Estudo aponta que toxinas presentes na Lagoa do Peri podem atingir o mar e contaminar ostras e mexilhões

14/05/2021 12:15

Coleta de dados também envolveu o Canal do Sangradouro e a Praia do Matadeiro. Foto: arquivo pessoal

Pesquisadores do Laboratório de Ficologia (Lafic) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) identificaram a presença de quantidades elevadas de uma toxina proveniente de cianobactérias na Lagoa do Peri e a possibilidade de a substância, que pode ser letal em altas doses, chegar ao mar da Praia do Matadeiro e contaminar mariscos e ostras. O trabalho, que também conta com a colaboração de cientistas da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) e da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), envolveu coletas quinzenais, realizadas em 2018 e 2019, na Lagoa do Peri, no Canal do Sangradouro, que conecta a lagoa ao mar, e na Praia do Matadeiro, além de experimentos em laboratório com mexilhões. Os resultados foram publicados na revista científica internacional Harmful Algae, a mais importante do mundo no tema de florações de algas nocivas e ficotoxinas.

A Raphidiopsis raciborskii é uma cianobactéria – uma das categorias de microalgas – que produz uma das mais poderosas e letais toxinas naturais conhecidas: a saxitoxina, também chamada de toxina paralisante. Apesar de a Lagoa do Peri não ser um corpo de água poluído, essa cianobactéria encontra ali condições para proliferar, especialmente no verão. Desde 1994, há registros de sua presença no local, e os dados coletados desde então demonstram que vem aumentando a população da microalga. 

Os níveis de saxitoxinas encontrados na lagoa ao longo do estudo passaram de seis microgramas por litro nos dias de maior calor – um valor alto e que pode oferecer risco à fauna e à flora local, bem como às pessoas que se banham ali. Para efeito de comparação, o limite máximo permitido no Brasil para a água tratada – aquela que chega às torneiras de nossa casa – é de três microgramas por litro.

“Foi um dado bem ilustrativo de um período de verão, de calor. E, depois acabou escoando, em função de chuva, para a saída da lagoa e em direção ao mar. Ou seja, foi um dado bem sintomático do que pode acontecer numa chuva forte de verão, porque no verão tem mais da cianobactéria, ela produz mais toxinas, e, como chove mais, nós temos maior possibilidade dessa água ir para o mar”, explica Leonardo Rörig, professor do Departamento de Botânica da UFSC e um dos autores do estudo. 
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UFSC na mídia: professor do Departamento de Geologia fala sobre crença de vulcão na Ilha de SC

20/04/2021 11:22

Reprodução ND+O professor Breno Waichel, do Departamento de Geologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), foi um dos entrevistados em reportagem do programa Balanço Geral. A matéria aborda a crença de que existe um vulcão inativo no morro da praia do Matadeiro, em Florianópolis.

A reportagem conversou com especialistas em geologia e espeleologia — ciência que estuda as cavidades naturais — para analisar as características do local. Intitulada Vulcão em Florianópolis: a história por trás de resquícios vulcânicos no Sul da Ilha, a produção foi publicada na última segunda-feira, 19 de abril, no portal ND+.

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Pesquisa analisa riscos da contaminação de mexilhões na Praia do Matadeiro

29/05/2017 08:39

Um projeto de pesquisa de mestrado irá verificar possíveis riscos de contaminação de um tipo de cianobactéria tóxica em mexilhões da Praia do Matadeiro. Densas populações desta espécie, Cylindrospermopsis raciborskii, foram registradas na Lagoa do Peri desde a década de 1990 e, nos últimos 20 anos, são monitoradas pela Casan. As concentrações de saxitoxina, produzida pela cianobactéria, ainda são baixas e o sistema de tratamento de água da Casan consegue remover a contaminação, principalmente pelos filtros e cloro. Porém, o Canal do Sangradouro leva água da Lagoa do Peri ao Atlântico, entre Armação e Matadeiro, onde há costões rochosos, habitat de mexilhões, além de organismos comestíveis enterrados na areia.

Cianobactérias tóxicas são analisadas em laboratório. Foto: Henrique Almeida/Diretor de Fotografia da Agecom/UFSC

“Se a carga tóxica de lagoa do Peri está constantemente sendo lançada na praia do Matadeiro, o que se pode esperar da contaminação de mexilhões que por ali vivem ou que por ventura sejam ali cultivados?”, questiona Leonardo Rörig, líder do Grupo de Pesquisa do CNPq Biologia, Cultivo e Biotecnologia de Microalgas e orientador da mestranda Tanise Klein Ramos. Séries de amostragens e análises serão realizadas a fim de testar estas hipóteses, explica Rörig. “Dependendo dos resultados, medidas de gestão deverão ser tomadas para impedir o consumo de frutos do mar oriundos de alguns setores da Praia do Matadeiro. Consequentemente, o cultivo de mexilhões na área deveria ser impedido, haja vista o risco de contaminação com consequências a saúde pública”.

Para recreação na Lagoa do Peri, maior corpo de água doce da Ilha de Santa Catarina, não há complicações atualmente, confirma Rörig. “Dificilmente a pessoa que engolir a água vai ter problemas. Hoje, a água da lagoa é limpa, as algas só vão crescer mais se houver água mais suja”. 
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