Estudo do Campus Araranguá aponta aplicabilidade de fisioterapia especializada na recuperação pós-Covid

25/05/2022 11:17

Programa de exercícios físicos contribuiu para melhora de sintomas como falta de ar e ansiedade em pacientes recuparados da covid (Foto: Divulgação)

 O projeto de reabilitação pós-Covid “RE2SCUE”, desenvolvido no campus da UFSC de Araranguá, possibilitou aos pesquisadores observar a redução dos sintomas de ansiedade e melhora da funcionalidade daqueles que contraíram o vírus. A pesquisa do Laboratório Biologia do Exercício Físico (LaBioEx) já atendeu mais de cem pacientes e agora entrará em nova fase, na qual serão estudados modos de suplementar a resposta ao exercício, como através da cafeína e de canabinoides.

O estudo foi iniciado em abril de 2020, idealizado pelo professor Aderbal Silva Aguiar Junior, com o objetivo de avaliar os efeitos da reabilitação sobre as sequelas da Covid-19. É desenvolvido por uma equipe que envolve alunos e professores da UFSC, tendo em vista o conhecimento de que as infecções virais podem causar efeitos tardios ou sequelas mesmo após a resolução da doença e se baseando em experiências passadas com o efeito do exercício em modelos animais de fadiga. “Nós estávamos dentro de um hospital, atendendo pacientes com diversas sequelas decorrentes da Covid-19, em um momento de pandemia sem vacinas e tratamentos cientificamente comprovados”, comenta a aluna do mestrado em fisioterapia e participante do projeto, Maria Cristine Campos.

Já nessa época, era possível perceber os benefícios teorizados pelos pesquisadores. “As pessoas que fizeram exercício melhoraram 50% mais a dispneia (falta de ar) do que as pessoas que não fizeram exercício”, comenta o professor Aderbal. “Quando nada era conhecido na Covid-19, mostramos que o exercício era seguro”, acrescenta.

Diante da demanda observada, o serviço foi ofertado em Balneário Arroio do Silva em parceria com a Secretaria de Saúde, com atendimento aos pacientes residentes do município. Em Araranguá, há um centro de reabilitação para os pacientes com sequelas da Covid-19, o qual foi estabelecido com base no “RE2SCUE”.

O projeto de lei está disponível aqui.

Financiado pelo Ministério da Saúde, o projeto ajudará o SUS na implementação deste protocolo na rede pública. “Desde o início do projeto, priorizamos o bem-estar e a segurança dos pacientes”, diz a pesquisadora Maria Cristine. “Houve apenas uma intercorrência, mas que não ocasionou nenhum tipo de prejuízo e inclusive auxiliou no diagnóstico clínico para uma das pacientes do estudo”.

A pesquisa foi contemplada pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que apoiam o projeto através de bolsas e financiamento necessário para adquirir os equipamentos e insumos da pesquisa. O edital CNPq ainda prevê recursos para publicação do estudo em forma open access, garantindo que todos poderão acessar os resultados do artigo.

Atualmente, o protocolo de trabalho está disponibilizado abertamente.

Com o cronograma original da pesquisa já encerrado, o laboratório segue para a análise dos resultados obtidos.

Natan Batista Balthazar/ Estagiário de Jornalismo da Agecom

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Estudo preliminar indica que exercícios físicos melhoram sintomas de sequelas de Covid-19

21/06/2021 15:26

Foto: divulgação

Mesmo recuperada da covid-19, Janice Daniel Dal Toe, 59 anos, sentia as sequelas da doença: forte falta de ar, cansaço e dor de cabeça. Em novembro do ano passado, ela começou a participar de um programa de reabilitação realizado por meio de exercícios físicos. “Quando iniciaram as atividades, queria até desistir porque não tinha força”’, conta. “Mas a cada dia que fazia os exercícios ia melhorando. Graças a essa reabilitação posso dizer que estou curada, não tenho sequelas”.

Janice e o marido Idoclecio Biff Dal Toe, 62 anos, moradores de Morro Grande, tiveram Covid-19 em agosto e, em novembro, ainda sentiam as sequelas da doença. Então se inscreveram para participar de um programa de reabilitação, o RE2SCUE: REabilitação REspiratória em Sobreviventes da Covid-19. O projeto de pesquisa conta com financiamento do Ministério da Saúde e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e com bolsas de estudo da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc).

O estudo, que completou a fase piloto em fevereiro com a reabilitação de dez pacientes, é liderado pelo pesquisador Aderbal Silva Aguiar Junior, professor do Departamento de Ciências da Saúde do Campus de Araranguá da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). “Observamos uma melhora de 90% nos sintomas de fadiga, dispneia, nas dores e na ansiedade dos pacientes, principais sequelas da doença. Também aumentou a capacidade funcional deles, importante para o dia a dia e retorno ao trabalho”, explica Aguiar Júnior.
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Projeto de reabilitação pós-Covid da UFSC Araranguá pode tornar-se serviço público no município

18/06/2021 16:18

Um estudo clínico desenvolvido pelo Laboratório Biologia do Exercício Físico (LaBioEx) do Centro de Ciências, Tecnologias e Saúde (CTS) do campus da UFSC de Araranguá poderá transformar-se em um serviço público para atendimento à população do município. O projeto Reabilitação para Sobreviventes da Covid-19 (RE2SCUE) tem o objetivo de desenvolver um protocolo de reabilitação para síndrome pós viral da Covid-19 e suas sequelas, principalmente cansaço e falta de ar. A Câmara de Vereadores de Araranguá aprovou um anteprojeto de lei autorizando o Município a criar o serviço.

Imagem de leo2014 por Pixabay

A proposta do anteprojeto de lei foi apresentada pelo vereador Luiz José de Souza (PL), o Luiz da Farmácia. Nas justificativas do projeto, o vereador citou que cerca de 14 milhões de brasileiros já passaram pela fase aguda da doença e cerca de 50% destes apresentaram sequelas. “O vírus atinge todas as células do corpo. Em um estudo que estamos realizando verificamos que 67% destas pessoas apresentaram sequelas. Elas permaneceram com cansaço e dores musculares”, disse o professor Aderbal Silva Aguiar Jr, coordenador do LaBioEx, durante sessão na Câmara de Vereadores de Araranguá na noite de 16 de junho.

O estudo clínico RE2SCUE é desenvolvido na policlínica do Hospital Regional de Araranguá, com financiamento do Ministério da Saúde, CNPq e Capes. Trata-se de um programa de reabilitação de oito semanas que vem apresentando resultados muito bons. “Os dados clínicos e bioquímicos serão cruzados com técnicas de Big Data e inteligência artificial para chegar ao protocolo de reabilitação. Atualmente, obtivemos sucesso em diminuir 90% destas sequelas”, afirma o professor Aderbal.

De acordo com o anteprojeto, o Município de Araranguá fica autorizado a criar o serviço público de reabilitação RE2SCUE, sob assessoria do LaBioEx na forma de recursos humanos, transmissão de conhecimento, logística, inteligência artificial e Big Data. A Secretaria Municipal de Saúde ficará responsável por implementar o serviço, provendo-o de recursos humanos, assessoria, material e equipamento necessários.

O serviço será dirigido por um profissional de Fisioterapia e poderá realizar até 240 atendimentos por mês. O LaBioEx indicará dois alunos estagiários de graduação ou pós-graduação por fisioterapeuta contratado pela Prefeitura. “Os centros de reabilitação especializados são urgentes para esta nova demanda de saúde pública, pois está claro que os cuidados aos pacientes não desaparecem após alta hospitalar. Araranguá poderá prestar um atendimento de referência e humanizado”, complementou o vereador.

LaBioEx

O Laboratório Biologia do Exercício Físico estuda os efeitos do exercício físico na saúde e em doenças, desde estudos experimentais até estudos clínicos. Está localizado no campus Mato Alto do Centro Araranguá, com infraestrutura para fisiologia, bioquímica, farmacologia e metabolismo do exercício em roedores e seres humanos. Desenvolve projetos de pesquisa e inovação em duas linhas: 1) A neurobiologia do exercício físico, como o desenvolvimento da fadiga central e mental ao exercício, e os efeitos modificadores de doença em modelos experimentais de doenças neurológicas e Covid-19. 2) Farmacologia e genética do esporte, para explorar recursos ergogênicos e fatores genômicos envolvidos no melhor desenvolvimento da forma e vida desportiva.

 

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