Pesquisadores da UFSC implantam projeto piloto de prevenção ao uso de drogas no Colégio de Aplicação
Um projeto desenvolvido por pesquisadores do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) já está em implantação no Colégio de Aplicação (CA) desde o início do segundo semestre. O programa contempla cerca de 80 alunos do 8º ano, na faixa etária dos 13 anos de idade, em atividades desenvolvidas por 15 profissionais (professores, psicólogos, pedagogos e bolsistas) capacitados para atuar no âmbito do projeto.
O programa envolve o Ministério da Saúde e o Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crimes (UNODC), além de outras universidades. O projeto implantado no CA já foi introduzido em oito cidades brasileiras, em escolas públicas. Sua metodologia segue programas preventivos previamente aplicados em outros países, trazida para o Brasil sob o título #tamojunto. Os pesquisadores envolvidos atuam no Núcleo de Pesquisas em Clínica da Atenção Psicossocial (Psiclin), no Laboratório de Psicologia Escolar e Educacional (Lapee) e no Laboratório de Psicologia Ambiental (Lapam).
A coordenadora do projeto, Daniela Ribeiro Schneider, do Psiclin, esclarece que a ação no CA trabalha drogas lícitas e ilícitas e é parte de um projeto de atenção psicossocial para toda a Universidade, que está em processo de construção junto à Administração Central. “As ações de Prevenção e Promoção de Saúde dentro da UFSC fazem parte de um projeto que envolve vários setores, com várias ações implicadas”, explica Schneider.
“O aspecto mais interessante desse programa é que é baseado em ações que buscam romper com o modelo tradicional de prevenção, que se baseia somente na informação contra as drogas, a chamada ‘pedagogia do terror’, com informações focadas nos malefícios. Já está comprovado que é uma metodologia pouco efetiva, não produz resultado por não atuar nas questões cruciais dos adolescentes, que são a curiosidade, as vulnerabilidades psicossociais, como as dificuldades de comunicação, inserir-se em um grupo, relacionar-se com os outros, lidar com as emoções”, ressalta a pesquisadora.
“Não adianta falar mal da droga e não lidar com as verdadeiras razões que lançam alguém a buscar na droga uma bengala. Por isso, esses programas trabalham as informações sobre drogas de modo crítico, fazendo os adolescentes pensarem. Levamos elementos críticos para que os jovens os confrontem com suas próprias crenças a partir de dados científicos e possam refletir”, complementa.
A diretora-geral do CA, Josalba Ramalho Vieira, acredita que a dinâmica de trabalho também será importante para o sucesso do projeto. Os profissionais já são os professores e orientadores conhecidos pelos estudantes. “Ao longo do semestre, esses profissionais irão implantar as propostas de trabalho por meio de dinâmicas, tópicos e temas que vão sendo abordados nas aulas. É uma dinâmica diferente. Comprovou-se que o professor da sala é a pessoa mais autorizada para fazer esse tipo de intervenção, tem mais empatia com os alunos”, complementa Vieira. A promoção à saúde dentro do CA é um dos objetivos da atual direção do Colégio. “Ficamos felizes em poder estabelecer essa parceria, que já era algo que a gente almejava, aumentar o nosso vínculo com as questões da saúde. Educar também é promover a vida saudável”, salienta a diretora.
Além de buscar resultados efetivos com os alunos, os pesquisadores esperam também que as ações de prevenção sejam tratadas de forma permanente. “Estamos tendo muito apoio, desde o início das tratativas, por parte da equipe técnica e da direção do Aplicação. Nosso maior objetivo é que esta lógica preventiva seja incorporada ao projeto pedagógico do colégio”, explica Daniela Schneider. O pesquisador do Lapee, Leandro Oltramari, complementa: “Será importante que consigamos um resultado que seja satisfatório para a escola, para os alunos, e que seja visível de uma maior adesão a comportamentos mais saudáveis”.
Projeto terá alcance na Moradia Estudantil
O projeto está sendo adaptado para ser implantado também na Moradia Estudantil, por solicitação da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae). Atualmente os laboratórios estão agindo em conjunto com o Conselho da Moradia Estudantil para organizar as metas e objetivos. A intenção é focar em promoção à saúde de forma colaborativa com os residentes. “Vamos buscar a melhoria da qualidade de vida e da convivência no espaço da Moradia”, acrescenta Schneider.
Mayra Cajueiro Warren
Jornalista / Diretoria-Geral de Comunicação