Traduzida e adaptada por P.R. Berton, a peça estreia no sábado, 14, e permanece em cartaz no domingo, segunda e terça, sempre às 19h30, Ginásio 3 do Centro de Desportos da UFSC
Produção do Curso de Artes Cênicas da UFSC realiza de sábado à terça, no Centro de Desportos, peça que faz uma reflexão sobre a decrepitude e o cuidado com a velhice
Quando estreou na Alemanha em 1998, a peça As Filhas de King Kong, da dramaturga Theresia Walser, causou grande impacto e polêmica por abordar com crueza dramática o tabu da decrepitude e, na sua esteira, a eutanásia e o relacionamento com os velhos. O Curso de Artes Cênicas da Universidade Federal de Santa Catarina abraçou o desafio de levar ao palco esse texto tragicômico para sua já célebre apresentação de final de semestre, dentro do Projeto Primeiro Ato, patrocinado pela Secretaria de Cultura da UFSC. Neste final de semana o resultado desse trabalho será conhecido em Florianópolis para depois seguir para outros cenários, incluindo os campi da UFSC em Curitibanos, Araranguá e Joinville.
Traduzida e adaptada por P.R. Berton, a peça estreia no sábado, 14, e permanece em cartaz no domingo, segunda e terça, sempre às 19h30, Ginásio 3 do Centro de Desportos da UFSC. Em um asilo, três sinistras e ousadas cuidadoras decidem fazer da morte de seus protegidos uma “hora da estrela”, um momento cercado do glamour que marca a morte de um artista de cinema muito famoso. O tema atinge na veia o complexo de culpa das sociedades ocidentais e orientais que demonstram um desprezo generalizado pela velhice. “Segundo nossa interpretação e também conforme algumas referências propostas pela dramaturga a peça, encontra-se no ambiente do grotesco, do absurdo”, diz a aluna integrante Nathália Menotti Mazini. “O conjunto das referências e o próprio texto pode ser risível a primeira leitura, mas a atmosfera vai ficando cada vez mais tensa e o riso vai ficando frouxo até desaparecer. Afinal, segundo Sodré, ‘o grotesco é o belo de cabeça para baixo’”, escreve ele para o Jornal Qorpus, do Curso de Artes Cênicas.
A encenação As Filhas de King Kong mobiliza desde o início deste ano alunos da sétima fase da disciplina Projeto de Montagem, ministrada pelos professores Dirce Waltrick do Amarante e Paulo Ricardo Berton, responsável pela direção geral. A professora Priscila Genara Padilha cuidou da preparação de ator e Luiz Fernando Pereira da cenografia, figurino e maquilagem. Quatorze alunos fazem parte do elenco e também ocupam funções na montagem e produção do espetáculo. No final deste ano, eles vão compor a segunda turma de Artes Cênicas formada pela UFSC. A primeira turma encenou Setembro, montagem dedicada à reflexão sobre as causas e conseqüências do ataque às torres gêmeas na biopolítica do planeta.
Mais uma das grandes produções artísticas da universidade depois da criação do Curso de Artes Cênicas, As filhas de King Kong fortalecem o entrelaçamento entre arte e saber acadêmico. Aberta ao público e gratuita, a peça foi produzida com apoio do Departamento de Libras (DALI) e recursos da SeCult. Entrevista com a dramaturga Theresia Walser à professora Maria Aparecida Barbosa pode ser lida no jornal eletrônico Qorpus.
Sinopse
A peça da Dramaturga Theresia Walser conta a história de três cuidadoras de idosos nada convencionais de um asilo de velhos e revela a vida miserável e decadente de todos que no asilo se encontram. As três mulheres não alimentam qualquer expectativa para as suas vidas e, como passatempo, costumam assassinar seus pacientes da forma mais inusitada possível. Carla, Berta e Meggie – as tais filhas de King Kong – sonham com uma realidade diferente da que as prende. Assim que os seus moradores se aproximam dos oitenta anos, elas arquitetam uma morte espetacular, sempre a partir da data de falecimento de um artista dos anos dourados de Hollywood, transformando dessa forma um simples assassinato em um glorioso show.
Apesar da idade avançada e dificuldades impostas naturalmente pelo tempo e agravadas pelos maus tratos impostos pelas filhas de King Kong, os velhos, por sua vez, revelam-se mais vívidos e com mais expectativas de vida que suas próprias cuidadoras. Na ânsia por viver um pouco mais, planejam novos rumos e deliram em suas fantasias, muitas vezes absurdas, porém não menos vivas. Velhinhos que esperam pelo filho que jamais voltará, que se apaixonam todo dia pela mesma esposa, por mais que esta esteja perdendo completamente a noção da realidade, que escrevem poemas de amor. Pessoas apaixonadas por suas próprias melodias, esperançosas por encontrar um homem que as ame verdadeiramente. Idosos que, ao final da vida, ainda conseguem inspiração em coisas simples e belas.
A bola da vez é a Senhora Tormann, que presa numa cadeira de rodas, escuta uma fita com a voz do seu filho e pseudo businessman Winnie, enquanto espera inocentemente pelo seu sacrifício. O resto da fauna do asilo se resume ao casal Albert, um velho trêmulo e uma velha com a memória cada vez mais tênue, ao senhor Nubel e seus instrumentos fálico-musicais, a Senhora Greti e seus vales ainda virginais e ao Senhor Pott, um poeta in-process. O tiro, porém, sai pela culatra, e as filhas do gorila falham no seu intento criminoso. No entanto, do nada surge um eletricista chamado Rolfi, que pode significar uma salvação para a mediocridade rotineira das três. Berta, Carla e Meggie, cheias de esperança, acreditam que a felicidade finalmente bateu à porta. Mas o asilo tem um lustre e velhos muito desajeitados, que conseguem matar mesmo sem se dar conta disto.
Serviço:
Estreia: As filhas de King Kong
Local: Ginásio 3 do CDS/UFSC
Quando: 14,15,16 e 17
Horário: 19h30min
Entrada gratuita
Assessoria de comunicação:
Raquel Wandelli
Jornalista da UFSC na SeCult
(48) 3721-9459 e 9911-0524
raquelwandelli@yahoo.com.br
Ficha Técnica:
Tradução: Profº P.R. Berton
Direção geral: Profº P.R. Berton
Assistente de direção: Ju Disconzi, Marieli Mota, Nath Mazini
Elenco:
Filhas de King Kong, cuidadoras:
Daniela Antunes e Marieli Mota como Meggie
Giovanna Rosa e Mandy Justo como Carla
Jéssica Faust e Juliana Carvalho como Berta
Velhos:
Mariel Maciel como Sr Pott
Tayná Wolff como Sra Albert
Elisa Bacci como Sr Albert
Carolina Volpi e Nath Mazini como Sra Greti
Liana como Sra Tormann
José Leonardo como Sr Nübel
Eletricista/ Aventureiro: Ju Disconzi
Preparação do Ator: Profª Priscila Genara Padilha
Sonoplastia: Profº P.R. Berton, Giovanna Rosa e Mariel Maciel
Produção: Carolina Volpi, Elisa Bacci, Giovanna Rosa, Jéssica Faust, Ju Disconzi, Mariel Maciel e Tayná Wolff
Orientação de Cenários, Figurinos e Maquiagem Prof. Luiz Fernando Pereira (LF)
Cenários: Caren Nunes da Silva e Jessica Cardoso Santos
Prod. de Objeto Cênicos: Juliana Kelly Carvalho
Cenotécnico: Guilherme Rosário Rotulo
Figurinos: Daniela Antunes e Mandy Justo
Cabelos e Perucas: Ljana Carrion e Kátia Miyazaki
Maquiagem: Carolina Volpi e Ljana Carrion
Orientação de Iluminação: Profª Priscila Genara Padilha
Iluminação: José Leonardo e Ljana Carrion
Montagem/Operador de Luz: Gabriel Guedert