (48) 3721-4744)
Bióloga Cecília Pascelli (ceciliapascelli@yahoo.com.br)

Por Arley Reis / Jornalista da Agecom

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