Música, palestra e concurso de logo marcam aula inaugural do NETI
Com o Auditório da Reitoria lotado, o Núcleo de Estudos da Terceira Idade (NETI) da UFSC ministrou sua aula inaugural nesta terça, 20/03, para alunos em sua maioria com mais de 70 anos. Ou com muito mais de 80, como eles mesmos corrigiram o reitor Alvaro Prata, que falava da diversidade etária dos estudantes da Universidade. A aula inaugural abriu as comemorações dos 30 anos do Núcleo.
A coordenadora do NETI, Jordelina Schier, lembrou das professoras pioneiras Lúcia Takase e Neusa Guedes, que “plantaram uma semente forte em solo fértil e contagiaram pessoas para o cuidado permanente desse plantio”. Jordelina ressaltou que “a colheita feita hoje é farta e de alta qualidade; nosso bem maior são as pessoas, jardineiros de fé que permanecem cuidando, inovando, disseminando conhecimento e dando sustentação ao trabalho iniciado há três décadas”.
Alunos permanentes – As cerca de 700 vagas oferecidas por semestre se distribuem em atividades voltadas a ações gerontológicas, cinedebates, curso de avós, autoconhecimento, grupo de encontro, grupo de canto, contação de histórias, línguas estrangeiras, biodança, informática, práticas energéticas e empreendedorismo. Mas em vez de concluir o semestre e alçar vôo, os alunos não se desligam do Núcleo. “As pessoas que passam pelo NETI tendem a permanecer, e com frequência mencionam a autorrealização, a melhora da autoestima e o resgate da autonomia e da cidadania”, completa Jordelina.
O grupo de canto Vozes da Ilha, composto por alunas do NETI – que trajavam a tradicional encharpe amarela do Núcleo – apresentou quatro músicas, além de abrir a solenidade com o Canto de Amor à Ilha – interpretado por Ilda Soares e o regente do grupo e acompanhado pelos presentes.
Ampliação – O reitor Alvaro Prata relatou que quando lhe questionam sobre o número de alunos da UFSC, ele precisa contabilizar aqueles de seis meses – do Núcleo de Desenvolvimento Infantil – até os de 80 anos do NETI – quando foi corrigido pela plateia. “Normalmente se pensa apenas nos estudantes de graduação. É preciso que a comunidade perceba que a UFSC agrega muito mais. A Universidade se afirma quando percebe isso. Poder conviver com aqueles que já têm suas experiências e estão dispostos a reparti-las conosco é muito enriquecedor”, afirmou. Destacando o reconhecimento do NETI no âmbito nacional, o reitor ainda mencionou um dos desafios do Núcleo. “Quando visitamos os outros campi de Araranguá, Curitibanos e Joinville, as pessoas nos perguntam quando é que haverá um NETI por lá”.

Professor Agostinho Both, da Universidade de Passo Fundo (UPF), ministrou a palestra “O idoso na Universidade”
O professor Agostinho Both, da Universidade de Passo Fundo (UPF), abriu a palestra “O idoso na Universidade” lembrando que sua instituição buscou o NETI quando deu início a um núcleo semelhante. “Me sinto como um filho do NETI, falando para meus irmãos”. Ele ressaltou a importância do idoso buscar uma nova identidade. “Todo o pensamento ocidental é direcionado à brevidade da vida. Os idosos não sabem o que fazer consigo mesmos. As famílias dos anos 1950 contabilizavam várias crianças. Hoje as crianças são poucas e há muitos idosos”.
Both salientou que nem todas as universidades abraçam essas novas exigências sociais. “Com o ingresso do idoso nessas instituições, abrem-se novas perspectivas de ensino, pesquisa e extensão; a longevidade exige que se renovem os conceitos das ciências e das políticas sociais em todas as áreas do conhecimento”.
Destacando o fato de que, ao envelhecer, muitas pessoas acabam se isolando da própria família, mesmo quando vivem no mesmo lar – pois de acordo com pesquisa realizada na UPF, 84% dos consultados “ não têm mais o que contar aos filhos e netos, que também não dialogam com seus pais e avós”, o professor defendeu a importância da Universidade nesse processo. “O idoso tem o que dizer e como dizer. Aqui eles são contadores de história, monitores que se integram na comunidade, ajudando outros a manifestar suas vozes”.
Escutar é o principal – Ana Maria Dutra ilustrou a fala do professor: ex-aluna do NETI – fez o curso de monitores e depois o de avós – vislumbrou no Núcleo diversas possibilidades. Hoje é voluntária da Associação Amigos do Hospital Universitário (AAHU), apoiando pacientes e parentes que vêm de outros municípios e passam o dia no entorno do HU esperando a hora de voltar para casa. Ela também é uma das que desenvolve atividades manuais junto aos que ficam internados, relatando que o momento de lazer, para eles, é estendido por mais tempo porque levam seus trabalhos para serem finalizados depois e continuam se comunicando no próprio hospital. “O principal trabalho do voluntário é conversar. É durante a visita que o paciente, principalmente o idoso, vai ter uma companhia”.
Pensando também na importância de ouvir o idoso, o NETI distribuiu durante o evento panfletos sobre o Grupo de Apoio à Longevidade (GAL), que realiza visitas a pessoas que vivem em isolamento em suas casas, com o objetivo de proporcionar contato social e integração comunitária. O GAL está cadastrando voluntários para participar da ação e também pessoas que necessitem das visitas.
30 anos, nova logo – Salomão Ribas Gomes, professor do curso de Design da UFSC, anunciou que no dia 25/03 será lançado edital para concurso da nova marca do NETI. Junto com o Núcleo, o Laboratório de Orientação da Gênese Organizacional (LOGO), em parceria com a Agência de Comunicação (Agecom), escolherá três propostas de alunos dos cursos de Jornalismo, Design ou Arquitetura. O estudante da marca vencedora será premiado com um IPad2, e os outros dois receberão menção honrosa.
Outras informações pelo telefone (48) 3721-9909.
Por Cláudia Schaun Reis/ Jornalista na Agecom
Fotos: Wagner Behr/Agecom