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NGD e LDU são unidades integradas com ênfase no design universal, inclusivo e de saúde. Foto: divulgação/NGD-LDU/UFSC

Máscaras, face shields – normais e com lupas especiais para dentistas –, caixas de intubação e extubação, ventiladores mecânicos, laringoscópios, leitos e guinchos elétricos. Desde o início da pandemia de Covid-19, alunos e professores do Núcleo de Gestão de Design (NGD) e do Laboratório de Design e Usabilidade (LDU) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) vêm produzindo uma série de equipamentos para ajudar profissionais da saúde e pacientes, em uma ação denominada Plantão Covid-19. Do projeto à distribuição, todo o trabalho é efetuado por voluntários e viabilizado por meio de doações de insumos e parcerias que envolvem diversas unidades da UFSC e de outras universidades, hospitais, instituições públicas e empresas, além do apoio de pessoas físicas e da Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão (Fapeu).

Foi em 10 de março de 2020 que o grupo começou a fazer e a receber uma série de contatos com a finalidade de buscar maneiras de contribuir com o combate à Covid-19. “Nesta mesma semana, conversamos com várias pessoas, dentre elas amigos no Brasil, Espanha, Itália, México, profissionais da área da saúde (médicos, fisioterapeutas, enfermeiros, etc.), outras IES [instituições de ensino superior], a própria equipe do laboratório, e notamos que toda a estrutura do NGD I LDU, poderia ser muito bem aproveitada neste momento”, traz o relatório das atividades. No dia 23 daquele mês, mesmo com a suspensão de aulas e demais atividades presenciais, o grupo obteve autorização oficial para ingressar no laboratório. Desde então, não parou mais.

Face shields

Desde março de 2020, foram produzidos mais de 6 mil face shields. Foto: divulgação/NGD-LDU/UFSC

Os primeiros materiais produzidos foram os face shields, em uma colaboração com o Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago (HU-UFSC/Ebserh) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC). Inicialmente, a equipe imprimia os suportes em 3D, cortava os visores e montava os kits, mas os processos foram sendo aprimorados com o estabelecimento de parcerias e a implementação de grandes redes de colaboração. O grupo Equipamentos Médicos de Emergência (EME/UFSC) apoiou com a montagem e a distribuição. Mais tarde, uma empresa passou a fornecer os suportes injetados, e, então, coube aos times da UFSC e do IFSC cuidar dos visores, elásticos e de todo o processo de montagem e higienização. A distribuição atualmente é feita por meio do Centro de Ciências da Saúde (CCS/UFSC) e do HU.

Também foi dado suporte a outros grupos que os procuravam para a produção de face shields, como os Laboratórios de pesquisa em Refrigeração e Termofísica (Polo/UFSC) e a equipe TrêshDe, de Palhoça. Ao todo, foram produzidos mais de 6 mil face shields com colaboração do NGD e do LDU. Os acessórios foram doados a hospitais e serviços de saúde de diversos municípios catarinenses, unidades da UFSC que mantêm os trabalhos presenciais, Corpo de Bombeiros, casas de repouso, entre outros. “Na realidade foram para muitas instituições, e demoraria um pouco para ter todas elas listadas”, comenta o coordenador do NGD e do LDU, Eugenio Andrés Díaz Merino.

Caixas de intubação e ventiladores mecânicos

Produção das caixas de intubação e extubação teve parceria com a Udesc. Foto: divulgação/NGD-LDU/UFSC

Outra frente de atuação foi a produção de caixas de intubação e extubação, em cooperação com professores da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e com auxílio da equipe do Hospital Regional de São José, para o qual elas foram doadas. Os materiais, disponibilizados na UTI Covid-19, visam à proteção dos profissionais de saúde, servindo como barreira contra aerossóis e gotículas expelidos durante os procedimentos de intubação e extubação.

O NGD e o LDU também iniciaram estudos de viabilidade para o desenvolvimento de ventiladores mecânicos antes de optar por dar suporte aos aparelhos em produção pelo grupo HipeerLab, vinculado ao Laboratório de Mecânica de Precisão (LMP) da UFSC e do qual já haviam sido parceiros na produção de face shields. Entre as atividades feitas no LDU, estão o ajuste e o corte das peças em acrílico, testes iniciais de temperatura e pressão sonora e a montagem e colagem dos componentes estruturais.

Equipamentos diversos

Foram produzidos, ainda, no âmbito do Plantão Covid-19, face shields adaptados com uma lupa, projetados para serem utilizados por profissionais da odontologia, e máscaras de proteção em 3D com elemento filtrante intercambiável. Outro projeto importante que está em desenvolvimento, junto com médicos do HU, é um laringoscópio – instrumento utilizado para o exame do laringe – de baixo custo e com visualização em smartphones.

Além disso, também foram realizadas adaptação e entrega de leitos e guinchos elétricos para o Instituto de Psiquiatria de Santa Catarina. Esses instrumentos objetivam auxiliar o atendimento a pacientes idosos e foram alvo de uma série de melhorias, que incluem a substituição do sistema de energia de emergência, a implementação de controle remoto por aplicativo e o aumento da altura do guincho elétrico, de modo a possibilitar exercícios de reabilitação, como a caminhada. 

NGD e LDU

Com mais de 18 anos de experiência, o NGD e o LDU são duas unidades integradas e complementares, com ênfase no design universal, inclusivo e de saúde. O laboratório, que faz parte dos programas de pós-graduação em Design e em Engenharia de Produção da UFSC, dispõe de tecnologia de ponta, com equipamentos de captura de movimento, de rastreamento ocular, de corte a laser e impressoras e caneta 3D, entre outros. Sua equipe incorpora alunos de graduação e pós-graduação e compreende profissionais de áreas bastante variadas, como design, engenharia, artes, educação física, fisioterapia, direito, desenho e ciências da computação.

Cadeira de rodas para banho, camas e elevadores elétricos hospitalares, dispositivos de auxílio à vida diária para pessoas com deficiência e órteses em fibra de carbono são alguns dos projetos que vêm sendo desenvolvidos, para além do Plantão Covid-19. Segundo Eugenio, o grupo sempre esteve engajado em ações sociais, paralelamente às atividades de ensino, pesquisa e extensão, “com trabalhos voluntários em parceria com diversas instituições e setores, como por exemplo a OAB Cidadã (junto ao presídio de Florianópolis, comunidades quilombolas, comunidades vulneráveis, escolas públicas, etc.) fazendo parte de nossa vida. Neste sentido, sempre que exista possibilidade estaremos contribuindo com a sociedade, seja por meio da nossa instituição, seja por meio pessoal/familiar. Acredito que esta seja a principal motivação: ‘fazer o bem’”.

Mais informações do site do NGD e LDU.

Camila Raposo/Jornalista da Agecom/UFSC