Equipe especializada do HU-UFSC atende pacientes com Lúpus e Fibromialgia

25/02/2021 09:58

 

Ambas doenças têm como característica comum alguns sintomas e o fato de atingirem principalmente mulheres jovens e são tratadas por um médico especialista em Reumatologia. As duas enfermidades são tratadas no Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago (HU-UFSC/Ebserh) por equipes de especialistas que, considerando as características do indivíduo e de cada patologia, prestam atendimento a pacientes de todo o Estado e apresentam formas de melhorar a qualidade de vida dessas pessoas.

Para falar sobre o assunto a médica reumatologia Andressa Miozzo Soares, do HU-UFSC/Ebserh esclareceu alguns pontos como a forma de diagnóstico e orienta pacientes e familiares a prestarem atenção a sintomas para iniciar rapidamente o tratamento.

O mês de fevereiro (Fevereiro Roxo) é dedicado a doenças que não têm cura mas têm tratamento. O que há de comum no caso de Lúpus e Fribromialgia?

São duas doenças bastante distintas, desde sua origem até o tratamento. Em comum elas apresentam o fato de atingirem principalmente mulheres jovens e alguns poucos sintomas como fadiga e dores pelo corpo.

Qual é a especialidade médica para tratar destas doenças?

Ambas as doenças são diagnosticadas e tratadas pela Reumatologia.

Qual o trabalho/atendimento oferecido no HU para pacientes com Lúpus e Fibromialgia? Existe algum atendimento especializado nesta área?

No HU contamos hoje com 6 reumatologistas aptos ao atendimento de ambas as patologias. Temos ambulatórios coordenados por estes médicos que prestam atendimento especializado a todo o estado. Por sermos um hospital terciário e concentrarmos casos graves, diversos pacientes com Lúpus são referenciados e acompanhados em nosso serviço.

O que caracteriza o Lúpus?

O Lúpus Eritematoso Sistêmico é uma doença autoimune. Isso quer dizer que temos um ataque do próprio organismo do paciente direcionado a si mesmo. Os sintomas são muito amplos pois este ataque pode dirigir-se a praticamente qualquer órgão. O mais comum são os sintomas cutâneos, que se caracterizam por lesões de pele geralmente em áreas expostas ao sol, e também os sintomas articulares que consistem em dores, principalmente no período da manhã, acompanhadas de rigidez nas articulações e que costumam melhorar com a movimentação. Além da pele e das articulações o Lúpus pode acometer órgãos como os rins, fígado, cérebro, pulmão, entre outros, gerando sintomatologias específicas destas áreas. Os quadros podem ser muito leves, mas podem também mostrar importante gravidade levando a sequelas muitas vezes irreversíveis.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico deve ser feito após uma história clínica e exame físico minucioso e confirmado com exames específicos que serão direcionados conforme a queixa do paciente. Exames simples de sangue e urina podem gerar pistas do diagnóstico. O exame FAN também deverá ser solicitado na suspeita e auxilia no diagnóstico, nunca sendo a única ferramenta para tal (existem pacientes com FAN positivo que não possuem Lúpus). Caso o FAN seja positivo, outros exames específicos serão solicitados para o diagnóstico.

Que tipo de atividade/tratamento um paciente de Lúpus pode receber para melhorar a sua qualidade de vida?

O tratamento do Lúpus é bastante individual pois se baseia na manifestação da doença naquele indivíduo. Atualmente temos diversos imunomoduladores, imunossupressores e imunobiológicos que podem ser utilizados, a depender da forma com que a doença se apresenta. Cada paciente deve ter seu tratamento individualizado e acompanhado de forma regular. Além da parte medicamentosa, pacientes com Lúpus devem evitar a exposição ao sol (que acaba servindo de gatilho para algumas manifestações), além de evitar hábitos como o consumo de álcool ou cigarro. Devem ainda praticar atividade física regularmente (conforme orientação específica do seu médico) e possuírem bons hábitos alimentares.

O que caracteriza a Fibromialgia e como é feito o diagnóstico?

A fibromialgia é uma doença caracterizada principalmente por um quadro de dores difusas pelo corpo, fadiga importante, sono não reparador e muitas vezes acompanhada de sintomas depressivos ou de ansiedade. Outros sintomas como sensibilidade na pele, alterações de memória, alterações intestinais, dores de cabeça e sensação e tonturas também podem ocorrer. A causa desta doença ainda não é bem definida, mas sabemos que alguns fatores como traumas físicos ou emocionais, dores crônicas em algum sítio específico podem funcionar como desencadeantes. Vale lembrar que apesar de não se ter causa específica confirmada a dor dos pacientes é real e já comprovada. O que se entende atualmente é que o cérebro destes pacientes interpreta a dor de uma forma diferente (mais intensa) do que as demais pessoas. O diagnóstico deve ser feito por um médico com experiência na doença, a partir da história contada pelo paciente e do exame físico realizado. Não há exame de sangue ou de imagem específico para a Fibromialgia. Muitas vezes o médico solicita alguns exames para descartar outras doenças.

E no caso da Fibromialgia? Há algum tratamento que possa ajudar a melhorar a qualidade de vida do paciente?

O tratamento da Fibromialgia, apesar de não visar a cura melhora de forma importante os sintomas dos pacientes, permitindo muitas vezes uma vida sem dor. O tratamento é amplo e exige diversas abordagens. A atividade física mostra-se até hoje o tratamento mais eficaz, sendo extremamente necessária, devendo, porém, ser avaliada de forma individualizada pelo médico para o seu paciente específico, levando em consideração inclusive as preferências pessoais do paciente para que o mesmo a faça de forma regular. Além disso, uma boa alimentação, medidas de higiene do sono e acompanhamento com terapia auxiliam no tratamento. Medidas farmacológicas também podem auxiliar, muitas vezes sendo necessário o uso de medicamentos antidepressivos, ansiolíticos e anticonvulsivantes. Estas medicações acabam por atuar em neurotransmissores que regulam a dor e por este motivo auxiliam os pacientes com Fibromialgia a obterem uma melhor qualidade de vida.

Que conselho daria para uma família que identifica alguns destes sinais em seus parentes?

Sempre que identificado qualquer sintoma que gere suspeita de uma dessas doenças um médico de confiança, preferencialmente um reumatologista, deve ser procurado para iniciar a investigação. Apenas com um diagnóstico feito de forma correta o tratamento poderá ser iniciado e, então, reestabelecida a qualidade de vida do paciente.

 

Unidade de Comunicação Social HU-UFSC

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Especialista do HU explica como identificar e tratar pacientes com Alzheimer

23/02/2021 15:43

O Alzheimer é uma das doenças lembradas neste mês, conhecido como Fevereiro Roxo, criado com a meta de lembrar da importância de cuidar destes pacientes, garantindo a sua qualidade de vida. Trata-se de uma doença incurável, que se caracteriza pelo declínio da capacidade cognitiva, principalmente da memória, e que afeta toda a família. O Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago (HU-UFSC/Ebserh) tem um papel importante na cadeia de cuidado de pacientes com Alzheimer. O hospital conta com um ambulatório de Neuropsiquiatria Geriátrica, que oferece atendimento especializado em demências, incluindo a doença de Alzheimer. O ambulatório faz parte do Serviço de Neurologia e conta com neurologista e psiquiatra.

De acordo com o professor voluntário e neurologista Eduardo de Novaes Costa Bergamaschi, a doença de Alzheimer é a causa mais comum de demência no mundo e se caracteriza clinicamente por declínio lentamente progressivo de habilidades cognitivas, principalmente da memória, prejudicando a capacidade de o indivíduo realizar suas atividades cotidianas. “Geralmente se inicia por problemas de memória (como esquecimento, dificuldade em gravar informações, repetir muitas vezes as mesmas coisas), mas com o tempo é comum surgirem outras dificuldades: problemas comportamentais, depressão, alterações da compreensão, dificuldade para reconhecer familiares”, explicou o médico.

Segundo ele, a causa exata da doença de Alzheimer não é conhecida. Fisiopatologicamente, a doença se caracteriza pelo acúmulo anormal de certas proteínas no cérebro: beta-amiloide e tau. “No entanto, não se sabe o que causa esse acúmulo”, acrescentou. De acordo com o médico, os principais sintomas são problemas de memória (esquecimento, dificuldade para gravar informações novas, perguntas repetitivas, esquecer coisas que as pessoas falam, esquecer compromissos, não saber qual é a data de hoje, entre outros), dificuldade para encontrar palavras, sintomas depressivos (principalmente quando se iniciam em idosos), alterações de habilidades visuoespaciais (se perder facilmente, não conseguir encontrar cômodos da própria casa, dificuldade para reconhecer objetos, não reconhecer familiares), problemas de comportamento (irritabilidade, agitação), dificuldades para dormir (inversão do ciclo sono vigília, insônia, agitação durante a noite), alucinações e delírios (ocorrem em fases avançadas da doença).

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