
Manifestantes percorreram o campus da Trindade para pedir apoio político da UFSC
Cerca de 30 representantes do Movimento para a Furb Federal entregaram uma carta ao Chefe de Gabiente da UFSC, Carlos Vieira, com um pedido de apoio político da Universidade na tarde desta quinta-feira, 11 de outubro. Alunos e professores vindos de Blumenau distribuíram cópias da carta e protestaram com o barulho de uma bateria debaixo de chuva. Representantes da UFSC e do Movimento se reuniram na Sala dos Conselhos para discutir o andamento do processo de federalização da Furb.
Após duas horas de reunião, Carlos Vieira apresentou alguns cenários possíveis para o futuro da Furb. Existe a hipótese de a universidade de Blumenau se tornar federal ou de se transformar em um campus da UFSC. A terceira opção seria mesclar os dois modelos para a Furb conquistar a independência a longo prazo. O Ministério da Educação emitiu parecer favorável a parceira da UFSC e da Furb. No encontro, representantes das duas instituições reiteraram a necessidade da formar uma comissão para elaborar a proposta de parceria. Essa equipe seria constituída por quatro nomes da UFSC e três da Furb. Os trabalhos iniciarão somente quando a Comissão estiver formada. Foi encaminhada ainda uma proposta de audiência pública em Blumenau para discutir as questões com a comunidade universitária local, ainda sem data definida. Carlos Vieira enfatizou que a gestão se compromete em estar disponível para diálogo.
Clóvis Reis, presidente do Movimento, falou que a parceria com a UFSC é fundamental, mas a proposta de ser apenas um campus é insuficiente para atender a região com ensino público e de qualidade. Jorge Gustavo Barbosa de Oliveira, membro do Movimento para a Furb Federal e professor da instituição, diz que a Universidade não deveria ser um campus da UFSC porque a região tem suas próprias demandas de cursos e “necessita de uma Universidade com seus próprios recursos, com ensino, pesquisa e extensão”. Segundo ele, a maior contribuição que a UFSC poderia dar nesse momento é força política. Segundo Jorge, a intenção não é transformar os docentes e servidores em federais. Pela proposta, os funcionários continuariam pertencendo ao município, mas seriam cedidos ao Governo Federal.

Representantes da UFSC e da Furb reiteraram a necessidade da formar uma comissão para elaborar proposta de parceria
Jorge ainda destaca que para o Governo Federal a proposta é muito interessante. “Existe toda uma estrutura pronta, com professores, estudantes e funcionários. O Brasil ganharia 12 mil novos estudantes de universidade federal da noite para o dia”. Carlos Vieira falou na reunião que, para a UFSC constituir um campus no Vale do Itajaí, o MEC disponibilizou um pacote com 100 professores, 50 servidores técnico-administrativos de nível superior, 74 de nível médio e mais R$ 34 milhões para custeio da implantação com recursos extra Reuni.
O desejo do Movimento, que existe desde 2002, de federalizar a Furb parte da contradição que a Universidade apresenta. Sendo patrimônio do município e, portanto, pública a Instituição ainda cobra mensalidades aos estudantes. O processo aconteceu em 1995 e atendeu as reivindicações dos professores e servidores, mas os alunos continuaram pagando para permanecer na Furb. A arrecadação vinda dos estudantes representa 80% do orçamento da instituição, calculada em cerca de R$ 140 milhões em 2010. A Furb conta hoje com 44 cursos de graduação, dez de pós-graduação e dois doutorados.
Murici Balbinot / Estagiário de Jornalismo na Agecom/UFSC
muricibalbinot@gmail.com
Fotos: Wagner Behr / Agecom / UFSC
Mais informações:
Gabinete da Reitoria da UFSC – (48) 3721-9329
Veja também: Nota do Comitê Furb Federal para a comunidade universitária da UFSC
Prezados membros da comunidade da UFSC, o Comitê Pró-Federalização da FURB é um movimento social que se estruturou no final de 2002 visando lutar por antiga reivindicação do Vale do Itajaí: uma Universidade Federal. Neste processo histórico, desenvolveu-se o projeto FURB FEDERAL. Sua finalidade é mostrar à sociedade brasileira, e às autoridades que a representam, a viabilidade e os benefícios auridos imediatamente com a criação da nova Universidade Federal, tendo como embrião o que a comunidade regional, entrementes, criou e desenvolveu para atender às suas necessidades: a Universidade Regional de Blumenau (FURB), instituição municipal de direito público.
Várias foram as ações de mobilização realizadas pelo movimento, das quais destacamos o Plebiscito de maio de 2008, que envolveu a cidadania de 18 municípios da mesorregião do Vale do Itajaí. Seu resultado expressou o inequívoco apoio da comunidade regional às premissas do movimento: a) cessão à União do patrimônio físico da FURB; b) cessão temporária dos servidores públicos municipais da Instituição, de modo a continuarem seu trabalho na nova Universidade Federal, e a aposentarem-se como servidores municipais; c) transferência dos estudantes da FURB à nova Universidade Federal. Sublinhamos que, em nenhum momento, cogitamos a transposição de servidores do quadro municipal para o federal. Tais premissas, aprovadas por 95% dos mais de 30 mil cidadãos que participaram do plebiscito, procuram, por um lado, respeitar os direitos dos que nela já trabalham ou estudam; por outro, impulsionar o desenvolvimento da nova Universidade Federal, ao permitir a imediata utilização dos recursos facultados pela FURB, cujos benefícios incluem 44 carreiras de graduação, 10 mestrados e 2 doutorados, que também agregam pesquisas e serviços prestados à população da região.
Ao longo da presente década, diversos documentos foram entregues a representantes políticos, dos âmbitos municipal, estadual e federal. Aqui, destacamos o estudo intitulado Universidade Federal do Vale do Itajaí – Projeto FURB Federal, produzido pela equipe do Instituto de Pesquisas e Estudos em Administração Universitária (INPEAU-UFSC), em parceria com o grupo instituído pela FURB para a finalidade, do qual integraram membros deste Comitê. Igualmente, realizaram-se vários atos públicos, como audiências na Assembléia Legislativa de Santa Catarina, na Câmara Municipal de Vereadores de Blumenau, na própria FURB; seminários com a presença de especialistas em gestão pública universitária, debates e passeatas, entre as quais duas Marchas pela Federalização da FURB, em agosto de 2011, com 10 mil manifestantes.
A FURB tem quase 50 anos de história e, neste tempo, constituiu um patrimônio que permite a realização do Ensino, da Pesquisa e da Extensão com qualidade. Entretanto, desejamos ampliar os benefícios da Universidade Pública à sociedade, quer em quantidade, quer em qualidade, para o que é necessário o financiamento estatal. Hoje, a Universidade Regional de Blumenau acolhe aproximadamente 12 mil estudantes. Toda a sua estrutura está fundamentada no direito público. Porém, cerca de 80% das suas receitas provêm das mensalidades pagas pelos estudantes, o que caracteriza uma contradição, cuja superação é a meta das comunidades regional e universitária. Entendemos ser um direito o acesso público à educação de qualidade. Assim, defendemos a criação, no Vale do Itajaí, em Blumenau,da terceira universidade federal em Santa Catarina, a partir da FURB.
Para tanto, o poder Executivo Federal, que detém o monopólio da iniciativa legislativa quanto à criação de universidades federais, precisa enviar ao Congresso Nacional um projeto de lei para atender à reivindicação de nossa comunidade.
Como resposta às reivindicações do Movimento, o governo federal acenou com a criação em Blumenau do quinto campus da UFSC. Embora esta iniciativa seja bem-vinda, não é suficiente para atender às necessidades da comunidade do Vale do Itajaí.
A lutado Movimento pela Furb FederaL não está dissociada da luta pelos 10% do PIB JÁ. Também queremos ampliar a qualidade e a oferta das vagas nas IES Públicas. Nossa proposta é generosa, com grande economia para o governo federal, em seu processo de ampliação das vagas públicas, uma vez que receberá, no período transitório de implantação da Nova Federal, a qualificada estrutura física e humana de nossa Universidade.
Não queremos apenas um campus da UFSC. Não queremos nos tornar servidores públicos federais. Não queremos somente vagas federais na FURB. Queremos A criação da terceira Universidade Federal em Santa catarina, em Blumenau, cujo caminho necessariamente passa pela furb. Dirigimo-nos à comunidade da universidade federal de santa Catarina para informá-la de nossa luta e também para pedir-lhe o apoio. Um mais um é sempre mais que dois. Façamos desta luta a nossa luta!
Comitê Pró-Federalização da FURB Florianópolis (SC), 11 de outubro de 2012.