Pesquisadoras da UFSC formulam método para identificar presença de herbicida na água e no sangue de forma rápida e barata

05/04/2022 08:15

Pesquisadoras estudam identificação do herbicida a partir da eletroquímica (Fotos: Amanda Miranda)

O herbicida fluometuron, usado para controlar pragas em gramíneas, como a cana de açúcar, e também em plantações de algodão, também pode causar impactos ambientais e à saúde humana se ministrado em doses excessivas. Seu potencial de atingir águas subterrâneas e outros organismos já foi registrado, assim como se identificou uma lacuna de dados sobre os seus efeitos tóxicos. Essas características e a falta de uma legislação brasileira para lidar com o assunto tem chamado a atenção de cientistas – inclusive de uma equipe da UFSC que desenvolveu um método para identificar a presença do herbicida na água e no sangue de forma rápida, eficaz e barata.

A equipe coordenada pela professora Cristiane Luisa Jost utiliza a eletroquímica para oferecer um método que, além de utilizar equipamentos portáteis e de fácil manuseio, também é mais barato e sustentável. Um artigo, fruto da pesquisa da doutoranda Kelline Alaide Pereira Sousa, foi publicado na revista Electrochimica Acta, uma das mais prestigiadas e de maior impacto do campo.

Em Electrochemical, theoretical, and analytical investigation of the phenylurea herbicide fluometuron at a glassy carbon electrode, assinado também pelos pesquisadores Franciele de Matos Morawski, Carlos Eduardo Maduro de Campos, Renato Luis Tamme Parreira, Maurício Jeomar Piotrowski e Glaucio Régis Nagurniak, a equipe propõe um estudo inédito e com insights teóricos sobre o comportamento do composto quando em contato com um eletrodo.

“O objetivo, de uma forma geral, foi desenvolver um método analítico para atender a uma legislação”, explica a professora, reiterando que as técnicas da eletroquímica podem ser utilizadas para identificar muitas substâncias tóxicas. Para a investigação específica do fluometuron, a orientanda, Kelline, utilizou o background dos estudos da colega Franciele, que já vinha analisando herbicidas da classe fenilureia. “O que nos interessou também foi o fato de o fluometuron nunca ter sido determinado por eletroquímica”, explica Kelline.
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Pesquisadores da UFSC desenvolvem alternativa em química sustentável e medicinal

29/06/2020 12:30

Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade Federal do ABC e Universidade Federal de Mato Grosso do Sul desenvolveu um método versátil e ambientalmente amigável de halogenação direta em compostos heterocíclicos para utilização na química medicinal, tanto para candidatos a fármacos como para fármacos já mundialmente estabelecidos. O artigo Trihaloisocyanuric acids in ethanol: an ecofriendly system for the regioselective halogenation of imidazo-heteroarenes é assinado por José Neto (Laboratório de Síntese de Derivados de Selênio e Telúrio – LabSelen/UFSC), Renata Balaguez (Departamento de Química/UFSC) , Marcelo  Franco (LabSelen/UFSC), Victor de Sá Machado (LabSelen/UFSC), Sumbal Saba (Centro de Ciências Naturais e Humanas da Universidade Federal do ABC), Jamal Rafique (Instituto de Química da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Fábio  Galetto (Departamento de Química/UFSC) e Antonio Braga (Departamento de Química/UFSC) – Sumbal e Jamal são ex-alunos da Pós em Química da UFSC. 

O estudo foi publicado na capa da Green Chemistry, revista da Royal Society of Chemistry, do Reino Unido, cujo foco são pesquisas que tentam reduzir o impacto ambiental de empreendimentos químicos, desenvolvendo uma base de tecnologia inerentemente não-tóxica para os seres vivos e o meio ambiente, em artigos que devem conter uma comparação com os métodos existentes e demonstrar vantagens sobre eles.

A abordagem descrita no trabalho representa uma ferramenta útil e mais sustentável alternativa às metodologias já existentes. “Nós fazemos halogenação (introdução dos átomos de cloro, bromo e iodo) de forma direta (sem utilização de reagentes metálicos, bases e atmosfera inerte) a compostos heterocíclicos de forma ambientalmente amigável, ou seja, pouco agressiva ao meio ambiente”, explica José Neto, que faz estágio de pós-doutoramento no Programa de Pós-Graduação em Química da UFSC e é primeiro autor do e autor correspondente do artigo.
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Livro da EdUFSC aponta caminhos para a sustentabilidade ambiental

24/06/2014 15:03

Apesar da escassa bibliografia disponível no País, a Química Verde está se consolidando como “uma nova atitude vital” na busca da sustentabilidade. A constatação está demonstrada no livro Introdução às Métricas da Química Verde – Uma visão sistêmica, do pesquisador Adélio Machado, do Departamento de Química e Bioquímica da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (Portugal) . Publicada pela Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC), a obra surgiu no contexto do Projeto de Cooperação sobre “Educação Química na Perspectiva da Química Verde e da Sustentabilidade Ambiental”, viabilizado entre Brasil (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior  – Capes) e Portugal ( Fundação para a Ciência e a Tecnologia – FCT). “Em suma, a Química Verde, às vezes também designada por Química para a Sustentabilidade, é afinal Química para a durabilidade”, sintetiza o autor, que também agradece o apoio recebido do Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Tecnológica da UFSC. Reconhece igualmente as sugestões do professor Santiago Yunes, do Departamento de Química da UFSC.

O livro, na opinião do professor Carlos Aberto Marques, que assina o prefácio, “torna-se, acima de tudo, um instrumento a serviço da Química e da regulação social da ciência e da tecnologia”. Suprindo uma carência de publicações na área, o livro da EdUFSC é recomendado para estudantes de graduação e de pós-graduação em Química. Proporcionando uma “visão integrada e mensurada das variáveis envolvidas na Química”, contempla também os campos do conhecimento da Engenharia Química e da Engenharia Ambiental. “ Como químicos, precisamos colocar a crise ambiental na perspectiva e patamar científicos, fugindo das armadilhas da moral e da racionalidade prática, assentando a análise do problema do ponto de vista sistêmico e termodinâmico, discutindo tanto a instabilidade das degradações energético – materiais das transformações químicas quanto o tema do alcance da sustentabilidade ambiental e suas formas”, averte Carlos Alberto Marques. É neste contexto, sublinha, que as preocupações e desafios socioambientais da Química Verde se desenvolvem na academia e na sociedade.

Além da visão integrada, Adélio Machado detalha as métricas consideradas adequadas para utilização nos laboratórios pelos químicos acadêmicos, tanto no ensino como na atividade científica. O pesquisador assinala que uma das suas motivações para publicação do livro é justamente “potencializar” a Química Verde nas novas gerações de químicos. Adélio Machado animou-se ao verificar, no cotidiano da sua universidade, que “a utilização de métricas de verdura química vem merecendo interesse crescente nas últimas duas décadas”. O pesquisador acredita que, considerando a importância da metrificação da verdura química, a temática conquiste merecido espaço nas escolas a universidades e empresas.

Criterioso  e didático, o autor inclui quadros, tabelas, gráficos e figuras. Até porque, como avisa, “a inclusão da apresentação e discussão de métricas em livros de Química Verde com objetivos didáticos, mesmo os publicados recentemente, é escassa”. Além das finalidades específicas e operacionais, e dos conceitos básicos para a compreensão da matéria, Adélio Machado apresenta aos leitores um quadro contendo os 12 Princípios da Química Verde, que, por si só, sustentam a adoção das teses defendidas no livro.

Mais informações:
Editora da UFSC – (48) 3721-9408; www.editora.ufsc.br
Diretor executivo – Fábio Lopes (flopes@cce.ufsc.br) / celular  (48) 9933-8887

Moacir Loth /Jornalista da Agecom / UFSC
moacir.loth@ufsc.br

 

 

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