UFSC empossa primeiro professor aprovado em concurso exclusivo para indígenas

05/08/2024 17:42

Professor João Rivelino durante a cerimônia de posse. Foto: Mateus Mendonça/Agecom/UFSC

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) empossou, nesta segunda-feira, 5 de agosto, João Rivelino Rezende Barreto como o primeiro professor aprovado em um concurso público exclusivo para candidatos indígenas na Universidade. A cerimônia, realizada às 14h30 na sala de reuniões da Reitoria no Campus de Florianópolis, marcou a integração de João Rivelino ao Departamento de Antropologia. Ele é o segundo professor indígena da UFSC. A primeira é a professora Adriana Kaingang, do Departamento de História, que ingressou na Universidade por meio de um processo seletivo de ampla concorrência.

O concurso específico para candidatos indígenas foi uma iniciativa dos departamentos de Antropologia e de História da UFSC, formalizada pela Portaria Normativa Nº 477/2023, publicada em maio de 2023. A medida, apoiada pela Resolução Normativa Nº 175/2022/CUn, busca promover a inclusão de candidatos negros, quilombolas e indígenas.

Cerimônia de posse ocorreu no gabinete da Reitoria. Foto: Mateus Mendonça/Agecom/UFSC

Durante a cerimônia, a vice-reitora da UFSC, Joana Célia dos Passos, emocionada, ressaltou que João Rivelino representa mais do que um novo docente, é uma conquista de saberes para a universidade. “É com grande alegria que recebemos o professor João Rivelino, nosso primeiro professor a ingressar por concurso público exclusivo para indígenas e o segundo docente indígena na UFSC. A Universidade também é território indígena e precisa da presença e do conhecimento dos povos originários para manter sua excelência.”

Segundo a professora Dilceane Carraro, pró-reitora de Graduação e Educação Básica, o concurso específico para docente indígena foi uma iniciativa pioneira da UFSC. “O ingresso do professor João Rivelino vem colaborar para potencializar distintos saberes e contribuir na promoção da interculturalidade. É uma grande conquista para a Universidade”.

João Rivelino é natural de São Gabriel da Cachoeira, Amazonas, e indígena da etnia Tukano. É formado em Filosofia pela Faculdade Salesiana Dom Bosco (FSDB), mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e doutor em Antropologia Social pela UFSC. Além disso, é autor de três livros e desenvolvedor do projeto Kumuro: Reconstrução da Maloca e dos Ornamentes Artísticos Tukano na Aldeia São Domingos Sávio.
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Yúpuri é primeiro indígena brasileiro a concluir o doutorado na UFSC

28/06/2019 13:50

João Rivelino Rezende Barreto durante a defesa da tese.

João Rivelino Rezende Barreto (também conhecido pelo nome indígena Yúpuri – guardião das portas do universo) tem 38 anos, é casado e pai de três filhos. Natural do município de São Gabriel da Cachoeira, extremo noroeste do estado do Amazonas, fronteira com a Colômbia e a Venezuela, nasceu na aldeia tukana São Domingos Sávio. Yúpuri é o primeiro indígena brasileiro a concluir o doutorado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

A defesa da tese ‘ÚKŨSSE: forma de conhecimento Tukano via arte do diálogo Kumuãnica’ desenvolvida por Rivelino no Programa de Pós-graduação em Antropologia Social (PPGAS/UFSC) foi realizada na tarde do dia 13 de junho de 2019 no Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH) e contou com a participação, na banca, da professora-orientadora Evelyn Martina Schuler Zea, dos professores externos Renato Monteiro Athias (UFPE/via videoconferência) e Danilo Paiva Ramos (UFBA), dos professores internos do PPGAS José Antônio Kelly Luciani e Antonella Maria Imperatriz Tassinari.

O ingresso no doutorado aconteceu em 2015 após conhecer mais sobre a UFSC em um evento realizado em Manaus pelo curso de Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica, local em que João atualmente reside. Foi aos 11 anos que Yúpuri deixou a aldeia, porém as raízes culturais sempre o acompanharam. “Gosto de estudar as questões que envolvem o conhecimento indígena, por isso no mestrado e no doutorado busquei saber mais sobre o meu povo, o povo Tukano”, revela ele.

Com kumu tukano Luciano Barreto aprendendo a construir jequí (armadilha de peixe), Novo Airão (interior de Manaus).

Por meio da ‘etnografia em casa’, Rivelino desenvolveu a sua pesquisa estando em contato direto com três figuras definidas como detentoras de conhecimentos excepcionais: kumu (o pensador tukano), yai (o pajé), baya (o mestre de música). “A ciência tem focado que o conhecimento é concentrado no pajé, porém na minha pesquisa identifiquei que o kumu e o baya detêm muito conhecimento, sendo o kumu o mais forte”.

Na pesquisa de João o kumu foi o seu pai, Luciano Borges Barreto, que apresentou por meio do diálogo kumuãnica o pensamento, a formação, a organização social e a hierarquização dos tukanos. Assim, Yúpuri restabeleceu um laço forte com a sua comunidade indígena como forma aprofundar e documentar esses conhecimentos. “Com a pesquisa foi possível mostrar como acontece o processo de formação dessas três figuras, a responsabilidade de cada um, mostrando a existência do conhecimento Tukano”, enaltece João.
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Instituto Brasil Plural apoia dissertação indígena da UFAM

02/04/2012 16:41

Momento da defesa de João Rivelino Rezende Barreto/ Foto: Rosilene Corrêa

Com apoio do INCT/Instituto Brasil Plural (IBP), sediado na UFSC, João Rivelino Rezende Barreto defendeu a primeira dissertação indígena no Programa de Pós-graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), em Manaus.

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