Doutorandos e egresso da UFSC são premiados pela Fapesc
editada às 17h38 para atualização de informações
Dois pesquisadores e um egresso do Programa de Pós-Graduação em Recursos Genéticos Vegetais (PPGRGV) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foram contemplados com o Prêmio de Valorização da Biodiversidade de Santa Catarina, entregue pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de Santa Catarina (Fapesc) na segunda-feira, 25 de outubro. O objetivo da iniciativa foi incentivar pesquisas e produção de conhecimento sobre espécies do ecossistema catarinense e apoiar a divulgação desses estudos, dando mais visibilidade aos resultados. Cada vencedor recebeu R$ 15 mil e passagens para o Rio de Janeiro para visitar o sítio Roberto Burle Marx e o Jardim Botânico.
O prêmio foi dividido em três categorias: Roberto Miguel Klein, voltado para trabalhos que envolvem a ecologia e a biodiversidade de plantas nativas do estado; Raulino Reitz, para publicações que tratam da recuperação e da conservação das matas ciliares e atreladas a recursos hídricos; e Burle Marx, para publicações relacionadas à biodiversidade urbana e ao paisagismo ecológico.
O estudante de doutorado do PPGRGV Valdeir Pereira Lima foi o vencedor na classe aluno de pós-graduação da categoria Roberto Miguel Klein. O prêmio deve-se a um artigo publicado na revista Austral Ecology em 2020, com o título Extinction threat to neglected Plinia edulis exacerbated by climate change, yet likely mitigated by conservation through sustainable use.
“Eu avaliei os impactos das mudanças climáticas globais sobre a distribuição na Plinia edulis, que é o cambucá. Essa espécie foi, por muito tempo, bastante abundante, mas hoje é rara”, explica. A fruta não foi encontrada sequer nas unidades de conservação do estado. “Chegamos à conclusão de que aproximadamente 50% das áreas climaticamente adequadas para o cambucá vão ser perdidas. Algo interessante é que as áreas climaticamente adequadas para o cambucá estão primordialmente em Santa Catarina, e nosso trabalho ressalta a necessidade de conservação.”
Já Rosa Angelica Elias da Silva, que atualmente é doutoranda em Recursos Genéticos Vegetais, foi premiada na categoria Burle Marx pelo artigo Structural aspects of cypsela and seed development of Trichocline catharinensis (Cabrera): a Brazilian endemic species, publicado na revista Protoplasma em 2019. O prêmio é referente ao seu trabalho de mestrado, realizado no Laboratório de Fisiologia Vegetal, junto ao Programa de Pós-Graduação em Biologia de Fungos, Algas e Plantas. Ela foi orientada pela professora Neusa Steiner, também orientadora da tese, e contou com a colaboração de integrantes do grupo de pesquisa em fisiologia vegetal.
A Trichocline catharinensis é popularmente conhecida como cravo-do-campo. É uma espécie nativa e endêmica dos campos de grande altitude (750–1500 m) do sul do Brasil. Sua rusticidade e características ornamentais têm chamado a atenção e tem sido usada em programa de melhoramento Genético de plantas ornamentais. Recentemente, esta espécie foi incluída na “Lista de Plantas Futuras para o Sul do Brasil”. No entanto, a intervenção antrópica reduziu a população de Trichocline catharinensis ao longo do tempo, resultando na vulnerabilidade da espécie à extinção. “Como ela tem resistência a pragas e ao clima, trabalhamos com o desenvolvimento do fruto e da semente. Pensando em planos de conservação, nós temos que saber o desenvolvimento da espécie”, afirma Silva.
O egresso do PPGRGV e professor colaborador da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) Newton Clóvis Freitas da Costa, por sua vez, foi contemplado na classe professor ou pesquisador da categoria Roberto Miguel Klein pelo artigo Spatiotemporal variation in mating system and genetic diversity of Araucaria angustifolia: implications for conservation and seed collection, publicado neste ano na revista Forest Ecology and Management.
O trabalho é resultado de estudos feitos em seu doutorado, realizado na UFSC. O pesquisador analisou o sistema reprodutivo da Araucaria angustifolia, o Pinheiro Brasileiro. “Meu objetivo era identificar os indivíduos machos que cruzavam com as plantas fêmeas. Isso caracteriza o sistema reprodutivo e a diversidade genética da espécie. Tudo isso avaliando ao longo dos anos. Conseguimos identificar algumas variações no espaço e no tempo. Ou seja, o sistema de cruzamento varia. Isso é importante para elaborar planos de conservação. Por exemplo, quantos indivíduos são necessários para manter em uma região para que a espécie se mantenha?”
Também foram premiados Anaísa Catucci da Silva, da NSC Comunicação, na classe jornalista da categoria Roberto Miguel Klein, e a professora da Universidade da Região de Joinville (Univille) Denise Monique Dubet da Silva Mouga, na categoria Raulino Reitz.
Mais informações no site da Fapesc.