Equipe com pesquisadores da UFSC descobre novas categorias de estrelas

29/01/2024 11:23

Estrelas “ocultas”, incluindo um novo tipo de gigante ancestral apelidadas de “velhas fumantes”, foram avistadas pela primeira vez por astrônomos. Os objetos misteriosos existem no coração da nossa galáxia, a Via Láctea, e podem permanecer em espera durante décadas – desaparecendo quase até à invisibilidade – antes de subitamente expelirem nuvens de fumaça, de acordo com um novo estudo publicado na revista mensal da Royal Astronomical Society.

Uma equipe internacional de cientistas fez a sua descoberta inovadora depois de monitorar quase mil milhões de estrelas em luz infravermelha durante uma pesquisa de dez anos do céu noturno. Também foram detectadas dezenas de estrelas recém-nascidas raramente vistas, conhecidas como protoestrelas, que sofrem explosões extremas durante um período de meses, anos ou décadas, como parte da formação de um novo sistema solar.

Descoberta: A imagem principal é a impressão artística de uma nuvem de gás e poeira sendo expelida por um novo tipo de estrela gigante vermelha apelidada de “velha fumante”. Foi avistada juntamente com dezenas das chamadas protoestrelas “recém-nascidas berronas” (detalhe) no coração da Via Láctea por uma equipe internacional de astrônomos. Crédito: Philip Lucas/Universidade de Hertfordshire. Tipo de licença: Atribuição (CC BY 4.0)

A maioria destas estrelas recém-descobertas estão escondidas da vista na luz visível por grandes quantidades de poeira e gás na Via Láctea – mas a luz infravermelha consegue passar, permitindo aos cientistas vê-las pela primeira vez. Liderados pelo professor Philip Lucas, da Universidade de Hertfordshire, astrônomos do Reino Unido, Chile, Coreia do Sul, Brasil, Alemanha e Itália, incluindo o professor do departamento de Física da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Roberto Saito, realizaram suas pesquisas com a ajuda do Visible and Infrared Survey Telescope (VISTA) –construído no alto dos Andes chilenos, no Observatório Cerro Paranal, que é parte do Observatório Europeu do Sul (ESO).
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Olhando para o céu: mapeamento da Via Láctea é tema de encontro internacional de Astrofísica

16/04/2018 13:48

Região central da Via Láctea. Reprodução. Crédito: ESO/VVV Survey/D. Minniti
Acknowledgement: Ignacio Toledo, Martin Kornmesser.

Observar e mapear galáxias é uma tarefa bastante difícil, devido às distâncias, magnitude dos objetos e tecnologia atual. No entanto, mapear nossa própria galáxia, o local que nosso planeta ocupa no espaço, não é menos árduo. A Via Láctea é particularmente difícil de ser mapeada em decorrência do fato de as observações partirem de dentro da própria galáxia e do alto índice de gás poeira nas regiões centrais.

A partir do telescópio VISTA (Visible and Infrared Survey Telescope for Astronomy), no entanto, o mapeamento se tornou possível, pois em infravermelho é possível a observação de objetos mesmo nas regiões mais obscurecidas. Em 2006 um edital público permitiu que pesquisadores apresentassem projetos para observação com o telescópio VISTA, cuja tecnologia permitiria a tarefa de mapeamento de nossa galáxia. A partir de então, o projeto selecionado, denominado VISTA Variables in the Vía Láctea (VVV), tem realizado a atividade e desde 2010 organiza encontros internacionais para debater às pesquisas na área.
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UFSC na Mídia: Pesquisa permite conhecer melhor a Via Láctea

29/10/2012 14:31

Astrônomo catarinense é autor do estudo que registrou 84 milhões de estrelas na Via Láctea

Astrônomo catarinense Roberto Saito é autor da pesquisa que resultou no maior registro da Via Láctea
Foto: Arquivo Pessoal

Centenas de imagens que juntas mostram um pequeno pedaço da nossa galáxia. Durante dois anos astrônomos no Chile, coordenados por um catarinense de Florianópolis, reuniram estas fotografias para formar o maior registro da Via Láctea já feito. O catálogo contém 84 milhões de estrelas reunidas no centro da constelação. E isso só representa 1% do nosso céu.

Com graduação, mestrado e doutorado concluídos na UFSC, Roberto Saito — que vive desde 2009 no Chile — virou notícia no mundo pelo registro. A pesquisa permite conhecer melhor a Via Láctea, entender a formação da galáxia e como ela evolui.

O catálogo concentra dez vezes mais estrelas do que as registradas em estudos anteriores, possibilitando a visualização mais detalhada da Via Láctea. A resolução do “retrato” da constelação tem 2 bilhões de pixeis. O trabalho foi publicado na revista científica internacional Astronomy & Astrophysics.

Hoje, pesquisador da Pontificia Universidad Católica de Chile, Universidad de Valparaíso e The Milky Way Millennium Nucleus (Chile), Saito é o principal autor do estudo. Através das imagens ele e a equipe puderam observar que a Via Láctea tem grande concentração de estrelas velhas que rodeiam o centro, chamado de bojo pelos pesquisadores. Esta análise é essencial para a compreensão da galáxia inteira.

Estudo reuniu informações sobre as estrelas foram reunidas em um gráfico

O bojo é uma área escurecida pela poeira. Por isso, para observá-lo, são necessários detectores infravermelhos bastante sensíveis ao telescópio. Os pesquisadores calcularam o brilho de cada estrela pela cor.

Desta forma, foi possível criar um diagrama de cor-magnitude de cada um destes astros, informações pela primeira vez reunidas em um gráfico. Estas características são usadas pelos astrônomos no estudo das propriedades físicas da estrela, como temperatura, massa e idade.O coautor do estudo, Dante Minniti, pesquisador da Pontificia Universidad Catolica de Chile, Chile, explica que o brilho e o calor mostram qual o lugar ocupado pela estrela na galáxia. Pela fotografia, é possível fazer um censo destes astros nesta área da Via Láctea.

Leia a entrevista com Roberto Saito, principal autor da pesquisa que resultou no maior registro da Via Láctea

Diário Catarinense – Quanto tempo durou a pesquisa até que a Via Láctea fosse registrada?
Roberto Saito – Tanto a imagem quanto o catálogo com os 84 milhões de estrelas são os frutos de um trabalho de pelo menos dois anos. As observações foram tomadas durante os anos de 2010 e 2011. Tivemos o trabalho de extrair a informação de cada estrela, criar o catálogo, e fazer a a análise dos dados. Importante frisar que apesar de não ser coautor no artigo cientifico, o responsável em fazer a imagem com giga pixels foi Ignacio Toledo, do Observatório Alma, também no Chile.

DC – Qual o significado do resultado desta pesquisa?
Saito – A sensação é boa, de ter o trabalho reconhecido. Não é fácil estar longe da pátria (da Ilha principalmente!). É um alento saber que todo o esforço está valendo a pena. Mas é importante lembrar que trabalhamos num time muito grande, com especialistas trabalhando duro para que tudo de certo.

DC – O senhor vive no Chile há 3 anos e meio, durante todo este tempo fez pesquisas? O país tem melhores condições para estudos de astronomia?
Saito – No Chile temos acesso aos melhores telescópios do mundo. O Chile é especial para a astronomia, com os melhores céus para observação.
Inclusive o Brasil tem seu maior telescópio aqui, chamado de SOAR. Vim ao Chile a convite de Dante Minniti, argentino, professor da PUC-Chile, que é o investigador principal do projeto The VISTA Variable in the Via Láctea (VVV), e coautor no artigo das 84 milhões de estrela. O VVV é hoje o maior projeto da astronomia chilena, e visa observar a Via Láctea consecutivamente por 5 anos, entre 2010 a 2014.

DC – Como o senhor vê o estudo de astronomia no Brasil, principalmente em Santa Catarina?
Saito – O Brasil possui pesquisadores de primeiro nível, e produz trabalhos ótimos, participa de consórcios internacionais, e pode ter a produção ‘turbinada’ com a entrada do pais no ESO (observatório Europeu Austral), o que garantiria acesso aos melhores telescópios hoje, incluindo o Vista. O processo de entrada no Brasil no ESO está agora em tramitação no Congresso.
O ESO já permitiu que os pesquisadores de instituições brasileiras tivessem, acesso aos seus telescópios, mesmo antes da assinatura final. Em SC, a pesquisa em astronomia está concentrada no Grupo de Astrofísica da UFSC, onde estudei. Apesar de ser um grupo pequeno, com apenas quatro professores, é um grupo bem estabelecido, reconhecido, e com uma produção de ótima qualidade.

Outras informações com Roberto Saito pelo e-mail rsaito@astro.puc.cl.

Fonte: DIÁRIO CATARINENSE – Caroline Passos | caroline.passos@diario.com.br – 26 de outubro

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