Estudo da UFSC e universidade italiana traz novas descobertas para recuperação pós-AVC

10/01/2025 10:20

Modelo de dinâmica cerebral utilizado na pesquisa (em cima) e curvas que representam diferentes aspectos dessa dinâmica. Imagem: Divulgação

Combinando física e neurociência, um estudo conduzido por um professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em colaboração com pesquisadores da Universidade de Pádua, na Itália, fez descobertas que podem contribuir para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes para distúrbios neurológicos e psiquiátricos, como AVC, epilepsia, Alzheimer e outros. A pesquisa demonstrou que, para promover a recuperação do cérebro após um AVC, é fundamental restaurar o equilíbrio entre a excitação e a inibição nas regiões cerebrais, o que está diretamente relacionado à melhora no desempenho comportamental dos pacientes.

O estudo utilizou dados de ressonância magnética de 120 participantes, entre pacientes pós-AVC e indivíduos saudáveis, recrutados entre 2010 e 2015 para um estudo prospectivo de AVC na Washington University. Esses dados foram processados para criar o conectoma de cada participante, uma representação matemática das conexões cerebrais, modelada na forma de uma rede neural. Além disso, o desempenho comportamental dos pacientes foi avaliado a partir de uma bateria neuropsicológica que mediu o desempenho em oito domínios comportamentais: motricidade (membros esquerdo e direito), linguagem, memória verbal e espacial, atenção no campo visual, desempenho médio de atenção e atenção seletiva.

O estudo Papel da plasticidade homeostática na dinâmica crítica do cérebro após lesões focais por AVC (do inglês, Role of homeostatic plasticity in critical brain dynamics following focal stroke lesions), elaborado pelo professor do Departamento de Física da UFSC Rodrigo Pereira Rocha, fornece uma compreensão profunda de como o cérebro responde às lesões e de como ele se adapta durante o processo de recuperação. Os resultados contribuem para o entendimento da recuperação cerebral, sugerindo que a reorganização das redes neurais e o restabelecimento do equilíbrio entre excitação e inibição são fundamentais para o processo de recuperação após uma lesão.

Plasticidade neuronal e criticalidade cerebral

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Professor da UFSC avança na compreensão dos mecanismos do AVC por meio de modelo computacional

28/06/2022 08:45

Imagem ilustrativa (Imagem de Pete Linforth por Pixabay)

Os mecanismos fundamentais subjacentes à dinâmica da atividade cerebral ainda são amplamente desconhecidos, mas o seu conhecimento pode ajudar a entender a resposta do cérebro a condições patológicas, como no caso dos derrames. Apesar dos esforços da comunidade científica, os mecanismos subjacentes à recuperação funcional e comportamental de pacientes com acidente vascular cerebral (AVC) ainda são pouco compreendidos. O estudo Recovery of neural dynamics criticality in personalized whole-brain models of stroke, publicado na revista Nature Communications, resultado de uma colaboração internacional, propõe a teoria da criticalidade cerebral para explicar as relações entre alterações cerebrais e função em pacientes neurológicos. O texto é assinado por físicos, neurologistas e psicólogos, com autoria do professor do Departamento de Física da UFSC, Rodrigo Pereira Rocha, e de Loren Kocillari, Samir Suweis, Michele De Grazia, Michel Thiebaut De Schotten, Marco Zorzi e Maurizio Corbetta.

Conforme o professor, na Física, há muito se sabe que certos sistemas estão localizados na fronteira entre a ordem e o caos em um estado chamado “crítico”. “Por exemplo, a água passa do estado líquido, no qual o sistema apresenta ordem de curto alcance, para o estado gasoso, no qual as moléculas se movem de maneira caótica a uma temperatura crítica próxima de 374°C. Mais ou menos 374°C representa, portanto, a temperatura crítica na qual a água assume duas formas diferentes, líquida ou gasosa, nas quais o caos e a ordem estão presentes. Essa temperatura na física é chamada de ‘crítica’, e a mudança de estado é chamada de transição de fase”, contextualiza.

A criticalidade tem sido usada para descrever fenômenos de terremotos à frequência cardíaca humana, de oscilações de pontes ao mercado de ações. “Também foi demonstrado que o cérebro poderia operar próximo a um ponto crítico, no qual todos ou a maioria dos neurônios têm um comportamento coletivo e coordenado, o que proporcionaria ao sistema funções ótimas, ligadas, por exemplo, à eficiência na transmissão de informação, ou à velocidade de resposta a estímulos externos”.

Sob essa lógica, se a criticalidade é de fato uma propriedade fundamental de cérebros saudáveis, então as disfunções neurológicas alteram essa configuração dinâmica ideal. Alguns estudos relataram perda de criticalidade durante convulsões epilépticas, sono de ondas lentas, anestesia e doença de Alzheimer. No entanto, um teste crucial dessa hipótese seria mostrar que as alterações locais da arquitetura estrutural e funcional do cérebro também causam uma perda no sistema.

Além disso, explica Rocha, se as alterações melhorarem ao longo do tempo, por exemplo, devido a uma atividade de fisioterapia, é preciso observar a recuperação da criticalidade em paralelo.”Outra previsão é que, se a criticalidade é essencial ao comportamento, sua alteração após uma lesão focal deve estar relacionada à disfunção comportamental e à recuperação da função. Finalmente, as mudanças na criticalidade também devem estar relacionadas aos mecanismos de plasticidade subjacentes à recuperação”, pontua.

Abordagem interdisciplinar

“O objetivo deste trabalho foi abordar essas importantes questões por meio de uma abordagem interdisciplinar que combina neuroimagem, neurociência computacional, física estatística e métodos de ciência de dados”, explica. No estudo, a equipe examinou como as lesões cerebrais modificam a criticalidade usando uma nova abordagem personalizada de modelagem da atividade cerebral. A teoria modela a dinâmica cerebral individual com base em redes anatômicas reais de conectividade cerebral, tanto a conectividade anatômica quanto a atividade cerebral funcional, usando ressonância magnética funcional.

“Para esses indivíduos, finalmente, também tínhamos resultados de testes comportamentais disponíveis. Descobrimos que os pacientes com acidente vascular cerebral têm níveis reduzidos de atividade neural transcorridos três meses do AVC, assim como níveis reduzidos da variabilidade e a força das conexões funcionais. Todos esses fatores contribuem para uma perda geral de criticalidade que, no entanto, melhora ao longo do tempo com a recuperação do paciente”, reforça o professor. O estudo também demonstra que as mudanças na criticalidade predizem o grau de recuperação comportamental. “Em resumo, nosso trabalho descreve um avanço importante no entendimento da alteração da dinâmica cerebral e das relações cérebro-comportamento em pacientes neurológicos”, afirma.

Para o professor Maurizio Corbetta, diretor do Centro de Neurociências de Pádua da Universidade de Pádua e da Clínica Neurológica do Hospital Universitário de Pádua, esses resultados demonstram que modelos dinâmicos computacionais do cérebro podem ser usados para rastrear e prever a recuperação do AVC no nível do paciente individual. “Isso abre a possibilidade de usar esses métodos para medir o efeito de terapias como reabilitação ou estimulação não invasiva”, conclui.

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Reitora da UFT sofre dois AVCs durante viagem a Buenos Aires e está em coma induzido

27/01/2017 20:28

A reitora da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Isabel Auler, de 65 anos, foi hospitalizada nesta quinta-feira, 26, em Buenos Aires, na Argentina, onde viajava, em férias, com o filho. Em entrevista ao T1 Notícias, na manhã desta sexta-feira, 27, o marido de Isabel, Cláudio Amaral Santos, que está em Palmas, informou que a reitora sofreu dois Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs) e passou por exames e procedimentos médicos. Isabel está internada na Fundación para la Lucha contra las Enfermedades Neurológicas de la Infancia (Fleni).

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Reitora Isabel Auler/Foto: Divulgação

Ainda conforme o marido da reitora, Isabel está em coma induzido e passará por uma cirurgia ao meio dia. Seu estado de saúde é grave, porém estável. “Primeiro ela precisa passar pela cirurgia, em seguida os médicos vão aguardar a recuperação dela, para então liberá-la para que ela seja trazida ao Brasil”, informou Cláudio.

Um comunicado sobre o caso foi publicado na página oficial da UFT no Facebook ontem. “Familiares, colegas e amigos da reitora estão mobilizados com a situação”, aponta a Universidade. Nas redes sociais da reitora vários amigos enviam mensagens de apoio, com desejos de melhoras a Isabel. O reitor da UFSC, Luiz Carlos Cancellier e a vice-reitora Alacoque Lorenzini Erdman manifestaram solidariedade e a esperança de que tudo transcorra bem.

Isabel Auler foi empossada reitora da UFT em julho do ano passado. Ela é doutora em Educação pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e mestre em Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília (UnB). Atua como docente do Mestrado em Educação, Mestrado Profissional em Letras e do curso de graduação em Pedagogia, todos pela UFT. Antes de se tornar reitora, Isabel foi pró-reitora de Graduação de 2007 a 2012; e vice-reitora de 2012 a 2016, pela UFT. É membro do Comitê Técnico-Científico pela UFT, foi professora da Unitins de 1991 a 2003, na qual foi diretora de Ensino entre 1999 e 2003.

Fonte: T1 Notícias

 

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