UFSC flexibiliza jornada de trabalho do Departamento de Compras

Reitor Ubaldo Balthazar assina a portaria que autoriza a flexibilização da jornada de trabalho dos TAEs do DCOM na última quarta-feira, 21 de fevereiro
Montar uma comissão interna, realizar reuniões de alinhamento durante meses, escrever a muitas mãos um relatório, submetê-lo para análises. Muito trabalho coletivo culminou na assinatura, na quarta-feira, 21 de fevereiro, da portaria que implanta a flexibilização da jornada de trabalho dos técnicos-administrativos em Educação do Departamento de Compras (DCOM) da UFSC.
O reitor pro tempore, Ubaldo Cesar Balthazar, assinou a Portaria Normativa Nº 107/2018/GR, que já entrou em vigor e tem validade de 12 meses. O período determinado é para que haja uma avaliação de indicadores de atendimento e qualidade após a mudança. “Implantar a flexibilização depende da seriedade com que cada setor atendido avalie constantemente o processo e garanta a sua plena realização”, aponta o reitor. “Este é mais um importante passo no atendimento de uma demanda da categoria dos técnicos que a UFSC vem tratando com a maior responsabilidade”, complementa Ubaldo.
O diretor do DCOM, Guilherme Krause Alves acredita que o maior ganho da flexibilização da jornada é a motivação da equipe. “É uma busca de bastante tempo, uma convicção antiga que essa possibilidade existia e que vai ser não só benéfico para os servidores, como para o trabalho que é desenvolvido aqui. A nossa equipe já é muito comprometida com o trabalho que realiza, mas podendo atender 12 horas por dia, virão muitos benefícios para a instituição”, salienta.
Caio Ragazzi Pauli Simão, coordenador de Importação e Exportação no DCOM, concorda. “É um processo que vem desde que a questão das 30 horas como jornada de trabalho começou a ser debatida na UFSC, acompanhada das lutas da categoria, da ‘Greve das 30 horas’ e muitas etapas até chegar nesse modelo de uma Comissão Permanente para tratar com os setores”, explica. Caio preside a comissão que avalia a flexibilização dentro da Pró-Reitoria de Administração (Proad). “Agora que o DCOM conquistou, vamos trabalhar em duas frentes, uma para mostrar para a comunidade universitária e para os órgãos de controle e a sociedade que essa é uma solução para manter ou melhorar a qualidade do nosso serviço, e outra para ajudar os setores da Universidade a também alcançar essa conquista”, ressalta.
Pela portaria, as atividades serão contínuas por período igual ou superior a 12 horas diárias, e o horário de funcionamento dos setores e a relação dos servidores, com seus respectivos horários, deverão ser afixados em local visível e de grande circulação de usuários dos serviços, bem como nos próprios setores. O DCOM tem como principal atribuição o planejamento e condução dos processos de compras de materiais permanentes e de consumo de todas as unidades da UFSC, inclusive nos campi fora de Florianópolis. No relatório de 2017, o DCOM registrou mais de R$ 12 milhões e 400 mil em solicitações de notas de empenho e emitiu 1.309 atas de registro de preços junto a fornecedores. Atualmente estão lotados no departamento 21 servidores técnico-administrativos.
A estrutura do DCOM inclui quatro coordenadorias e um setor de apoio administrativo. No Almoxarifado Central, uma das coordenadorias, não foi possível flexibilizar a jornada de trabalho. O motivo, segundo explica o diretor do DCOM, foi não haver pessoal suficiente, e pelas particularidades do trabalho que é realizado. “Vai ser preciso fazer alguns ajustes internos. Seria necessário um amadurecimento para poder aplicar a flexibilização”, explica Guilherme.
Processo
Não foi um caminho curto e fácil até chegar à assinatura da portaria. No final de 2016, a Comissão Permanente de Flexibilização (CPFlex) foi criada, e logo em seguida os setores começaram a se organizar. No caso do DCOM, o processo começou com a criação da comissão da Proad, que após muito debate e análise, apresentou à CPFlex um relatório englobando as atividades de toda a pró-reitoria. “Não queríamos fazer um relatório unificado, porque a Proad tem uma diversidade de setores e atividades distintas. Entregamos à CPFlex em meados de 2017, e após constatarem como era complexo, concordaram em desmembrar o relatório com as especificidades de cada setor. Em nenhum momento a CPFlex se recusou a conversar conosco, mesmo com os questionamentos e discordâncias. Queria até deixar meu agradecimento a eles,” conta.
Tanto Caio como o diretor do DCOM, Guilherme, acreditam que a elaboração de um relatório completo, feito de forma colaborativa, foi a chave para que o departamento conquistasse a flexibilização. “Tentamos falar com todo mundo, fazer um relatório que realmente reproduza a realidade do trabalho”, salienta Caio. Guilherme complementa: “Fomos o primeiro setor administrativo, dentro de uma pró-reitoria a conseguir aprovar. Foi um trabalho de muitas mãos, feito com muito esmero, muito cuidado dentro das orientações da comissão permanente”, relata o diretor.
O trâmite, após a entrega do relatório, foi de cinco messes. Em setembro passado, o DCOM encaminhou seu relatório à Comissão. Em novembro, foi para a análise da Procuradoria Federal junto à UFSC. O documento voltou no dia 20 de fevereiro de 2018, sem ressalvas, e no dia 21 já estava sendo assinada a Portaria.
Avaliação periódica
O DCOM está, junto com a CPFlex, definindo os indicadores que demonstrarão os resultados da mudança de jornada de trabalho no setor. O objetivo é entregar os relatórios de acompanhamento a cada seis meses, e fazer uma avaliação anual. Caio explica que não será necessário demonstrar melhorias só nos números, e sim nos resultados palpáveis à comunidade universitária. “Não se trata apenas de mostrar o quanto foi feito em empenhos, termos de referência, mas traduzir isso no número de computadores, de cadeiras, de material de uso permanente. Isso demonstra como estamos atendendo. A chave será demonstrar que, com a ampliação do atendimento é possível agilizar o trabalho, resolvendo mais rapidamente os assuntos, resultando em compras mais ágeis”, conclui Caio.
“Teremos que mostrar, na prática, que funciona. Meu sentimento é de satisfação, pois entendo que isso é bom para a Universidade, não só para a qualidade de vida dos servidores. Estou com um misto de alegria com a conquista mas e também com um sentimento de que o trabalho não está finalizado até que a UFSC toda tenha sua jornada flexibilizada,” conclui Caio.
Além do DCOM, tiveram sua jornada de trabalho flexibilizada, até o momento, a Secretaria de Ensino a Distância (Sead), Biblioteca Universitária (BU) e Hospital Universitário (HU).
Mayra Cajueiro Warren
Jornalista da Agecom/UFSC
Fotos: Divulgação/GR