Revestimento criado pela UFSC pode impactar ruído dos trens
A Universidade Federal de Santa Catarina lidera um estudo que terá impacto direto na saúde pública: a equipe coordenada pelos professores Yesid Ernesto Asaff e Thiago Fiorentin, do curso de Engenharia Ferroviária e Metroviária da UFSC Joinville, busca a redução de ruído ferroviário, considerado uma das principais fontes de poluição sonora em áreas urbanas. O trabalho é realizado em parceria com a Vale, empresa multinacional brasileira de mineração, e chegou à criação de um revestimento sustentável, em processo de patenteamento.
O estudo indica que, conforme a União Europeia, cerca de 22 milhões de pessoas sofrem com os efeitos do tráfego ferroviário em todo o continente, com consequências que vão desde distúrbios do sono até problemas cardiovasculares. No Brasil, o avanço está a caminho com protagonismo de um dos únicos cursos de Engenharia Ferroviária do país. “A Vale, que transporta minério de ferro pela ferrovia Vitória-Minas, enfrenta desafios como o ruído gerado pelos trens. Como a UFSC é uma das poucas universidades brasileiras com graduação em Engenharia Ferroviária, a empresa buscou parceria com pesquisadores especializados no tema. A colaboração começou em 2017 com projetos relacionados a ruído ferroviário e, em 2023, evoluiu para o desenvolvimento deste revestimento”, explica Fiorentin.
Segundo o professor, a Vale participa definindo critérios de aplicação, como limites técnicos e viabilidade econômica, além de proporcionar testes em ferrovias, compartilhando dados operacionais e financiando o projeto. “Historicamente, o tratamento do ruído ferroviário tem se concentrado no uso de barreiras acústicas. No entanto, o alto custo e a dificuldade de instalação dessas estruturas em áreas urbanas densamente ocupadas tornaram essa alternativa pouco viável”, aponta o pesquisador Vítor Gustavo Gomes Catão, do Laboratório de Acústica e Vibrações.
O projeto da UFSC busca mitigar o ruído diretamente na fonte. O grupo avança na pesquisa de um novo revestimento para os trilhos, feito com carga mineral proveniente do próprio resíduo gerado pela mineração da Vale, promovendo assim uma alternativa sustentável e de baixo custo.
O professor aponta que o revestimento desenvolvido tem alguns benefícios: redução do ruído ferroviário, sustentabilidade por usar os rejeitos minerais e redução de custos, já que ele diminui a corrosão dos trilhos, que têm alto valor de reposição. Segundo ele, os principais desafios enfrentados foram a seleção dos materiais do rejeito compatíveis com diluição em água e eficazes no controle de ruído e o ajuste de propriedades como viscosidade, aderência e resistência a intempéries, como os raios UV.
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