Colóquio celebra os 60 anos do livro ‘A Condição humana’, de Hannah Arendt

28/11/2018 17:22

Os Programas de Pós-graduação em Filosofia (PPGFil) e Interdisciplinar em Ciências Humanas (PPGICH) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) promovem um colóquio em comemoração aos 60 anos da publicação do livro “A Condição humana”, de Hannah Arendt.  Com a participação de especialistas locais e internacionais, o evento levanta a pergunta sobre o que ainda temos a aprender com “A condição humana”. O livro, que marcou o pensamento político contemporâneo, é uma obra multifacetada. No entanto, seu maior impacto se deve à proposta até então inédita de usar as categorias principais que orientaram a práxis nas cidades-estado antigas para compreender o mundo de hoje.

O evento ocorre nos dias 3, 4 e 5 de dezembro, às 16h, com atividades no auditório e no mini-auditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH). As inscrições são gratuitas e será fornecido certificado de participação de 6 horas.

Mais informações pelos e-mails ppgfil@contato.ufsc.br e ppgich@contato.ufsc.br.

Tags: A Condição HumanacolóquioHannah ArendtPrograma de Pós-Graduação em FilosofiaPrograma de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências HumanasUFSC

Simpósio Hannah Arendt debate a existência humana e o ‘amor mundi’

03/06/2017 15:50

Professora Sônia Schio, na conferência de abertura. Foto: Ítalo Padilha/Agecom/UFSC.

Com o tema “Amor mundi: política, educação e modernidade”, o I Simpósio Hannah Arendt da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) ocorreu entre os dias 1 e 3 de junho, com a participação de cerca de 230 pesquisadores de diversos estados brasileiros, como Goiás, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina. O evento foi organizado por três estudantes do Programa de Pós-Graduação em Filosofia (PPGFil) – a doutoranda Kelly Janaína Souza da Silva, e os mestrandos Lara Emanuele da Luz e Gabriel Debatin –, sob a coordenação da professora Daiane Eccel, do Departamento de Estudos Especializados em Educação (EED/UFSC).

A ideia de “amor ao mundo” – o amor mundi – foi debatida em diversos momentos do encontro, assim como as tantas outras temáticas desenvolvidas na obra de Hannah Arendt: política, totalitarismo, educação, modernidade e a própria filosofia em si, a “atividade de pensar”. “O que Arendt diz sobre o amor mundi? Ela não é muito prolixa com relação a esse conceito. Mas podemos dizer que esse amor pelo mundo são atitudes de preservação do humano, de suas relações e da natureza”, afirmou a pesquisadora Sônia Maria Schio na conferência de abertura, cujo tema foi “Modernidade, ruptura da tradição e amor mundi: articulações a partir do pensamento de Arendt”.

Sônia é professora do departamento de Filosofia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel/RS), onde coordena o Grupo de Estudos Hannah Arendt (GEHAr). Autora do livro “Hannah Arendt – história e liberdade: da ação à reflexão” (Editora Clarinete, 2012), a pesquisadora estuda a obra da filósofa alemã há quase 30 anos. Durante toda sua trajetória acadêmica escreveu diversos artigos científicos, além de sua dissertação de mestrado e tese de doutorado, abordando os conceitos de estética, política, ação, reflexão, dignidade, educação, entre outros.

Professora Sônia Schio e o coordenador do Programa de Pós-graduação em Filosofia, Roberto Wu, na conferência de abertura. Foto: Ítalo Padilha/Agecom/UFSC.

O tema central de sua palestra foi a relação do pensamento de Hannah Arendt com a noção de utopia desenvolvida nas obras de três autores dos séculos XVI e XVII: “Utopia”, de Thomas Morus; “A cidade do sol”, de Thommaso Campanella; e “Nova Atlântida”, de Francis Bacon. A pesquisadora descreveu brevemente a cidade ideal imaginada por cada um deles, para então partir para a indagação: “A pergunta que eu me fiz foi: por que diferentes pessoas, em diferentes países, quase na mesma época, escreveram sobre utopia? Será que o mundo no qual viviam não estava a contento? Os utopistas demonstram, em suas obras, essa instabilidade, essa mudança de mentalidade? Minha hipótese é que sim. E se eles sentiam o mundo em transformação, em crise, então me parece que Hannah Arendt tem razão em dizer que o século XVII é um século de virada, de ruptura.”

Esse cenário instável, “em crise”, teria criado as condições que tornaram possível a emergência do totalitarismo. “Por isso há consistência teórica na afirmação de Arendt de que o totalitarismo tem relação com esse período”, explica Sônia. A tradição, segundo ela, não tem só o aspecto negativo, que é o de tentar nos moldar a certas atitudes. Tem também o aspecto positivo de “ligar uma geração à outra”: “Quando não sei como agir, recorro à uma premissa maior, que vem por tradição, seja da educação formal ou informal, onde encontro uma regra geral para o meu agir. É nesse fio da navalha, entre o lado positivo e negativo da tradição, que sobrevivemos. E quando não há uma tradição? Quando não tenho uma referência para saber como devo me vestir ou educar meu filho? É quando não sabemos o que fazer que surge a crise e a ruptura” – e um ambiente propício para se instalar “um governo como o nazista, que perverte todas as regras”.

Natalidade e amor mundi

Professor Rodrigo Ribeiro Alves Neto, da Unirio. Foto: Daniela Caniçali/Agecom/UFSC.

Outra atividade de destaque no simpósio foi o minicurso “Mundo e Desmundanização em Hannah Arendt”, ministrado por Rodrigo Ribeiro Alves Neto, professor do departamento de Filosofia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) e autor da obra “Alienações do Mundo: uma interpretação da obra de Hannah Arendt” (Edições Loyola, 2009). Durante duas tardes, o pesquisador expôs o conteúdo de seu livro, refletindo também sobre o próprio ato de pensar, sobre o papel da filosofia.

Rodrigo explica que é no caráter comum, compartilhado do mundo que está a principal preocupação filosófica de Hannah Arendt. “Procuro explicitar, no livro, como a existência humana, para Arendt, só realiza a plenitude do seu vigor por um cultivado amor ao mundo. Ou seja, por meio de uma implicação corajosa, um engajamento responsável, um pertencimento ativo dos homens ao mundo.” Os laços que ligam o homem ao mundo comum estão, portanto, no cerne do pensamento da filósofa. Entretanto, adverte o professor, “muito mais do que simplesmente compreender a obra de Hannah Arendt, nosso esforço deve ser o de compreender a nós mesmos. Compreender o que somos e não somos, o que fazemos e não fazemos, o que pensamos e não pensamos, na situação atual da nossa existência.”

Professor Adriano Correia, da UFG. Foto: Daniela Caniçali/Agecom/UFSC.

O simpósio também contou com a presença do presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia (Anpof), Adriano Correia Silva, da Universidade Federal de Goiás (UFG). O professor, que proferiu a conferência “Política, formação, república: o amor mundi como sentimento político fundamental”, foi o responsável pela apresentação e revisão da última edição da tradução brasileira da obra “A condição humana”, de Hannah Arendt. Em sua palestra, Alexandre abordou, sobretudo, o tema da natalidade, a que Arendt se dedicou “desde suas primeiras incursões juvenis pela filosofia”.

“A natalidade não é idêntica ao nascimento e consiste nessa condição inaugural fundamental. Enquanto o nascimento é um acontecimento, um evento, por meio do qual somos recebidos na terra em condições em geral adequadas ao nosso crescimento enquanto membros da espécie, a natalidade é uma possibilidade sempre presente de atualizarmos, por meio da ação, a singularidade da qual o nascimento de cada indivíduo é uma promessa. É a possibilidade de assumirmos a responsabilidade por termos nascido e de nascermos assim também para o mundo; possibilidade, enfim, de que nos tornemos mundanos, amantes do mundo”, explicou o pesquisador. Esse “nascer para o mundo” seria o engajamento na vida política por meio da ação e do discurso.

Livro do professor da USP, José Sérgio Fonseca de Carvalho, lançado durante o Simpósio.

Além das conferências e do minicurso, a programação do simpósio incluiu a apresentação de 42 trabalhos e o lançamento de dois livros: “Educação, uma herança sem testamento: diálogo com Hannah Arendt“, de José Sérgio Fonseca de Carvalho, professor de Filosofia da Educação da Universidade de São Paulo (USP); e a coletânea “Hannah Arendt: a educação e a crise no mundo moderno”.

Mais informações pelo e-mail: simposiohannaharendt@gmail.com ou pelo Facebook.

Daniela Caniçali/Jornalista da Agecom/UFSC

Tags: amor mundifilosofiaHannah ArendtI Simpósio Hannah ArendtmodernidadepolíticaPPGFILPrograma de Pós-Graduação em FilosofiasimpósioUFSC

Conferência expõe pensamento de Hannah Arendt sobre crise na educação

15/07/2016 13:54
Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC

Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC

Na quarta-feira, 13 de julho, ocorreu a sétima e última conferência do seminário Dimensões Estéticas da Formação Humana. Com o título “A natalidade como possibilidade de amor mundi – humanismo e formação em Hannah Arendt”, a aula foi ministrada pela professora Daiane Eccel, do departamento de Estudos Especializados em Educação (EED) da UFSC. “Hannah Arendt não é uma pensadora específica da educação, mas ela faz um bom diagnóstico de época — a modernidade —, sobre a atual crise na educação. Minha proposta é pensar em que medida a ideia de amor mundi, relacionada à natalidade, pode ajudar a refletir sobre essa crise”, explica Daiane.

A professora iniciou a conferência diferenciando os conceitos de amor e amor mundi – que, segundo ela, não está explícito na obra de Hannah Arendt: “O conceito amor mundi aparece disperso, não há nenhuma referência clara e direta sobre ele.” Daiane destacou as duras críticas da filósofa alemã à ideia de amor ao próximo. “Para ela, quando o cristão tem a pretensão de amar a todos, ele não ama ninguém. Não é possível amar ao próximo como a ti mesmo. No cristianismo, ‘o próximo’ é só um meio para chegarmos a um fim. Isso, para Arendt, não é amor, é uma espécie de deturpação do amor.”

Hannah Arendt também critica a ideia de amor romântico: “A pessoa retira-se do mundo para construir um outro mundo, junto da pessoa amada. O amor romântico, portanto, é um ‘egoísmo a dois’. Mas esse amor também gera uma contribuição ao mundo, uma nova possibilidade, que é uma criança.” Daiane seguiu discorrendo sobre a relação do conceito de amor mundi com a natalidade, que seria o “segundo nascimento”.

O primeiro nascimento, o biológico, envolve apenas as necessidades essenciais para a sobrevivência. “Para o segundo nascimento acontecer, é necessário uma preparação. É aí que entra o papel da educação, da formação. Hannah Arendt afirma que a educação deve se dar na passagem do primeiro nascimento para o segundo nascimento. É nesse meio onde operam os pais e a escola”, expôs Daiane.

A professora discursou também sobre a interdependência entre democracia e educação. “O primeiro nascimento está na esfera do lar, da necessidade. O segundo nascimento, na esfera pública, da liberdade. Todos devem ter acesso a determinado conteúdo, para então estar preparado para agir sobre o mundo.” Na modernidade há problemas na transição entre esses dois momentos. A crise na educação, segundo Hannah Arendt, tem a ver com essa passagem mal feita.

Daiane explicou que, quando o processo educacional não possibilita o segundo nascimento, ele é julgado como falho. “O indivíduo pode escolher se vai ou não agir na esfera pública, mas ele deve ter as ferramentas para isso. O amor mundi não é um sentimento privado. Ele é externo, está completamente ligado à esfera pública. É a responsabilidade que todos temos com as próximas gerações”, finaliza a pesquisadora.

Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC

Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC

 Seminário

Coordenado pela professora Marlene de Souza Dozol, o seminário teve por objetivo discutir a relação da estética com a formação humana. “Abordamos as categorias estéticas que marcam cada momento da História. Passamos pela Grécia, Roma, Idade Média, Renascimento, séculos XVIII, XIX, XX. Para cada período, escolhemos um pensador que tratou, de alguma forma, de filosofia da educação”, explica Marlene. Montaigne, Jean-Jacques Rousseau e Hegel foram alguns dos autores escolhidos.

Um aspecto positivo do seminário, segundo a coordenadora, foi a oportunidade de valorizar as pesquisas de professores da própria universidade. “Os conferencistas convidados eram todos da UFSC. Foi possível conhecer a riqueza de seus trabalhos, os talentos que temos aqui e o quanto cada um tem a contribuir em diferentes campos de saber.” Cerca de 40 estudantes participaram do evento, oriundos da graduação e pós-graduação de diversos departamentos da UFSC: Filosofia, Letras, Sociologia, Pedagogia, Direito, Biologia, entre outros.

Nesta sexta-feira, 15 de julho, às 18h30, ocorre a última atividade do seminário. Integrantes do grupo de estudos “Estética e Educação” apresentarão suas pesquisas na sala 618 do PPGE, 2º andar do Centro de Ciências da Educação (CED). Confira os trabalhos:

Título Autora
“A noção de uma cultura da juventude romântica em Walter Benjamin” Priscilla Stuart da Silva
“A força da linguagem nos ‘Devaneios’ de Rousseau” Luana Aversa
“Arte de educar e conexão razão-sentimento e pensamento-arte na obra de Rousseau: uma formação estética na infância” Lia Presgrave

Interessados no conteúdo das conferências podem acessar toda a bibliografia indicada pelos professores na xerox do CFH, na pasta com o título “Dimensões Estéticas da formação humana”. A segunda edição do seminário está prevista para o primeiro semestre de 2017.

Grupo de estudos

“Nosso grupo tem um perfil plural, aberto em termos de perspectivas e pensadores. Essa é nossa marca registrada”, afirma Marlene. O grupo de estudos “Estética e Educação” está aberto a novos integrantes interessados na área. As reuniões são quinzenais e a agenda de estudos e pesquisa é definida a cada início de semestre. São escolhidas obras que estabeleçam um diálogo da filosofia da educação com outras áreas, como a literatura, pintura, música.

“Nos encontros, há um amadurecimento de ideias que, muitas vezes, resultam em publicações. Também aproveitamos para aprimorar a produção textual, promovendo oficinas de escrita científica”, afirma Marlene. Os principais autores que vêm sendo estudados são Hannah Arendt, Jean-Jacques Rousseau e Walter Benjamin.

Mais informações sobre o grupo:

Professora Marlene de Souza Dozol: lena.dozol@uol.com.br

Professora  Daiane Eccel: daianeeccel@hotmail.com

Doutoranda Priscilla Stuart da Silva: priscillastuart.di@gmail.com

Daniela Caniçali/Jornalista da Agecom/UFSC

Tags: CEDCentro de Ciências da EducaçãoconferênciaeducaçãoEstéticaHannah ArendtPPGEUFSC

Conferência ‘A natalidade como possibilidade de amor mundi’ ocorre nesta quarta

12/07/2016 07:38

Conferência Profa Daiane Eccel_Dois eventos estão programados para a última semana do seminário “Dimensões estéticas da formação humana”. Nesta quarta-feira, 13 de julho, às 16h, ocorre a conferência “A natalidade como possibilidade de amor mundi – humanismo e formação em Hannah Arendt”. A palestra será ministrada pela professora Daiane Eccel, do Departamento de Estudos Especializados em Educação (EED) da UFSC. Na sexta-feira, 15 de julho, às 18h30, haverá apresentação de comunicações de estudantes do grupo de estudos “Estética e Educação”, do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE). As duas atividades serão realizadas na sala 618 do PPGE, 2º andar do Centro de Ciências da Educação (CED).

Tags: CEDconferênciaEEDEstéticaHannah ArendtPPGEseminárioUFSC

Curso de extensão sobre Hannah Arendt

26/09/2011 09:54

O Programa de Pós-Graduação em Psicologia e o Núcleo de Pesquisa Margens – Modos de Vida, Família e Relações de Gênero promovem nos dias 26, 27 e 28 de outubro, das 18 às 22 horas, e dia 29 de outubro, das 9 às 12 horas, na Sala Carolina Bori, no Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFSC, o curso de extensão “Hannah Arendt e a constituição do sujeito da política” com Denise Stucchi e Maria Juracy Filgueiras Tonelli.

Tags: exensãoHannah Arendt

A condição do homem moderno na obra de Hannah Arendt

29/03/2011 08:30

Palestra com o professor Adriano Correia, do Departamento de Filosofia da Universidade de Universidade Federal de Goiás (UFGO).

Tema: A condição do homem moderno na obra de Hannah Arendt.

Nesta terça, 29 de março, às 19h, no auditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH).

Promoção do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas e Pós-Graduação em Filosofia.

Informações: dich@cfh.ufsc.br

Tags: filosofiaHannah ArendtInterdisciplinar em Ciências Humanas

A condição do homem moderno na obra de Hannah Arendt

25/03/2011 10:45

Palestra com o professor Adriano Correia, do Departamento de Filosofia da Universidade de Universidade Federal de Goiás (UFGO).

Tema: A condição do homem moderno na obra de Hannah Arendt.

No dia 29 de março, às 19h, no auditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH).

Promoção do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas e Pós-Graduação em Filosofia.

Informações: dich@cfh.ufsc.br

Tags: Adriano CorreiaHannah Arendtpalestra