O jornalista Moacir Pereira, com 48 anos de carreira e 33 livros publicados, é o convidado da edição de junho do Círculo de Leitura de Florianópolis. Ele falará de suas leituras, dos livros e autores prediletos às 18h de quinta-feira, dia 30, na Sala Harry Laus da Biblioteca Universitária da UFSC, em Florianópolis.
Formado em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina, Moacir Pereira tem mestrado em Ciência Política, mas toda a sua trajetória profissional foi construída no jornalismo. Colunista e comentarista de rádio, jornal e televisão, e agora também num blog no portal CLICRBS, já presidiu a Associação Catarinense de Imprensa, foi o primeiro coordenador do curso de Jornalismo da UFSC e recebeu vários prêmios estaduais e nacionais de jornalismo.
Pereira também fez coberturas de missões empresariais, parlamentares, culturais e oficiais na América do Norte, Europa, Ásia, Oriente Médio, extremo Oriente e Oceania. Graças a seus livros, tornou-se membro do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina e é titular da cadeira nº. 3 da Academia Catarinense de Letras.
O CÍRCULO
Criado pelo poeta Alcides Buss, o Círculo de Leitura é um projeto que permite ao convidado e aos presentes discutirem informalmente sobre os livros que estejam lendo, as leituras do passado e as influências de outros autores sobre o seu trabalho. Escritores e jornalistas como Salim Miguel, Oldemar Olsen Jr., Fábio Brüggemann, Inês Mafra, Mário Pereira, Maicon Tenfen, Cleber Teixeira, Dennis Radünz, Rubens da Cunha, Renato Tapado, Raimundo Caruso, Nei Duclós, Marco Vasques, Zahidé Muzart, João Carlos Mosimann, Mário Prata, Rogério Pereira, Celso Martins, Rosana Bond, Silveira de Souza e Tabajara Ruas foram alguns dos participantes das etapas anteriores do projeto.
BREVE ENTREVISTA
Como foram suas primeiras experiências em relação à leitura? Em sua casa, na infância e na adolescência, havia um ambiente de estímulo ao contato com os livros e o conhecimento?
Moacir Pereira – Toda minha formação está baseada na escola e nas boas leituras. Na infância, os clássicos infantis de leitura obrigatória até nas escolas públicas. Na adolescência, tive acesso a alguns ícones da literatura brasileira e portuguesa, todos recomendados pelos excelentes professores do Colégio Catarinense e depois no Instituto Estadual de Educação, entre eles o saudoso Nereu Correa. Entre os portugueses, os conhecidos Eça de Queirós, Fernando Pessoa e Camões. Na relação dos brasileiros, Machado de Assis (a chama acesa sempre), Lima Barreto, Euclides da Cunha (por razões óbvias), José de Alencar, Graciliano Ramos e alguma coisa de Guimarães Rosa. Curioso é que num determinado período me encantei com os romances policiais e li quase toda a coleção do francês Maurice Leblanc, pela criatividade de seu personagem principal, o lendário Arsena Lupin.
Que livros e autores mais o atraíram naquela fase e na juventude?
Moacir – Foram vários autores em momentos distintos e quase sempre com a motivação escolar. Alexandre Dumas bem jovem, depois Maurice Leblanc, uma fase forte de quadrinhos, e depois no segundo grau o clássicos.
Num tempo tantos apelos (na mídia, na internet), como vê a relação dos jovens de hoje com os livros e a leitura?
Moacir – Vejo com preocupação, pois sinto falta de motivação nos jovens para as boas leituras. As livrarias vendem mais hoje em dia, mas percebo que muito para o público adulto. A digitalização e a internet estão tirando aquele prazer insubstituível do livro impresso.
Na mesma linha, de que forma seleciona suas leituras, diante de tantas possibilidades e da avalanche de edições de livros no Brasil?
Moacir – A seleção se dá quase sempre pelo tema. Opto em primeiro lugar por obras que possam me enriquecer profissionalmente. Depois entro na linha dos livros de informação geral, descobertas, avanços tecnológicos. E na terceira prioridade, algo mais leve.
Com a possibilidade de acessar a leitura por meio de outros suportes, estaria o livro, de alguma forma, ameaçado?
Moacir – A ameaça é real para o livro e para jornais e revistas impressos. Mas tenho esperanças de que as mídias se completem, como ocorreu com o jornal no surgimento do rádio e com o rádio na descoberta da TV. Se os jornalistas tiverem competência, manterão a mídia impressa bem viva, complementando a digital.
Que tipo de leitura prefere hoje e o que está lendo no momento?
Moacir – As preferências hoje são para obras ligadas ao jornalismo, à política e à comunicação. Acabei de reler “Minhas viagens com Heródoto” do jornalista polonês Kapuscinski, recentemente falecido. E estou terminando “O Lulismo no Poder”, de Merval Pereira.
Fale um pouco de sua carreira e dos livros que publicou.
Moacir – Estou com 48 anos de jornalismo. Comecei como rádio-escuta da antiga rádio Anita Garibaldi e logo me encantei com a reportagem. Costumo dizer que nasci repórter, vivo repórter e morrerei repórter. Tive experiências em diferentes atividades e empresas jornalísticas. Comecei com a RBS em 1979 e retornei ao grupo 20 anos depois, onde atuo como multimídia, uma experiência fascinante, rica e inédita que dá muito trabalho, mas também é gratificante.
Devo minha condição de autor ao saudoso Odilon Lunardelli. Assistiu uma palestra minha sobre “liberdade de imprensa” e insistiu para que a transformasse em livro. Nasceu “Comunicação e Liberdade”, prefaciado pelo amigo Cesar Valente. Vieram depois obras acadêmicas, livros de pesquisa histórica, biografias diversas, títulos de grandes entrevistas e trabalhos que resultaram de viagens internacionais.
Foram 33 livros até agora. Pesquisar, escrever livros e receber o primeiro exemplar da editora são emoções que só os autores podem avaliar e festejar.
LIVROS PUBLICADOS
1. Jornalista: Orientação Profissional. Ioesc/Sindicato dos Jornalistas, 1976
2. Comunicação e Liberdade. Editora Lunardelli, 1976
3. Imprensa: um Compromisso com a Liberdade. Editora Lunardelli, 1979
4. Imprensa: um Caminho para a Liberdade. Editora Lunardelli, 1980
5. Aspectos da Realidade Política de Santa Catarina. CNBB, 1980
6. A Imprensa em Debate. Editora Lunardelli, 1981
7. O Golpe do Silêncio. Global Editora (São Paulo), 1984
8. O Poder da Constituinte. Editora Lunardelli, 1986
9. A Democratização da Comunicação. Global Editora, 1987
10. Imprensa e Poder: a Comunicação em Santa Catarina. Editora Lunardelli, 1992
11. O Profeta da Esperança. Editora Lunardelli, 1992
12. O Direito à Informação na Nova Lei de Imprensa. Global Editora, 1993
13. O Golpe das Letras. Editora Insular, 1997
14. Ivo Silveira: um Depoimento. Editora Insular, 1998
15. Adolfo Zigelli. Jornalismo de Vanguarda. Editora Insular, 2000
16. Kleinubing: uma Trajetória de Coerência. Editora Insular, 2001
17. Santa Catarina, Padroeira: Tesouros no Sinai. Editora Insular, 2002
18. Jornalismo, Cultura e Cidadania. Editora Insular, 2003
19. Senhor dos Passos: o Protetor de Florianópolis. Editora Insular, 2004
20. A Primeira Viagem: o Índio Carijó que Virou Príncipe Francês. Editora Insular, 2004
21. Novembrada: um Relato da Revolta Popular. Editora Insular, 2004
22. Manual do Jornalismo e da Comunicação. Editora Insular, 2005
23. Pedro Ivo: um Coronel Democrata. Editora Insular, 2006
24. Victor Fontana: Percorrendo Caminhos. Editora Insular, 2006
25. Colombo Salles: o Jogo da Verdade. Editora Insular, 2007
26. Crea-SC: 50 Anos Orgulhando Santa Catarina. Editora Insular, 2008
27. Gustavo de Lacerda: Catarinense, Fundador da ABI. Editora Insular, 2008
28. Um Catarinense Visionário: Gustavo de Lacerda e o Centenário da ABI. Editora Insular, 2008
29. Dakir Polidoro: a Hora do Despertador. Editora Insular, 2009
30. História do Fisco Catarinense: Construindo uma Santa Catarina Melhor. Editora Insular, 2009
31. Carlin, Volnei Ivo et Pereira, Moacir. Alcides Abreu: o Construtor do Futuro. Editora Insular, 2009
32. Altino Flores: Fundador da ACI. Editora Insular, 2010
33. Aderbal Ramos da Silva. Editora Insular, 2011
Contatos com Moacir Pereira podem ser feitos pelo e-mail moacir.pereira@gruporbs.com.br
Por Paulo Clóvis Schmitz/jornalista na Agecom