Professores da UFSC colaboram em guia do Ministério do Esporte sobre autismo e atividade física
Dois professores da Universidade Federal de Santa Catarina estão entre os autores do Guia de Atividade Física para Pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo – TEA, lançado pelo Ministério do Esporte com apoio da Secretaria Nacional de Paradesporto. Joana Gaspar, coordenadora do Laboratório de Neuro-Imuno Metabolismo, e Humberto Carvalho, professor no Programa de Pós-Graduação em Psicologia, integram o grupo de dez especialistas que oferecem orientações detalhadas para profissionais de Educação Física sobre o TEA.
O material foi apresentado oficialmente na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, durante a 18ª Conferência dos Estados-Partes da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, reforçando o compromisso do Brasil com a promoção dos direitos humanos e da inclusão social. O lançamento no Brasil ocorrerá no dia 2 de julho, em Brasília, na sede do Ministério do Esporte. Conforme Joana, o convite para integrar o núcleo de autores ocorreu pois todos os docentes participantes já eram colaboradores de vários trabalhos de pesquisa na área do TEA, com publicações em conjunto.
De acordo com Joana, os professores trabalharam com uma revisão de escopo, um tipo de estudo que busca mapear a literatura existente sobre um tema específico, identificando conceitos-chave, fontes de evidência e lacunas de pesquisa. “Diferente de uma revisão sistemática, a revisão de escopo não tem como objetivo principal avaliar a qualidade da evidência ou responder a uma pergunta de pesquisa específica, mas sim fornecer uma visão geral do que se sabe sobre o tema”, explica. Estruturado em cinco capítulos, o documento aborda fundamentos conceituais, protocolos de avaliação e estratégias práticas para ampliar a participação de pessoas com TEA em atividades físicas e esportivas, subsidiando o trabalho de profissionais da área em todo o país.
O guia discute o conceito de TEA e explora os benefícios da atividade física na melhoria da comunicação, interação social e redução de comportamentos repetitivos. O documento também apresenta métodos de avaliação pré-intervenção, como escalas e testes motores, e descreve o Protocolo do Programa de Exercício Físico-Autismo (PEP-Aut), com diretrizes para a estrutura das sessões e adaptações necessárias. Ainda, enfatiza a importância da rede de apoio familiar e dos cuidadores na promoção de um estilo de vida mais ativo para indivíduos com TEA, ressaltando que qualquer forma de atividade física contribui para a saúde.
“O guia ajuda a reconhecer as particularidades das pessoas com TEA, considerando aspectos como sensibilidade sensorial, dificuldades de comunicação e interação social, comportamentos repetitivos e barreiras motoras. Esse reconhecimento é essencial para adaptar práticas e ambientes, promovendo inclusão verdadeira nas atividades físicas”, reforça a professora. De acordo com ela, o documento traz recomendações baseadas em evidências, o que contribui para fornecer embasamento técnico a profissionais de educação e esporte, bem como apoiar pais, cuidadores e educadores na promoção de uma vida mais ativa e saudável.
“A atividade física regular está associada a benefícios físicos, mentais e sociais, especialmente importantes para pessoas com TEA, tais como a melhora da coordenação motora e controle postural, redução da ansiedade e comportamentos estereotipados e aumento da autoestima e da socialização. O guia pode ajudar a estabelecer diretrizes específicas apoiando a formulação de políticas públicas inclusivas, sensibilizar gestores e instituições sobre a importância da acessibilidade nas práticas esportivas e incentivar a criação de projetos adaptados e programas comunitários”, comenta Joana.