UFSC na mídia: Museu Nacional abrigava acervo de sambaquis do Sul de Santa Catarina
O Museu Nacional, que queimou por cerca de seis horas, entre a noite de domingo (03) e a madrugada desta segunda-feira (04), no Rio de Janeiro, abrigava mais de 20 milhões de itens históricos do Brasil e de culturas estrangeiras como a coleção egípcia adquirida por Dom Pedro I. Além de ser a casa do fóssil humano mais antigo já encontrado no país, o Museu também hospedava história catarinense.
De acordo com a arqueóloga Luciane Zanenga Scherer, do Museu de Arqueologia e Etnologia Oswaldo Rodrigues Cabral da Universidade Federal de Santa Catarina (MArquE/UFSC), a instituição abrigava o acervo Sambaqui de Cabeçuda oriundo de pesquisa do arqueólogo Luiz de Castro Faria. A descoberta dos esqueletos, fósseis e outros materiais ocorreu na década de 1960, em Laguna, no Sul do Estado.
Como na época não havia museu consolidado na região, o pesquisador decidiu levar os achados para o Rio de Janeiro, a fim de preservar a história contida no material encontrado.
“Não foi só esse (acervo) perdido, mas muito mais se foi. Não se sabe ainda se vai ser possível recuperar alguma coisa. Será preciso fazer uma escavação nos escombros. Mas o que estava na exposição queimou tudo”, lamentou Luciane.
A arqueóloga fez a pós-graduação e estava cursando o doutorado nas dependências do Museu Nacional, que é vinculado à UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
“Era uma tragédia anunciada, os órgãos públicos não estavam nem aí. Imagine os professores que tinham seus laboratórios lá, não é só pelo prédio, mas por tudo o que estava lá dentro. É muito triste que tantas outras instituições de patrimônio estejam nessa mesma situação, sendo negligenciadas pelo poder público”, criticou a professora.
Ao longo desta segunda-feira, as equipes dos bombeiros permaneceram no local fazendo trabalho de rescaldo. O Ministério da Cultura ventilou duas possibilidades para a causa do incêndio que ainda está sob investigação: queda de um balão no teto do edifício e curto-circuito em um laboratório. Profissionais que atuavam no espaço criticaram a falta de manutenção. Além disso, o trabalho dos bombeiros teria sido dificultado em função dos hidrantes do prédio estariam descarregados.
Fonte: Notícias do Dia, de 3/9/2018