Sônia Guajajara na UFSC: ‘Precisamos disputar e ocupar os espaços de poder’

11/05/2018 18:13

Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC

Coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Sônia Guajajara é uma das principais lideranças indígenas e ambiental do Brasil. Também é pré-candidata a vice-presidente pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), na chapa com Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Na quinta-feira, 10 de maio, Sônia esteve na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) para ministrar uma aula magna organizada pelos estudantes indígenas, no auditório da Reitoria. Os 203 assentos disponíveis não foram suficientes para os muitos interessados em ouvi-la. Parte do público presente assistiu à palestra sentado, no chão à frente do palco e nos corredores, ou em pé, ao fundo do auditório.

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A festa não esquece a luta na abertura do III Encontro Nacional de Estudantes Indígenas

30/09/2015 08:42

A cerimônia de abertura do III Encontro Nacional de Estudantes Indígenas (Enei)  terminou com dança em roda na noite dessa segunda-feira, 28 de setembro, no auditório Garapuvu, antes do convite para a confraternização logo em seguida, no Centro de Convivência. O clima era festivo, com diversas apresentações e manifestações culturais, mas, em nenhum momento, alguém esqueceu que a ocasião também representa parte de uma luta que prossegue.

Jibran Patté, representante dos xokleng que fez o primeiro discurso da noite, prometeu: “Será uma linda semana, com os tambores e os maracás que trouxemos”. E os maracás soaram no auditório durante toda a noite, junto com os aplausos que sublinhavam a atenção à questão maior: “A terra é um pedaço de nós, e tudo o que a toca nos toca também”, destacou.

Após a composição da mesa, o Hino Nacional foi executado por músicos kaingang em duas versões: português e kaingang. Em seguida, o Coral do Povo Indígena Guarani se apresentou e mostrou uma abordagem diferente, mântrica e espaçada, no tempo e estrutura da música. Primeiro da mesa a falar, o coordenador do evento, Paulo Capela, elogiou a iniciativa de trazer para a UFSC o evento. O representante do Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Dinaman Tuxá, observou que “ninguém veio para brincar, se divertir ou a passeio. Viemos para construir políticas de permanência na Universidade”. Ana Patté, graduada da UFSC em Licenciatura Intercultural Indígena e integrante da comissão organizadora do evento, disse: “Temos que ser protagonistas da nossa história”. Edinaldo Xukuru, representante da Universidade Federal de São Carlos (SP), que sediou o primeiro Enei, considerou que o movimento teve avanços, mas ainda são muitos os desafios. Simone Eloy, da Universidade Católica Dom Bosco, de Campo Grande (MS), onde foi realizado o segundo encontro, falou da importância de que “a universidade se pinte de povo, não o povo se pinte de universidade”.

Mas a fala mais aplaudida da noite, de pé, foi a de Rossandra Cabreira, representante da aldeia Kaiowá Jaguapiru, em Dourados (MS). “A gente vê nosso povo sendo massacrado, e ninguém faz nada. O que nós, acadêmicos, podemos fazer? A gente luta com as nossas armas, as da aprendizagem e do conhecimento; mas vemos os índios sendo obrigados a cumprir a lei e eles não. Eles podem matar 20, mas quem escapar vai voltar e continuar a resistência, até o fim”, garantiu. Teresa Dill, da Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó), que discursou em seguida, notou que, após as palavras de Rossandra, pouco mais havia a acrescentar, mas reafirmou o compromisso da instituição com as lutas do povo indígena.

Nildo Ouriques, presidente do Instituto de Estudos Latino-Americanos (Iela), falou da relação do modelo de capitalismo adotado pela sociedade brasileira com a continuidade da opressão e a tentativa constante de embranquecimento da população do país. Também comentou a importância do contato com povos indígenas de outros países da América Latina. João Mauricio Farias, da Fundação Nacional do Índio (Funai), comparou as agressões aos indígenas brasileiros com a Faixa de Gaza. Várias das falas citaram também a formatura da primeira turma de Licenciatura Intercultural Indígena da UFSC, em abril, e a reitora Roselane Neckel lembrou o início do curso: “Muita gente não entendeu quando os primeiros estudantes entraram no CFH, mas isso mudou”.

Depois de a mesa de autoridades ser desfeita, a cerimônia tomou rumo mais informal, com mais apresentações e manifestações culturais. Primeiro, representantes laklãnõ/xokleng apresentaram uma música de agradecimento, composta especialmente para a ocasião. A partir daí, vários mostraram músicas e danças, até o final, quando os presentes, índios e não índios, foram todos convidados a celebrar em uma grande roda sobre o palco. O encontro continua até esta sexta-feira, 2 de outubro, com palestras, seminários, debates, mostras culturais e representantes de povos indígenas de todo o Brasil.


Fábio Bianchini/Jornalista da Agecom/Diretoria-Geral de Comunicação/UFSC
fabio.bianchini@ufsc.br

Revisão: Claudio Borrelli/Revisor de Textos da Agecom/Diretoria-Geral de Comunicação/UFSC
claudio.borrelli@ufsc.br

Fotos: Henrique Almeida/Agecom/Diretoria-Geral de Comunicação/UFSC
henrique.almeida@ufsc.br

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