Um pão sem glúten, mais nutritivo e saboroso que os encontrados atualmente no mercado, foi desenvolvido por Amanda Bagolin do Nascimento, em pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação de Ciências dos Alimentos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Ela defendeu a tese “Desenvolvimento do produto alimentício sem glúten elaborado a partir da percepção dos celíacos”.
Na primeira etapa da pesquisa, a nutricionista avaliou todos os produtos sem glúten (total de 188) disponíveis em Florianópolis e verificou que a variedade de matérias-primas utilizada neles era limitada a cinco alimentos: arroz, milho, batata, mandioca e soja. A pesquisadora constatou que esses pães, vendidos em supermercados, apresentavam baixos índices de fibra (média de 0,7 g) – os com glúten (proteína presente no trigo, cevada e centeio) possuem índice médio de 4,3 g.
A pesquisadora aplicou um questionário a 91 celíacos – pessoas que possuem intolerância ao glúten e, por isso, em geral, têm dificuldades na absorção de nutrientes, vitaminas e sais minerais. Aproximadamente 1% da população mundial é celíaca, e, no Brasil, o índice, de acordo com diferentes estudos, varia de 0,24% a 0,84% entre adultos, e chega a 1,9% em crianças e adolescentes. Como o único tratamento para a doença é não ingerir o glúten, os celíacos devem manter uma dieta restritiva. Os poucos alimentos disponíveis no mercado e seu alto preço foram as principais reclamações dos ouvidos pela pesquisadora.
Em uma etapa posterior da pesquisa, foram entrevistados 21 celíacos que descreveram como deveria ser um pão sem glúten ideal. Cerca de 90% indicaram que seria o do tipo francês, vendido em porções individuais, com crosta crocante e miolo macio. O pão desenvolvido por Amanda (ver foto) foi feito para atender às características que os celíacos descreveram.
O pão desenvolvido pela pesquisadora teve elevada aceitação dos entrevistados. Foto: Amanda Bagolin.
O estudo contou com parceria da Associação de Celíacos do Brasil- Santa Catarina (Acelbra-SC). A pesquisadora frequentou as reuniões da organização e pôde realizar parte das coletas durante os encontros.
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