
A revista Texto & Contexto garante visibilidade internacional
Funciona na Universidade Federal de Santa Catarina um curso que é referência no Brasil e cujo renome já ultrapassou as fronteiras do país. O Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PEN-UFSC) divide com três programas da Universidade de São Paulo (USP) o privilégio de ostentar o conceito 6, segundo avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), vinculada ao Ministério da Educação.
Esta é a nota máxima já obtida por um curso de pós-graduação em Enfermagem, e demonstra que o trabalho realizado desde 1976 pela instituição catarinense vem dando os melhores frutos possíveis. O conceito de excelência, conferido neste caso, tem em vista não apenas o desempenho em termos de produção científica, mas em liderança e internacionalização do Programa. Um grupo forte de professores, produção científica de qualidade e respeito ao princípio da solidariedade, promovendo a consolidação do campo da Enfermagem em outros países e regiões do Brasil, ajudam a explicar essa performance, segundo a coordenadora do programa, professora Flávia Regina Souza Ramos.
Com a política de internacionalização, o PEN não apenas recebe alunos estrangeiros, mas dissemina seu bom conceito e o amplo reconhecimento de seus méritos e diferenciais. Em sua proposta de concepção, o Programa propõe-se a formar “enfermeiras (os), bem como profissionais da área da saúde, em nível avançado, para a produção de conhecimentos em saúde e para assumir papel de liderança no campo educacional, assistencial e político da área”.
Hoje, existem 144 alunos regulares no programa, sendo 66 no doutorado, 51 no mestrado, 24 no mestrado profissional, além de três pós-doutorandos, incluindo profissionais de outros estados ou países, que escolheram a Universidade para a sua pós-graduação. O ingresso se dá em uma de suas diferentes linhas de pesquisa, as quais também realizam intercâmbios e recebem professores de outras instituições, atraídos pela qualidade da UFSC e pela oportunidade de realizar aqui o seu pós-doutorado.
O Programa de Pós-Graduação em Enfermagem também recebe diversas solicitações de convênios para realização de projetos DINTER e MINTER (Doutorado e Mestrado Interinstitucionais), por parte de IES de Santa Catarina e de outras regiões, incluindo o norte e nordeste do país. “Infelizmente não podemos atender a todos os pedidos, mas avaliamos criteriosamente o potencial e as necessidades de mantermos estas iniciativas, geradoras de grandes impactos regionais para a Enfermagem”, afirma a coordenadora.
O mestrado, criado em 1976, e o doutorado, que é de 1992, já diplomaram mais de 530 mestres e 190 doutores. Desde 2005, também é oferecido o estágio pós-doutoral em Enfermagem, voltado para a produção de pesquisas e estudos avançados na área da saúde. Hoje, a UFSC presta seu apoio na criação de cursos de pós-graduação dentro e fora do país (como na UFPA ou na Venezuela, recentemente), assim como já o fez para a criação dos vários Programas em Enfermagem hoje existentes na região sul do Brasil. Enfermeiros da rede de serviços de saúde também vêm procurando o mestrado e o doutorado, como forma de integração das competências técnicas, políticas e de investigação, sem falar de profissionais de outras áreas, como Odontologia, Fisioterapia, Educação Física, Psicologia e Serviço Social, que igualmente demonstram interesse em fazer pós-graduação na Enfermagem.
Produções importantes
O PEN-UFSC também atua com o Ministério da Saúde e a Organização Panamericana de Saúde (OPAS/OMS), parceiros em projetos bilaterais e multilaterais, para prioridades ligadas aos recursos humanos em Enfermagem. Paralelamente, o Programa passa por um processo de designação como Centro Colaborador da OPAS/OMS, assumindo recentemente uma colaboração em Projeto Brasil/Cuba/Haiti para a formação de técnicos de enfermagem e agentes de saúde para atender a séria defasagem quantitativa de pessoal naquele país, especialmente após as perdas ocasionadas pelo terremoto de 2009.

Novo prédio vai proporcionar melhores condições de pesquisa - Fotos: Pâmela Carbonari/bolsista Agecom
A isso se soma o incremento das publicações no Brasil e fora dele e o apoio a intercâmbios específicos na área da pesquisa. Em 2010, foram publicados 142 artigos, o que equivale a mais de seis textos por docente. “É uma produção significativa e que representa a crescente qualificação e incremento das linhas de pesquisa”, diz a professora Flávia Regina. Já a revista “Texto & Contexto – Enfermagem” é uma das que receberam a melhor classificação entre revistas brasileiras da área, extrato A2 pelo QUALIS Periódicos da CAPES, além de estar indexada em diferentes bases de dados internacionais, inclusive o Web of Science. “Isto amplia a visibilidade e reconhecimento Internacional do Programa”, ressalta a coordenadora.
Existem oito linhas de investigação no Programa, dentro da área de concentração “Filosofia, Saúde e Sociedade”. Esta estrutura está sendo reformulada, atendendo a evolução do Programa, e se organizará em duas áreas de concentração, “Filosofia, Cuidado em Saúde e Enfermagem” e “Educação e Trabalho em Saúde e Enfermagem”. Estas novas áreas continuarão associadas a 13 grupos de pesquisa, todos cadastrados no CNPq e com projetos em desenvolvimento. Esses grupos estudam temáticas variadas e complexas, coerentes aos compromissos assumidos com a realidade brasileira e o campo profissional internacional, conforme se observa na denominação dos grupos (abaixo). “São trabalhos com grande possibilidade de aplicação prática, desde a atenção primária até a alta complexidade, nos campos da educação, do cuidado e da gestão”, reforça a subcoordenadora, professora Vânia Marli Schubert Backes.
Espaço e pessoal
Uma das carências a serem superadas, segundo a coordenadora, é a do espaço físico, mas está previsto para 2012 a conclusão do Centro em Tecnologia do Cuidado, um prédio de R$ 1,6 milhão financiado pela Finep, que resolverá o problema das instalações insuficientes para os laboratórios e grupos de pesquisa. “Com a construção do bloco, ganharemos um novo fôlego, com uma estrutura mais ampla e adequada às nossas necessidades e atuais projetos”, afirma a coordenadora.
Assim, o principal entrave, como em outros setores da Universidade, continua sendo o da carência de pessoal. Apenas uma servidora do quadro da Universidade dá conta de toda a parte acadêmica da pós-graduação. “Seria preciso mais pessoas para a gestão de projetos nacionais e internacionais e todo o trabalho administrativo que envolve um Programa com este escopo de atuação”, informa Flávia Regina. No momento, a própria pós-graduação arca com as despesas de pessoal para manutenção da revista e de outros projetos.
GRUPOS DE PESQUISA
1) GESPI – Grupo de Estudos sobre Cuidado de Saúde de Idosos
2) NUCRON – Núcleo de Estudos e Assistência em Enfermagem e Saúde às Pessoas com Doenças Crônicas
3) C&C – Cuidando e Confortando – Grupo de Pesquisa Cuidando e Confortando
4) GIATE – Grupo de Pesquisa em Tecnologia, Informações e Informática em Saúde e Enfermagem
5) GEHCES – Grupo de Estudos de História do Conhecimento de Enfermagem e Saúde
6) EDEN – Grupo de Pesquisa em Educação em Enfermagem e Saúde
7) NUPEQUIS – Núcleo de Pesquisa e Estudos sobre o Quotidiano e Imaginário em Saúde
8) PRÁXIS – Núcleo de Estudos sobre Saúde, Enfermagem, Trabalho e Cidadania
9) NEPEPS – Núcleo de Extensão e Pesquisa em Educação Popular e Saúde
10) GEPADES – Grupo de Estudos e Pesquisas em Administração de Enfermagem e Saúde
11) NEFIS – Núcleo de Estudos em Filosofia e Saúde George Ganguilhem
12) GRUPESMUR – Grupo de Pesquisa em Enfermagem na Saúde da Mulher e Recém-nascido
13) GEAS – Grupo de Estudos no Cuidado de Pessoas nas Situações Agudas de Saúde
Por Paulo Clóvis Schmitz/Jornalista da Agecom