Pesquisadores da UFSC lançam livro de divulgação científica sobre a Reserva do Arvoredo

21/08/2017 23:08

Foto: João Paulo Krajewski/Divulgação

Três anos de pesquisa; cerca de 130 expedições ao mar; mais de 140 pessoas de diferentes campos do conhecimento trabalhando em uma área com biodiversidade única. Estes números sintetizam a amplitude do Projeto de Monitoramento Ambiental da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Entorno (MAArE/UFSC), que mapeou dados biológicos e oceanográficos deste patrimônio natural catarinense. Parte dos resultados, incluindo o alerta para os riscos da ação humana, pode ser conferido no livro que será lançado nesta quarta-feira e estará disponível para download na página do projeto.

O MAArE é resultado de uma condicionante ambiental do Processo de  Licenciamento dos Campos Petrolíferos de Baúna e Piracaba, na Bacia de Santos, a cerca de 300 quilômetros da costa de Santa Catarina. O Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade (ICMBio) solicitou que a Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (Rebio Arvoredo), localizada entre Florianópolis e Bombinhas, fosse estudada como subsídio à gestão da Unidade de Conservação que possui uma área de 17.600  hectares − aproximadamente 40% do tamanho da Ilha de Santa Catarina. O projeto foi coordenado por pesquisadoras do Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC.

Foto: João Paulo Krajewski/Divulgação

Os dados foram coletados entre 2014 e 2016 e compilados em relatórios técnicos e científicos, que geraram diversos trabalhos acadêmicos, como artigos, dissertações e teses. O livro, no entanto, foi planejado para ser acessível ao público mais amplo, que possa se interessar pelo monitoramento ambiental e pela conservação da natureza. A linguagem é simples e inclui gráficos, aquarelas e muitas fotografias. “Este livro resume o estado atual da Rebio Arvoredo como uma ‘fotografia’ científica e artística do patrimônio que estas ilhas guardam”, afirma João Paulo Krajewski, biólogo e doutor em ecologia de peixes marinhos, que viaja pelo mundo fotografando e filmando a natureza. Ele é responsável por grande parte das fotografias e por um capítulo do livro.

Segundo a professora Bárbara Segal, coordenadora do projeto e responsável pela parte biológica do MAArE, a pesquisa mostra a importância da unidade de conservação. De forma geral, há muito mais biodiversidade dentro da Rebio Arvoredo que no seu entorno. No caso de peixes como as garoupas, por exemplo, dentro da reserva eles são encontrados em maior número e tamanho, muitas vezes passando de 50 centímetros. “Esse status de conservação gera um panorama onde os peixes possuem um tamanho maior e consequentemente produzem mais ovos do que no entorno onde ocorre a pesca. Isso mostra claramente a importância de ter áreas reservadas para poder contribuir com as áreas que estão sendo pescadas no entorno”, avalia a pesquisadora.

Foto: João Paulo Krajewski/Divulgação

O projeto também ajudou a identificar o coral-sol, uma espécie invasora que, por não ter um predador natural, prolifera-se rapidamente e ocupa o espaço das populações locais. Além de identificar o invasor e informar ao ICMBio, os pesquisadores-mergulhadores ajudaram a removê-lo. “A gente detectou, mapeou, e a ação foi feita em um momento em que as populações ainda não estavam muito espalhadas. Há ainda um foco em uma fenda pouco acessível, mas o ICMBio está fazendo o  manejo. Não conseguiu erradicar, mas está com um controle relativamente bom”, afirmou Bárbara.

Foto: João Paulo Krajewski/Divulgação

A região corre outros riscos. Um deles é em relação às mudanças climáticas. De acordo com a professora Andrea Santarosa Freire, vice-coordenadora e responsável pela parte oceanográficado projeto, com o  forte El Niño de 2015/2016, que aquece o Oceano Pacífico, as águas catarinenses ficaram muito frias. “O fato é que não necessariamente as mudanças globais vão fazer com que as temperaturas fiquem mais quentes. Aqui pode ficar até mais frio, como aconteceu em 2016. E se ficar mais frio, esta fauna da Rebio vai sofrer porque é tropical e pode não resistir a baixas temperaturas”, explicou.

Há outros perigos mais próximos. O projeto detectou altos índices de poluição em dois locais da região: na baía norte, em Florianópolis, e na baía de Tijucas, em Tijucas. Esses espaços apresentam baixo índice de biodiversidade e podem, no futuro, afetar a Rebio. “Qual a tendência? Se não cuidarmos do entorno, essa poluição e essa baixa diversidade vão ocorrer dentro da reserva. O MAArE serve como um alerta. Os municípios no entorno precisam cuidar, todos têm uma responsabilidade em relação à reserva”, afirmou Andrea.

Foto: João Paulo Krajewski/Divulgação

Além do livro, que estará disponível na página do projeto, também será lançado um banco de dados considerado de vanguarda no Brasil, que armazenará informações sobre os indicadores monitorados. Os gestores da Rebio Arvoredo e o público em geral terão acesso aos dados, que poderão ser usados tanto no presente, como no futuro. Outras Unidades de Conservação e outros projetos também poderão usar o sistema para armazenar e utilizar dados de monitoramentos ambientais.

Mais informações sobre o projeto MAArE podem ser solicitadas pelo e-mail gerenciamento.maare@gmail.com ou pelo telefone (48) 3721-6160.

Confira outra reportagem sobre o projeto MAArE.

Tags: banco de dadosecologiaMAArEMonitoramento ambientalProejto MAArEProjeto de Monitoramento Ambiental da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e EntornoUFSCZoologia

Projeto de monitoramento ambiental da UFSC conclui três anos de coleta de dados

16/03/2017 19:24
Integrantes do projeto MAArE durante última expedição oceanográfica.
Integrantes do projeto MAArE durante última expedição oceanográfica

O Projeto de Monitoramento Ambiental da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Entorno (MAArE/UFSC) está concluindo suas atividades e em breve disponibilizará um banco de dados e um livro com os resultados de todo o trabalho de campo desenvolvido ao longo de três anos. Coordenado pelas professoras Bárbara Segal Ramos e Andrea Santarosa Freire, do Departamento de Ecologia e Zoologia (ECZ/UFSC), o projeto teve início em junho de 2013 e contou com uma equipe de cerca de 80 pessoas (entre pesquisadores, técnicos, bolsistas e pessoal de apoio).

A Reserva Biológica Marinha do Arvoredo é uma área de 17.600 hectares de superfície, situada ao norte da Ilha de Santa Catarina, entre Florianópolis e Bombinhas. A região abrange as Ilhas do Arvoredo, Deserta, Galé, Calhau de São Pedro e a área marinha que circunda esse arquipélago. Por ser considerado um espaço de grande importância biológica, em 12 de março de 1990 a reserva foi decretada unidade de conservação federal, de proteção integral. Nesse contexto, o MAArE foi criado com o objetivo de realizar o monitoramento ambiental da região, através da amostragem de diferentes indicadores biológicos para a avaliação da conservação do ecossistema marinho. Entre esses indicadores estão peixes, algas, crustáceos, invertebrados e plâncton. Outra finalidade era verificar a ocorrência de espécies invasoras, como o coral sol, que pode gerar danos no ecossistema.
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Tags: biologiaCCBICMBioMAArEoceanografiaProjeto de Monitoramento Ambiental da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Entornoreserva biológica marinha do arvoredoUFSC

Pesquisadores da UFSC instalam primeira boia meteo-oceanográfica em Santa Catarina

09/03/2017 13:22

REBIO_ARVOREDOUma boia meteo-oceanográfica, a SiMCosta SC-01, está fundeada desde o dia 22 de fevereiro nas proximidades da Ilha do Arvoredo, interior da Reserva Biológica (Rebio) Marinha do Arvoredo, em Florianópolis. A instalação e manutenção da boia instrumentalizada é fruto de uma parceria entre o Sistema de Monitoramento da Costa Brasileira (SiMCosta), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). “Esta parceria é fundamental para o sucesso do programa de monitoramento de longo prazo na Rebio Marinha do Arvoredo”, salienta o coordenador nacional do SiMCosta e pesquisador do programa de pós-graduação em Oceanografia da UFSC (PPGOceano), Carlos Alberto Eira Garcia.

De acordo com Ricardo Castelli Vieira, chefe da Rebio do Arvoredo, “os dados obtidos pela boia servirão para dar continuidade ao monitoramento de parâmetros oceanográficos realizado pela UFSC ao longo de 2014, 2015 e 2016, no âmbito do Projeto de Monitoramento Ambiental da Rebio Arvoredo e entorno (MAArE)”. Andrea Freire, coordenadora da área de Oceanografia do MAArE, reforça a importância da instalação da boia para o desenvolvimento da pesquisa em oceanografia no estado: “Santa Catarina tem sido um lugar de muitas ocorrências de desastres naturais, todos relacionados à variabilidade oceanográfica e meteorológica. Agora teremos a possibilidade de observar essas variações.”

A pesquisadora salienta que a instalação da boia SiMCosta SC-01 é inédita: “É a primeira vez que o estado tem uma boia tão eficiente. Já existiam boias com essas características em vários lugares, mas não em Santa Catarina.” Outra vantagem, segundo Andrea, é o fato de o equipamento estar instalado dentro de uma reserva biológica. “Nenhuma outra boia está instalada dentro de uma unidade de conservação no Brasil. Os dados coletados serão muito importantes.” A reserva Biológica Marinha do Arvoredo (Rebio do Arvoredo), onde atuou o MAArE, está localizada na região central do litoral catarinense, incluindo quatro ilhas — Arvoredo, Deserta, Galés e Calhau de São Pedro — e o ambiente marinho associado. A reserva engloba águas dos municípios de Florianópolis, Governador Celso Ramos, Porto Belo, Bombinhas e Tijucas, em Santa Catarina. É a única Rebio marinha existente nas regiões Sul e Sudeste do País.

Na boia estão acoplados vários instrumentos e sensores que fornecem dados meteorológicos (vento, pressão atmosférica, temperatura, radiação solar, precipitação, umidade relativa e concentração de CO2) e oceanográficos (temperatura, salinidade, turbidez, concentração de CDOM, concentração de clorofila-a, oxigênio dissolvido e pH). Os dados obtidos pela SiMCosta SC-01 são transmitidos via satélite (meteorológicos) e por telefonia celular (oceanográficos), numa frequência horária, para servidor localizado na Universidade Federal do Rio Grande (Furg), instituição coordenadora do SiMCosta. Em seguida, os dados são disponibilizados on-line e gratuitamente no Portal SiMCosta.

Sobre o SiMCosta

O SiMCosta é um projeto que visa o monitoramento contínuo de propriedades meteorológicas e oceanográficas para fornecer informações ambientais e, ao longo do tempo, prover dados para estudos de impactos das mudanças climáticas ao longo da costa brasileira. O SiMCosta é coordenado pela Subrede Zonas Costeiras da Rede Clima e INCT para Mudanças Climáticas, com sede na Furg, e financiado pelo Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (Fundo Clima), Ministério do Meio Ambiente (MMA) e Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Mais informações no site do SiMCosta e do ICMBio ou pelos telefones (48) 37213530 | (48) 37218517

Tags: boia meteo-oceanográficaICMBioMAArEoceanografiaPPGOceanoSiMCostaUFSC

Pesquisadores da UFSC avistam baleia jubarte em expedição oceanográfica

15/07/2016 08:15
Foto: Alejandro Donnangelo

Foto: Alejandro Donnangelo

Pesquisadores do projeto Monitoramento da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Entorno (MAArE/UFSC), avistaram, em saídas de campo nos dias 16 e 17 de junho, duas baleias e dois grupos de golfinhos. O objetivo da expedição era coletar dados físicos da água, como temperatura, salinidade, fluorescência e visibilidade ao longo de 23 estações de coleta na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (ReBioMar) e seu entorno.

No dia 16 foram avistados dois grupos de botos-da-tainha ou nariz-de-garrafa, como são popularmente conhecidos os espécimes de Tursiops truncatus. Os grupos, compostos por aproximadamente 20 indivíduos cada, foram avistados no perímetro da ReBioMar do Arvoredo e entorno, entre a Ilha Galé e a Ilha do Macuco (ver mapas).  No mesmo dia foi avistada uma baleia jubarte (Megaptera novaeangliae), entre a Ilha Deserta e a Ilha do Arvoredo.

No dia 17 foi avistada outra baleia jubarte entre a ReBioMar do Arvoredo e a porção sul da baía do Rio Tijucas. “A equipe, a princípio, ficou em dúvida em relação à espécie, pois avistamentos de jubarte não são muito frequentes nesta região. Baleia-franca (Eubalaena australis) e minke (Balaenoptera bonaerensis) são mais comuns na área monitorada pelo projeto”, relata Alejandro Donnangelo, pesquisador responsável pelo embarque.

O professor Paulo César de Azevedo Simões Lopes, do departamento de Ecologia e Zoologia (ECZ), confirmou que os animais avistados eram da espécie jubarte: “São claramente jubartes de pequeno porte, entre 8 e 10 metros de comprimento, provavelmente perdidas de seu grupo. Esses animais se afastam da costa em Cabo Frio (RJ) e vão para alto mar até a Antártica à procura de alimento”.

Mapa:

Mapa: Alejandro Donnangelo

Foto: Alejandro Donnangelo

Foto: Alejandro Donnangelo

O professor explica que, em 32 anos de monitoramento no litoral catarinense, apenas duas jubartes foram avistadas em Santa Catarina. “Em 2014 houve o terceiro caso. Mas em 2015, excepcionalmente, foram avistadas 16 jubartes próximas à costa de Santa Catarina. Não sabemos ainda o que está acontecendo, mas os avistamentos desta expedição com certeza está relacionado com o que ocorreu ano passado”, alerta.

mapa-MAArE

Fonte: Alejandro Donnangelo

O mais comum nesta época do ano é o aparecimento de baleias-francas. Em agosto de 2014, a equipe do projeto MAArE resgatou uma baleia e seu filhote presos em redes de pesca, a cerca de 1 km da praia da Lagoinha, norte de Florianópolis. Parece haver um aumento de baleias jubarte no nosso litoral. Segundo uma das coordenadoras do projeto MAArE, Bárbara Segal Ramos, a presença de jubartes, francas, minkes e golfinhos traz esperanças em relação ao quanto ainda é possível contribuir para a conservação dessas fantásticas formas de vida, que já estiveram quase extintas. “Nesse sentido, monitorar e trabalhar em conjunto para garantir a boa qualidade da água no nosso litoral é de grande importância para mantermos o ambiente saudável para todos nós”, afirma.

Mais informações: contatomaare@gmail.com | 48 3721-6160 / 48 37216430 | site

Texto de  Diego Melo Arruda Rodrigues (Projeto de Monitoramento Ambiental da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Entorno)

Fotos e mapas:  Alejandro Donnangelo

 

 

Tags: baleiajubarteMAArEMonitoramento da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e EntornoUFSC

Workshop discute gestão de unidades de conservação marinhas do Brasil

27/11/2015 11:29

Pesquisadores e gestores de diversas Unidades de Conservação do Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil se reuniram em um workshop realizado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária (FAPEU) de 25 a 27 de novembro, no Hotel São Sebastião da Praia, no Campeche. O evento é organizado pelo projeto Monitoramento Ambiental da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Entorno (MAArE), coordenado pela UFSC, em parceria com a equipe da Reserva Biológica (Rebio Arvoredo), e contou com a presença do Pró-Reitor de Pesquisa da UFSC, Jamil Assreuy, na abertura.

Evento termina nesta sexta-feira. Foto: Divulgação

Evento termina nesta sexta-feira. Foto: Divulgação

Com base no processo de gestão e nas principais ameaças e impactos ambientais presentes nas unidades de conservação, o objetivo central do evento foi desenvolver um documento de Diretrizes para o Monitoramento Ambiental de Áreas Marinhas Protegidas no Brasil. As discussões ocorridas foram fundamentais para integrar gestores e pesquisadores no apoio à conservação de áreas marinhas na costa brasileira.

O projeto MAArE iniciou-se em junho de 2013 e tem como finalidade estabelecer um programa de monitoramento contínuo e sistematizado da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, baseado em indicadores biológicos e parâmetros oceanográficos.

Diante do crescimento populacional próximo à costa, as áreas marinhas brasileiras sofrem forte pressão humana, que acarretam em mudanças ambientais nos ecossistemas. A zona costeira também abrange diversas atividades socioeconômicas relevantes para a sociedade, como a pesca e o turismo. O gerenciamento adequado dessas áreas é fundamental para preservar, no longo prazo, os serviços ambientais fornecidos pelos ecossistemas marinhos.

Mais informações no MAArE, pelo telefone (48) 3721-4739.

Tags: MAArEUFSCUniversidade Federal de Santa Catarina