‘Precisamos mostrar a importância do oceano para o brasileiro’, diz professora da UFSC que copreside grupo da Unesco

14/02/2025 11:19

Professora Marinez Scherer fala em evento no Senado Nacional em maio de 2024. Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

A professora Marinez Scherer, do Departamento de Oceanografia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), assumiu, em 6 de fevereiro, a copresidência  do Grupo de Trabalho em Planejamento e Gestão Sustentável do Oceano (WG SOPM em inglês) da Comissão Oceanográfica Intergovernamental da Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura (COI/Unesco). 

A Unesco, por meio da COI, é a principal organização das Nações Unidas que trabalha no campo de Planejamento Espacial Marinho (PEM), que tem como enfoque o processo público de análise, alocação espacial e distribuição temporal de atividades humanas nas áreas marinhas para alcançar objetivos ecológicos, econômicos e sociais determinados por meio de processos políticos.

“A gente precisa dar o exemplo no nosso próprio quintal, que a gente chama de ‘Amazônia Azul’. Estamos como uma vitrine do mundo para as questões ambientais e precisamos realmente mostrar a importância do oceano para o Brasil e para o brasileiro”, avalia Marinez.

Com uma zona econômica exclusiva e uma plataforma continental com 5,7 milhões de km², a “Amazônia Azul” brasileira é uma grande área relevante para o mundo, se mantida saudável em termos de enfrentamento às mudanças do clima, de segurança alimentar e de equilíbrio de gênero nas atividades, defende a professora.


Cada vez mais, estamos com uma série de usos e atividades no oceano. Muitas atividades econômicas estão se voltando para o oceano, como a geração de energia, a aquicultura, o turismo e a produção de petróleo. Precisamos fazer uma boa gestão nesse espaço, porque é um planeta só e é um oceano só.

Marinez Scherer, copresidente do Grupo
de Trabalho em Planejamento e Gestão
Sustentável do Oceano da Unesco


De acordo com a Unesco, o PEM não é um fim em si mesmo, mas um modo prático de criar e estabelecer uma utilização mais racional do espaço marinho, bem como as interações de seus usos, a fim de equilibrar as demandas do desenvolvimento e atender aos resultados sociais e econômicos, de forma aberta e planejada. As ações do PEM em território brasileiro são administradas pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e pela Comissão Interministerial para os Recursos do Mar.
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Veleiro ECO encontra vida em formação em meio à alta quantidade de plástico no Rio Itajaí

04/04/2023 08:30

Equipe coletou entre entre 200 e 250 amostras ao longo da expedição

A verificação de um ambiente cheio de vida, repleto de seres microscópicos, de filhotes de peixes e outros animais, contrasta com a alarmante concentração de microplásticos encontrada no Rio Itajaí-Açu. A observação está entre os resultados preliminares da primeira expedição de pesquisa da equipe da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) a bordo do Veleiro ECO no âmbito do Projeto AtlantECO. O grupo, que passou nove dias embarcado, coletou entre 200 e 250 amostras ao longo do rio, foz e zona costeira. 

O Itajaí-Açu foi escolhido pelo seu papel ecológico e por ser o principal sistema fluvial da maior bacia hidrográfica de Santa Catarina, a Bacia Hidrográfica de Itajaí. Além disso, ele sofre fortes pressões antrópicas decorrentes de atividades ligadas ao desenvolvimento econômico, como o turismo, os agroquímicos das lavouras de arroz e as atividades portuárias, e, ainda, ao alto contingente populacional de seu entorno.

O estuário do rio também despertou o interesse dos pesquisadores. “Por serem locais de mistura de água doce dos rios rica em nutrientes com a água salgada do mar, os estuários são um dos ambientes mais produtivos do mundo. Essas zonas de transição entre os rios e os mares abrigam diversas formas de vida, sejam elas estritamente de água doce ou salgada, ou aquelas adaptadas aos dois modos de vida. Além disso, os estuários são espaços de investigação dos poluentes químicos e plásticos vindos do continente e escoados na zona costeira”, explica Érica Caroline Becker, pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Ecologia (PPGECO) envolvida na expedição. 
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Projeto AtlantECO organiza pesquisa global em 21 de setembro e promove a Cultura Oceânica

19/09/2022 14:23

Foto: Divulgação/AtlantECO

O projeto internacional de pesquisa e extensão AtlantECO, vinculado ao Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC organiza, na quarta-feira, 21 de setembro, uma atividade do Ocean Sampling Day (OSD), campanha científica global com o objetivo de analisar a biodiversidade e a função microbiana marinha. Nesse dia, a equipe do Projeto AtlantECO, bem como outros pesquisadores da UFSC vinculados à Chamada Blue Growth, realizam amostragens na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, em Santa Catarina. 

O OSD visa gerar o maior conjunto de dados microbianos padronizados em um único dia em diversas regiões do mundo. Durante todo o dia, pesquisadores estarão recolhendo amostras de águas da zona costeira e esta será a primeira vez em que a atividade ocorre na região do Atlântico Sul. A iniciativa já existe, desde 2014, em todos os oceanos, com exceção da costa brasileira e africana. 

O AtlantECO organiza a atividade em 2022 e nos próximos dois anos, em parceria com o European Marine Biological Resource Center (EMBRC). O AtlantECO é um projeto desenvolvido em parceria com 36 instituições de 11 países da Europa, Brasil e África do Sul, que tem por finalidade a pesquisa sobre o microbioma do Atlântico, os impactos das mudanças climáticas e da poluição no oceano.
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Veleiro ECO da UFSC participará de novas expedições do Projeto AtlantECO

15/02/2022 08:52

Equipe de pesquisadores e voluntários do AtlantECO teve forte presença feminina (Foto: Andrea Freire)

Como parte do Projeto AtlantECO, o Veleiro ECO da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) vai navegar muito em breve por boa parte da costa brasileira com paradas em diferentes cidades para os Port Calls e pesquisas científicas ao longo do percurso. Os Port Calls do Projeto AtlantECO são eventos de extensão acadêmica que ocorrem em terra e visam promover a Cultura Oceânica e a conscientização ambiental. Estão previstos para ocorrerem em diferentes cidades da costa brasileira, africana e europeia, com a participação de três veleiros de pesquisa oceanográfica: o ECO da UFSC, o Veleiro Tara da Fundação Francesa Tara Ocean e o Eugen Seibold do Max Planck Institute for Chemistry, da Alemanha. Além das ações de extensão, os veleiros e outras três embarcações envolvidas no projeto irão também coletar amostras para pesquisa científica, com ênfase no Microbioma do Atlântico, poluição plástica e conectividade oceânica.

A expectativa é grande para este ano, mas a participação do Veleiro ECO neste projeto internacional (Programa H2020, Chamada Blue Growth), teve início no final do ano passado. Sob a coordenação da professora Andrea Santarosa Freire (CCB/ECZ) e em parceria com o coordenador do Projeto Veleiro ECO, professor Orestes Alarcon (CTC/EMC), o ECO esteve no Rio de Janeiro e em Itajaí, onde foi uma das atrações principais dos Port Calls.
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Egressa do curso de Cinema vai participar de expedição da Família Schurmann em defesa dos oceanos

17/08/2021 11:03

Carmina em ação (Foto de arquivo pessoal)

Uma egressa do curso de Cinema da Universidade Federal de Santa Catarina está prestes a partir para um longo desafio em alto-mar. Ela será assistente de câmera do projeto Voz dos Oceanos, uma expedição de dois anos liderada pela Família Schurmann, a primeira família latino-americana a circunavegar o mundo em um veleiro. Carmina Renones integra a expedição que tem o objetivo de documentar e identificar soluções para a poluição plástica, além de chamar a atenção para a Década dos Oceanos, com o apoio da Organização das Nações Unidas.

“Durante a faculdade fiz muito isso (assistência de câmera) nos curtas e longas. Geralmente estava envolvida com as produções na área da fotografia, ora assistência, ora drone, ora direção.E assim começou essa história toda”, conta Carmina, que lembra mal ter acreditado quando recebeu o convite para fazer parte de uma expedição desse porte. “Fiquei em choque por alguns minutos, pensei que era trote. Inclusive agora, alguns meses depois, a produtora que me ligou ainda tira sarro da minha cara pelo meu áudio de resposta”, brinca.

A produtora chegou até a cineasta por meio da recomendação de um professor, que se tornou também um grande amigo depois dos anos de faculdade: Gabriel Varalla, supervisor do Laboratório de Cinematografia da UFSC, que tinha ele próprio recebido a proposta. “Eu tinha conhecidos que conheciam a família, mas não cheguei até eles por nenhum desses amigos: o processo foi inverso”, lembra ela, que embarca no próximo dia 29 de agosto.

Um dos pontos altos do trabalho, para ela, será a possibilidade de estar em contato direto com pessoas que se articulam para mudar o mundo. “É de extrema importância que nós, como habitantes, cuidemos dos nossos próprios resíduos, afinal, uma massa de quase 8 bilhões de pessoas tem um impacto maior do que qualquer outra espécie”, define.

Carmina nunca havia trabalhado de forma direta com a temática ambiental, mas revela que sempre se interessou pelo assunto. Além disso, a produção de documentários foi a área do cinema que decidiu seguir ao fim da faculdade. Ela acredita que o audiovisual é uma das ferramentas mais poderosas para disseminar ideias e mudanças sociais. “Espero que as imagens mostrem uma realidade que as pessoas não querem ver. Nossa poluição é muito grave.Propor estratégias de mudança, mudar hábitos é algo muito difícil, mas chega um ponto que não temos mais escolha”.

Rotinas e expectativas

Mesmo às vésperas de embarcar, Carmina conta que ainda não sabe como será sua rotina na expedição. “Pelo que me contam, a rotina é não ter rotina”. Apesar disso, as expectativas são altas. “Espero que o nosso trabalho ajude no caminho da mudança, na visibilidade dessa questão. É muito bom ter o objetivo também de propor alternativas ao uso do plástico, não apenas apontando o problema, que todos sabemos que existe em maior ou menor grau, mas também mostrando que existem alternativas viáveis, que podem ser adotadas por todos”.

Voz dos Oceanos deve percorrer cerca de 40 pontos estratégicos, incluindo algumas ilhas do planeta, entre elas, Fernando de Noronha, Manhattan/Nova York, e Dulcie, além de passar por alguns pontos dos mares onde os mais variados itens de plástico se acumulam, vindos de diferentes partes do mundo por meio das correntes marítimas. O retorno está marcado somente para 2023.

O veleiro Kat levará também a missão da ONU para diferentes países e nações, como ressaltou Denise Hamú, Representante da ONU Meio Ambiente no Brasil, ao anunciar o apoio à expedição. A expedição será uma plataforma para que cientistas, pesquisadores e ONGs possam embarcar com a Família Schurmann e realizarem pesquisas in loco nos mares e ilhas do mundo.

Como representante da UFSC nessa jornada, Carmina reitera a importância da sua formação no curso de Cinema. “Foi extremamente importante, não apenas pelo diploma, que muitas vezes é necessário quando se aplicando para trabalhos desse porte, mas, na minha visão, principalmente pelo crescimento humano que me proporcionou, pelos contatos que fiz, os amigos e professores, pelo pensamento crítico, e estratégico, pelo conhecimento prático da solução de problemas e improviso, pelas oportunidades e principalmente pelo tempo”.

Amanda Miranda/ Jornalista da Agecom/Com informações do Programa da ONU para o Meio Ambiente e do Voz dos Oceanos

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