Cerimônias nestas quarta e quinta-feiras (15 de 16 de dezembro) encerram as homenagens do Prêmio Destaque Pesquisador UFSC 50 anos. A premiação foi proposta pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Extensão da UFSC dentro da programação de comemoração do cinquentenário da Universidade. Direcionada a um pesquisador de cada um dos 11 centros de ensino da UFSC, o prêmio é um reconhecimento a docentes com significativo trabalho de pesquisa e formação de recursos humanos.
O homenageado de quarta-feira é o professor do Departamento de Engenharia Elétrica Ivo Barbi, indicado pelo Centro Tecnológico. O prêmio será entregue às 11h, no auditório do CTC. Na quinta-feira, a partir de 11h, no auditório do Departamento de Farmacologia, uma cerimônia reconhece o trabalho do professor do Centro de Ciências Biológicas, João Batista Calixto.
Professores Homenageados com o Prêmio Destaque Pesquisador UFSC 50 Anos em 2010:
– Raul Antelo (Centro de Comunicação e Expressão)
– Wagner Figueiredo (Centro de Ciências Físicas Matemáticas)
– Markus Vinícius Nahas (Centro de Desportos)
– Ivete Simionatto (Centro Sócio-Econômico)
– Luiz Fernando Scheibe (Centro de Filosofia e Ciências Humanas)
– Antônio Carlos Wolkmer (Centro Ciências Jurídicas)
– Jaime Fernando Ferreira (Centro de Ciências Agrárias)
– Alacoque Lorenzini Erdmann (Centro de Ciências da Saúde)
– Leda Scheibe (Centro de Ciências da Educação)
– João Batista Calixto (Centro de Ciências Biológicas)
– Ivo Barbi (Centro Tecnológico)
Conheça um pouco dois últimos homenageados:
Ivo Barbi: o pesquisador da eletrônica de potência
“Há 31 anos, quando voltei do meu doutorado na França, o Brasil desconhecia a eletrônica de potência moderna”, lembra o professor Ivo Barbi, escolhido pelo Centro Tecnológico da UFSC para receber o Prêmio Destaque Pesquisador UFSC 50 Anos. Com graduação em Engenharia Elétrica e mestrado na mesma área pela UFSC, doutorado pelo L’institut National Polytechnique de Toulouse, ele contribui para que Santa Catarina e o Brasil sejam referências na área de eletrônica de potência.
Professor titular da UFSC, Ivo Barbi é o fundador do Laboratório de Máquinas Elétricas e Eletrônica de Potência (Lamep), que em 1994 se transformou no Instituto de Eletrônica de Potência (INEP). A mudança no nome marcou também a ampliação do espaço dedicado às pesquisas, conquista de Ivo Barbi e de outros professores do Departamento de Engenharia Elétrica. O laboratório original se desdobrou em oito que contribuem para o desenvolvimento tecnológico da energia elétrica a partir da eletrônica de potência, em atividades de ensino, pesquisa e extensão. “O INEP é o segundo maior em sua área, só perde para outro da Virgínia, nos Estados Unidos.”, orgulha-se o pesquisador.
A relevância não é apenas acadêmica. O Instituto de Eletrônica de Potência da UFSC tem forte interação com o setor elétrico brasileiro. Muitas das pesquisas desenvolvidas por sua equipe são parcerias com grandes empresas e instituições nacionais, caso da Marinha do Brasil, Embraco, Linear e WEG (empresa catarinense líder na produção de máquinas e motores elétricos).
Em relação aos motores elétricos, por exemplo, o desenvolvimento do conhecimento no campo da eletrônica de potência é essencial. Seu acionamento representa, em média, 65% do consumo da energia utilizada na indústria e mais de metade do consumo global. A partir de conversores estáticos, foco da eletrônica de potência, reduções de até 70% do consumo de energia podem ser obtidas.
No caso da iluminação (setor em que em que há ainda muita ineficiência e que ocupa o terceiro lugar em termos de consumo mundial de energia, logo após do aquecimento para processos químicos ou físicos) há um potencial de melhoria que também recebe impulso significativo do INEP. Os estudos envolvem, por exemplo, o desenvolvimento de lâmpadas eficientes, controladas por reatores eletrônicos, e mecanismos de iluminação de estado sólido (Light Emitter Diodes: LEDs). Tanto reatores eletrônicos como LEDs são alimentados por conversores estáticos, equipamento que está no coração das pesquisas do INEP – e do professor Ivo Barbi, que com sua equipe persegue, a partir do processamento eletrônico de energia elétrica, maior eficiência (menor perda nos processos de conversão de energia) e qualidade (energia mais limpa em termos de impacto ambiental).
Conhecimento compartilhado
Atualmente cerca de 100 pessoas utilizam a estrutura do INEP, entre professores, doutorandos, mestrandos e alunos de iniciação científica. A passagem de todos os integrantes fica registrada também nas paredes do instituto. No primeiro andar, placas indicam nome e ano de conclusão da pós-graduação. O de Ivo Barbi está na turma de 1976.
O catarinense de Barracão (cidade localizada no Vale do Itajaí) fundou também a Associação Brasileira de Eletrônica de Potência (Sobraep), em 1990. A entidade é responsável pela edição bimestral da Revista Eletrônica de Potência e pela realização do Congresso Brasileiro de Eletrônica de Potência, primeiro na área fora do eixo Estados Unidos/Japão/Europa.
Seu extenso Currículo Lattes inclui a publicação de nove livros, 56 artigos completos em periódicos e 246 trabalhos em anais de congressos. Sua pesquisa já resultou em mais de 2700 citações. O professor é responsável pela formação de centenas de engenheiros que atualmente atuam em grandes empresas do Brasil e de outros países. Já orientou 97 dissertações, 47 teses e 18 pós-doutorados. Atualmente orienta dois mestrandos e 10 doutorandos. “Trabalho muito”, diz com satisfação.
Mais informações com professor Ivo Barbi: (48) 3721-9204 / ivobarbi@inep.ufsc.br
Por Claudia Mebs (Bolsista de Jornalismo na Agecom) e Arley Reis (Jornalista da Agecom), com informações do Livro UFSC 50 Anos: Trajetória e Desafios
João Batista Calixto: referência em farmacologia
No final da década de 1960, quando a Faculdade de Medicina do Estado de Santa Catarina foi integrada à Universidade Federal de Santa Catarina, a Farmacologia se tornou uma disciplina vinculada ao Departamento de Patologia. Na década de 1970, os esforços para fazer crescer a UFSC, instalada há poucos anos, levaram à implantação da Coordenadoria de Farmacologia. Com o objetivo de qualificar o ensino e com a visão sobre a importância de incentivar a pesquisa nesse campo, o então reitor, professor Carpar Erich Stemmer, buscou em outros estados professores que o ajudassem.
O biólogo João Batista Calixto estava em São Paulo, concluindo seu mestrado em Farmacologia pela Universidade Federal de São Paulo (Escola Paulista de Medicina, atualmente Unifesp) e foi convidado para fazer parte dessa história. Ele nem conhecia Florianópolis. “Na época poucos aviões vinham para a cidade ainda bem pequena. Foi ai que descobri que Florianópolis era uma ilha e achei muito interessante”, lembra.
Era um desafio para o recém-mestre que via outras oportunidades. Mas a opção foi por Santa Catarina, onde foi acolhido e contratado como professor visitante da UFSC. Um ano depois fez concurso e passou a integrar uma equipe que hoje é responsável por um dos melhores cursos de Pós-Graduação em Farmacologia do país, conceito máximo 7 na avaliação Trienal 2010 da Capes (nota seis, também de excelência, desde 2000). Sua perseverança e dedicação foram fundamentais nesta trajetória, homenageada com o Prêmio Destaque Pesquisador UFSC 50 Anos.
Destaque na bibliografia internacional
Nascido em Coromandel, município do estado de Minas Gerais, João Batista Calixto graduou-se em Ciências Biológicas pela Universidade de Brasília (UnB), em 1973. Em 1976 tornou-se mestre em Farmacologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e em 1984 defendeu o doutorado em Farmacologia na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, ligada à Universidade de São Paulo (USP). Tem registrado em seu longo currículo Lattes mais de 300 artigos publicados em revistas especializadas de nível internacional.
O professor é um dos pesquisadores brasileiros mais citados na bibliografia internacional (mais de seis mil citações), um dos mais respeitados currículos da área médico-científica no país. É uma autoridade no estudo de princípios ativos de plantas, na pesquisa básica sobre dor e inflamação e sistema cardiovascular. É responsável pela formação de recursos humanos de alto nível: já orientou 35 dissertações, 24 teses e 18 pós-doutorandos, além de dezenas de alunos de iniciação científica.
Referência na pesquisa colaborativa com a indústria farmacêutica, o professor coordenou a produção do primeiro medicamento totalmente produzido no país. O antiinflamatório Acheflan foi desenvolvido em parceria com os Laboratórios Aché, a partir dos princípios ativos da planta erva-baleeira, também conhecida como maria-milagrosa.
“Todo medicamento de hoje já foi pesquisa básica no passado”, faz questão de lembrar o professor. Pesquisador nível IA do CNPq, membro da Academia Brasileira de Ciências, Calixto tem documentado em seu currículo registros de 18 patentes e o desenvolvimento de outros dois produtos que estão no mercado.
Mais informações com professor Calixto: (48) 3721-9491, ramal 229
Por Arley Reis / Jornalista da Agecom
Mais informações sobre o Prêmio Destaque Pesquisador UFSC 50 Anos:
Professor Jorge Mário Campagnolo – Diretor de Projetos de Pesquisa
Fone: (48) 3721-9437
E-mail: campagnolo@reitoria.ufsc.br
Professor Ricardo Rüther – Diretor do Núcleo de Apoio e Acompanhamento
Fone: (48) 3721-9846
E-mail: ruther@reitoria.ufsc.br