Projeto de extensão UFSC Acessível visa aumentar acessibilidade das notícias à comunidade surda
Para melhorar a acessibilidade na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o projeto de extensão UFSC Acessível atua desde o início de 2020 como disseminador de informações para a comunidade surda acadêmica. As publicações são produzidas em Libras, com tradução para português oral, textos e ilustrações, de maneira a contemplar surdos, deficientes auditivos, cegos e pessoas com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). “Eu sempre percebi a falta para a comunidade surda de informações acessíveis, que chegassem aos alunos surdos e aos professores surdos. Nós recebemos diariamente da UFSC diversas informações, e a gente lê rapidamente e às vezes não presta atenção. Os surdos têm o português escrito já como segunda língua, então se nós geralmente não prestamos muita atenção, eles também às vezes ignoram e acabam ficando sem saber”, relata Michelle Duarte da Silva Schlemper, servidora responsável pela criação do projeto e secretária do Departamento de Libras da UFSC.
A necessidade de um compartilhamento multimodal de informações, que englobasse o uso da linguagem de sinais e elementos visuais aos textos, já era uma realidade, mas foi com o início da pandemia em 2020 que o projeto tornou-se indispensável. “Esse projeto é de muita importância, pois sem ele nós surdos não teríamos acesso a informações claras na nossa primeira língua. Ele nos ajuda muito a ficar informados sobre acontecimentos dentro da universidade”, declara André Luiz Rickes Crochemore, graduando do curso de Licenciatura em Letras Libras da UFSC, sobre o aumento de veiculação de notícias de urgência na universidade.
“Quando lemos escrita em português ficamos com dúvidas sobre o que quer dizer e como a frase se interpreta, por que depende do contexto. Aí aparece o vídeo de Libras e nos sentimos confortáveis, porque não precisamos sentir dificuldade, como ocorre com o português. Português e Libras juntos dá para entender o que quer dizer”, conta Camila Carolina da Costa Voss, também estudante do curso de Licenciatura em Letras Libras da UFSC. Além de publicar notícias relacionadas à comunidade acadêmica surda, o projeto busca divulgar pela página no Instagram eventos acessíveis em libras e vagas de acessibilidade.
Projeto em crescimento
O UFSC Acessível é composto por uma equipe de três voluntárias, que traduzem para Libras as notícias consideradas de maior importância, gravam e editam essas chamadas, realizam o gerenciamento das redes sociais (Facebook e Instagram) e publicações no canal do YouTube. Além de Michelle, a aluna de Libras Vitória Cristina Amancio e a professora coordenadora do curso, Débora Campos Wanderley, são responsáveis pela realização destas atividades. Algumas das dificuldades enfrentadas são aumentar a visibilidade, para que atinja mais pessoas, e ampliar a participação de alunos voluntários, possibilitando o crescimento do projeto e o aumento da acessibilidade na UFSC.
“Participar dos projetos é muito bom para os alunos. É uma oportunidade também para desenvolver a língua de sinais, aprender edição de vídeo. Tem gente que não quer trabalhar com a tradução, mas gosta da legendagem, esse projeto tem essa possibilidade de abertura, e a gente precisa de mais gente dentro dele”, declara Michelle. A participação em projetos de extensão é necessária para a formação acadêmica dos alunos, possibilitando ampliar conhecimentos e adquirir experiência. O projeto está aberto para novos integrantes, respeitando os interesses e disponibilidade de horários. Para mais informações, é possível entrar em contato pelo e-mail michelle.schlemper@ufsc.br ou pelo perfil no Instagram @ufscacessivel.
“Eu gostaria que o projeto ganhe asas, que agregue alunos de cursos diferentes, que seja uma experiência diferente de acessibilidade, que a UFSC seja conhecida como um ambiente acessível”, conta Michelle, sobre suas projeções para o futuro do projeto, e complementa, “a comunidade surda engloba surdos e ouvintes que lutam por questões de acessibilidade, por questões comuns, que convivem juntos e buscam vencer as barreiras linguísticas.”
Luana Consoli/Estagiária de Jornalismo Agecom/UFSC