UFSC lança e-book gratuito sobre cultura oceânica e ciência cidadã para adaptação à mudança climática

02/10/2025 12:44

O Projeto Escolas à Beira Mar, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em conjunto com o Programa Ecoando Sustentabilidade e a Agência de Gestão e Educação Ambiental (Agea), lançou nesta quarta-feira, 1° de outubro, o e-book Cultura oceânica e ciência cidadã para adaptação à mudança climática. A obra visa promover a cultura oceânica, o engajamento ambiental e a educação ecológica entre as crianças e adolescentes da comunidade escolar, incentivando a sustentabilidade desde a juventude.

A Cultura Oceânica é a base para o Currículo Azul, iniciativa da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) para a inserção da temática na educação escolar e na política pública. O Brasil foi o primeiro país a implementar a diretriz de forma abrangente em todo o território nacional e Santa Catarina foi o primeiro estado brasileiro a promulgar a lei para a promoção da Cultura Oceânica, que além de ter como objetivo voltar a atenção da sociedade ao sistema marinho e oceânico que a influencia, também busca transformar os ecossistemas marinhos-costeiros em um espaço de vivência pedagógico.

“Dentre os sistemas costeiros-marinhos, os manguezais sãos guardiões da nossa civilização, fonte de alimento, reguladores climáticos, protetores da linha de costa. Apesar de tamanha importância, ainda são desconsiderados no planejamento territorial, sendo alvo de usos e impactos antrópicos. Todas as ciências podem ser abordadas pelo manguezal, seja na disciplina isolada ou na prática transversal de ensino-aprendizagem integrada com sua comunidade. O método científico e a ciência cidadã servem para desenvolver a Cultura Oceânica no espaço escolar”, afirmam os organizadores do e-book.

O e-book está disponível para download gratuito no Repositório da UFSC.

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Programa da UFSC lança e-book gratuito para educadores sobre poluição dos mares por lixo plástico

11/08/2025 11:56

O Programa Ecoando Sustentabilidade da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) lançou o caderno científico Impactos do Lixo no Mar. O material é voltado para educadores, gestores e comunidade geral, abordando a poluição nos ambientes marinhos, com enfoque nos materiais plásticos.

Como aponta a apresentação do e-book, prevenir e reduzir a poluição por lixo é um grande desafio da civilização, reforçado pela meta 14.1 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).

“O plástico é o principal componente do lixo marinho e estima-se que dezenas de milhões de toneladas de plástico entram no Oceano anualmente. A poluição plástica é onipresente na natureza, afetando todos os níveis da organização biológica, desde atividade metabólica até as comunidades”, afirma.

A proposta é discutir a problemática conectando ensino-aprendizado e trazendo o método científico como a base para desenvolver o conhecimento no espaço escolar integrado com a comunidade. O material ainda traz questionamentos acerca do estilo de vida contemporâneo, provocando reflexões sobre o sistema de produção-consumo, a indústria do petróleo e estratégias locais e coletivas para prevenir a poluição marinha.

Acesse o caderno no repositório da UFSC.

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Programa da UFSC emite nota técnica sobre crise de saneamento básico e análise de mortalidade de peixes

01/02/2023 11:51

Pesquisadores fizeram análise em água contaminada

O Programa Ecoando Sustentabilidade, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), emitiu, nesta terça-feira, 31 de janeiro, uma nota técnica sobre a mortalidade de peixes no manguezal do Itacorubi, região central de Florianópolis, associada à crise de saneamento básico que tem resultado em epidemia de diarreia e problemas de balneabilidade no litoral de Santa Catarina. Os eventos apontam, entre outras coisas, para a falta de coleta universal e de tratamento de esgoto adequados, com a falta de oxigênio sendo apontada como principal causa da morte dos animais. O diagnóstico recomenda ao poder público a criação de um comitê multidisciplinar e interinstitucional para abordar a crise, além de trazer dados sobre a contaminação em diferentes pontos de coleta na capital catarinense.

Leia a nota completa

A nota aponta, também, para as deficiências na drenagem e o crescimento desordenado da ocupação urbana que resultaram em “grandes fluxos anômalos de água”. Além disso, os pesquisadores identificam processos erosivos e de escoamento que intensificaram a eutrofização – perda de oxigênio -, a turbidez das águas superficiais, além do assoreamento – acúmulo de material no fundo do rio. “Estas carências comprometeram a capacidade de suporte dos corpos receptores, tendo por consequência o colapso do sistema como um todo, considerando seus aspectos socioambientais e econômicos”, indicam.

Recentemente, um grande volume de peixes mortos foi encontrado no Itacorubi, bairro de Florianópolis. O professor Paulo Horta, do departamento de Botânica, fez uma caracterização de parâmetros físico-químicos, durante e depois do evento, utilizando técnicas padrão de caracterização biogeoquímica. A nota alerta que, em conjunto com outros contaminantes, os patógenos que infectam as águas representam grandes desafios para a saúde pública, para a aquicultura, pesca e para a conservação marinha, exigindo novas soluções para identificar, controlar e mitigar seus efeitos.

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Pesquisadores da UFSC emitem Nota Técnica sobre a lama depositada na praia da Enseada de João Paulo

04/08/2021 13:02

Amostras da lama recolhida foram analisadas em laboratório da Universidade Federal do Rio Grande – FURG (Fotos: Projeto Ecoando Sustentabilidade/Divulgação)

O programa Ecoando Sustentabilidade, que reúne vários laboratórios e pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), emitiu uma Nota Técnica sobre as potenciais fontes da lama depositada sobre o sedimento natural (areia) da praia da Enseada do bairro João Paulo, em Florianópolis, e seus impactos ambientais, culturais e sobre a saúde humana.

“A perda da qualidade ambiental e dos recursos alimentares importantes para a comunidade, como berbigão, marisco, ostra e tainhota, foram relacionadas com a expansão urbana, a entrada de efluentes da ETE-Saco Grande e dos rios contaminados. O tatu, molusco bivalve, ainda usado na alimentação da comunidade local, está contaminado por Arsênio, metal de alto poder cancerígeno”, relata a professora Alessandra Larissa Fonseca, Coordenadora do Curso de Graduação em Oceanografia.

Os estudos realizados na região buscaram avaliar a característica do sedimento e as potenciais fontes da lama depositada sobre o sedimento natural da praia, além de compreender as mudanças ambientais que ocorreram na enseada a partir do relato dos pescadores tradicionais.

A orla da Enseada do Saco Grande em geral é caracterizada por praias de areia grossa e na enseada do bairro João Paulo, em particular, historicamente existe a deposição de lama oriunda dos mangues e despejadas pelos rios do sistema. Desde a construção da ETE-Saco Grande, em 2006, os moradores locais relatam um aumento da espessura da lama, além de mau cheiro.

Emissário submarino

Espessa camada de lama se depositou sobre o sedimento natural de areia grossa da praia do bairro de João Paulo

O sistema de tratamento de esgotos faz a deposição dos efluentes através de um emissário submarino, mas as pesquisas realizadas na enseada ao longo dos anos evidenciam o baixo poder de dispersão do sistema. “O estudo mais atual da hidrodinâmica das Baías da Ilha de SC (CZIZEWESKI, 2016) indica que as correntes de água são muito fracas ao largo da enseada de João Paulo, em qualquer condição de vento, e praticamente nulas no interior da enseada, onde é lançado o efluente da ETE”, relata a nota técnica.

De acordo com os pesquisadores, todo o material particulado que entra no sistema, e que tem o potencial de formar a deposição da lama, tende a ficar retido na enseada. “Assim, a modelagem hidrodinâmica detalhada, nas diferentes condições climáticas e oceanográficas, deve ser feita para compreender a dimensão do impacto (atual e futuro) da entrada do efluente tratado da ETE-Casan na Enseada do Saco Grande e na Baía Norte”.

Durante os trabalhos, os pesquisadores se depararam com uma situação que caracteriza falta de transparência da Casan em relação ao assunto. Em maio de 2021 foi protocolado um pedido de acesso aos resultados do monitoramento ambiental indicado no Estudo Ambiental Simplificado para o licenciamento de operação da ETE-Saco Grande. No entanto, as informações foram negadas pela companhia, sob alegação de serem sigilosas.

Concentração de metais

Molusco conhecido popularmente como tatu, que tem naturalmente uma concha cor de areia, apresenta concha escura e contaminação por Arsênio

Para detectar a presença de contaminantes na lama e em organismos vivos da enseada, três amostras da camada superior da lama depositada e um exemplar do molusco bivalve Cyrtopleura costata, denominado de tatu pela comunidade, foram enviados para análise da concentração de metais em laboratório da Universidade Federal do Rio Grande (FURG).

Segundo as análises, “a carne do molusco bivalve C. costata apresentou contaminação por Arsênio (As), com concentração acima do limite indicado pela Instrução Normativa Nº 88 (26/03/2021), que trata sobre segurança alimentar”. Estudos recentes apontados na Nota Técnica informam que o Arsênio é um metaloide de alta toxicidade, mesmo em baixas concentrações, se acumula nos tecidos e não é removido durante o tratamento dos efluentes domésticos pelas ETEs. Sua origem em área urbana está associada aos efluentes domésticos, pois é um produto de detergentes comuns usados nas residências.

Apesar da crescente urbanização, a comunidade do João Paulo é a maior colônia de pesca das Baías da Ilha de SC, contando com mais de 100 famílias

Além das análises laboratoriais e de estudos sobre o tema, o trabalho dos pesquisadores incluiu entrevistas com moradores locais – principalmente pescadores – para compreender as mudanças ambientais e culturais que ocorreram na Enseada do João Paulo ao longo dos anos. Após a aceleração da urbanização iniciada nos anos 1980, os pescadores relataram o desaparecimento ou escassez de espécies como berbigão, mariscos, tainhotas e ostras.

De acordo com os moradores, além do aumento da camada de lama, foi possível notar o maior aparecimento de lixo na praia, principalmente sacolas plásticas e garrafas PET. Atividades de lazer como o banho de mar e fruição da natureza foram afetados pela degradação ambiental, influenciado até uma mudança de hábitos sociais.

Em conclusão, o documento apresenta propostas de ações para a propiciar a sustentabilidade da comunidade e de seus modos de vida:
* Disponibilizar e divulgar os resultados do monitoramento ambiental da área de lançamento do efluente tratado da ETE-Saco Grande, conforme Estudo Ambiental Simplificado feito para o Licenciamento de Operação da ETE-CASAN.
* Estudar o perfil sedimentar da lama sedimentada na praia do João Paulo, caracterizando-a quimicamente para compreender sua origem e histórico de contaminação;
* Garantir a segurança alimentar e ambiental pelo monitoramento de balneabilidade da água, de patógenos resistentes à água salgada e da qualidade dos ecossistemas e dos recursos pesqueiros utilizados na alimentação da comunidade, como o tatu (C. costata), peixes e camarão pescados no local e região.
* Refinar a modelagem hidrodinâmica da enseada do Saco Grande-João Paulo e rever o potencial de dispersão dos efluentes na região e o dimensionamento do emissário de disposição do efluente para áreas de maior hidrodinâmica e de maior potencial diluidor.
* Formar um comitê gestor deliberativo para acompanhar o sistema de saneamento local, garantindo a ampla participação da comunidade nas decisões que irão impactar o futuro da comunidade.
* Restaurar as áreas úmidas (manguezal, banhados e restingas) e a mata ciliar da bacia hidrográfica para aumentar o potencial de biofiltração das águas que drenam para a Enseada do SG.

Assinam o documento pesquisadoras e pesquisadores do Programa Ecoando Sustentabilidade, integrantes dos seguintes laboratórios: Laboratório de Oceanografia Química e Biogeoquímica Marinha (Loqui), Laboratório de Ficologia (Lafic) e Laboratório de Biodiversidade e Conservação Marinha (LBCM).

Veja aqui a íntegra da Nota Técnica.

 

Luís Carlos Ferrari / Agecom-UFSC

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