‘Múltiplas vozes’ ecoam no encontro da ministra Macaé Evaristo com movimentos sociais

13/08/2025 13:34

A ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil, Macaé Evaristo, reuniu-se com representantes de movimentos sociais catarinenses na UFSC. Fotos: Gustavo Diehl/Agecom/UFSC

A ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil, Macaé Evaristo, chegou à Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) ao anoitecer do dia 12 de agosto, onde foi muito aguardada e bastante aplaudida pelo público que lotou o Auditório da Reitoria. No local, ela se reuniu com representantes de movimentos sociais catarinenses e membros da comunidade para promover um espaço de diálogo e escuta.

Antes do encontro, Macaé fez uma breve passagem pela Sala dos Conselhos, em que foi recebida pelo reitor da UFSC, Irineu Manoel de Souza, pela vice-reitora, Joana Célia dos Passos, e por servidores(as) e gestores(as) da instituição. Durante essa recepção, a vice-reitora destacou os avanços, projetos e desafios enfrentados pela universidade na promoção da inclusão, equidade e acessibilidade. Em sua fala, Joana Célia ressaltou o protagonismo da UFSC em iniciativas como a ampliação das reservas de vagas em concursos públicos para pessoas trans e quilombolas, medida adotada pela instituição antes mesmo de a legislação federal determinar o percentual de 30%. Além disso, mencionou a transformação do Núcleo de Estudos da Terceira Idade (NETI) na Universidade Aberta para Pessoas Idosas (Unapi), uma iniciativa que reflete o compromisso da gestão com a inclusão de diferentes públicos.

A vice-reitora também apresentou à ministra projetos em fase de construção, como a política de equidade de gênero, ações de combate ao assédio e iniciativas voltadas à saúde mental, além de uma política específica para assegurar a permanência de estudantes indígenas e quilombolas. No entanto, ela destacou que a acessibilidade é um dos principais desafios enfrentados pela UFSC, especialmente devido às barreiras arquitetônicas presentes no campus. Para lidar com essa questão, foi desenvolvido um projeto de acessibilidade espacial, elaborado por servidores da instituição, que inclui um plano de ação detalhado, mas que depende de recursos financeiros para ser implementado.

A ministra Macaé foi recepcionada na Sala dos Conselhos

Joana Célia chamou atenção para a complexidade de administrar a UFSC, que, com cerca de 40 mil pessoas, funciona como uma pequena cidade. Isso exige políticas integradas em áreas como moradia estudantil e infraestrutura pública. Ela sugeriu uma parceria mais ampla entre o Ministério das Cidades e o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania para atender a essas demandas e ampliar o suporte às instituições de ensino superior. Outro ponto abordado foi a necessidade de criar estratégias para combater o extremismo político e social, que tem se manifestado de maneira preocupante em Santa Catarina. A UFSC, descrita como um “laboratório” para esses desafios, desenvolveu, com o apoio do curso de Jornalismo, um projeto voltado à produção de instrumentos de comunicação capazes de enfrentar o extremismo. Segundo Joana Célia, essas ações podem servir de referência não apenas para o estado, mas para todo o país.

Ao final de sua fala, a vice-reitora entregou à ministra Macaé Evaristo os projetos desenvolvidos pela UFSC, e destacou a importância do diálogo entre a universidade e o poder público para a construção de soluções que garantam a permanência, segurança e dignidade de toda a comunidade acadêmica. “Esperamos que o ministério possa avaliar nossas propostas e indicar possibilidades de colaboração, para que possamos avançar juntos”, concluiu.

Ministra Macaé Evaristo

Ao se dirigir para o seu primeiro compromisso da agenda, a ministra foi, carinhosamente, recebida por representantes de diversos movimentos sociais, uma oportunidade para dar visibilidade para suas pautas. “É uma alegria imensa estar aqui hoje, em um momento onde recebemos tantas pessoas e movimentos que lutam por direitos e dignidade. As políticas públicas só existem porque os movimentos as pautam, e é nosso dever ouvi-los e agir em resposta às suas reivindicações”, afirmou Macaé Evaristo.

Entre os participantes, destacaram-se organizações ligadas à população em situação de rua, que entregaram um documento elaborado em plenária no dia 3 de julho de 2025, no auditório da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc). O texto denunciava graves violações de direitos enfrentadas por essa população no estado.

Durante o encontro, foram chamados à frente representantes da população em situação de rua, e em um gesto simbólico, entregaram o documento à ministra, detalhando denúncias sobre abusos e violações cotidianas nas cidades catarinenses.

O documento, intitulado Carta da Plenária da População em Situação de Rua de Santa Catarina, foi lido no evento e trouxe à tona a realidade vivida por essas pessoas, além de exigir ações concretas do poder público. A ministra Macaé Evaristo lembrou que, em resposta às denúncias, uma missão interministerial, em parceria com o Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Nacional para a População em Situação de Rua (CIAMP-Rua), esteve em Santa Catarina realizando visitas e acompanhamento. A equipe investigou as condições enfrentadas pela população de rua e ouviu as demandas diretamente de quem vive essa realidade.

As organizações e movimentos presentes foram chamados, individualmente, para registros fotográficos, seguidos por uma foto coletiva que simbolizou a união das diversas lutas representadas. Entre eles estavam: Sonia Livre; Grupo de Pesquisa de Combate ao Racismo Religioso; Observatório para o Enfrentamento do Racismo em Santa Catarina; Frente Catarinense pela Descriminalização e Legalização do Aborto; Movimento Mulheres Camponesas de Santa Catarina; UNALGBT (Chapecó); Frente Trans; 8M; Círculos de Hospitalidade; Ciranda Sem Fronteiras; Pastoral do Migrante; Missão Scalabrini; Demitidos do Plano Collor; Ocupação Contestado; Ocupação Vale das Palmeiras; Comitê de Luta por Moradia; Associação dos Angolanos em Florianópolis; Frente Parlamentar de Políticas Públicas da População de Rua; Grupo de Trabalho para os Direitos da População Migrante; Comunidade Quilombola de São Sebastião da Bárbara; Grupo de Angolanos em Florianópolis; Frente pelo Desencarceramento de Santa Catarina; e Articulação Nacional de Saúde dos Direitos Humanos.

A ministra Macaé Evaristo expressou seu desejo de retornar à UFSC futuramente, reafirmando seu compromisso com as demandas apresentadas durante o evento. Para ela, no entanto, isso não significa que será necessário esperar por outro encontro para avançar nas questões discutidas. “O trabalho começa agora, e vamos seguir dialogando e construindo ações a partir do que foi compartilhado”, afirmou.

Macaé destacou a importância de momentos como aquele, que permitem ouvir “múltiplas vozes” e aprender com as lições trazidas por elas. Ela ressaltou a pluralidade e a diversidade de Santa Catarina, um estado que, segundo a ministra, “tem muito amor e uma luta constante pela democracia e pelos direitos humanos”. Essa riqueza humana e cultural, acrescentou, é “uma inspiração para todos nós”.

A ministra também pontuou que a grande lição do encontro foi a resistência e a capacidade de persistir na luta por direitos, mesmo diante das adversidades. Ela agradeceu a todos os que participaram, destacando a relevância das diversas agendas representadas. Em tom descontraído, comentou que não via necessidade de uma aula magna formal, pois “a verdadeira aula está aqui”, referindo-se às experiências e relatos compartilhados pelos participantes.

Para Macaé, a verdadeira lição está presente nas vozes e nos rostos das pessoas que atuam diariamente em defesa dos direitos humanos, vindas de diferentes lugares e com pautas diversas. É nessa luta, afirmou, que os movimentos se encontram e ajudam a transformar o Brasil. Reconhecendo os desafios enfrentados pelos movimentos sociais, a ministra reforçou que, apesar daqueles que tentam silenciar ou frear essas ações, Santa Catarina mostra sua resistência e afirma seu direito à dignidade. “Estamos aqui, estamos juntos, e seguimos na luta”, defendeu a ministra.

A organização do evento contou com a parceria do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), do Instituto Federal Catarinense (IFC), da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). O convite à professora e assistente social Macaé Evaristo deve-se por sua trajetória de excelência no campo da educação e na luta antirracista. Reconhecida nacionalmente, a ministra tem se destacado pela defesa dos direitos humanos e por sua atuação sociopolítica e educacional em todo o Brasil.

A programação culminou com a participação da ministra na Aula Magna do segundo semestre letivo da Universidade, intitulada Direitos Humanos e Cidadania nas Instituições Públicas. O evento foi realizado, na sequência, no Auditório Garapuvu, localizado no Centro de Cultura e Eventos Reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo, com transmissão ao vivo.

 

Rosiani Bion de Almeida | SECOM
imprensa.gr@contato.ufsc.br

Fotos: Gustavo Diehl | Agecom | SECOM

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‘Se tem um caminho de transformação da vida é a educação’, diz ministra em Aula Magna na UFSC

13/08/2025 09:06

Aula magna debateu Direitos Humanos (Fotos: Gustavo Diehl)

Os olhos das mulheres (e de todos os presentes) estavam bem acordados quando a ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil, Macaé Evaristo, começou a falar na Aula Magna de início do semestre letivo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), na noite desta terça-feira, 12 de agosto, em Florianópolis. Antes de passar a palavra à ministra, por volta das 20h30, a vice-reitora da UFSC, Joana Célia dos Passos, citou o poema A noite não adormece nos olhos das mulheres, de Conceição Evaristo, que é prima da ministra.

Foi uma forma de convidá-la a debater o tema do 1º Seminário Estadual Mulheres na Gestão das Instituições Públicas de Ensino Superior de Santa Catarina, evento fruto de parceria da UFSC com o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), o Instituto Federal Catarinense (IFC), a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). Os parceiros de seminário e a Defensoria Pública de Santa Catarina se reuniram para convidar Macaé Evaristo para falar ao público em Florianópolis.

“Quando ocupamos esses espaços, é preciso ‘escreviver’ a gestão pública”, disse a ministra ao longo de sua fala, lembrando também da prima escritora. Conceição Evaristo definiu a escrevivência – uma forma de escrever que leva em consideração a experiência de vida, especialmente de mulheres negras. Ao todo, a ministra Macaé Evaristo falou por cerca de 40 minutos ao público que lotou o Auditório Garapuvu, do Centro de Cultura e Eventos Reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo, no bairro Trindade. Ela tocou em diferentes assuntos, começando por pedir benção às autoridades religiosas presentes, ressaltando a importância da liberdade de religião em um país laico. “A relação com o sagrado nos completa”, disse.

De início, Macaé Evaristo relatou parte de sua infância em São Gonçalo do Pará, cidade do interior de Minas Gerais. Lá, segundo ela, conheceu incômodos que não sabia definir. Mais tarde soube se tratar de preconceito. A mãe, prudente, fez com que todas as filhas estudassem. “Se tem um caminho de transformação da vida é a educação”, disse a ministra. A leitura mostrou à Macaé Evaristo que há pessoas tratadas de forma diferente. “Nós não nascemos desiguais, nos fazem desiguais”, concluiu.

PIX, soberania nacional e Cancellier

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Ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania apresenta Aula Magna na UFSC dia 12 de agosto

11/08/2025 17:25

A ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil, Macaé Evaristo, estará presente na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) no dia 12 de agosto, a convite do 1º Seminário Estadual Mulheres na Gestão das Instituições Públicas de Ensino Superior de Santa Catarina. O evento, que será realizado no campus Trindade, em Florianópolis, é promovido pela UFSC em parceria com o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), o Instituto Federal Catarinense (IFC), a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS).

A ministra será recepcionada pela Reitoria da UFSC e pelas instituições organizadoras às 17h do dia 12 (terça-feira). Em seguida, às 17h30, Macaé participará de um encontro com movimentos sociais catarinenses, no Auditório da Reitoria, e às 19h, proferirá Conferência/Aula Magna: Direitos Humanos e Cidadania nas Instituições Públicas, no Auditório Garapuvu do Centro de Cultura e Eventos Reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo. A apresentação será transmitida ao vivo pelo canal do YouTube do Departamento de Cultura e Eventos (DCEven).

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