UFSC promove evento multidisciplinar sobre Cannabis e a conexão com ciência e saúde

21/07/2025 19:13

Acolhimento dos anfitriões. Foto: SECOM/UFSC

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) realiza, nesta segunda e terça-feira, 21 e 22 de julho, o FloriCannabis ConexõeS – Ciência e Saúde: Diálogos Multidisciplinares sobre a Cannabis Sativa e suas Interfaces Sociais, Científicas e Institucionais. Promovido em parceria com a Associação Cannabis Sem Fronteiras (ACSF) e o Centro de Ciências Agrárias (CCA), o evento reúne especialistas, pacientes, representantes do poder público, ativistas e a comunidade em geral, configurando-se como um marco no diálogo sobre os potenciais da planta e suas implicações sociais e científicas.

A abertura oficial do evento ocorreu no Auditório Garapuvu, no Centro de Cultura e Eventos da UFSC, e trouxe momentos marcantes com uma apresentação cultural e o depoimento comovente de uma mãe que relatou os desafios enfrentados na busca pelo tratamento à base de Cannabis para seu filho. Para suavizar o impacto emocional do depoimento, a mediação foi conduzida por Moriel da Costa, guitarrista da banda Dazaranha, que trouxe um tom descontraído à cerimônia.

O reitor da UFSC, Irineu Manoel de Souza, presente na ocasião, destacou a relevância do evento, afirmando que é mais que uma iniciativa acadêmica, “um movimento em direção a um futuro mais consciente, inclusivo e informado”. “Como universidade pública temos o compromisso de transformar a sociedade, promover debates relevantes como este e contribuir para um mundo mais justo e solidário”, complementou. Durante a abertura, outros representantes institucionais e ativistas reforçaram a importância de ocupar espaços acadêmicos para debater o tema. Jean Medeiros e Paulinho Coelho, presidente e vice da ACSF, respectivamente, destacaram os impactos do proibicionismo na relação da sociedade com a Cannabis e celebraram o evento como uma oportunidade única de transformação, lembrando que “o maior combustível dos ativistas é ver famílias retomando qualidade de vida e a felicidade de crianças e idosos”.
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Tags: Associação Cannabis Sem FronteirasCannabis sativaCCACentro de Cultura e EventosFloriCannabis ConexõeSPROPESQPROPGUFSC

Inscrições abertas para evento que promove a cultura canábica

15/07/2025 16:28

A Associação Cannabis Sem Fronteiras (ACSF) e o Centro de Ciências Agrárias (CCA) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) estão com as inscrições abertas para o encontro FloriCannabis ConexõeS – Ciência e Saúde: Diálogos Multidisciplinares sobre a Cannabis Sativa e suas Interfaces Sociais, Científicas e Institucionais. O evento ocorre entre os dias 21 e 22 de julho no Centro de Cultura de Eventos da UFSC, no Auditório Garapuvu.

O FloriCannabis ConexõeS é um movimento em direção a um futuro mais consciente, inclusivo e informado. O propósito do encontro é promover a cultura canábica, criando um espaço de intercâmbio entre associações de pacientes, comunidade científica, profissionais de saúde, representantes do poder público e comunidade em geral. O evento busca fortalecer as conexões que impulsionam a liberdade e o uso responsável da Cannabis sativa, destacando suas propriedades medicinais e seu papel na construção de uma sociedade mais justa.

A participação é gratuita e está vinculada à campanha de arrecadação de roupas de inverno e cobertores para doação à Casa de Passagem e Ponto de Cultura Indígena Goj Tá Sa, em Florianópolis.

Programação

21 de Julho

13h20 – Roda de Conversa (Sala Aroeira): Integração de Associações Canábicas

15h– Credenciamento/Abertura Feira e ConexõeS (Hall principal)

15h– Acolhimento a pacientes de Cannabis Medicinal – ACSF (Sala Laranjeira)

16h20 – Abertura Oficial (Auditório Garapuvu): Apresentação artística cultural

16h40 – Acolhimento Anfitriões (Auditório Garapuvu)

17h – Diálogo 1 – Cannabis sativa e sua Cadeia Produtiva (Auditório Garapuvu)

19h – Atração Cultural (Hall principal)

Roda de Capoeira

19h30 – Oficina (Sala Goiabeira): Uso Integral da Fibra de Cânhamo

20h – Roda de Conversa (Sala Pitangueira): integração de Estudantes e Pesquisadores canábicos

 

22 de Julho

8h – Credenciamento/Feira e ConexõeS (Hall principal)

8h – Acolhimento a pacientes de Cannabis Medicinal – ACSF (Sala Laranjeira)

8h – Recreação Infantil (Sala Goiabeira)

08h40 – Abertura Diálogos (Auditório Garapuvu)

9h – Diálogo 2 – Ancestralidade e 100 anos de proibição da planta Sagrada Cannabis 

10h30 – Diálogo 3 – Saúde sem Fronteiras 

11h5o Homenagem Médico Paulo César Bittencourt Trevisan

12h – Intervalo Almoço

14h – Diálogo 4 – Ponte para o Futuro: da proibição à reparação

16h20 – Diálogo 5 – Conexões: Ciência, Saúde e Meio Ambiente (Auditório Garapuvu)

17h35 – Conectores Diálogos – Integração das mediações dos diálogos (Auditório Garapuvu)

18h –  Exposição e ConexõeS (Auditório Garapuvu)

 

Para mais informações, acesse o Instagram @floricannabisconexoes e faça sua inscrição no formulário.

Tags: Auditório GarapuvuCannabis sativaCCACentro de Cultura de Eventosciência e saúdeFloriCannabisUFSCUniversidade Federal de Santa Catarina

Pesquisas reforçam potencial da Cannabis no alívio da ansiedade provocada por trauma

21/06/2011 11:53

Um componente químico da maconha mostra cada vez mais potencial de se transformar em aliado no tratamento das sequelas emocionais deixadas pelo trauma. Experimentos indicam que o canabidiol, um dos mais de 80 constituintes da Cannabis sativa, pode ajudar no tratamento de indivíduos que sofrem de ansiedade provocada por experiência traumática. Resultados positivos têm sido obtidos em pesquisas desenvolvidas junto ao Laboratório de Psicofarmacologia, ligado ao Departamento de Farmacologia da UFSC. Os estudos com animais em laboratório resultaram em artigos científicos publicados em importantes periódicos internacionais, como o European Neuropsychopharmacologye.

Assalto ou atropelamento

Nestas pesquisas os animais recebem um choque moderado nas patas, simulando uma situação traumática. Quando são novamente expostos ao ambiente de condicionamento, relembram a situação e expressam uma reação de medo, caracterizada por imobilidade e conhecida como congelamento. Registrando o tempo de congelamento, os pesquisadores avaliam a intensidade do medo provocado pela lembrança do trauma.

O coordenador dos estudos, professor Reinaldo Takahashi, explica que é semelhante ao que acontece com uma pessoa que foi assaltada numa determinada rua da cidade e fica com medo sempre que tem que passar por ali. Ou ao medo sentido por uma pessoa que foi atropelada. toda vez que ouve uma freada de carro.

Segundo ele, em uma perspectiva terapêutica, a maneira mais eficaz de se reduzir o medo em animais de laboratório consiste em realizar sucessivas exposições ao ambiente de condicionamento. Assim os animais se adaptam à situação e reaprendam que aquele local deixou de ser ameaçador.

Em humanos, este tratamento é chamado de terapia de exposição e funciona mais ou menos da mesma forma. “Os principais resultados de nossos estudos demonstraram que o canabidiol facilita esse processo de reaprendizado emocional, tornando a exposição terapêutica muito mais eficiente e com efeitos prolongados”, explica o professor Takahashi.

Função ansiolítica

A pesquisa indica que o canabidiol poderia ser associado a tratamentos psicológicos como a terapia comportamental, ajudando a atenuar traumas. Além disso, o canabidiol reduziu a ansiedade dos animais que passaram pelo processo de condicionamento. A avaliação faz a equipe supor que esse constituinte da maconha funciona como um ansiolítico, o medicamento que combate a ansiedade. A vantagem é que o canabidiol possui características mais interessantes do que as substâncias benzodiazepínicas comumente usadas nesta terapia e que podem ter entre seus efeitos colaterais dependência, sonolência excessiva, piora da memória, tonturas e zumbidos.

Outra vantagem sinalizada pelos estudos realizados na UFSC é que o canabidiol também não provoca efeitos típicos da maconha, como falhas na memória recente, taquicardia, boca seca, incoordenação motora, agitação e tosse. Esses sintomas são causados principalmente por outro canabinóide, o conhecido tetrahidrocanbinol (THC). “Então, além de ser terapêutico, estima-se que se o canabidiol for utilizado como medicamento, terá poucos efeitos colaterais”, complementa o professor.

Reaprendizado emocional

Os estudos desenvolvidos na UFSC auxiliam também na compreensão da fisiologia do cérebro, dos processos cerebrais relacionados à retomada da memória traumática e ao consequente reaprendizado emocional. Dando continuidade aos experimentos, o doutorando do Programa de Pós-Graduação em Farmacologia da UFSC Rafael Bitencourt, orientando do professor Reinaldo Takahashi, aprofundou as pesquisas e obteve resultados importantes.

Seus estudos sugerem que há uma interação entre o sistema responsável por parte das respostas ao estresse, o sistema corticosteróide, e o sistema endocanabinóide, que ocorre no decorrer do processo de reaprendizado.

O primeiro está relacionado a hormônios que possuem um papel importante na regulação do metabolismo e o segundo, o sistema endocanabinóide, é formado por mensageiros cerebrais produzidos pelo próprio organismo e que parecem ter evoluído como parte da comunicação entre os neurônios (uma espécie de “fábrica natural” de maconha que os vertebrados possuem).

“Um determinado nível de estresse diante de uma situação traumática é necessário para que ocorra liberação de substâncias no nosso cérebro, levando à indução da produção dos endocanabinóides. Estes endocanabinóides facilitariam o processo de reaprendizado emocional, impedindo ou amenizando as chances de uma pessoa desenvolver um trauma”, explica Rafael.

Para os pesquisadores, o melhor entendimento do processo de reaprendizado emocional em situações potencialmente traumáticas pode facilitar a procura por condutas terapêuticas para aqueles indivíduos que desenvolvem algum transtorno relacionado à persistência de uma memória traumática. O conhecimento sobre os endocanabinóides também pode ajudar na concepção de terapias que aproveitem as propriedades terapêuticas da maconha.

“O futuro dirá se os canabinóides um dia passarão de substâncias proibidas a aliados no tratamento das sequelas emocionais deixadas pelo trauma”, complementa o professor Takahashi, pesquisador que será homenageado em outubro com o Prêmio Destaque Pesquisador UFSC 2011.

Mais informações: takahashi@farmaco.ufsc.br / Telefone: (48) 3721-9764 Ramal: 227

Por Reinaldo N. Takahashi e Rafael M. Bitencourt, com edição de Arley Reis

Em busca de pesquisadores, consulte o Guia de Fontes da UFSC

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Tags: Cannabis sativaUFSC

Pesquisas reforçam potencial da Cannabis no alívio da ansiedade provocada por trauma

20/06/2011 13:05

Um componente químico da maconha mostra cada vez mais potencial de se transformar em aliado no tratamento das sequelas emocionais deixadas pelo trauma. Experimentos indicam que o canabidiol, um dos mais de 80 constituintes da Cannabis sativa, pode ajudar no tratamento de indivíduos que sofrem de ansiedade provocada por experiência traumática. Resultados positivos têm sido obtidos em pesquisas desenvolvidas junto ao Laboratório de Psicofarmacologia, ligado ao Departamento de Farmacologia da UFSC. Os estudos com animais em laboratório resultaram em artigos científicos publicados em importantes periódicos internacionais, como o European Neuropsychopharmacologye.

Assalto ou atropelamento

Nestas pesquisas os animais recebem um choque moderado nas patas, simulando uma situação traumática. Quando são novamente expostos ao ambiente de condicionamento, relembram a situação e expressam uma reação de medo, caracterizada por imobilidade e conhecida como congelamento. Registrando o tempo de congelamento, os pesquisadores avaliam a intensidade do medo provocado pela lembrança do trauma.

O coordenador dos estudos, professor Reinaldo Takahashi, explica que é semelhante ao que acontece com uma pessoa que foi assaltada numa determinada rua da cidade e fica com medo sempre que tem que passar por ali. Ou ao medo sentido por uma pessoa que foi atropelada. toda vez que ouve uma freada de carro.

Segundo ele, em uma perspectiva terapêutica, a maneira mais eficaz de se reduzir o medo em animais de laboratório consiste em realizar sucessivas exposições ao ambiente de condicionamento. Assim os animais se adaptam à situação e reaprendam que aquele local deixou de ser ameaçador.

Em humanos, este tratamento é chamado de terapia de exposição e funciona mais ou menos da mesma forma. “Os principais resultados de nossos estudos demonstraram que o canabidiol facilita esse processo de reaprendizado emocional, tornando a exposição terapêutica muito mais eficiente e com efeitos prolongados”, explica o professor Takahashi.

Função ansiolítica

A pesquisa indica que o canabidiol poderia ser associado a tratamentos psicológicos como a terapia comportamental, ajudando a atenuar traumas. Além disso, o canabidiol reduziu a ansiedade dos animais que passaram pelo processo de condicionamento. A avaliação faz a equipe supor que esse constituinte da maconha funciona como um ansiolítico, o medicamento que combate a ansiedade. A vantagem é que o canabidiol possui características mais interessantes do que as substâncias benzodiazepínicas comumente usadas nesta terapia e que podem ter entre seus efeitos colaterais dependência, sonolência excessiva, piora da memória, tonturas e zumbidos.

Outra vantagem sinalizada pelos estudos realizados na UFSC é que o canabidiol também não provoca efeitos típicos da maconha, como falhas na memória recente, taquicardia, boca seca, incoordenação motoraagitação e tosse. Esses sintomas são causados principalmente por outro canabinóide, o conhecido tetrahidrocanbinol (THC). “Então, além de ser terapêutico, estima-se que se o canabidiol for utilizado como medicamento, terá menospoucos efeitos colaterais”, complementa o professor.

Reaprendizado emocional

Os estudos desenvolvidos na UFSC auxiliam também na compreensão da fisiologia do cérebro, dos processos cerebrais relacionados à retomada da memória traumática e ao consequente reaprendizado emocional. Dando continuidade aos experimentos, o doutorando do Programa de Pós-Graduação em Farmacologia da UFSC Rafael Bitencourt, orientando do professor Reinaldo Takahashi, aprofundou as pesquisas e obteve resultados importantes.

Seus estudos sugerem que há uma interação entre o sistema responsável por parte das respostas ao estresse, o sistema corticosteróide, e o sistema endocanabinóide, que ocorre no decorrer do processo de reaprendizado.

O primeiro está relacionado a hormônios que possuem um papel importante na regulação do metabolismo e o segundo, o sistema endocanabinóide, é formado por mensageiros cerebrais produzidos pelo próprio organismo e que parecem ter evoluído como parte da comunicação entre os neurônios (uma espécie de “fábrica natural” de maconha que os vertebrados possuem).

“Um determinado nível de estresse diante de uma situação traumática é necessário para que ocorra liberação de substâncias no nosso cérebro, levando à indução da produção dos endocanabinóides. Estes endocanabinóides facilitariam o processo de reaprendizado emocional, impedindo ou amenizando as chances de uma pessoa desenvolver um trauma”, explica Rafael.

Para os pesquisadores, o melhor entendimento do processo de reaprendizado emocional em situações potencialmente traumáticas pode facilitar a procura por condutas terapêuticas para aqueles indivíduos que desenvolvem algum transtorno relacionado à persistência de uma memória traumática. O conhecimento sobre os endocanabinóides também pode ajudar na concepção de terapias que aproveitem as propriedades terapêuticas da maconha.

“O futuro dirá se os canabinóides um dia passarão de substâncias proibidas a aliados no tratamento das sequelas emocionais deixadas pelo trauma”, complementa o professor Takahashi, pesquisador que será homenageado em outubro com o Prêmio Destaque Pesquisador UFSC 2011.

Mais informações: takahashi@farmaco.ufsc.br / Telefone: (48) 3721-9764 Ramal: 227

Por Reinaldo N. Takahashi e Rafael M. Bitencourt, com edição de Arley Reis

Tags: Cannabis sativafarmacologiamaconha