UFSC na mídia: ‘Trans e travestis estão revolucionando e produzindo conhecimento’, diz pesquisadora

30/07/2019 15:31

Pesquisadores do NeTrans em reunião com o reitor da UFSC, Ubaldo Cesar Balthazar. Foto: Reprodução

Maria Zanela, 24 anos, faz parte de duas estatísticas completamente destoantes que mostram a realidade, dura e marginalizada, de pessoas trans e travestis no Brasil. Por um lado, recorreu à prostituição como meio de sobrevivência, assim como 90% dos transgêneros brasileiros, segundo dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). Por outro, integra, com orgulho, o tímido universo de 0,2% de estudantes declaradamente trans que conseguiram ingressar em uma universidade pública no país. É justamente nesse cenário de quase total invisibilidade que a atuação de Maria se torna primordial e um exemplo para muitos.

Graduada em Biblioteconomia e doutoranda em Educação, ela e mais um grupo de 13 travestis, trans e pessoas não-binárias estão tentando reverter esse quadro por meio de muito estudo e ações para a inclusão. Maria é uma das fundadoras do núcleo de pesquisa NeTrans, da Universidade Federal de Santa Catarina: o primeiro do Brasil, formalizado no CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), voltado para questões sobre gênero e transgeneridade. “Pessoas trans e travestis estão revolucionando e produzindo conhecimento nas universidades do país, sim”, afirma.
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NeTrans: UFSC tem primeiro grupo de pesquisa do Brasil criado por estudantes trans

31/01/2019 14:44

Três anos após concluir sua graduação, Juno Nedel retornou a universidade para ingressar na pós-graduação e se tornar, assim, o primeiro estudante trans no mestrado em História da UFSC. A recepção da academia à sua nova identidade foi o principal motivo que o manteve longe dos estudos por tanto tempo. “Os professores não sabiam lidar com a minha transição, que foi bem no meio da graduação”, comenta Juno que ainda não sabia como se apresentar, apenas não se identificava com a identidade cis gênero heterossexual. Cis gênero diz respeito às pessoas que se identificam com o mesmo gênero com o que lhes foi designado no registro social logo após o nascimento; e heterossexual refere-se à identidade sexual cuja atração sexual é direcionada ao sexo oposto.

Hoje, Juno se reconhece como não-binário — termo utilizado para identidades de gênero que não são exclusivamente femininas ou masculinas — transmasculino e apesar de ter sido o primeiro aluno trans do mestrado na História, não foi o único da UFSC a chegar na pós-graduação. Com o crescimento do número de pesquisadores surgiu a possibilidade de construir um grupo de resistência trans no espaço acadêmico.

Criado pela doutoranda Gabriela da Silva e pela mestranda Maria Zanella em maio de 2018, o Núcleo de Pesquisas e Estudos de Travestilidades – Transexualidades – Transgeneridades (NeTrans) da UFSC é o primeiro grupo de pesquisa universitária do Brasil criado por pessoas que se reconhecem como transgênero. Desde então, tem reunido pesquisadores com o intuito de produzir estudos sobre gênero e transgeneridade. A união desta comunidade na Universidade funciona também como uma estratégia para reconhecimento no espaço acadêmico. “A partir do momento que existimos aos olhos da academia, geramos uma demanda”, observa Gabriela que foi, também, a primeira pessoa trans do doutorado em Educação.
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