Docentes da UFSC têm projetos aprovados para intercâmbio entre Brasil e Argentina

05/02/2014 15:03

Neurônios (em vermelho) obtidos em cultivos de células-tronco da Crista Neural em pesquisas de biologia celular e do desenvolvimento. Foto: Alice Prompt / LACERT / UFSC

Os professores Rodrigo Bainy Leal e Giordano Wosgrau Calloni, ambos vinculados ao Centro de Ciências Biológicas (CCB) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), tiveram seus projetos aprovados pelo programa de cooperação internacional CAPES/MINCyT 2013. Os docentes receberão recursos para missões de trabalho e estudo no convênio entre universidades brasileiras e argentinas. Segundo a Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PROPG), seis projetos de pesquisadores da UFSC foram inscritos nesse edital.

Os projetos contemplados estão lotados na categoria Grupos de Pesquisa Conjuntos, que reúne propostas desenvolvidas por uma equipe brasileira e uma argentina, ambas vinculadas a Instituições de Ensino Superior (IES) em seus países. Pelo convênio, os docentes contemplados tornam-se coordenadores do projeto, e cada um deles recebe um recurso de R$ 10 mil por ano para, em seu respectivo país, custear materiais de consumo relativos à pesquisa. A duração do convênio é de dois anos, com uma avaliação de resultados após o primeiro ano. O programa inclui, além do recurso, passagens aéreas, diárias e bolsas para uma missão de trabalho do docente brasileiro ou argentino de até 30 dias, bem como a missão de estudo de um doutorando de cada instituição na universidade conveniada, com estadia de até quatro meses.

O projeto do professor Rodrigo Bainy Leal, do Departamento de Bioquímica (BQA), estuda os mecanismos celulares e moleculares envolvidos na ação neuroprotetora de lectinas. Leal conta que a linha de pesquisa desenvolvida na UFSC tem como ponto forte o aspecto neuroquímico, enquanto que a equipe argentina destaca-se pelo conhecimento e aplicação de microscopia. “Há uma troca de expertises. O aluno da Argentina que vier para cá terá um treinamento focado nas metodologias e abordagens dentro da área de bioquímica e o aluno brasileiro que for para lá vai ter a oportunidade de ver essa parte de microscopia, em que eles são muito bons”, anima-se o pesquisador.

Leal complementa que, em 2014, dois estudantes de doutorado, um da UFSC e outro da Universidad Nacional de Córdoba, irão aos países para estudar. Além disso, a professora Ana Lucía de Paul virá à UFSC por 30 dias para ensinar aos alunos técnicas como as de preparação de amostras para microscopia, além de lecionar cursos de pequena duração.

O professor salienta que, graças ao intercâmbio, será possível verificar se as hipóteses já desenvolvidas pelo laboratório da UFSC estão corretas. Com a microscopia de alta resolução disponível na Argentina, Leal explica, será possível visualizar a interação da proteína com a célula e desenvolver a pesquisa, cujas aplicações estão ligadas à proteção de células nervosas, inclusive com efeito antidepressivo. “Estamos bem empolgados, porque temos questionamentos. Esse tipo de projeto é muito eficiente. É uma maneira de ampliar o treinamento de pessoas tanto aqui na UFSC como fora”, elogia.

O outro docente contemplado, professor Giordano Wosgrau Calloni, atua no Departamento de Biologia Celular, Embriologia e Genética (BEG) e no Laboratório de Células Tronco e Regeneração Tecidual (LACERT), onde desenvolve projetos de biologia celular e do desenvolvimento, com estudos da crista neural. A pesquisa de Calloni é voltada para um modelo de células-tronco proveniente de aves. Apesar de ser muito básica, ele defende que sua pesquisa gera embasamento para os resultados que terão reflexo na cura de doenças. “São poucos os grupos que trabalham com a biologia do desenvolvimento. É uma área extremamente carente no Brasil, e nos países desenvolvidos está muito mais fortalecida. O nosso trabalho não tem tanto apelo comercial e aplicação imediata, mas é daí que se obtém a base para chegar às grandes descobertas”, salienta. Ele comemora a aprovação do projeto principalmente por auxiliar na projeção dessa pesquisa.

Calloni acrescenta que tanto o grupo da UFSC como o do Instituto Tecnológico de Chascomús trabalham com os grandes nomes na pesquisa dessa área. “Eu tive treinamento com uma pesquisadora europeia muito conceituada e o professor Pablo foi trabalhar nos Estados Unidos, com outro grande nome de lá. Então, o bacana desse projeto é unir duas expertises dessa área aqui na América Latina”, explica.

“É uma oportunidade para estreitar relações muito importantes para a pós-graduação. Estamos muito animados”, acrescenta. Calloni aguarda a comunicação oficial da CAPES para programar sua missão à Argentina, onde irá conhecer a estrutura e lecionar durante um mês. Assim como no Departamento de Bioquímica, haverá o intercâmbio de doutorandos brasileiros e argentinos também no campo da biologia do desenvolvimento.

Mayra Cajueiro Warren
Jornalista / Diretoria-Geral de Comunicação
mayra.cajueiro@ufsc.br / (48) 3721-4081

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