Tese do Programa de Pós em Nutrição aborda discriminação por sobrepeso e bullying

02/03/2017 10:20

Analisar a associação entre o sobrepeso e a obesidade com o bullying em alunos do município de Florianópolis foi o objetivo da tese de doutorado da aluna Sílvia Letícia Alexius, do Programa de Pós-Graduação em Nutrição da Universidade Federal de Santa Catarina (PPGN/UFSC) , sob a orientação da professora Arlete Catarina Tittoni Corso. O bullying foi investigado por meio da aplicação de uma escala psicométrica e os resultados que envolveram informações de 975 estudantes, com idade entre 11 e 14 anos, de escolas públicas e privadas das regiões Norte, Leste, Centro, Sul e Continental, revelaram o envolvimento como vítima em diferentes intensidades.

Embora o sexo dos alunos não tenha sido associado à prevalência de bullying, foram observados alguns comportamentos específicos entre meninos e meninas, como a associação da discriminação frequente associada à estatura baixa e a características físicas que permaneceram significativos apenas para o sexo feminino. “Por revelar associação entre ser discriminado pelo sobrepeso e vítima de bullying para ambos os sexos, confirma-se a hipótese levantada e estes achados sugerem que características pessoais relativas à aparência física são fatores de risco, principalmente em sociedades que valorizam o corpo ideal com base no peso, o que pode predispor o indivíduo a ser alvo de discriminação em diversos contextos, sobretudo no escolar”, avalia Sílvia. A tese foi defendida em dezembro de 2016.

A pesquisa apontou que escolares de ambos os sexos frequentemente discriminados por outras características apresentaram maiores chances de se envolverem como vítimas de bullying. “Os determinantes sociais baseados no estigma da obesidade e de padrões na aparência corporal em relação ao peso e altura são fatores persistentes e cruciais na vitimização por colegas de escola, sendo as principais características observadas para a ocorrência de bullying. Estes resultados identificaram fatores que são potenciais focos de intervenção para bullying e alertam para a necessidade de condutas educativas no que diz respeito ao controle do peso, bem como reflexões acerca de comportamentos baseados no estigma da obesidade e de padrões antropométricos”, complementa a pesquisadora.

De acordo com o estudo, ainda na primeira infância é possível identificar atitudes agressivas. “Mordidas, beliscões e tapas entre crianças são ações que fazem parte do desenvolvimento de qualquer criança, porém quando são cometidas frequentemente com uma mesma vítima podem indicar características de bullying. Quando adolescentes, as formas de agressão não são apenas físicas, mas principalmente psicológicas e morais, a fim de atingir as vítimas com intrigas por meio de fofocas e isolamento entre colegas”.

A tese foi vinculada à pesquisa “Análise de tendência da prevalência de obesidade e fatores associados em escolares de 7 a 14 anos do município de Florianópolis, SC”, que está na terceira versão. A primeira pesquisa foi realizada em 2002 e a segunda em 2007, por meio do PPGN da UFSC. Docentes dos Departamentos de Nutrição, Estatística e Educação Física da Universidade e profissionais da Secretaria Municipal de Educação de Florianópolis e da Secretaria Estadual da Educação de Santa Catarina participaram do estudo, que contou com financiamento do CNPq.

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