Edgardo Castro: relações entre Agambem e Foucault não são sempre fáceis de discernir
O ciclo de conferências “Malvinas, mar e meio ambiente” terá seu segundo encontro na terça, 29/05, trazendo como palestrante o professor Edgardo Castro, estudioso de Foucault e Agamben, que debaterá sobre “Soberania e territorialidade: considerações biopolíticas”. O evento acontece na Sala Hassis (andar térreo do Centro de Comunicação e Expressão), às 18h e é gratuito e aberto ao público.
O professor Raul Antelo, pesquisador do Núcleo de Estudos Literários e Culturais (Nelic) – que junto com o Núcleo Onetti de Estudos Literários Latino-americanos organiza o ciclo – explica que os estudos de Edgardo trazem pontos de intersecção e diferenças entre Agamben e Foucault. “Em entrevista para a revista IHU On-Line, de Porto Alegre, Edgardo Castro ponderou que as relações entre Agamben e Foucault não são sempre fáceis de discernir. Há entre eles continuidades e rupturas, porque, para Agamben, diversamente de Foucault, a produção da vida nua não é um fenômeno moderno, senão tão velho como a existência do próprio poder soberano.
Para Agamben, os dois polos da máquina política do Ocidente são a produção da vida nua e sua administração, explica Castro. ´A ideia de Agamben é que, na política ocidental, lei e exceção se sobrepõem. Governar no Ocidente é, por isso, exercer o poder na forma da exceção: os decretos-lei, as leis de necessidade e urgência, os poderes especiais delegados ou assumidos pelo executivo´. Em última análise, a vida nua não é, para Agamben, o fundamento da política ocidental. Este fundamento está, antes, no que articula os dois polos da máquina política, o que constitui, segundo a formulação de O reino e a glória, o arcanum imperii, o segredo melhor guardado do poder. Este fundamento é, então, a glória em seu duplo sentido, objetivo e subjetivo, o glorificado e a glorificação. Este conceito, marcadamente teológico, de glória pode ser traduzido, em termos mais modernos, por consenso. Soberania e governo, poder de expor a vida à morte e poder de administrar a vida se fundem, então, no consenso. A Agamben, neste sentido, interessa sublinhar aqui o nexo entre totalitarismo e democracia”.
O professor Edgardo Castro é doutor em Filosofia pela Universidade de Freiburg, na Suíça. É professor na Universidad Nacional de San Martín (UNSAM) e já lecionou em muitas Universidades argentinas (Universidad Nacional de La Plata e Rosario). Entre suas obras, constam Pensar a Foucault (Biblos, Buenos Aires, 1995); Penser l’homme et la science. Betrachtungen zum Thema Mensch und Wissenschaft (Friburgo, Presses Univesitaires, 1996); El vocabulario de Michel Foucault (Unqui, Prometeo, 2004), traduzido como Vocabulário de Foucault (BH, Autêntica, 2004), com nova edição (Buenos Aires, Siglo XXI, 2011) e Lecturas foucaulteanas. Una historia conceptual de la biopolítica. (Ed. UNIPE, 2012).
Mais informações com os professores Liliana Reales (lilianareales@yahoo.com.br) e Raul Antelo (antelo@iaccess.com.br).