Jeferson Tenório na UFSC: ‘Imaginar e fantasiar nos dias de hoje é um ato de resistência’

25/03/2025 16:59

Escritor Jeferson Tenório durante aula magna na UFSC. Foto: Gustavo Diehl/Agecom/UFSC

“Ler é um modo de vida. Escolher os livros é um modo de viver. Quando queremos que alguém leia algo, queremos que aquela pessoa tenha a mesma experiência estética, sentimental, afetiva e intelectual que tivemos”, afirmou o escritor Jeferson Tenório para um público de cerca de 1200 pessoas na noite de segunda-feira, 24 de março. O premiado autor proferiu a Aula Magna da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) no Auditório Garapuvu, no Centro de Cultura e Eventos do campus de Florianópolis, com transmissão ao vivo pelo canal no Youtube da TV UFSC. A plateia era composta por membros da comunidade interna e externa, jovens, estudantes, professores, idosos e até crianças. Houve momentos de reflexões profundas, outros para ouvir histórias, rir, cantar, se emocionar. 

O tema da Aula Magna, De onde eles vêm: uma reflexão sobre a formação de leitores no espaço acadêmico, fazia uma referência direta ao mais recente livro de Jeferson Tenório, cujo título é De onde eles vêm (Companhia das Letras, 2024). A obra narra a história de um estudante negro retinto que ingressa na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) pelo sistema de cotas raciais logo no início de sua implementação. O personagem Joaquim sente a universidade como um ambiente hostil e de exclusão, que lhe demanda um enorme esforço para vencer as dificuldades financeiras e a falta de acolhimento. A narrativa foi inspirada na história de vida do próprio autor, já que Jeferson foi o primeiro estudante cotista negro a se formar na UFRGS. “Esse personagem é um pouco parecido comigo e  com as pessoas com quem eu convivi durante todos esses anos. É uma mistura dessas experiências que eu tive.” 
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Morre Salim Miguel, escritor e ex-diretor da Editora da UFSC

22/04/2016 22:21

Líbano, 30 de janeiro de 1924. Brasil, 22 de abril de 2016. Em comum entre esses dois países e essas duas datas um nome: Salim Miguel, romancista, contista, um jornalista cirúrgico nas palavras, inovador nas reportagens da extinta revista Manchete e que marcou época como crítico literário nas páginas do Jornal do Brasil nas décadas de 1970 e 1980.

Salim Miguel faleceu aos 92 anos na noite desta sexta-feira em Brasília, onde estava internado em UTI desde o dia 7, para tratar uma broncopneumonia. Nos últimos dez dias, estava em coma, contrariando um de seus desejos: que não estivesse inconsciente até chegar a hora de sua morte. Estava com a saúde debilitada há anos e em 2012 já havia chegado a ficar em coma após uma queda em casa, mas se recuperou. O corpo do artista deve ser cremado em Brasília e depois as cinzas trazidas a Florianópolis para as homenagens póstumas.

Nascido em Kfarssouron, Salim Miguel chegou com três anos de idade ao Rio de Janeiro, cidade onde morou com a família durante um ano. Mas o destino estava (sem trocadilho) escrito: após morar em São Pedro de Alcântara e Antônio Carlos, em Santa Catarina, sua família fixou residência em Biguaçu, onde se estabeleceu com um pequeno comércio.

Desde cedo, Salim lia tudo o que lhe caía nas mãos, dos folhetins de Michael Zevaco a Eça de Queiroz, passando por Arthur Schopenhauer e Machado de Assis. Na venda do pai, conheceu figuras que mais tarde viraram personagens de seus romances, e na livraria de João Mendes, poeta cego de Biguaçu, passava horas lendo em voz alta para manter o livreiro ligado ao mundo da literatura.
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