Professores da UFSC colaboram em guia do Ministério do Esporte sobre autismo e atividade física

24/06/2025 09:33

Imagem de Mimzy por Pixabay

Dois professores da Universidade Federal de Santa Catarina estão entre os autores do Guia de Atividade Física para Pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo – TEA, lançado pelo Ministério do Esporte com apoio da Secretaria Nacional de Paradesporto. Joana Gaspar, coordenadora do Laboratório de Neuro-Imuno Metabolismo, e Humberto Carvalho, professor no Programa de Pós-Graduação em Psicologia, integram o grupo de dez especialistas que oferecem orientações detalhadas para profissionais de Educação Física sobre o TEA.

O material foi apresentado oficialmente na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, durante a 18ª Conferência dos Estados-Partes da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, reforçando o compromisso do Brasil com a promoção dos direitos humanos e da inclusão social. O lançamento no Brasil ocorrerá no dia 2 de julho, em Brasília, na sede do Ministério do Esporte. Conforme Joana, o convite para integrar o núcleo de autores ocorreu pois todos os docentes participantes já eram colaboradores de vários trabalhos de pesquisa na área do TEA, com  publicações em conjunto.

De acordo com  Joana, os professores trabalharam com uma revisão de escopo, um tipo de estudo que busca mapear a literatura existente sobre um tema específico, identificando conceitos-chave, fontes de evidência e lacunas de pesquisa. “Diferente de uma revisão sistemática, a revisão de escopo não tem como objetivo principal avaliar a qualidade da evidência ou responder a uma pergunta de pesquisa específica, mas sim fornecer uma visão geral do que se sabe sobre o tema”, explica. Estruturado em cinco capítulos, o documento aborda fundamentos conceituais, protocolos de avaliação e estratégias práticas para ampliar a participação de pessoas com TEA em atividades físicas e esportivas, subsidiando o trabalho de profissionais da área em todo o país.

O guia discute o conceito de TEA e explora os benefícios da atividade física na melhoria da comunicação, interação social e redução de comportamentos repetitivos. O documento também apresenta métodos de avaliação pré-intervenção, como escalas e testes motores, e descreve o Protocolo do Programa de Exercício Físico-Autismo (PEP-Aut), com diretrizes para a estrutura das sessões e adaptações necessárias. Ainda, enfatiza a importância da rede de apoio familiar e dos cuidadores na promoção de um estilo de vida mais ativo para indivíduos com TEA, ressaltando que qualquer forma de atividade física contribui para a saúde.

Reprodução de Imagem do Guia

“O guia ajuda a reconhecer as particularidades das pessoas com TEA, considerando aspectos como sensibilidade sensorial, dificuldades de comunicação e interação social, comportamentos repetitivos e barreiras motoras. Esse reconhecimento é essencial para adaptar práticas e ambientes, promovendo inclusão verdadeira nas atividades físicas”, reforça a professora. De acordo com ela, o documento traz recomendações baseadas em evidências, o que contribui para fornecer embasamento técnico a profissionais de educação e esporte, bem como apoiar pais, cuidadores e educadores na promoção de uma vida mais ativa e saudável.

“A atividade física regular está associada a benefícios físicos, mentais e sociais, especialmente importantes para pessoas com TEA, tais como a melhora da coordenação motora e controle postural, redução da ansiedade e comportamentos estereotipados e aumento da autoestima e da socialização. O guia pode ajudar a estabelecer diretrizes específicas apoiando a formulação de políticas públicas inclusivas, sensibilizar gestores e instituições sobre a importância da acessibilidade nas práticas esportivas e incentivar a criação de projetos adaptados e programas comunitários”, comenta Joana.

 

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Especialista do HU/UFSC ressalta importância da conscientização sobre o autismo

16/04/2021 08:48

O mês de abril é conhecido como o mês de conscientização sobre o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), com uma série de atividades realizadas em todo o mundo para reforçar a necessidade de dar visibilidade ao tema. Assim, o Abril Azul é marcado em várias instituições com palestras, entrevistas, debates e divulgação de informação sobre o autismo.

O psiquiatra da infância e adolescência do HU/UFSC, Jairo Vinícius Pinto, foi integrado à equipe do hospital em abril. Foto: Sinval Paulino

O psiquiatra da infância e adolescência do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago da Universidade Federal de Santa Catarina (HU/UFSC), Jairo Vinícius Pinto, que foi integrado à equipe do hospital em abril deste ano, explicou que o transtorno geralmente é identificado durante a puericultura. “O pediatra avalia se há algum atraso na linguagem ou em outros marcos do desenvolvimento”, disse o especialista, ressaltando que todo tratamento deve ser iniciado na Atenção Primária à Saúde e seguir para futuros encaminhamentos.

Outro ponto de partida para a identificação do TEA é a própria família, que pode notar comportamentos atípicos. “A criança não troca olhares, não compartilha ou parece não brincar com os pais, por exemplo. Isso se dá até os 18 ou 24 meses e as famílias costumam perceber que há algo diferente”, explicou, detalhando que, em alguns casos, porém, os comportamentos podem ter outras causas, por isso é preciso a avaliação de um profissional para o diagnóstico.
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Aluno da UFSC integra projeto vencedor em inclusão de autistas no mercado de trabalho

14/09/2020 09:00

Fone é capaz de mitigar os efeitos da hipersensibilidade auditiva em indivíduos com TEA. Foto: Divulgação

O aluno de Ciências da Computação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Alexandro de Campos Teixeira Netto integra a equipe do projeto que conquistou, no dia 5 de setembro, o 1º lugar no Autismo Tech, um hackathon que tem como objetivo principal encontrar soluções para incluir os autistas no mercado de trabalho. A ideia vencedora foi o Austic, um fone de cancelamento ativo de ruído por condução óssea, que utiliza tecnologia inédita no Brasil.

O fone desenvolvido possui um microfone que capta os ruídos do entorno e transfere para a aplicação e processamento. A partir daí, um software cria ondas exatamente iguais e as emite praticamente ao mesmo tempo, só que em uma fase oposta, causando o cancelamento dos ruídos indesejados. Com o uso da condução óssea, a transmissão ocorre constantemente à medida que as ondas sonoras vibram nos ossos, especificamente nos ossos do crânio, “permitindo ao ouvinte perceber o conteúdo de áudio sem bloquear o canal auditivo e sem retirar a atenção dele a sua volta”.

O aplicativo do Austic possibilita um ajuste manual de frequência e volume, além de realizar um background dos dados de volume e geolocalização, e garante um funcionamento automático em situações e locais frequentes. O aparelho busca fomentar a qualidade de vida para indivíduos com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) que sofrem com sensibilidade auditiva e possibilita mais independência nas atividades diárias e profissionais, sem a preocupação com crises e gatilhos corriqueiros.

Equipe do projeto que conquistou o 1º lugar no Autismo Tech

A equipe vencedora é formada por seis membros, que se conheceram pela internet. Além de Alexandro Netto, formam o grupo do projeto vencedor: Henrique Gomes de Souza, Júlia Demuner Pimentel, João Eliano Germano Gomes, Thainá Monteiro Ferreira e Carol Nobre Moraes. Carol é autista e relatou à equipe os obstáculos que enfrentou na vida profissional como dentista, entre eles crises ocasionadas pelos sons e ruídos presentes no cotidiano do consultório.

Para Alexandro, a proposta do hackathon é muito nobre ao ajudar pessoas do espectro autista que são afetadas no cotidiano e, consequentemente, no mercado de trabalho. “Ter uma autista em nosso time nos ajudou muito a entender essas dificuldades e decidimos focar na maior delas: a hipersensibilidade auditiva, que leva a problemas de comunicação e até dor de cabeça, náuseas e vômito. É extremamente motivador participar de uma ideia que tem o potencial de melhorar a qualidade de vida de tantas pessoas, aumentar a visibilidade dessa comunidade e torná-la cada vez mais independentes”, explicou.

No momento, o grupo está em fase de desenvolvimento e trabalha na divulgação e na captação de investimentos que possam viabilizar a produção do Austic para o mercado e, assim, promover melhorias e inclusão no espectro autista.

Mais informações pelo e-mail austicprojeto@gmail.com.

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