Seminário de pesquisa da UFSC fortalece ciência indígena e práticas interculturais

19/12/2025 09:38

O Projeto de Iniciação Científica (IC) Indígena UFSC/Instituto Serrapilheira tem como objetivo apoiar a formação de estudantes indígenas

O Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Santa Catarina (CCB/UFSC) sediou, no último 8 de dezembro, o I Seminário do Projeto Iniciação Científica (IC)  Indígena UFSC/Instituto Serrapilheira, iniciativa que marca um avanço significativo na valorização da ciência indígena e na construção de práticas interculturais no âmbito acadêmico.

O projeto é desenvolvido em colaboração com dois núcleos de pesquisa da UFSC: o Laboratório de Ecologia Humana e Etnobotânica (ECOHE), do Departamento de Ecologia e Zoologia, e o Laboratório de História Indígena (LABHIN), do Departamento de História. A iniciativa conta com financiamento do Instituto Serrapilheira, instituição que apoia o desenvolvimento de ciência no Brasil.

Voltado à comunidade universitária da UFSC, o seminário reuniu bolsistas, orientadores acadêmicos e orientadores indígenas, formando um espaço de troca de saberes e fortalecimento institucional do projeto. Durante o evento, os cinco estudantes indígenas de graduação contemplados com bolsas de Iniciação Científica apresentaram seus projetos de pesquisa, compartilhando experiências, metodologias e perspectivas fundamentadas em seus territórios e contextos culturais.

Além das apresentações, o encontro foi marcado por debates sobre os próximos passos do projeto, bem como por reflexões sobre aspectos éticos e legais relacionados às pesquisas indígenas, com ênfase na proteção dos conhecimentos tradicionais associados à biodiversidade.

O Projeto de Iniciação Científica (IC) Indígena UFSC/Instituto Serrapilheira tem como objetivo apoiar a formação acadêmica de estudantes indígenas e também prevê o apoio a orientadores indígenas em suas respectivas terras indígenas, ampliando o alcance e o impacto das pesquisas desenvolvidas.

Entre os principais objetivos do projeto estão a formação de pesquisadores e cientistas indígenas qualificados na área de Ecologia, o fomento a práticas interculturais que promovam o diálogo entre os sistemas de conhecimento indígena e acadêmico, e o fortalecimento da atuação de mulheres indígenas, com atenção especial à temática de gênero a partir de uma abordagem intercultural.

Segundo a organização, o seminário representa um marco na consolidação de uma proposta que busca não apenas incluir estudantes indígenas na universidade, mas reconhecer e valorizar suas formas próprias de produzir conhecimento, promovendo uma ciência mais diversa, plural e comprometida com a justiça epistemológica.

Mais informações no Instagram: @ecohe.ufsc e @labhin.ufsc

 

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Com participação da UFSC, artigo na Science reforça importância do diálogo entre ciências indígena e ocidental para futuro sustentável

12/12/2024 16:05

Conservação da Amazônia depende da integração de conhecimentos (Imagem de leondeniscf por Pixabay)

No contexto da crise climática, o diálogo entre o conhecimento científico ocidental e o indígena é essencial para a conservação da Amazônia e para o futuro sustentável do planeta. A integração dos sistemas de conhecimento pode garantir uma ciência mais holística, que entenda a conexão indissociável entre cultura e natureza e que, portanto, reconheça a contribuição dos povos originários para a reabilitação dos ecossistemas. É o que aponta artigo publicado na revista Science nesta quinta (12) por pesquisadores indígenas dos povos Tuyuka, Tukano, Bará, Baniwa e Sateré-Mawé, em parceria com não indígenas, vinculados a projeto do Brazil LAB, da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. Os cientistas participantes também têm vínculo com instituições brasileiras como as universidades federais de Santa Catarina (UFSC) e do Amazonas (UFAM).

O artigo defende a integração urgente entre os saberes, considerando a contribuição das teorias e práticas de povos indígenas, há pelo menos 12 mil anos, para a conservação e restauração do meio ambiente – e elegem a Amazônia como um terreno fértil para promover este diálogo.

“Uma das principais lições dos conhecimentos indígenas do Alto Rio Negro é compreensão de que as vidas se estabelecem em conexão. Nada existe sozinho, tudo está relacionado – e compreender essa rede de relações entre todos os seres é uma das chaves para a sustentabilidade”, explica Carolina Levis, pesquisadora da UFSC e primeira autora do artigo. Para ela, a cosmovisão indígena pode auxiliar na desconstrução da visão colonialista que há séculos explora a Amazônia. “Enquanto o pensamento ocidental está enraizado em visões utilitaristas e antropocêntricas da natureza, os povos indígenas amazônicos entendem que a natureza e seus elementos também são dotados de qualidades de pessoas e tudo faz parte de um sistema integrado”, comenta.
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