O escritor Salim Miguel lança nesta quinta-feira, dia 9, no espaço cultural Governador Celso Ramos, no BRDE (avenida Hercílio Luz, 617, centro, fone 3221-8100), em Florianópolis, o livro “Reinvenção da infância”, que sai pela editora Novo Século. Esta é a 31ª. obra que o autor publica em 60 anos de carreira, iniciada com “Velhice e outros contos”, em 1951. O lançamento tem hora para começar e terminar: vai das 19h às 21h30.
Aos 87 anos, Salim Miguel afirma que “Reinvenção da infância” não é um livro de memórias, mas se baseia em reminiscências do período que vai até a adolescência para descrever, com as cores da ficção, os anos em que sua família morou em Biguaçu, Três Riachos, São Miguel, Antônio Carlos e Florianópolis. A Capital entra como complemento, porque foi em Biguaçu e redondezas que ele teve os contatos iniciais com a leitura e rabiscou os primeiros escritos.
No romance, Salim rememora passagens em família (era filho de comerciante), na escola, entre os amigos que fez – a maioria diferente dele, que chegou do Líbano aos três anos de idade e falava o árabe praticado em casa. Bem cedo, teve contato com os livros, e chegou a ler para um livreiro cego as obras que este recebia em consignação e não conseguia decifrar. Dali para frente, foi uma vida inteira de convívio com as palavras, no exercício do jornalismo e da literatura.
Entre seus livros anteriores se destacam “Primeiro de abril – Narrativas da cadeia”, que ganhou o prêmio da União Brasileira de Escritores em 1994, e “Nur na escuridão”, eleito o melhor romance do ano pela Associação Paulista de Críticos de Arte em 1999 e que também recebeu o prêmio Zaffari-Bourbon na 9ª. Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo, em 2001. Também publicou “A morte do tenente e outras mortes”, “Voz submersa”, “Maré nostrum”, “As confissões prematuras”, “A vida breve de Sezefredo das Neves, poeta” (indicado para o prêmio Jabuti), “Jornada com Rupert” e muitos outros.
Um dos mentores do Grupo Sul, que revolucionou as artes e a literatura no final dos anos 40 em Florianópolis, Salim Miguel escreveu com a mulher, a também escritora Eglê Malheiros, o roteiro do longa-metragem “O preço da ilusão”, que marcou o nascimento do cinema catarinense. Perseguido pelo regime militar, mudou-se em 1965 para o Rio de Janeiro, onde editou a respeitada revista Ficção e trabalhou nas publicações da editora Bloch. De volta a Florianópolis, em 1979, dirigiu a Editora da UFSC e a Fundação Franklin Cascaes.
Salim recebeu o título de doutor Honoris Causa da Universidade Federal de Santa Catarina em 2001 e foi eleito o Intelectual do Ano pela Folha de S.Paulo e União Brasileira de Escritores em 2002, ano em que também ganhou o troféu Juca Pato. Em 2009, foi agraciado com o Prêmio Machado de Assis, pelo conjunto da obra, pela Academia Brasileira de Letras.
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Por Paulo Clóvis Schmitz / Jornalista da Agecom