UFSC na mídia: vacina contra HPV é segura, diz pesquisador Edison Fedrizzi

11/03/2014 16:07

Segundo o coordenador do Centro de Pesquisas Clínicas da UFSC, vacina vem sendo testada há 12 anos como prevenção ao câncer. Edison Fedrizzi defende o uso preventivo da vacina para HPV em adolescentes.

A vacina contra o HPV que começou a ser aplicada em meninas de 11 a 13 anos noBrasil ainda gera dúvidas, mas o médico pesquisador Edison Fedrizzi, da UFSC, diz que a medicação tem tempo suficiente de acompanhamento como prevenção ao câncer e que protege contra quatro tipos de vírus do HPV.
Fedrizzi contribuiu junto a especialistas de outros 30 países no desenvolvimento da imunização e acredita que em um prazo de cinco anos o novo medicamento poderá ser produzido no Brasil.

Diário Catarinense — Para que serve a vacina contra HPV?
Edison Fedrizzi
 — Esta vacina é contra dois tipos de verrugas genitais e contra dois tipos de câncer de colo de útero — responsáveis por 70% dos casos de doença.

DC — Por que é importante se vacinar?
Fedrizzi 
— As verrugas genitais são consideradas a doença mais frequente no mundo inteiro e a vacina protege contra os vírus de HPV que mais causam colo de útero.

DC — Atualmente, quais os métodos de prevenção do câncer de colo de útero?
Fedrizzi 
— O que temos hoje é o exame Papanicolau, feito por ginecologistas. As desvantagens é que ele tem que ser feito periodicamente. No diagnóstico só aparece quando tem uma lesão pré-cancerígena. Já a vacina previne o que causa a lesão.

DC — Quem pode se vacinar?
Fedrizzi — Todas as mulheres deveriam ser vacinadas. Mesmo as que já contraíram os vírus, porque ao tomarem a vacina estimulam o sistema de defesa do organismo para eliminar o vírus após uma nova contaminação e protege contra uma nova infecção.

DC — Por que vacinar meninas de 11 a 13 anos?
Fedrizzi — O ideal é que a vacina seja aplicada antes do início da vida sexual. Como a aplicação será em rede nacional, temos dados que no Sul do país meninas começam a vida sexual depois dos 12 anos, mas no Norte e Nordeste entre os 10 anos, então foi estipulado esta idade a partir dos 11 anos.

DC — Alguns médicos e inclusive uma das instituições que se posicionaram contra a estratégia foi a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, que divulgou carta questionando a segurança e a eficácia do procedimento. No texto, afirma que a vacina “expõe adolescentes a risco de supermedicação desnecessária” o que o senhor tem a dizer a respeito?
Fedrizzi
 — Todas as vacinas alopáticas têm linhas a favor e contra. Alguns movimentos antivacinas têm considerações vagas e fazem um desserviço à saúde pública que acabam provocando surtos de doenças já controlados com vacinas. A vacina contra a HPV está na rede pública de 53 países e em 126 já é liberada. É extremamente segura, se não fosse não estaria no mercado.

DC — No Japão após a aplicação da vacina houve relatos de dor em algumas mulheres. A aplicação da vacina pode trazer efeitos colaterais ou contraindicações?
Fedrizzi 
— No Japão, o Governo suspendeu a campanha para investigar melhor o sistema de vacinação, mas a vacina contra o HPV continua sendo distribuída. Para que uma medicação possa ser autorizada é preciso demonstrar sua segurança comprovada por estudos e testes reais. Quando se faz a utilização em número maior de pessoas podem aparecer problemas que podem ou não ser relacionados. A vacina do HPV não tem efeitos colaterais associados ao uso. As contraindicações são as para todas as vacinas como dor, febre e quadros alérgicos a algum componente do medicamento.

DC — Como é realizado o procedimento e quais as recomendações após a vacinação?
Fedrizzi 
— A vacina pode ser aplicada tanto no braço quanto na coxa, com injeção. Os pais não precisam levar até o posto porque equipes da saúde estarão nas escolas públicas e particulares para a vacinação. Nos postos a vacina também estará disponível. A recomendação é que a menina fique em observação durante 10 a 15 minutos logo após a aplicação. Nesta idade é comum ocorrer um mal-estar ou até mesmo um desmaio, mas relacionado a aplicação em si, não à vacina. Em caso de reação alérgica, como falta de ar ou coceiras pelo corpo, não deve ser tomada a segunda dose da vacina. Cada adolescente deverá tomar três doses para completar a proteção, sendo a segunda seis meses depois da primeira, e a terceira, cinco anos após a primeira dose.

DC — Quem tomar a vacina não precisará fazer o exame preventivo com o ginecologista?
Fedrizzi
 — A vacina protege contra quatro tipos de vírus, então é importante continuar fazendo os exames periódicos, mas com uma proteção muito maior contra as doenças.
DC — A vacina é segura?
Fedrizzi — É extremamente segura. Está há 12 anos sendo acompanhada. Na Austrália, com três anos de uso já foi comprovada uma redução de 45% das lesões cancerosas e, em cinco anos, reduziu em 93% as verrugas genitais, além de proteger também os homens em 80%, em relação às verrugas genitais masculinas. Em SC, fizemos parte do grupo de pesquisa em 30 países que testou a eficácia da vacina.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/geral/noticia/2014/03/vacina-contra-o-hpv-e-segura-diz-pesquisador-4442708.html

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Dia Mundial de Combate à Aids: conheça a situação de Santa Catarina

01/12/2013 08:45

Este domingo, 1º de dezembro,  está marcado por mais um “Dia Mundial de Combate à Aids”,  e Santa Catarina tem motivos para se preocupar: de acordo com o último Boletim Epidemiológico Aids e DST, emitido pelo Ministério da Saúde, o Estado tem o segundo maior registro de casos de infecção pelovírus HIV no país, atrás apenas do Rio Grande do Sul. No ranking de taxa de incidência da região Sul, cinco cidades catarinenses aparecem entre as 10 primeiras colocadas – Itajaí, Biguaçu, Balneário Camboriú, Florianópolis e Criciúma. Os números mais preocupantes são os de Biguaçu, na Grande Florianópolis, onde os casos de Aids por cem mil habitantes passaram de 35,4 para 88,2 no período entre 2000 e 2011.

Para o médico pesquisador do Hospital Universitário (HU) da UFSC, Edison Fedrizzi, a péssima posição do Estado no ranking nacional está relacionada às duas formas mais comuns de infecção pelo vírus – relações sexuais sem preservativo e contaminação sanguínea por uso de drogas injetáveis. “Em um primeiro momento, acreditava-se que o número estava ligado à primeira forma, principalmente em cidades portuárias, como Itajaí; mas hoje consideramos que esteja mais ligado ao aumento do consumo de drogas, em especial por jovens.”
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